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Características do positivismo

 Doutrina filosófica: como uma continuidade do Iluminismo, a


inspiração política e científica do positivismo estava nos ideais
iluministas. As aspirações dos primeiros filósofos iluministas de
alcançar um estágio de desenvolvimento moral da sociedade foram
mantidas. Porém, um novo modo de agir era necessário para
garantir a ordem social, desestabilizada após a Revolução
Francesa.
 Doutrina sociológica: visando a garantir a ordem social, o
positivismo atua como uma doutrina que, partindo dos estudos
sociológicos, serve de base para o comportamento social e moral
das pessoas.
 Doutrina política: a disciplina, o rigor e a ordem social eram
requisitos políticos para a garantia do avanço social na ótica
positivista.
 Desenvolvimento das ciências e das técnicas: o progresso
social estaria intimamente ligado ao progresso intelectual, científico
e tecnológico. A ideia de uma escola laica, universal e gratuita, que
já havia ganhado certo espaço durante o Iluminismo, passou a ser
defendida com mais força pelos intelectuais positivistas.
 Religião positiva: Comte entendia que a humanidade precisava de
relações de devoção. A devoção – antes baseada na fé em Deus
ou nos deuses –, no positivismo, dá lugar para a fé na ciência como
única depositária de confiança da humanidade, surgindo o
cientificismo, caracterizado pela aposta incondicional nas ciências
como fonte total do conhecimento verdadeiro.

O pensamento moderno e a influência do positivismo

A construção do pensamento moderno teve como pressuposto a afirmação de


alguns requeridos fundamentais, que concediam um lugar central às respostas
obtidas por meio dos enunciados matemáticos. Esse modo de tradução do
mundo apresentou-se como o mais seguro para explicar os fenômenos naturais
e fundou a ciência moderna como prática cultural que viria a se tornar a forma
hegemônica de pensamento, determinando os critérios de seleção e
hierarquização dos saberes.

No início do século XVII, Descartes procurou sistematizar o método para


obterem-se juízos justificáveis e verdadeiros sobre todo objeto que se
apresenta ao espírito. Ao estabelecer o princípio da dúvida metódica como
base da construção de um conhecimento solidamente amparado em certezas,
Descartes propunha o uso da razão humana no questionamento às visões
enraizadas na tradição, às opiniões circulantes na vida cotidiana, assim como
às suposições que buscavam edificar o conhecimento científico.

A reflexão cartesiana demarca o itinerário que, a partir de então, seria


percorrido pela filosofia, tomando a si a tarefa de refletir sobre o conhecimento
(cotidiano ou científico) da realidade, isto é, de questionar suas
pressuposições, seu alcance e seu grau de certeza

Na Inglaterra, John Stuart Mill (1806-1873) seria o outro intelectual que, na


primeira metade do século XIX, atuaria na consolidação dos princípios
positivistas identificando-se com as ideias defendidas por Auguste Comte,
sobretudo pelo posicionamento empirista e anti metafísico.

Mill, entretanto, conservou traços mais marcadamente liberais na sua filosofia,


e tornou-se radical opositor de Comte depois que este manifestou sua
tendência mística.

Para Mill, a filosofia deveria orientar-se pelos fatos conhecidos cientificamente


e pelos métodos das ciências reais, princípio que pavimentou a influência que
exerceu sobre os seguidores do positivismo no século XIX, mais afinados com
este discurso do que com a posição de Comte.
Os escritos de Auguste Comte, Stuart Mill e outros sintetizam princípios que se
contrapunham frontalmente à metafísica, afirmando a prevalência da realidade
sensível sobre qualquer percepção prévia.

Na segunda metade do século XIX, o pensamento positivista manifestou-se em


autores que investiram em pesquisas metodológicas e de teoria da ciência,
como Ernst Mach (1838-1916) e Richard Avenarius (1843-1896). Já no século
XX, no período entre as guerras mundiais, uma vertente considerada
neopositivista, foi denominada de “empirismo lógico”, por ser marcado pela
concepção de que só pode ser considerado conhecimento aquilo que pode ser
justificado por meio da empiria e com a ajuda da lógica.

O Positivismo teve como propósito transformar a História em uma ciência. A


partir disso, os positivistas procuravam uma objetividade nos métodos
utilizados para analisar os fatos históricos, que para eles deviam ser sempre
buscados nos documentos escritos e legitimados pelo Estado.
Já a corrente historicista é uma corrente contrária ao positivismo, pois nela o
historiador tem um contato direto com seu objeto de estudo, não se afastando
do mesmo, pois ambos se “refletem entre si”.
A partir de tais regras, notamos que o historicismo não busca fazer uma análise
objetiva do fato histórico, pois tal fato é construído e reconstruído a partir de
diferentes análises. Na concepção historicista o fato está preso em seu tempo
e a análise é factual, não sendo mais uma “linha do tempo”, onde os fatos são
postos cronologicamente, mas podendo-se analisar certo “ponto” histórico, não
sendo necessariamente linear.
Portanto, os tempos históricos e cronológicos do historicismo “andam juntos”,
pois esta é uma tentativa de ruptura com o positivismo.

Vargas e o positivismo
Vargas desde logo perfiliou-se ao positivismo. Em discurso ao recém-eleito
presidente Afonso Pena que visitava o Rio Grande do Sul em 1906, ao
discursar em nome dos estudantes, usou nítida retórica positivista, por
exemplo, ao afirmar: “A lei não é arbítrio do legislador; esta nada mais faz do
que reconhecer as necessidades gerais, garantir-lhes o desenvolvimento,
aplainando as dificuldades que lhe possam sopear a marcha progressiva”
Correio do Povo, 16/08/1906, p.1).
Em outras palavras, a lei não provém de nenhuma essência humana, é
fenômeno social; o legislador não é arbitrário justamente porque reconhece as
“necessidades gerais”; a sociedade possui uma ordem progressiva e deve o
legislador ir a seu encontro, jamais obstá-la.

Conclusão

O positivismo, como vertente teórica, demonstra-se hoje, diante das


interrogações que emergiram na segunda metade do século XX, bastante frágil
e de difícil sustentação. Sobretudo na sua forma clássica,

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