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MAURICIO RODRIGUES DE ARAUJO

O DESAFIO DA AUTOSSUSTENTABILIDADE NOS


EMPREENDIMENTOS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DE
LONDRINA

Londrina
2018
MAURICIO RODRIGUES DE ARAUJO

O DESAFIO DA AUTOSSUSTENTABILIDADE NOS


EMPREENDIMENTOS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DE
LONDRINA

Artigo de Conclusão do Curso de Pós-


Graduação Especialização em Gestão
Pública da Universidade Estadual de
Londrina, como requisito parcial à obtenção
do título de Especialista em Gestão Pública.

Orientador: Prof. Dr. Luís Miguel Luzio dos


Santos

Londrina
2018
MAURICIO RODRIGUES DE ARAUJO

O DESAFIO DA AUTOSSUSTENTABILIDADE NOS


EMPREENDIMENTOS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DE
LONDRINA

Artigo de Conclusão de Curso de Pós-


Graduação Especialização em Gestão Pública
da Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial à obtenção do título de
Especialista em Gestão Pública

BANCA EXAMINADORA

____________________________________
Orientador: Prof. Dr. Luís miguel Luzio dos
Santos
Universidade Estadual de Londrina - UEL

____________________________________
Prof.
Universidade Estadual de Londrina - UEL

____________________________________
Prof.
Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, _____de ___________de _____.


Dedico este trabalho à minha esposa
Sueli.
AGRADECIMENTO (S)

Agradeço a Deus pela oportunidade em fazer este trabalho e a


possibilidade de concluir mais esta etapa de vida.
A meus pais Pedro e Josefa, falecidos, por tudo que me deram.
Ao meu orientador pela constante orientação neste trabalho.
A todos que colaboram com sua disponibilidade de tempo ou seu
trabalho para atender às necessidades deste estudo.
“8Estas águas correm para a região
oriental, descem para o vale do Jordão,
desembocam nas águas salgadas do mar,
e elas se tornarão saudáveis. 9Onde o rio
chegar, todos os animais que ali se
movem poderão viver. Haverá peixes em
quantidade, pois ali desembocam as
águas que trazem saúde; e haverá vida
onde chegar o rio. 12Nas margens junto ao
rio, de ambos os lados, crescerá toda
espécie de árvores frutíferas; suas folhas
não murcharão e seus frutos jamais se
acabarão: cada mês darão novos frutos,
pois as águas que banham as árvores
saem do santuário. Seus frutos servirão
de alimento e suas folhas serão remédio”
Profecia de Ezequiel. (Ez 47,8-9.12)
ARAUJO, Mauricio Rodrigues. O desafio da autossustentabilidade nos
empreendimentos de economia solidária de Londrina. 2018. 33 folhas. Trabalho
de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Especialização em Gestão Pública –
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018.

RESUMO

O maior desafio da Economia Solidária é a geração de renda para seus membros.


No município de Londrina/PR o Programa de Economia Solidária está ativo há 10
anos. O objetivo deste trabalho foi analisar se o desafio de gerar renda foi atingido e
verificar se as capacitações ministradas aos membros dos empreendimentos foram
suficientes para transpor este desafio. A metodologia baseia-se em entrevistas na
incubadora INTES/UEL, que trabalha com a formação dos empreendimentos
solidários desde a pré-incubação passando pela incubação e finalizando com a
desincubação e com empreendimentos solidários. As análises mostraram que são
vários os desafios no processo devido ao perfil das pessoas envolvidas: a formação
escolar, o comprometimento e a dedicação com o próprio empreendimento. O
trabalho identificou que a falta de compromisso e de engajamento, aliados à falta de
um espírito empreendedor dos membros, são os maiores obstáculos para a
obtenção dos objetivos da Economia Solidária, visto que quando esses fatores estão
presentes os empreendimentos conseguem sair do período de incubação e seus
membros apresentam condições de geri-los com autonomia.

Palavras-chave: Economia Solidária. Trabalho. Renda. Empreendedorismo.


ARAUJO, Mauricio Rodrigues. O desafio da autossustentabilidade nos
empreendimentos de economia solidária de Londrina. 2018. 33 folhas. Trabalho
de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Especialização em Gestão Pública –
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018.

ABSTRACT

The greatest challenge of Solidarity Economy is the generation of income for its
members. In the city of Londrina / PR the Solidarity Economy Program has been
active for 10 years. The objective of this study was to analyze if the challenge of
generating income was reached and to verify if the training provided to the members
of the enterprises was sufficient to overcome this challenge. The methodology is
based on interviews in the INTES / UEL incubator, which works with the formation of
joint ventures from pre-incubation through incubation and ending with the de-
incubation and joint ventures. The analyzes showed that there are several challenges
in the process due to the profile of the people involved: the school formation, the
commitment and the dedication with the own enterprise. The work identified that the
lack of commitment and commitment, together with the lack of an entrepreneurial
spirit of the members, are the main obstacles to the achievement of the objectives of
the Solidarity Economy, since when these factors are present the enterprises are
able to leave the incubation period and its members are able to manage them
autonomously.

Keywords: Solidarity economy. Job. Income. Entrepreneurship.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMCEV Associação das Mulheres Camponesas do Eli Vive


INTES Incubadora de Empreendimentos Solidários
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
MEI Micro Empreendedor Individual
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
PROVOPAR Programa Voluntários do Paraná de Londrina
UEL Universidade Estadual de Londrina
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAES Secretaria Nacional de Economia Solidária
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................1

2 DISCUSSÃO TEÓRICA ............................................................................ 3


2.1 A ECONOMIA SOLIDÁRIA EM LONDRINA ........................................................... 3
2.2 AUTOGESTÃO E HETEROGESTÃO ...................................................................4
2.3 O MAIOR DESAFIO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA ...................................................5
2.4 CONSUMO SOLIDÁRIO X MERCADO CONSUMIDOS CAPITALISTA ..........................6
2.5 CONHECIMENTO E EMANCIPAÇÃO ..................................................................8
2.6 EMPREENDEDOR E EMPREENDEDORISMO.......................................................9

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................11

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES ........................... 12

