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6 de Junho de 2019
O RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE
SOCIOAFETIVA E A (IM) POSSIBILIDADE
DE POSTERIOR DESCONSTITUIÇÃO
RESUMO – Com a Constituição Federal de 1988, o princípio da igualdade
de filiação influenciou uma grande mudança no Direito de Família. Os
valores nas relações familiares foram alterados, surgindo daí uma nova
forma de paternidade, com base no afeto, rompendo barreiras outrora
estabelecidas. A princípio, a afetividade não era elemento essencial ao
reconhecimento da paternidade, contudo, o conceito de família na
sociedade sofreu modificações e evoluiu. O objeto de análise do presente
trabalho é de suma importância, fazendo-se necessária uma abordagem
acerca do sistema da filiação na ordem jurídica brasileira e seus efeitos. A
fim de que o tema da presente pesquisa seja consagrado, é fundamental
mencionar decisões judiciais, bem como entendimentos de doutrinadores
no que diz respeito a este novo modelo de família. Ao longo da pesquisa,
podemos observar que, criados laços afetivos entre a criança e seu pai,
independente de vínculo genético, pouco provável será a procedência de
uma eventual ação negatória de paternidade. Com base nos artigos, páginas
na internet e doutrinas, pode-se constatar que há a possibilidade da
desconstituição da paternidade, contudo, desde que não haja vínculo
afetivo entre o pai e filho reconhecido, hipótese que será explanada no
presente trabalho.
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Palavras-Chave: Afetividade, Direito de Família, Paternidade
1. INTRODUÇÃO
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De modo histórico, o instituto da família era formado por pais biológicos e
filhos. Agora, o vínculo consanguíneo foi passado a uma categoria em que
não se faz mais necessário para a criação ou formação de uma entidade
familiar.
Cumpre ressaltar, que para que surta seus efeitos legais e jurídicos, a
paternidade socioafetiva deve ser comprovada e declarada judicialmente, a
fim de que possa ter eficácia da mesma forma de qualquer outra relação de
parentesco.
2. O RECONHECIMENTO DA
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA E A (IM)
POSSIBILIDADE DE POSTERIOR
DESCONSTITUIÇÃO
2.1 Da Família
2.1.1 Conceito
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Em suma, o Direito de Família estuda as uniões pelo matrimônio, assim
como os que se unem sem o casamento; estuda os filhos, suas relações com
os pais e a proteção por meio de tutela dos incapazes por meio da curatela
(VENOSA, 2006, p. 18).
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Pode-se dizerOque
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cada povo tem sua ideia de família de acordo com o
contexto em que é inserido. Primitivamente, não havia afeto na relação
entre o homem e a mulher, não existia interesse pelos sentimentos
profundos e, basicamente, o objetivo das relações era a reprodução.
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Com o passarOdos
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tempos, o afeto tornou-se um valor das relações
conjugais independente de formalização por meio do matrimônio e essas
relações passaram a ser aceitas pela sociedade. Com essas transformações
sociais, passou a ser aceita também a família monoparental, a qual é
formada por um único membro (pai ou mãe).
A família moderna tem o afeto como elemento base das relações, tendo em
vista que é por meio dele que a vontade de estar junto é demonstrada e é
construído o alicerce de uma entidade familiar.
Diante de tais fatos, vemos que havia muito preconceito acerca de diversos
fatores, onde atribuía-se noções implícitas do que era certo ou errado, de
modo que as pessoas que não se enquadravam nos perfis da família, eram
marginalizadas e recebiam tratamento diferenciado.
Neste compasso, a proteção dos direitos tem como sujeito todo e qualquer
membro da família, sem distinção. Ainda, a Constituição de 1988, instituiu
a igualdade entre os filhos, independentemente se foram advindos do
casamento.
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"Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança
e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão".
O que antes era tratado como “Da Filiação Legítima”, foi inserido apenas
como “Da Filiação”, acompanhando, constitucionalmente, o princípio da
igualdade dos filhos (art. 227, § 6º, da CF/1988 e art. 1.596 do CC/2002),
sendo assim, superada a antiga discriminação de filhos.
