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INSTITUTO CATÓLICO DE ESTUDOS SUPERIORES DO PIAUI – ICESPI

Licenciatura Plena em Filosofia


Filosofia Moderna

LUCAS EDUARDO DA COSTA MEDEIROS

ATIVIDADE AVALIATIVA

Teresina-PI
2023
Questões a serem pesquisadas:

• Fazendo um breve apanhado, a partir da "chegada da modernidade". Quais principais


fatores de mudança passam a ser perceptíveis no mundo? (Entendamos por mundo,
religião, política e ciência.)
A chegada da modernidade trouxe consigo uma série de mudanças e transformações
em diferentes áreas da sociedade, incluindo a filosofia. Neste contexto, é possível identificar
algumas correntes e ideias filosóficas que surgiram ou se desenvolveram como resultado
dessa transição.
Uma das principais correntes filosóficas que emergiu nesse período foi o Iluminismo.
Os iluministas acreditavam na razão como um instrumento fundamental para a compreensão
do mundo e o avanço da sociedade. Eles defendiam a busca pelo conhecimento empírico e a
crítica ao pensamento tradicional e a autoridades estabelecidas. Nomes como John Locke,
Voltaire e Immanuel Kant foram figuras importantes nesse movimento.
Outra corrente que ganhou destaque foi o racionalismo, que enfatizava o papel da
razão na adquirição do conhecimento. Descartes é um dos principais representantes dessa
corrente, com sua célebre frase "Penso, logo existo". O racionalismo defendia a validade da
razão como fonte única e universal de verdades.
Já o empirismo defendia que todo conhecimento provém da experiência. Filósofos
como John Locke e David Hume acreditavam que nossas ideias e conhecimentos são
formados a partir de sensações e percepções do mundo físico. Dessa forma, o empirismo
estava ligado à valorização da observação e experimentação como fontes de conhecimento.
Além dessas correntes, também houve o surgimento de novos pensamentos e
questionamentos filosóficos. A modernidade trouxe consigo uma série de mudanças sociais e
científicas, como a Revolução Industrial e os avanços nas ciências naturais, que geraram
reflexões sobre o papel do homem no mundo, a relação entre indivíduo e sociedade, a
natureza do conhecimento e outros temas.
Em suma, o panorama filosófico da chegada da modernidade foi marcado pela
valorização da razão e da experiência, pela crítica ao poder e à autoridade, e pela busca por
respostas e soluções baseadas no conhecimento empírico e na compreensão do mundo pelo
ser humano. Essas reflexões e ideias contribuíram para a consolidação do pensamento
moderno e para os rumos que a filosofia tomaria nos séculos seguintes.
• O que podemos considerar como semelhante ou diferente entre os pensadores
apresentados até o presente momento na disciplina de História da Filosofia Moderna.
Maquiavel, cujo nome completo era Niccolò Machiavelli, foi um filósofo político
italiano, nascido em Florença em 1469. Ele é amplamente conhecido por sua obra mais
famosa, "O Príncipe", na qual ele explora o realismo político e a natureza sem escrúpulos do
poder.
O pensamento filosófico de Maquiavel é frequentemente associado à ideia de que "os
fins justificam os meios", o que significa que qualquer ação é moralmente aceita se levar a um
resultado positivo desejado. Essa visão é frequentemente interpretada como imoral, mas na
realidade, Maquiavel estava descrevendo como os líderes políticos realmente agiam em sua
época.
Em "O Príncipe", Maquiavel argumenta que, para um governante ser eficaz, ele deve
estar disposto a usar qualquer estratégia ou tática necessária para manter o poder e garantir a
estabilidade do Estado. Ele considerava a política como uma prática pragmática, na qual os
líderes deveriam estar dispostos a fazer alianças desonestas, trair seus inimigos e usar a
violência se necessário.
Maquiavel também destacou a importância da força e da astúcia na política. Ele
argumentava que um líder precisa ser temido e respeitado, e que a reputação de crueldade
pode ser útil para manter-se no poder. No entanto, ele também enfatizou que um líder deve
evitar ser odiado pela população, pois isso pode levar a revoltas e conspirações.
Contrariando o pensamento de sua época, que muitas vezes defendia que um
governante deveria seguir princípios morais e éticos, Maquiavel argumentava que a política
não deveria ser regida por padrões éticos universais. Para ele, a verdadeira natureza dos
indivíduos e das relações de poder era amoral e baseada na busca pelo próprio interesse.
Embora a obra de Maquiavel tenha sido vista por muitos como um guia para a tirania e
a opressão, alguns estudiosos argumentam que ele estava apenas descrevendo a realidade
política da época e não estava endossando essas práticas. Seu trabalho foi uma ruptura com a
tradição filosófica anterior, que frequentemente idealizava a política e defendia normas morais
rígidas.
Em resumo, o pensamento filosófico de Maquiavel é caracterizado por seu realismo
político e sua visão de que o poder político é amoral e baseado na busca pelo interesse