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 19

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 20


1

1 INTRODUÇÃO

A economia solidária é um modo de produção colocada como alternativa ao


modo de produção capitalista. Para Singer (2002, p. 10), a diferença entre os dois
modos de produção está no princípio da propriedade do capital. Enquanto o modo
de produção capitalista apresenta o direito de “propriedade individual aplicado ao
capital”, o modo de produção da economia solidária apresenta a “propriedade
coletiva ou associada do capital”. Mas apesar disso que ambos têm, como princípio
comum, o “direito à liberdade individual”. Quanto à administração do
empreendimento, apresenta-se outra diferença: de um lado, a heterogestão por
parte das empresas capitalistas; de outro, autogestão por parte dos
empreendimentos solidários (SINGER, 2002, p. 16).
Frente ao desemprego estrutural, a economia solidária foi colocada como
uma alternativa para as pessoas, as quais estavam à margem da sociedade,
inserirem-se no mercado. A economia solidária coloca-se, assim, como uma
“resposta à exclusão do mercado, visto ainda pela maioria dos trabalhadores
engajados como algo temporário até que um emprego formal surja ou reapareça”
(SOUZA, 2011, p. 174). Alguns governos instituíram programas de economia
solidária como forma de possibilitar trabalho e renda às pessoas. Esses programas
tiveram apoio de parceiros, normalmente universidades, faculdades, ONGs,
entidades sindicais e eclesiais.
Souza (2011, p. 179) aponta que o desafio da economia solidária está
relacionado ao alcance da capacidade dos empreendimentos de gerar renda. Nesse
sentido, o problema a ser enfrentado pela economia solidária é a “desincubação”, ou
seja, “o rompimento da condição de dependência em relação a uma entidade
externa, responsável por sua formação”. Tal necessidade é apresentada por Santos
e Borinelli ao fazerem referência à necessidade de “emancipação” (SANTOS e
BORINELLI, 2010, p. 2), expressa na citação de Cattani, para o qual “(emancipação)
é o processo ideológico e histórico de libertação de comunidades políticas ou grupos
sociais, da dependência, da tutela e da dominação nas esferas econômicas, sociais
e culturais” (CATTANI, 2003, apud SANTOS e BORINELLI, op. cit., p. 2).
Para Santos e Borinelli, o Estado tem o caráter incentivador, “no entanto não
deve permanecer infinitamente a ponto de gerar dependência excessiva e
2

acomodação, mas escalonadas no tempo, de forma a garantir-se um processo de


desenvolvimento autônomo” (SANTOS e BORINELLI, 2010, p. 2). Para Singer, “O
Estado não deve ser responsável pela Economia Solidária, ela deve ser iniciativa
das pessoas” (SINGER, 2009, apud SANTOS e BORINELLI, op. cit., p. 19). Dessa
forma, os membros da economia solidária, para assumir a autogestão do
empreendimento solidário, devem se emancipar do Estado e buscar autonomia nas
decisões inerentes ao empreendimento e gerar renda para seus membros.
Mas Souza (2011, p. 179), por sua vez, analisa que muitos empreendimentos
solidários não conseguem evoluir e conquistar o mercado consumidor. Essa
constatação toma corpo no estudo de Santos e Borinelli (op. cit., p. 10) sobre o
Programa de Economia Solidária de Londrina, onde os empreendimentos que
necessitavam competir diretamente no mercado com empresas convencionais não
obtiveram resultados satisfatórios por falta de conhecimento de gestão de como
colocar os produtos no mercado, como adquirir clientes e como competir com a
concorrência. Há que se destacar que, muito mais do que a importância da gestão
estratégica, proposta por Santos e Borinelli (op. cit., p. 5-6), apresenta-se a
necessidade do debate e da apropriação do empreendedorismo na economia
solidária, conforme coloca Souza (op. cit., p. 179).
O presente trabalho tem por objetivo verificar se o Programa de Economia
Solidária, no Município de Londrina, propiciou aos seus participantes conhecimentos
necessários à autogestão dos empreendimentos econômicos solidários e contribuiu
para a melhoria da elevação da qualidade de vida ao serem criadas fontes de renda
compatíveis com suas necessidades. Para tanto, procurar-se-á: analisar como são
realizadas as capacitações relacionadas à autogestão da produção e
comercialização dos produtos e serviços; verificar se os conhecimentos, adquiridos
no Programa, foram suficientes para os membros autogerirem os empreendimentos
econômicos solidários; verificar se os empreendimentos econômicos solidários
conseguiram se posicionar no mercado atual e se obtiveram retorno positivo nos
seus resultados econômico-financeiros bem como se adquiriram independência em
relação ao Poder Público; verificar se os participantes da Economia Solidária
conseguiram elevar o seu nível de renda visando a uma melhor qualidade de vida.
3

2 DISCUSSÃO TEÓRICA

2.1 A ECONOMIA SOLIDÁRIA EM LONDRINA

A economia solidária busca ser uma alternativa ao modo de produção


capitalista e pode ser definida como um sistema aberto, amparado na cooperação e
na solidariedade dos membros, que pretendem atender suas necessidades e
desejos materiais e de convivência, “mediante mecanismos de democracia
participativa e de autogestão, visando à emancipação e ao bem-estar individual,
comunitário, social e ambiental” (SANTOS e BORINELLI, 2010, p. 18). Além disso,
busca a libertação do homem em relação ao trabalho assalariado capitalista (BANSI
et all, 2011, p. 41).
A origem da economia solidária remonta ao século XIX, em plena Revolução
Industrial, sendo retomada na segunda metade do século XX. No Brasil, tem como
um dos principais expoentes o economista Paul Singer e foi alçada como política
pública nacional com a criação, em 2003, da Secretaria Nacional de Economia
(SENAES) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) (MAZZETTO et all, 2010, p.
73). Vale lembrar que a SENAES implementou o Programa Economia Solidária em
Desenvolvimento. Nesse contexto foi criado, em Londrina, o Programa Municipal de
Economia Solidária. O Programa foi criado pela Lei Municipal nº 10.523, de 28 de
agosto de 2008 (LONDRINA, 2008). O Programa foi instituído no bojo das iniciativas
do Governo Federal, devido à “proximidade ideológica entre os governantes da
esfera federal e municipal” (CRUZ e SANTOS, 2010, p. 139), à época. Conforme o
artigo 1º. da referida lei, o Programa de Economia Solidária de Londrina tem como
objetivo geral apoiar ações de geração de trabalho e renda, as quais se organizem
“com base na autogestão, cooperação e solidariedade” (LONDRINA, 2008). Entre os
objetivos específicos do Programa destaca-se a "formação continuada nas áreas
conceitual, técnica e de gestão" (LONDRINA, 2008).
O Programa de Economia Solidária está vinculado à Secretaria de Assistência
Social e é executado por equipe multidisciplinar composta por servidores municipais
vinculados a várias Secretarias. A execução foi repassada para o Programa
Voluntários do Paraná de Londrina (PROVOPAR), entidade de associação civil com
personalidade jurídica de direito privado, o qual foi responsável pelas ações do
Programa e sua manutenção até agosto de 2018, quando a Prefeitura cancelou o
4