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III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o
marido;
2.2 Da Filiação
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2.2.1 Conceito
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Por sua vez, mais detalhadamente, o artigo 1.596 do Código Civil dispõe que
a filiação consiste na relação de parentesco em linha reta de primeiro grau
que se estabelece entre pais e filhos, seja essa relação decorrente de vínculo
sanguíneo ou de outra origem legal, como no caso da adoção ou reprodução
assistida como utilização de material genético de outra pessoa estranha ao
casal (DIAS, 2017, p. 409).
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investigar a paternidade, porém, os filhos adulteridos somente poderiam
ser reconhecidos na hipótese de dissolução com separação por cinco anos
ininterruptos.
Por fim, em 2002, promulgou-se o Novo Código Civil, que trouxe, enfim,
igualdade de filiação e irrevogabilidade de seu reconhecimento.
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Percebe-se, então, que antigamente havia um sentimento dominante na
sociedade no sentido de preservar a família fundada no matrimônio.
Contudo, em virtude dos avanços tecnológicos e aos fenômenos sociais, a
verdade biológica deixou de prevalecer sobre a verdade socioafetiva. Hoje,
de forma positiva, temos a noção de que a paternidade é realmente exercida
pelo pai que cuida, oferece educação e preocupa-se com a saúde de seu filho
e não somente pelo que possui ligação de sangue.
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Ainda, segundo Maria Berenice Dias (2010, p. 369), o reconhecimento tem
efeito “ex tunc”, retroagindo à data da concepção.
“Os filhos havidos fora do casamento poderão ser conhecidos pelos pais,
conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por
testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que
seja a origem da filiação”.
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a) Estabelecimento de parentesco entre pai e filho, atribuindo-lhe status
familiar, incluindo no registro de nascimento o nome do pai e avós, sem
menção de filiação legítima;
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principais o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Civil
Brasileiro.
Afirma ainda que “foi com base no dever de fidelidade da mulher, e não na
sua fidelidade efetiva, que se formou a regra pater is est quem nuptiae
demonstrant”.
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De fato, a presunção pater is est não é fundada no vínculo biológico e foi
fundada a fim de se proteger a entidade familiar, e de certa forma, zelar
pela honra da mulher e do marido.
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cumprimentoOdo
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objetivo da entidade familiar e, mesmo que existam meios
tecnologicamente avançados, a lei persiste em reconhecer os filhos através
das presunções.
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Maria Berenice Dias diz que o reconhecimento voluntário da paternidade
não depende da prova da origem genética. É um ato espontâneo, solene,
público e incondicional. Como gera o estado de filiação, é irretratável e
indisponível (DIAS, 2017, p. 437).
I- No registro de nascimento;
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No que tange Oao
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reconhecimento mediante escritura pública ou escrito
particular, regulado pelo artigo 1.609, inciso II do Código Civil, é de
entendimento pacífico que qualquer documento de autoria indiscutível é
válido, podendo até mesmo haver declaração inserida no pacto antenupcial,
por exemplo, ou mensagem via internet cuja autenticidade possa ser
comprovada.
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filho o autor da demanda e, em caso de menoridade, representado ou
assistido, geralmente pela mãe, em regra, em face do suposto pai ou
suposta mãe.
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu
consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro
anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
Maria Berenice Dias diz que “não é possível haver suprimento judicial
do consentimento para esse fim. Ainda que ela não possa se opor,
recomendável dar ciência à genitora” (DIAS, 2017, p. 441).
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Efetivada a adoção, haverá o cancelamento do registro original e será
expedido um novo registro, no qual constará o novo nome do adotado. O
reconhecimento do filho maior é um aro complexo e apenas consuma seus
efeitos quando do seu consentimento. São atos distintos e complementares
(DIAS, 2017, p. 442).
Maria Berenice Dias, afirma que a noção de posse de estado de filho não se
estabelece com o nascimento, mas num ato de vontade, que se sedimenta
no terreno da afetividade, colocando em xeque tanto a verdade jurídica,
quanto à certeza científica no estabelecimento da filiação (DIAS, 2017, p.
428).
2.3.1 Conceito
A filiação que resulta da posse do estado de filho constitui uma das
modalidades de parentesco civil de “outra origem”, previstas na lei (CC
1.593): origem afetiva (DIAS, 2014, p. 429). A relação paterno-filial que
existe independente do fator biológico ou em virtude de presunção legal,
decorrente de uma comunhão afetiva é a chamada paternidade socioafetiva.
