Você está na página 1de 2

Aula 3 – O historiador e seus fatos

Introdução – O fato histórico e a escolha do homem

Não se pode fazer história sem o fato histórico, isto é evidente. Os fatos históricos são
sempre fatos humanos, já que a história é uma ciência do passado humano. Estes fatos,
por sua vez, são dados fragmentados de um determinado evento, pois não se consegue
deparar-se com tudo que se deu durante o acontecimento de um certo momento
histórico (afinal, o homem não vivencia o passado para compreendê-lo). Sendo assim,
os fatos passados são escolhas feitas pelo sujeito do conhecimento (o historiador), o
qual se utiliza deles por considerar estes capazes de explicarem um momento histórico.
Assim, os fatos históricos são acontecimentos escolhidos pelo historiador para explicar
um momento histórico. O historiador volta-se ao passado devido a um problema em que
se depara no presente e não como meio de descrever o passado pura e simplesmente.

História: conhecimento científico – “A história é a ciência dos homens no tempo” –


Marc Bloch

O indivíduo é quem analisa a história (o historiador). Sendo assim, é o indivíduo que


está no tempo e espaço que irá analisar a humanidade no tempo e no espaço. Ou seja, a
ciência histórica (assim como as outras ciências, segundo a apostila) não deve ser vista
como totalmente objetiva, na medida em que o objeto e o sujeito de conhecimento
muitas vezes se confundem. Por não se poder distinguir claramente o sujeito de
conhecimento de seu objeto, não podemos determinar a ciência histórica como
totalmente objetiva.

A escola metódica considerava a possibilidade dessa distinção, por isso entendia o


historiador como aquele que observa a história com uma visão neutra, diferentemente da
escola dos annales que vê o historiador como aquele que pertence à própria
circunstância histórico-social e, por isso, não se pode distinguir completamente dela.

História – filha do seu tempo – historicismo X elaboração histórica

Historicismo é o que até aqui denominamos por Escola Metódica, ou seja, um fazer
histórico que vê o historiador como um sujeito que tem a função de resgatar o passado
como ele é. Se contrapondo a isso, temos a Escola dos Annales que defende que isso é
impossível e que, portanto, cabe ao historiador elaborar o passado, isto é, reconstruí-lo
segundo o seu próprio momento histórico e as indagações que este suscita sobre aquele
passado que se visa reconstruir.

Ou seja, segundo a apostila, cabe ao historiador elaborar o passado a partir de um


problema presente e de forma crítica, metódica e rigorosa.

Escola dos annales torna os figurantes dignos da história.

O historiador e o movimento reflexivo no fazer história

Na medida em que se considera a história uma ciência do homem no tempo, nota-se que
o historiador volta ao passado não para resgatá-lo, mas para reconstruí-lo segundo o
presente. Sendo assim, é a partir de um problema presente que nos voltamos ao passado
e este é elaborado levando em consideração o presente. Portanto, o historiador precisa
estar voltando ao passado sem se perder nele, mas tendo consciência que sua volta a ele
é devido a um problema presente e sua elaboração dele é condicionada pelo presente
também. Esse movimento de vaivém do presente ao passado podemos denominar de
movimento reflexivo que o historiador depende para fazer história.

Você também pode gostar