convênio com a entidade devido a problemas nas prestações de contas. A partir de


setembro de 2018, a Congregação de Irmãs da Pequena Missão para os Surdos,
organização da sociedade civil, assumiu as ações de execução do Programa
Municipal de Economia Solidária (LONDRINA, 2018). As ações do Programa são
várias, dentre as quais: Projeto de Assessoria aos Empreendimentos Econômicos
Solidários, Projeto de Investimento Solidário, Projeto Rede Solidária, Projeto
Oficinas Solidárias, Projeto de Educação para o consumo crítico e solidário. Entre os
objetivos da Política Pública Municipal de Economia tem-se: "propiciar acesso à
geração de trabalho e renda" e "contribuir para a melhoria da elevação da qualidade
de vida pela criação de fontes de renda" (LONDRINA, 2008).
O Programa conta também com a parceria da Incubadora de
Empreendimentos Solidários – INTES, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
A incubadora é um projeto de extensão da UEL, a qual mantém o projeto com seus
recursos e fornecendo a equipe de docentes, profissionais e alunos que atenderão
os empreendimentos solidários no processo de incubação. A INTEL/UEL colabora
com o “processo de formação de cooperativas populares e outros tipos de iniciativa
de geração de trabalho e renda” (CORDEIRO, S. M. et al, 2010, p. 108)
O Programa de Economia Solidária de Londrina tem como maior objetivo a
geração de trabalho e renda, trazendo a melhoria na qualidade de vida dos
membros. As demais ações visam gerar renda através do trabalho colaborativo.

2.2 AUTOGESTÃO E HETEROGESTÃO

A principal diferença entre um empreendimento convencional e um


empreendimento solidário é a forma de administração. No empreendimento
convencional funciona a heterogestão, classificada por Singer como a administração
hierárquica, com estrutura de autoridade e onde as decisões ocorrem de cima para
baixo (SINGER, 2002, p. 16-17). Nesse enfoque, todas as decisões são tomadas
pelos chefes e não pelos trabalhadores da fábrica ou do escritório.
Já os empreendimentos solidários são administrados pela autogestão, ou
seja, democraticamente pelos seus membros. As decisões são tomadas,
periodicamente, em assembleias ou quando há necessidade. As decisões de rotina
ficam a cargo de encarregados e gerentes, os quais são escolhidos pelos sócios ou
5

pela diretoria eleita. No caso de quantidade pequena de sócios, a produção e as


decisões cabem a todos (SINGER, 2002, p. 18).
Seja uma heterogestão ou uma autogestão, as decisões de um
empreendimento são as mesmas em relação à produção, aos clientes, aos
concorrentes, às vendas, bem como às questões operacionais, administrativas,
gerenciais, contábeis, fiscais e trabalhistas e ao planejamento. Nota-se que, em
qualquer tipo de empreendimento, são necessários conhecimentos sobre várias
áreas. Pode-se afirmar, então, que a autogestão é uma forma de administração,
assim como a heterogestão. E, sendo assim, os envolvidos na gestão do
empreendimento devem adquirir conhecimento. Em relação a isso, Singer coloca a
necessidade de construção de um “sistema de geração e difusão de conhecimento
para dar formação técnica e ideológica aos futuros integrantes da economia
solidária” (SINGER, 2002, p. 117). Conforme visto, a formação continuada dos
membros é um dos objetivos do Programa e deve ser oferecida aos membros da
Economia Solidária.

2.3 O MAIOR DESAFIO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA

Os beneficiários do Programa de Economia Solidária de Londrina são


trabalhadores e trabalhadoras acima de 16 anos que necessitam se enquadrar em
um dos seguintes requisitos: “estejam desempregados e/ou se encontrem em
situação de vulnerabilidade social e/ou sejam procedentes da agricultura familiar
e/ou se encontrem em situação de violência, e/ou indígenas da comunidade local
e/ou usuários dos serviços de saúde mental” (LONDRINA, 2008). Conforme esse
perfil, pode-se afirmar que os beneficiários apresentam a característica de,
possivelmente, nunca terem administrado um empreendimento, sendo sempre
empregados. A isso se soma a educação deficitária, o desinteresse pelo estudo
e a dificuldade de leitura. É bom lembrar, portanto, que os beneficiários da
Economia Solidária, que estão com um empreendimento nas mãos, apresentam as
seguintes dificuldades: inexperiência em administrar um negócio; educação
deficitária; inexistência do hábito da leitura ou dificuldade na leitura; e as
características de empregado.
6

As características do empregado é um termo desenvolvido por Fernando


Dolabela como “Síndrome do empregado” e se refere à pessoa que “necessita que
alguém crie e lhe ofereça condições para que desenvolva o trabalho. Ou seja,
depende de alguém para desenvolver seu ofício”. Apesar de buscar conhecimento,
“espera que alguém identifique uma necessidade, uma ideia com valor de mercado,
e a apresente a ele como problema já formulado, decodificado, à espera de solução”
(DOLABELA, 1999, p. 280).
Esses desafios devem ser resolvidos, caso contrário os membros nunca
conseguirão realizar a autogestão do empreendimento e enfrentar os problemas
oriundos da administração ao gerenciar os recursos empresariais: equipe, produção,
logística, marketing, finanças (CHIAVENATO, 2007). Para Singer, o mais difícil é
“mobilizar a iniciativa da grande massa de inativos e marginalizados, para que se
disponham a empreender e desta forma gerem diversas fórmulas organizacionais a
serem testadas na prática” (SINGER, 1999, p. 57).

2.4 CONSUMO SOLIDÁRIO X MERCADO CONSUMIDOR CAPITALISTA

Um dos objetivos do Programa de Economia Solidária é a criação de uma


rede solidária de produção, comercialização e consumo. Essa rede, na concepção
de Singer, seria um “mercado protegido” (SINGER, 1999, p. 124), “condição
necessária mas não suficiente para que o novo setor de economia solidária dê certo”
(SINGER, 1999, p. 124). Mance classifica como consumo solidário o que “ocorre
quando consumimos ou usufruímos de bens e serviços que são elaborados ou
comercializados de maneira solidária, seja praticando o consumo final seja
praticando o consumo produtivo” (MANCE, 2005, p. 7). Por consumo final se
entende o bem ou serviço acabado, pronto para ser consumido; já por consumo
produtivo compreende-se o bem ou serviço que é usado como insumo de outro bem
ou serviço (MANCE, 2005, p. 7). Esse seria, assim, um mercado à parte, com
participação de empreendimentos solidários que se autorrelacionem e cujos bens e
serviços finais são colocados à venda para consumidores interessados em consumir
bens e serviços solidários.
A Lei do Programa Municipal de Economia Solidária de Londrina não deixa
clara a forma de se construir esse mercado. No Art. 1º, inciso III o Programa apoiará
iniciativas que promoverão a comercialização dos empreendimentos e um dos
7