próprio. Embora sua obra "O Príncipe" tenha sido controversa e frequentemente interpretada
como sendo imoral, ela ainda é estudada e discutida até os dias de hoje.
Michel de Montaigne foi um filósofo francês nascido em 1533 e famoso por suas
obras de ensaio, especialmente "Ensaios". Seu pensamento filosófico é caracterizado por sua
abordagem cética e humanista para a busca da verdade e do conhecimento.
Uma das principais características do pensamento de Montaigne é sua ênfase na
subjetividade e na relatividade da verdade. Ele argumentava que o conhecimento humano é
limitado e que cada pessoa enxerga a realidade a partir de sua própria perspectiva. Portanto,
não há uma verdade absoluta e universalmente válida, apenas perspectivas individuais.
Montaigne também tinha uma visão bastante cética em relação à razão humana. Ele
acreditava que os seres humanos são falíveis e suscetíveis a erros de julgamento. Por isso, ele
destacou a importância de uma abordagem cética e de uma atitude de autorreflexão,
questionando constantemente suas próprias crenças e ideias.
Outro aspecto fundamental do pensamento de Montaigne é sua valorização da
experiência pessoal. Ele argumentava que a experiência é a melhor forma de adquirir
conhecimento e que os indivíduos devem confiar em sua própria intuição e experiências em
vez de depender excessivamente da autoridade e dos dogmas estabelecidos.
Montaigne também expressou ideias humanistas em seu trabalho, enfatizando a
importância da compreensão e da tolerância nas relações humanas. Ele defendeu uma
abordagem mais empática em relação aos outros, reconhecendo a diversidade e a
complexidade dos seres humanos. Pode-se observar neste ponto uma discordância de parte do
pensamento de Maquiavel mencionado anteriormente que argumentava que um líder precisa
ser temido e respeitado, e que a reputação de crueldade pode ser útil para manter-se no poder.
Em seus ensaios, Montaigne abordava uma ampla variedade de temas, incluindo
questões morais, políticas, religiosas e filosóficas. Ele explorou a natureza humana, a
moralidade, a felicidade, a educação e muitos outros tópicos. No entanto, a característica
central de seu pensamento é sua atitude cética e sua ênfase nos limites do conhecimento
humano.
Em resumo, o pensamento filosófico de Montaigne é marcado por sua abordagem
cética e humanista, enfatizando a relatividade da verdade, a importância da experiência
pessoal e o questionamento constante das próprias crenças. Suas obras influenciaram
profundamente a filosofia, a literatura e o pensamento ocidental como um todo.
Francis Bacon foi um filósofo, cientista e político inglês que viveu entre os anos de
1561 e 1626. Ele é conhecido como um dos pais da ciência moderna e foi um importante
defensor do método científico. O pensamento de Bacon é caracterizado por sua abordagem
empírica e indutiva para a obtenção do conhecimento. Com isso, pode-se destacar uma
semelhança com a proposta de Montaigne, que argumentava que a experiência é a melhor
forma de adquirir conhecimento e que os indivíduos devem confiar em sua própria intuição e
experiências.
Uma das principais contribuições de Bacon foi a sua defesa da observação cuidadosa e
sistemática como base para a investigação científica. Ele argumentava que os cientistas
deveriam coletar evidências e dados empíricos antes de tirar conclusões e formular teorias.
Além disso, Bacon defendia o uso do raciocínio indutivo, que consiste em partir de
observações particulares para chegar a generalizações universais.
Bacon também acreditava na importância da experimentação na ciência. Ele afirmava
que, para realmente entender as causas e os efeitos dos fenômenos naturais, os cientistas
deveriam realizar experimentos para testar suas teorias. Essa ênfase na experimentação e na
observação empírica foi fundamental para o desenvolvimento da ciência moderna.
Outra contribuição significativa de Bacon foi a sua distinção entre a ciência pura e a
ciência aplicada. Ele argumentava que a ciência pura deveria buscar o conhecimento por si só,
enquanto a ciência aplicada deveria buscar resolver os problemas e melhorar a vida humana.
Essa distinção ajudou a orientar a pesquisa científica para questões práticas e a promover o
avanço tecnológico.
No campo político, Bacon também apresentou ideias importantes. Ele defendia a
separação entre a ciência e a religião, acreditando que a ciência deveria ser independente de
dogmas religiosos e basear-se apenas em evidências empíricas. Além disso, ele argumentava
pela centralização do poder político e pelo fortalecimento do Estado, visando a uma
governança mais eficiente e estável. Neste quesito, assemelha-se com Maquiavel.
Em resumo, o pensamento de Francis Bacon foi marcado pela valorização da
observação empírica, da experimentação e do raciocínio indutivo na busca do conhecimento
científico. Ele foi um defensor do método científico e da separação entre ciência e religião.
Suas ideias tiveram um impacto duradouro no desenvolvimento da ciência e da filosofia.