“Pai é o que cria. Genitor é o que gera. Esses conceitos estiveram reunidos,
enquanto houve primazia da função biológica da família. Afinal, qual a
diferença razoável que deva haver, para fins de atribuição de paternidade,
entre o homem doador do esperma, para inseminação heteróloga, e o
homem que mantém uma relação sexual ocasional e voluntária com uma
mulher, da qual resulta concepção? Tanto em uma como em outra situação,
não houve intenção de constituir família” (Revista Brasileira de Direito de
Família, “O exame de DNA e o princípio da dignidad da pessoa humana”, p.
72. Porto Alegre: Síntese, IBDFAM, v.8, n.39, Dez./Jan., 2007”).
Assim, nota-se que a verdade real consiste no fato do filho gozar da posse
de estado.
O Código Penal, em seu artigo 242, configura como delito o registro do filho
de outrem, a chamada “adoção à brasileira”. Embora haja a imputação
deste crime, a filiação não deixa de produzir seus efeitos, já que o
envolvimento afetivo foi o que deu origem à posse do estado de filho.
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2.3.2 A Prevalência da Paternidade
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Socioafetiva à Biológica
A Paternidade Socioafetiva tem como principal objetivo o melhor interesse
da criança. É imensuravelmente mais benéfico um filho estar sob os
cuidados de um pai que, em que pese a ausência do vínculo consanguíneo, é
sempre presente, participa de suas atividades, lhe dá amor, carinho e lhe
transmite o verdadeiro significado de ser filho, do que sob os cuidados de
um homem que, embora seja o genitor, não lhe dispende o mínimo de
atenção.
É justo que toda pessoa tenha uma família, um lar, relações de afeto e que
tenha uma vida banhada de dignidade. Justamente por não ser sempre
deste modo no plano real, é que devemos valorizar a convivência afetiva
tanto no âmbito familiar, quanto diante das leis.
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Ante os marcos do nosso sistema legislativo e as alterações por ele sofridas
ao decorrer da história, não se pode afirmar que o vínculo biológico é
preferencial ao afetivo, muito pelo contrário. A paternidade é, a bem da
verdade, um complexo de direitos e deveres aos quais são atribuídos a
alguém que esteja disposto a exerce-los, independentemente de vínculo
consanguíneo.
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Embora que, de acordo com a Lei de Adoção de 2009, todo adotante deva
estar cadastrado, obrigatoriamente, no CNA (Cadastro Nacional de
Adoção), na prática ocorre a famosa “adoção à brasileira”, onde alguém
registra outrem como seu filho, independente do fator biológico.
Quando o autor for incapaz, conforme artigo 178, inciso II, do Código de
Processo Civil, o Ministério Público possui legitimidade para propor a ação.
Entretanto, não somente o filho poderá promove-la, mas também seus
descendentes em face dos avós ou quaisquer ascendentes.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
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A importânciaO do
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tema surge ante as mudanças experimentadas pela
família brasileira e seu conceito na sociedade. É preciso relatar a existência
do instituto da paternidade socioafetiva e suas consequências.
Para que houvesse uma conclusão em relação à questão inicial, com base na
legalidade, foram necessárias consultas à internet, doutrinas e artigos,
assim como a consulta nas leis, jurisprudências e eventuais estatutos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Deste modo, vemos mais uma vez que o laço consanguíneo não é o mais
importante, sendo de maior relevância a afetividade criada entre a relação
paterno-filial, relação esta que não se desfaz apenas com uma intervenção
jurídica.
Outrossim, a partir do artigo 1.605 do Código Civil de 2002, temos que, não
havendo documento que comprove a filiação, essa se dará pela posse do
estado de filho, bastando a comprovação de afetividade e convivência entre
a criança e seu pai, independentemente da verdade biológica.
Assim, vemos que o que vem sendo analisado pelos julgadores é a postura
de quem registra, de modo que, se quem realizou o registro tinha
conhecimento de que não havia vínculo biológico ou ao menos possuía
dúvidas a esse respeito, não obterá êxito em seu pleito de desconstituição.