projetos é a educação para o consumo crítico e solidário com o objetivo de


sensibilizar diferentes segmentos sobre a Economia Solidária e o consumo justo e
solidário, conforme Art 5º, inciso V. (BRASIL, 2008).
Nishimura e Rizzoti apontam esse desafio pois “a prática do consumo
solidário não está incorporada à ação do dia a dia, como atitude pessoal, familiar,
grupal e comunitária” (NISHIMURA e RIZZOTI, 2010, p. 161). Colocam que
“permanece ainda o desafio de contrapor essa dimensão e trilhar o caminho do
consumo solidário” (NISHIMURA e RIZZOTI, 2010, p. 161).
Fato é que a Economia Solidária não pode esperar que ocorra uma alteração
de comportamento de consumo, sendo necessário enfrentar o mercado consumidor
capitalista. Paul Singer coloca que a falta de uma estrutura de rede solidária de
consumo “implica que os empreendimentos solidários precisariam vender o grosso
de suas mercadorias a consumidores que não vão lhes dar preferência por
solidariedade” (SINGER, 2002, p. 119). Assim, seriam obrigados a competir no
mercado, com empresas capitalistas, concorrendo por preço e qualidade.
Conforme ainda aponta Singer, com o público se mantendo nos padrões do
sistema capitalista, “os empreendimentos solidários terão de se tornar realmente
competitivos” (SINGER, 2002, p. 120). Para o autor, “a forma mais provável de
crescimento da economia solidária será continuar integrando mercados em que
compete tanto com empresas capitalistas como com outros modos de produção, do
próprio país e de outros países” (SINGER, 2002, p. 120). Com isso, a economia
solidária “terá de alcançar níveis de eficiência na produção e distribuição de
mercadorias comparáveis aos da economia capitalista e de outros modos de
produção, mediante o apoio de serviços financeiro e científico-tecnológico solidários”
(SINGER, 2002, p. 121).
Assim sendo, os empreendimentos solidários devem se firmar dentro do
mercado atual e competir conforme as regras desse mercado, devendo adequar-se
para conquistar e identificar clientes potenciais e concorrer com outros
empreendimentos capitalistas. Para isso, é necessário que os empreendimentos
solidários se adequem ao mesmo rol de decisões administrativas de uma empresa
capitalista. Isso exige um esforço adicional dos membros uma vez que, além do fato
de ser necessária a tomada de decisões, elas têm de ser realizadas em conjunto
8

com todos os integrantes gerando, às vezes, conflitos e reuniões cansativas


(SINGER, 2002, p. 19).
O desafio da Economia Solidária de autogestão, frente à realidade
consumidora, não está somente no modo de produção, mas no enfretamento do
mercado atual e na busca de consumidores, pois somente com a venda de produtos
é que a renda será conseguida. A solução que se apresenta é de que os membros
aprendam a enfrentar e concorrer no mercado e serem competitivos.

2.5 CONHECIMENTO E EMANCIPAÇÃO

O conhecimento é necessário para gerar a emancipação, a liberdade em


relação ao Estado, de tomar decisões quanto ao empreendimento sem o amparo do
Poder Público. Santos e Borinelli, citando Cattani, dizem que “emancipar-se é
entendido então por atingir a maioridade de consciência, com autonomia de
conhecimento e de percepção da realidade independentemente de imposições ou
influências externas apresentadas como naturais” (CATTANI, 2003, apud SANTOS e
BORINELLI, op. cit., p. 2). O Estado se apresenta como necessário nos anos iniciais
do empreendimento, incentivando a Economia Solidária, “mediante a
disponibilização de linhas de crédito especiais, desenvolvimento tecnológico, assim
como, priorizar a compra dos produtos e serviços das redes de Economia Solidária
(...); no entanto, não deve permanecer infinitamente, a ponto de gerar dependência
excessiva e acomodação” (SANTOS e BORINELLI, 2010, p. 18). Para Santos e
Borinelli, a emancipação na Economia Solidária se apresenta “economicamente por
meio de organizações de autogestão, buscando-se construir modelos inovadores de
produção e de sociabilidade amparados em fortes princípios de participação e de
cooperação” (SANTOS e BORINELLI, 2010, p. 2). Mas, para se atingir essa
situação, é necessário que as pessoas tenham, primeiro, condições de aprender e,
principalmente, interesse em adquirir conhecimento.
Nishimura e Rizzoti observam que os grupos da Economia Solidária, que são
compostos por pessoas em situação de pobreza, “não dispõem de recursos e
marketing para divulgação de seus produtos” (NISHIMURA e RIZZOTI, 2010, p.
169). Destacam que se faz necessário o apoio do Poder Público, com “a
disponibilização de materiais para a produção e a instituição de estratégias, como a
capacitação técnica e a criação de espaços de comercialização” (NISHIMURA e
9

RIZZOTI, 2010, p. 169), e que “o investimento do Poder Público nessa área


constitui-se um dever do Estado e direito do cidadão para que lhe sejam
oportunizados meios para gerar renda” (NISHIMURA e RIZZOTI, 2010, p. 169). Em
contrapartida, Nishimura e Rizzoti observam também “a ausência de uma equipe
técnica que apresentasse vivência prática e bagagem teórica” (NISHIMURA e
RIZZOTI, 2010, p. 160). Ou seja, apesar da responsabilidade imputada ao Estado, o
mesmo se mostra incapaz de prover condições necessárias ao desenvolvimento da
Economia Solidária. O Estado não tem competências para competir no mercado e
nem expertise para isso. Portanto, são necessários novos parceiros e novos
conhecimentos para o enfrentamento do mercado. É necessário, pois, que os
membros tenham condições de tomar decisões, de gerenciar um negócio, de ser um
empreendedor.

2.6 EMPREENDEDOR E EMPREENDEDORISMO

O membro da economia solidária deve aprender a administrar o negócio,


conhecendo as ferramentas de finanças, marketing, produção, logística; precisa,
ainda, saber inovar nas formas de comercialização, ou seja, deve saber
empreender.