• Escolha um dos filósofos apresentados na presente disciplina e apresente pontos de seu


pensamento que você concorda e outros que você discorda. Apresente argumentos com
justificativas.
Dos filósofos estudados na disciplina “Filosofia Moderna”, destaca-se Michel
Montaigne. Em sua obra, “Ensaios”, o filósofo aborda algumas temáticas. Neste caso,
ressalta-se duas propostas abordadas em sala de aula pelo meu grupo, “A alma desperdiça
suas paixões em falsos objetos, buscando os verdadeiros” e “Se o comandante de uma praça
sitiada deve sair para parlamentar”, capítulo IV e capítulo V, respectivamente.
No capítulo IV, apresenta um fidalgo da sociedade daquele tempo, “sujeito a ataques
de gota, tinha por hábito responder, gracejando, aos médicos que lhe recomendavam abster-se
de carnes salgadas, que lhe apetecia responsabilizar alguém ou alguma coisa quando o mal o
visitava e seu sofrimento aumentava. E aliviava-lhe a dor poder atribuir a causa disso ora ao
chouriço, ora à língua de boi ou ao presunto que comera, mandando-os ao diabo”.
“Plutarco diz, a propósito dos que se afeiçoam a macacos e cãezinhos, que a nossa
necessidade de amar em não se exercitando normalmente em vez de permanecer insatisfeita
projeta-se sobre objetos ilícitos ou indignos dela. Vemos igualmente a alma tomada pela
paixão, de preferência a não se entregar a ela, enganar-se a si própria, criando um objetivo
falso ou fantasista, ainda que a expensas de suas próprias convicções. É o que leva os animais
feridos a voltar-se contra a pedra ou o ferro que os feriu ou a morder-se a si mesmos para se
vingarem da dor sentida. E quem não viu jogadores rasgar ou mastigar cartas, ou engolir
dados, para se vingarem de um prejuízo”?
Partindo deste ponto, apresento uma concordância, tendo em vista, que paixões
desenfreadas inviabilizam a convivência pacífica entre os indivíduos, estabelecendo um
cenário em que os conflitos são inevitáveis. Dessa forma, o homem deixa-se guiar por suas
paixões, podendo ser notado nas realidades atuais da sociedade, de guerra e discórdia.
Dizia o povo, em sua mocidade, que “um rei dos seus vizinhos [Afonso XI, de
Castela], castigado por Deus, jurou vingar-se. Para tanto ordenou que durante dez anos não se
rezasse, nem se lhe mencionasse o nome, nem mesmo, na medida em que a autoridade pode
pretendê-lo, se acreditasse n’Ele. E com isso não procurava o povo apontar a tolice do
soberano, mas sim a glória da nação cujo rei assim agia. Presunção e estupidez andam juntas,
porém tais atos mais se explicam pelo primeiro do que pelo segundo defeito”.
Com isso, é perceptível que este comportamento é visível na realidade, o homem
incapacitado de assumir as consequências de seus atos, sentindo-se sempre prejudicado pelo
outro, busca vingar-se desse outro, seja ele homem ou Deus, culpando-o por seus fracassos,
sem aceitar suas próprias fraquezas e erros.
Já no capítulo V, “Se o comandante de uma praça sitiada deve sair para parlamentar”,
“Lúcio Marco, que comandou os romanos durante a guerra contra Perseu, rei da Macedônia,
desejoso de ganhar tempo a fim de reorganizar seus exércitos, fez ao rei propostas de paz que
lhe amoleceram a prudência e o levaram a conceder uma trégua de alguns dias, dando ao
inimigo tempo para se armar, de que resultou a ruína do monarca. Em Roma alguns senadores
imbuídos dos costumes de seus antepassados condenaram essa maneira de proceder por
contrária ao que antes se fizera e que consistia em combater com coragem e não com astúcia,