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Todavia, se o Oreconhecimento
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foi oriundo de erro, não deixando de levar
em consideração o liame afetivo e a posse de estado de filho, desconsidera-
se toda a situação estabelecida, privilegiando-se os interesses daquele que
registrou em detrimento do filho que fora reconhecido.
Deve-se tomar o lugar do filho por um momento, para que seja possível
visualizar uma situação como esta. Na maioria dos casos, a paternidade lhe
é retirada do mesmo modo em que foi concedida: sem seu consentimento,
como se nada em sua vida fosse mudar.
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Nota-se que com o passar do tempo e com as evoluções experimentadas
pelo Direito de Família, a posse do estado de filho passou a ser aceita e
inserida em nossas jurisprudências. Hoje, esse fenômeno criou forças e
ganhou seu lugar no mundo jurídico, de modo que possui respaldo dos
nossos julgadores e é de grande relevância nos casos que envolvem relações
paterno-filiais.
Quando nos deparamos com uma ação em que há interesse de uma criança,
é de extrema importância de que seja considerado o vínculo afetivo
existente entre pai e filho, como já dito no desenvolver do trabalho, nesses
casos, a afetividade se sobrepõe à consanguinidade. Outrossim, é necessária
a prova desse vínculo, ou seja, é necessária que seja comprovada a relação
de afeto entre pai e filho, bem como todos os elementos constitutivos da
posse do estado de filho.
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Analisando outra decisão, podemos ver que a afetividade foi elevada a um
patamar onde o que importa é o benefício do filho:
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EMENTA: APELAÇÃO. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE CUMULADA
COM ANULAÇÃO DE REGISTRO. PREVALÊNCIA DA PATERNIDADE
SOCIOAFETIVA. Embora filho biológico do investigado, o investigante foi
criado pelo pai registral por mais de 30 anos, criando verdadeira
paternidade socioafetiva, que prevalece sobre o vínculo genético.
NEGARAM PROVIMENTO.(RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça,
Apelação Cível Nº 70017016908, Oitava Câmara Cível, Relator: Rui
Portanova, Julgado em 30/11/2006).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A afetividade na relação familiar, sem dúvidas contribui de uma maneira
positiva ao crescimento dos filhos, de modo que, se não inseridos nesse
âmbito, dificilmente terão condições psicológicas para um desenvolvimento
pleno. A entidade familiar é concebida de diversas formas, tanto pelo
casamento, pela união estável ou por um meio constituído por qualquer um
dos pais e seus descendentes, sobretudo, revestido e baseado no afeto.
6. REFERÊNCIAS
ARRUDA, Laura Berriel e GEHRKE, Luís Carlos. A (im) possibilidade
de cancelamento de registro de paternidade por erro essencial,
frente ao princípio da dignidade humana. 2015. Disponível em
[http://fames.edu.br/jornada-de-direito/anais/9a-jornada-de-
pesquisae8a-jornada-em-extensao-do-curs.... Acesso em 08.07.2017.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 12ª ed. rev.,
atual e ampl – São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2017.
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06/06/2019 O Reconhecimento da Paternidade Socioafetiva e a (IM)Possibilidade de Posterior Desconstituição
GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito de Família Brasileiro.
São Paulo: Ed. Juarez de Oliveira, 2007
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06/06/2019 O Reconhecimento da Paternidade Socioafetiva e a (IM)Possibilidade de Posterior Desconstituição
SANTOS, Raniere de Andrade Lima. Desconstituição da Paternidade
Socioafetiva Por Uma Ação Específica. 2013. Disponível em
[http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8164/Desconstituicao-da-
paternidade-socioafetiva-por-uma...] Acesso em 02.08.2017.
[1] Disponível em
http://www.ibdfam.org.br/_img/congressos/anais/170.pdf Acesso em
25/07/2017
[3] Disponível em
https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/333986024/casal-quer-
afastarasumula-377-artigo-de-zeno-veloso Acesso em 25/07/2017
https://nicolesaraiva.jusbrasil.com.br/artigos/569115753/o-reconhecimento-da-paternidade-socioafetiva-e-a-im-possibilidade-de-posterior-desc… 45/46
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