2.6.1 Características do empreendedor

O empreendedor é aquele que tem paixão por ideias, aprecia inovar, gerar
riquezas e mudanças. A pessoa com esse perfil tem iniciativa, persistência,
planejamento, autoconfiança, liderança, coragem e eficiência – é um realizador de
novas ideais com criatividade e imaginação (Demetrio 2017).
Conforme Chiavenato, o termo empreendedor é originário do francês
entreprenuer e “significa aquele que assume riscos e começa algo novo”; é, assim,“a
pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal
assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente” (CHIAVENATO,
2007, p. 4). Para Schumpeter, “o empreendedor é a pessoa que destrói a ordem
econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos/serviços,
pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos,
materiais e tecnologias” (SCHUMPETER, 1947, apud CHIAVENATO, 2007, p. 8).
10

As características básicas para o chamado espírito empreendedor são:


necessidade de realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança
(CHIAVENATO, 2007, p. 8-10). Smith propõe outra classificação, a qual considera a
variação nos estilos de fazer negócios e sugere dois padrões: o empreendedor
artesão e o empreendedor oportunista (SMITH, 1967, apud CHIAVENATO, 2007, p.
11). Entre esses dois padrões, o membro da Economia Solidária se identifica com o
Empreendedor Artesão que “é uma pessoa que inicia um negócio basicamente com
habilidades técnicas e um pequeno conhecimento da gestão de negócios”
(CHIAVENATO, 2007, p. 11), tem formação limitada ao treinamento técnico e não
tem “capacidade para se comunicar bem, avaliar o mercado, tomar decisões e gerir
o negócio”. (CHIAVENATO, 2007, p. 11).
Esse tipo de empreendedor, em relação ao processo decisório, caracteriza-se
por:
Ter uma orientação de tempo de curto prazo, com pouco
planejamento para futuro crescimento ou mudança; ser
paternalista, ou seja, dirigir o negócio da forma como dirigiria
sua própria família; relutar em delegar autoridade, é
centralizador; usar uma ou duas fontes de capital para abrir sua
empresa; definir a estratégia de marketing em termos de preço
tradicional, da qualidade e da reputação da empresa; esforçar-
se nas vendas basicamente por motivos pessoais
(CHIAVENATO, 2007, p. 11-12).
Chiavenato (2007, p. 16) descreve os fatores críticos que devem ser
considerados para um negócio de sucesso, que são: qual é o mercado, qual o tipo
do cliente, quais as necessidades financeiras, qual o local adequado do negócio,
como administrar o cotidiano do negócio, como produzir os bens e serviços com
qualidade e custo necessários, como ter conhecimento do mercado e da
concorrência, como dominar o mercado fornecedor, vender e promover os
produtos/serviços, como encantar o cliente. Pode-se notar que vários desses fatores
são questões a serem respondidas em vários empreendimentos solidários de
Londrina para atingir seus objetivos.
David McClelland foi um dos principais teóricos do empreendedorismo e
definiu as características que um empreendedor bem-sucedido deve possuir ou
desenvolver.
Iniciativa e busca de oportunidades; perseverança;
comprometimento; busca de qualidade e eficiência; coragem
para assumir riscos, mas calculados; fixação de metas
11

objetivas; busca de informações; planejamento e monitoração


sistemáticos, isto é, detalhamento de planos e controles;
capacidade de persuasão e de estabelecer redes de contatos
pessoais; independência, autonomia e autocontrole
(CHIAVENATO, 2007, p. 18).
Chiavenato ainda coloca outras características necessárias a um
empreendedor:
Ter vontade de trabalhar duro; ter habilidade de comunicação;
conhecer maneiras de organizar o trabalho; ter orgulho daquilo
que faz; manter boas relações interpessoais; ser um self-
starter, um autopropulsionador; assumir responsabilidades e
desafios; tomar decisões (CHIAVENATO, 2007, p. 20).
Chiavenato (2007, p. 20) cita os ingredientes necessários a um
empreendimento: oportunidade de empreendimento com potencial; o
desenvolvimento de um espírito empreendedor qualificado e motivado; o
planejamento sólido e detalhado do empreendimento; um capital suficiente e; a
sorte.

2.6.2 Taxas de sobrevivência e mortalidade de empresas no Brasil

Estudar e aprender empreendedorismo não é certeza de sobrevivência do


empreendimento, mas assumir as qualidades e a postura de empreendedor cria
condições de minimizar as possibilidades de uma vida curta do empreendimento. E
essas qualidades e posturas estão relacionadas também aos empreendimentos de
economia solidária.
As empresas brasileiras de heterogestão conseguem transpor os anos iniciais
com conhecimento e postura empreendedora para vencer no mercado competitivo.
Conforme dados do Sebrae, entre 2010 e 2014, a taxa de sobrevivência das
empresas com até 2 anos era de 55% para as empresas, excluído os MEI. Quando
se incluem os microempreendedores individuais o percentual sobe para 77% de
sobrevivência (Sebrae, 2016, p.17). A taxa de mortalidade é complementar à taxa de
sobrevivência, desta forma a mortalidade chega a 45% sem contar o MEI e a 33%
com o MEI.
Conforme o estudo os fatores determinantes para a sobrevivência da
empresa são: o tipo de ocupação do empresário antes de abrir o negócio com a
menor proporção de desempregados, sua experiência no ramo, a motivação para
12

abrir o negócio pela motivação e pelo desejo de ter um negócio, maior tempo de
planejamento para abrir o negócio, capacidade de negociar com fornecedores e
buscar crédito, capacidade de inovar e aperfeiçoar seus produtos/serviços
diferenciando-os no mercado, acompanhamento das despesas e receitas ,forte
investimento em capacitação dos empregados e na própria capacitação no tocante à
gestão empresarial.” (Sebrae, 2016, p.53).
Os desafios dos empreendimentos de autogestão no mercado competitivo
são os mesmos dos de heterogestão. Sendo assim, é necessário desenvolver
capacidades nos empreendedores da economia solidária para atingir que os
empreendimentos se estabeleçam no mercado. Considerando o quadro da situação
da Economia Solidária de criar um modelo diferente de mercado, com uma relação
de trabalho e decisões coletivas, é necessário que seus membros adquiram
condições de transformar a realidade enfrentando suas dificuldades e que tenham
liberdade de trilhar caminhos para as decisões com suas próprias iniciativas, sem a
dependência do Estado.