não se recorrendo nem à surpresa, nem aos ataques noturnos, nem aos simulacros de fuga
seguidos de inesperadas cargas. A guerra só se iniciava depois de declarada e, não raro, após
terem sido marcados o lugar e a hora da batalha. O embuste pode servir na hora, mas o
adversário só se sente realmente vencido quando o foi em guerra leal e justa em que a vitória
sorri ao mais valente, e não pela manha nem pela sorte”.
Neste caso, tendo em visto todo o processo histórico da humanidade, também em
concordância, destaco que nenhuma guerra se inicia, ou pelo menos não deveria iniciar-se
sem agir-se prudentemente, sem que se tenha encontrado uma resposta para a pergunta: o que
se procura alcançar pela guerra e nela? O primeiro é o objetivo, o outro o fim intermediário.
Essa ideia dominante determina o curso inteiro da guerra, determina a extensão dos meios e a
dimensão da energia a desenvolver; a sua influência manifesta-se até nos menores detalhes da
ação.
“Aos acaianos, repugnava o emprego da astúcia na guerra, só se considerando
vitoriosos quando o ânimo do inimigo era abatido. O homem sábio e virtuoso deve saber que
a única vitória é a que pode proclamar sua boa-fé e honra”.
No que diz respeito a este caso, afirmo o que defende Maquiavel quando diz que não
apenas devem se preocupar com os problemas presentes, mas também com os futuros, e
procurar evitá-los com habilidade, porquê se podes prevê-los, podes remediá-los facilmente,
mas, se espera até que eles estejam sobre a cabeça, o remédio não chegará a tempo, porque a
doença se tornou incurável. Diariamente nos deparamos com as mais variadas circunstâncias
para resolvermos. Quando estas situações são simples podemos resolvê-las com um pouco de
disciplina e esforço, porém quando estas situações são de alta complexidade o encontro de
uma solução se torna mais difícil. Essas ocasiões que aparentam ser de extrema dificuldade
para serem solucionadas são verdadeiros becos sem saída e realmente colocam a prova à
nossa capacidade. São nessas horas que também se destacam as pessoas de valor, sábias e
virtuosas.
“Quanto a nós, menos supersticiosos, consideramos que as honras da guerra cabem a
quem com ela se beneficia e estimamos. Ora, como acontece que é quando se parlamenta que
ocorrem as surpresas, nesse momento em particular deve o chefe pôr-se de sobreaviso. Daí a
regra em vigor entre os homens de guerra de nossa época, a saber, que o governador de uma
praça sitiada nunca saia a fim de parlamentar”.
“Quanto a mim, confio facilmente nos outros, mas não confiaria se viessem a supor
tratar-se de um ato de fraqueza ou covardia e não por ser eu franco e acreditar na lealdade de
meu adversário”.
Outrossim, é necessário confiar no outro, como ele apresente em sua obra, pois,
significa acreditar no outro, o que por si só já é interessante, pois nos tira de um estado de
medo constante de que o outro esteja contra nós. Dessa forma, quem não confia em ninguém
sempre recorre a alguma mediação para se relacionar, algum tipo de garantia, qualquer
proteção, pois está sempre com medo imaginando os possíveis traidores. Pessoas assim
apostam na lei, na moral, ou em qualquer coisa que entregue alguma previsibilidade, que
mantenha calados os descontentes, submissos os revoltados e assujeitados os sujeitos. Quem
não confia não é capaz de perceber que quando os outros seguem o próprio desejo, eles não
estão necessariamente lhe traindo. Os eternos desconfiados são como fios soltos, prontos para
desfiar os nós.

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