3 Procedimentos metodológicos
Neste estudo, será utilizada a pesquisa qualitativa, de tipo explicativa, na qual
será utilizado o método de levantamento por pesquisa de campo. O objetivo é obter
informações a respeito dos conhecimentos que tenham sido passados aos membros
bem como observar se os membros conseguiram adquirir qualificação suficiente
para administrarem os empreendimentos e verificar se conseguiram atingir um
patamar aceitável de renda pessoal.
O período de análise foi novembro de 2018, nos empreendimentos que
estivessem ativos há dois anos ou mais. O prazo de dois anos corresponde ao
período em que um empreendimento permanece na incubadora passando pelo
processo de pré-incubação, incubação e desincubação, sendo o momento no qual
os membros serão submetidos às capacitações para adquirirem condições de
administrar os empreendimentos.
As informações terão procedência primária e sua análise responderá às
seguintes questões: quais as capacitações sobre gestão de negócios foram
aplicadas aos membros dos empreendimentos; se esses conhecimentos foram
13

suficientes para os membros gerirem autonomamente os empreendimentos; se


houve o posicionamento dos produtos e serviços no mercado e se o faturamento foi
suficiente para a manutenção do empreendimento e, consequentemente, se os
membros conseguiram adquirir melhoria na sua renda.
Finalmente, a interpretação dos dados buscará relacionar esses resultados à
luz das necessidades de se administrar um empreendimento de forma autônoma, no
qual os membros do empreendimento tenham conhecimento das técnicas e
ferramentas que darão condições para a tomada de decisões sobre o futuro do
empreendimento.
Por motivos de exigências institucionais da Secretaria Municipal de
Assistência Social do Município de Londrina, não foi possível entrevistar os
representantes desse órgão público e nem os empreendimentos que estão ligados
ao Centro Público de Economia Solidária. No entanto, foram colhidas informações
com a INTES/UEL, que fornece apoio técnico aos grupos da Economia Solidária e
com o empreendimento Sacolas Camponesas do Assentamento Eli Vive II, onde foi
possível viabilizar o cumprimento dos objetivos deste artigo.

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

Conforme as informações colhidas na INTES/UEL, com a colaboração do


Coordenador Professor Sinival Osório Pitaguari, nem todos os empreendimentos de
Economia Solidária de Londrina passam pela incubadora, a qual atende
principalmente os empreendimentos ligados à produção agrícola. O Centro Público
de Economia Solidária, órgão da Prefeitura Municipal de Londrina, ligado à
Secretaria de Assistência Social, também é uma incubadora e atua com
empreendimentos mais ligados a atividades urbanas. A INTES/UEL, quando
solicitada, oferece assessoria nos empreendimentos ligados ao Centro Público. Em
função dos motivos expostos na metodologia não foi possível ter acesso às
informações do Centro Público de Economia Solidária e aos empreendimentos
14

ligados a ele. Desta forma as informações se concentraram nos empreendimentos


incubados na INTES/UEL e ao empreendimento Sacolas Camponesas1.
Em relação às capacitações realizadas pela INTES/UEL os temas
concentram-se em produção, finanças e comercialização, que são as matérias
habituais em qualquer treinamento referente a empreendimentos. A INTES/UEL teve
de capacitar os membros “em tudo”, conforme o Coordenador da incubadora, devido
à falta de experiência anterior dos mesmos em negócios, isso dificultou a
assimilação dos conceitos administrativos e o próprio entendimento do processo de
autogestão.
O princípio de autogestão da Economia Solidária não é fácil de ser
compreendido e muito mais de ser colocado em prática. Um dos maiores desafios
da INTES/UEL é a assimilação, pelos membros dos empreendimentos, do conceito
de autogestão. Cordeiro et all coloca que a autogestão não se trata de uma “tarefa
simples” exigindo uma gama de conhecimentos que abrangem várias áreas.
Ao iniciar as atividades da Incubadora em um grupo,
apresentam-se as ferramentas necessárias para autogestão e
o conhecimento acadêmico é levado a este grupo,
conhecimento este teórico ou prático, ou seja, a autogestão é
ensinada, é “gestionada”. O grupo atinge a fase de
desincubagem quando, sobretudo, a autogestão é alcançada e
o grupo é capaz de lidar por si só com as várias difculdades
que surgem no dia a dia, além de conseguirem relacionar as
informações das mais diversas áreas necessárias ao
andamento de seu empreendimento (CORDEIRO et all, 2010,
p. 115).
Pode-se compreender a dificuldade de assimilação dos membros de uma
quantidade grande de conhecimento quando não apresentam nenhuma experiência
anterior em administração de negócios e uma deficiência na formação escolar.
Cabe resgatar aqui análise realizada por GARCIA e LANZA (2012, p. 220),
quando analisaram o empreendimento “Mão na Terra”, onde identificaram que os
membros viam a INTES/UEL de forma assistencialista, não entendendo que a
incubadora tinha um papel de orientar e não de dizer como fazer. Conforme a

1O empreendimento Sacolas Empreendedoras é um projeto de extensão da UEL,


em conjunto com as mulheres do Assentamento Eli Vive II iniciado em 2017,
coordenado pelos departamentos de Geociências, Biologia da UEL (Campanha e
Godoy, 2017, p. 7). O projeto foi assistido pelo INTES/UEL que auxiliou na
estruturação jurídica da Associação das Mulheres Camponesas do Eli Vive –
AMCEV.
15

análise das autoras existia uma falta de entendimento do que seja autogestão por
parte dos membros da economia solidária e, conforme nosso estudo, essa falta de
entendimento persiste até hoje.
O que podemos refletir sobre a fala dos integrantes é que há
uma lacuna a respeito da compreensão que os mesmos
possuem sobre o papel da INTES como órgão de assessoria
técnica. Fragmentos das falas nos indicam a visão do
empreendimento sobre a incubadora: uma forma
assistencialista “a mãe pega pela mãozinha não deixa cair no
buraco”, “A INTES ajuda a gente bastante, se estamos
precisando de algum recurso”. Desta forma, é visível que a
leitura que o grupo faz da INTES não corresponde aos anseios
da Incubadora de realizar assessoria técnica em uma
perspectiva de autogestão que se daria por meio da proposta
de Pré-Incubagem, Incubagem e Desincubagem, como já
relatamos neste trabalho. A autogestão vai se construindo ou
não no empreendimento de Economia Solidária conforme a
forma com que a própria Incubadora trabalha esta questão no
grupo (GARCIA e LANZA, 2012, p. 220).
Essa característica da falta de entendimento de apropriar o sentido da
autogestão, por parte dos membros de um empreendimento, é caracterizada
atualmente pela desistência de muitos membros durante o processo de incubação.
Os membros que se destacavam durante os treinamentos, conforme a INTES/UEL,
desistiam de participar dos grupos para procurar emprego no mercado de trabalho.
Denota-se assim a falta de entendimento dos membros do compromisso com o
empreendimento e do trabalho coletivo para que o processo de formação seja
atingido a contento.
Garcia e Lanza analisam que “a autogestão é um desafio para o
empreendimento, que se torna um desafio para a Incubadora” (GARCIA e LANZA
2012, p. 220) e propõem que o ponto inicial para garantir a proposta da autogestão é
o conhecimento da realidade local dos membros e sua história, percebendo a
questão social e uma análise conjuntural. As autoras propõem a realização de um
diagnóstico da situação social dos membros com o objetivo de se desenvolverem
procedimentos educacionais pois “para que o empreendimento siga um caminho
rumo à autogestão, é preciso trabalhar de forma clara desde sua pré-incubagem,
para evitar ‘vícios’ e práticas que não se adequam à autogestão” (GARCIA e LANZA
2012, p. 220).
16

Sobre esses vícios e práticas descreveu-se, na parte teórica deste trabalho,


que o perfil dos beneficiários do Programa de Economia Solidária apresenta
características de nunca terem administrado um empreendimento, tendo sempre
atuado como empregados. A isso se soma a inexperiência em administrar um
negócio; educação deficitária; inexistência do hábito da leitura ou dificuldade na
leitura; e as características de empregado. Para suplantar esses desafios é
necessário que sejam desenvolvidas técnicas de formação que busquem minimizar
essas características nos membros.
As características de deficiência na educação, a dificuldade de leitura e a falta
de hábito de leitura são questões a serem enfrentados nas metodologias
desenvolvidas para a Economia Solidária. Mesmo porque, dada a carga de
conhecimento a ser transmitida aos membros, é necessário que os mesmos tenham
condições cognitivas de assimilação.
As características de inexperiência em administrar um negócio e
caraterísticas específicas de um empregado têm implicação direta na capacidade
dos membros em administrar um empreendimento. A primeira é uma característica
que está presente em todas as pessoas que nunca tiveram um negócio,
independentemente de sua condição social, contudo pode ser suplantado por uma
formação técnica consistente. Já as características típicas de um empregado,
conceituado na parte teórica deste trabalho, necessita de um trabalho que vai além
da simples capacitação, passando por um trabalho de mudança psicológica do
indivíduo. As características de empregado tem forte relação com a falta de um
espírito empreendedor. Estão presentes nos membros da Economia Solidária
quando se identifica que sua principal dificuldade é a comercialização e a colocação
do produto no mercado, conforme aponta a INTES/UEL. Os membros atendem a
produção, pois são características típicas dos empregados, mas apresentam
dificuldade nas finanças na comercialização e na gerência, esta última envolve
tomada de decisão, análise do mercado e decisão sobre medidas para colocação do
produto no mercado, que são características do perfil empreendedor.
Ser um empreendedor é ter a capacidade de detectar oportunidades, ter
iniciativa para criar um negócio, paixão pelo que faz, utilizar os recursos disponíveis
de forma criativa, transformar o ambiente social e econômico onde vive, aceitar e
assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar (DORNELLAS, 2001, p. 38).
17

O empreendedor pode nascer com espírito empreendedor mas, conforme Dornellas,


o empreendedorismo “pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o
sucesso é decorrente de uma gama de fatores internos e externos ao negócio, do
perfil do empreendedor e de como ele administra suas adversidades que encontra
no dia-a-dia de seu empreendimento” (DORNELLAS, 2001, 38).
Como exemplo, a dificuldade de comercialização está presente no Sacolas
Camponesas, empreendimento que tem pouco mais de 70 clientes. O
empreendimento necessita aumentar da produção, mas sofre com falta de água e
com o pequeno número de famílias produtoras de hortaliças (12 famílias num total
de 108). Também não tem veículo para a entrega da produção e não desenvolveram
estratégias para conseguir mais clientes em Londrina, que fica a 68 km do
assentamento. Todos esses desafios deverão ser vencidos, mas apesar da vontade
das mulheres, nota-se a necessidade de aprofundarem seus conhecimentos para
captar mais clientes, planejar o aumento da produção, controlar toda a operação
financeira, buscar formas de realizar a logística da distribuição, sendo que ainda não
entendem a necessidade destes procedimentos e nem como fazê-los.
Em relação à autonomia dos empreendimentos, os que foram assistidos pela
INTES/UEL contavam com uma autonomia para suas decisões e para sua gestão. A
autonomia é notada no Sacolas Camponesas, cujos membros necessitam tomar as
decisões em grupo para resolver seus desafios, apesar do pouco conhecimento que
apresentam sobre o mercado. O empreendimento Sacolas Camponesas está
situado no assentamento Eli Vive II, próximo ao Distrito de Lerroville, no município
de Londrina-PR. É formado somente por mulheres do assentamento as quais
criaram, com a assessoria do INTES/UEL, a Associação das Mulheres Camponesas
do Eli Vive – AMCEV. O empreendimento funciona há dois anos e atualmente
comercializa 52 sacolas por semana. As sacolas são comercializadas com vários
tipos de hortaliças produzidas sem o uso de agrotóxicos. O empreendimento atende
também outros 22 clientes que solicitam hortaliças específicas. Atualmente a
entrega dessa produção é realizada por veículo de terceiros, mas a Associação
busca recursos para adquirir um veículo próprio que possibilite levar os produtos a
Londrina e aumentar as vendas. As decisões são tomadas em conjunto entre todas
as integrantes da Associação que reúne 12 famílias assentadas. Este
empreendimento atua autonomamente, tendo de decidir suas ações internamente,
18

mas sofre com a falta de conhecimento sobre organização, planejamento e


comercialização.
Quanto ao posicionamento no mercado a INTES/UEL acompanhou até o
momento um total de quinze empreendimentos. Dentre esses, alguns foram
desincubados, e desses nem todos conseguiram uma sobrevida após a incubação.
Somente conseguiram ser desincubados os que estavam ligados à produção rural, e
desses os que tiveram sucesso foram os que objetivavam o atendimento do
comércio privado (Mão na Terra e Ervas de Salete).
A escolha de um tipo de negócio e sua comercialização é um fator muito
importante no processo de formação do empreendimento. Entre os
empreendimentos rurais assistidos pela INTES/UEL alguns se concentraram em
atender os programas de governo de alimentação escolar e, outros, em atender o
comércio privado. O atendimento da alimentação escolar pelo Programa Nacional de
Alimentação Escolar-PNAE exige uma oferta frequente de grande quantidade de
produtos, isso colaborou com o insucesso dos empreendimentos que não
conseguiam atender à demanda, em decorrência da baixa produção. Em
contrapartida os empreendimentos que comercializavam para o mercado privado
tiveram mais sucesso. Exemplos disso são os projetos “Mão na Terra”2 (de verduras
e legumes sem agrotóxicos) e “Ervas de Salete”3 (de produção e comercialização de
ervas medicinais secas). Esses projetos mostraram-se mais exitosos na INTES/UEL.
A opção pelo comércio privado é o caso do Sacolas Camponesas, que teve
assessoria da INTES/UEL na constituição da Associação. Esse empreendimento
tem um retorno mais rápido do que o atendimento da alimentação escolar. O
assentamento Eli Vive I apresenta um empreendimento que atende ao PNAE. As
membras do Sacolas Camponesas afirmam que recebem o pagamento toda
semana, enquanto que o empreendimento que atende o PNAE o recebimento é a
cada três meses. O menor tempo para recebimento é um fator importante para

2 O empreendimento “Mão na Terra” foi objeto de análise nos trabalhos de


PIMENTA, SANTOS, OLIVEIRA (2012, p. 162 e 164) e de SALVI, BANSI, MARTOS
e SANTOS (2012, p. 80). Este empreendimento foi objeto de estudo do artigo de
GARCIA e LANZA (2012).

3O empreendimento “Ervas de Salete”, de Alvorada do Sul-PR foi objeto de estudo


nos trabalhos de SALVI, BANSI, MARTOS e SANTOS (2012, p. 80) e foi tema de
análise de todo o artigo de CORDEIRO, MITSUKA, SEIFERT E LOPES (2012)
19

aumentar o interesse das famílias em participar do empreendimento Sacolas


Camponesas.
Na INTES/UEL, os motivos de alguns empreendimentos não serem
desincubados foram: desigualdade de formação escolar; baixa escolaridade dos
membros; membros que mais evoluíram individualmente deixaram o
empreendimento; dificuldade em empreender; dificuldade de tempo de
deslocamento entre a casa e a incubadora; falta de experiência profissional ou
conhecimento prévio em relação a um negócio tendo necessidade de capacitação
em tudo, baixo comprometimento e dedicação dos membros.
Uma característica da Economia Solidária de Londrina é que a maioria dos
membros dos empreendimentos são mulheres e em grande parte de meia idade e
muitas sem experiência no trabalho, ou mesmo há muito tempo sem um trabalho
assalariado. Essas mulheres têm suas atividades no lar, ou cuidando de filhos e
netos. Com isso apresenta-se a dificuldade de dedicação exclusiva ao
empreendimento e a falta de comprometimento que devem ser dados ao
empreendimento. No Sacolas Camponesas a participação das mulheres é a única
possível, pois o objetivo é o trabalho conjunto das mesmas para a geração de renda
para elas e para a família, visando o empoderamento feminino. No Sacolas
Camponesas as mulheres se envolvem muito no empreendimento, desde o cultivo
das hortaliças nas hortas de cada família assentada, o trabalho conjunto de
preparação das sacolas em reuniões semanais até as decisões pontuais e para o
planejamento futuro.
Quanto à melhoria da renda dos participantes, em relação ao INTES/UEL,
não foi possível a avaliação dos empreendimentos pois foram poucos os que saíram
da incubação e, dos que saíram, nenhum alcançou longo período de vida pós-
incubação. Quanto ao Sacolas Camponesas as membras apresentaram satisfação
com o crescimento do empreendimento e com a renda, “no ano passado recebia 100
reais, e este ano recebo 500”, disse uma camponesa. E conforme ela o fator
monetário contribuiu para que outras famílias se interessem em entrar para o
projeto. Com isso a possibilidade de aumento da produção é maior e
consequentemente o aumento da renda para as membras do empreendimento,
apesar que para isso é necessário buscar novos clientes.
20

Os pontos positivos nos empreendimentos assistidos pelo INTES/UEL foram


a melhoria do ponto de vista psicológico dos membros, do empoderamento por
estarem produzindo e em especial o sentimento de empoderamento feminino e
autonomia sentida pelas mulheres por não dependerem dos homens. No caso do
Sacolas Camponesas, esses sentimentos também acontecem. “Nós temos nosso
dinheiro” disse uma das membras. Com isso o engajamento de mais famílias está
acontecendo, em virtude da renda que o empreendimento está gerando às
participantes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho buscou-se verificar se o Programa de Economia Solidária,


no Município de Londrina, propiciou aos seus participantes conhecimentos
necessários à autogestão dos empreendimentos econômicos solidários e contribuiu
para a melhoria da elevação da qualidade de vida ao serem criadas fontes de renda
compatíveis com suas necessidades. É necessário lamentar a impossibilidade de se
analisar os empreendimentos assistidos pelo Centro Público de Economia Solidária
o qual concentra vários empreendimentos encubados e desincubados, o que
prejudicou a possibilidade de ampliar a base da pesquisa.
Do total de quinze empreendimentos que passaram pelo INTES/UEL,
somente dois estavam em funcionamento após a desincubação. Sendo que um
deles, o Ervas de Salete, é de Alvorada do Sul. Desta forma de quatorze
empreendimentos de Londrina somente um conseguiu sucesso. Pode-se concluir
que é necessária uma reavaliação dos procedimentos usados pelo INTES/UEL para
a incubação de empreendimentos.
É fato que os membros dos empreendimentos são pessoas que, dada a sua
condição social, normalmente apresentam pouca instrução e nenhuma experiência
em negócios. Com isso já se pode considerar que é um problema a assimilação de
um grande volume de informações, ainda por cima de temas variados. É necessário
que os órgãos envolvidos no Programa de Educação Solidária busquem uma
solução para a melhoria da instrução dos membros, antes de colocá-los na
incubadora. Essa função não pode ser atrelada à INTES/UEL pois não é seu
21

objetivo a instrução educacional dos membros. Sem uma equalização educacional


dos participantes é difícil vislumbrar outro resultado senão os mesmos que estão
ocorrendo de empreendimentos que não tem qualificação para serem desincubados.
A INTES/UEL deveria criar ferramentas de monitoramento que avaliassem o
processo de incubação de cada empreendimento, isso possibilitaria quantificar as
condições de desincubação dos empreendimentos, identificadas as falhas no
processo de incubação, buscar formas de saná-las e recolocar um empreendimento
com deficiências em posição de ser desincubado com sucesso. Com um
procedimento de monitoramento poderia ser identificado com antecedência, por
exemplo, os motivos das desistências dos membros no processo de incubação.
De todos os desafios a necessidade de um espírito empreendedor é o mais
sentido, visto a necessidade de iniciativa, liderança, planejamento, autoconfiança,
coragem, eficiência e capacidade de assumir riscos, conforme coloca Demétrio
(2017). Os empreendedores devem ter paixão pela ideia do empreendimento e se
comprometer com o mesmo. Agregasse a isso a necessidade do compromisso em
trabalhar em equipe num sistema de autogestão, que consiste em decidir em
conjunto, propor e discutir ideias, vislumbrar alternativas de decisão, enfrentar
posições contrárias. Uma formação em empreendedorismo se torna necessária em
relação aos resultados apresentados.

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