Você está na página 1de 7

Leia atentamente o texto abaixo e responda às questões que seguem.

Inovação e inclusão
José Roberto Castilho Piqueira
Texto publicado na edição impressa de 07 de janeiro de 2015

1. Parece não haver dúvidas sobre a importância da tecnologia na qualidade de vida das
populações. Basta observar os países de melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e verificar
que todos são detentores de alto grau de independência tecnológica e desenvolvimento industrial.
2. Por estas bandas, nós, que estamos tentando ingressar na elite do desenvolvimento,
vemos a população e, às vezes, os veículos formadores de opinião fazendo o que os linguistas
chamariam de metonímia, isto é, confundindo o todo tecnológico com a parte relativa apenas aos
aplicativos computacionais de imagens e de comunicações.
3. A tecnologia e a inovação sempre fizeram parte da vida humana. Sem elas, instrumentos
de caça não teriam sido construídos e a busca por alimentos seria praticamente impossível para os
ancestrais do Homo sapiens. Não haveria habitação segura nem defesa das intempéries e o ser
humano, mamífero de frágeis atributos físicos, talvez tivesse sido extinto.
4. Ao longo da história de vida em nosso planeta, aprendemos a tratar a água, produzir
alimentos, viabilizar o uso da energia e a nos defender de eventuais perigos, muitos criados por nós
mesmos. Para citar alguns agentes da inovação tecnológica relativamente recente: James Watt e a
máquina a vapor, que provocou a Revolução Industrial no início do século 19; ou Michael Faraday e a
indução eletromagnética que, devidamente explorada e trabalhada, permitiu a distribuição de
energia e de informação, mudando os hábitos do século 20 e modificando as relações humanas no
início do século 21. Concentrando o raciocínio em Faraday e simplificando um pouco a indução
eletromagnética: ímãs em movimento produzem correntes elétricas, ideia decisiva para a geração de
grandes blocos de energia elétrica, partindo de movimentos naturais de cursos de água ou artificiais
de máquinas a vapor. Esses grandes blocos de energia podiam, agora, ser transmitidos a grandes
distâncias com poucas perdas, levando energia às pessoas espalhadas pelas cidades, vilas, fazendas e
sítios do planeta.
5. É o exemplo arquetípico da ciência (a física de Michael Faraday) gerando tecnologia e com
a coragem para a inovação de Nikola Tesla (correntes alternadas), proporcionando uso amplo e
inclusão. Onde há energia elétrica é possível acender lâmpadas, cozer alimentos, ouvir rádio, ligar o
computador, aquecer ou resfriar o ambiente, tratar a água, operar instrumentos hospitalares, enfim,
melhorar a vida das pessoas. Isso, feito com responsabilidade e sustentabilidade, ajuda o ser humano
a melhorar a vida e, consequentemente, aprimorar seus laços sociais, de amizade e, principalmente,
de respeito ao próximo.
6. No Brasil, onde a engenharia é dirigida por dogmas político-econômicos, inovação
transformou-se em palavra de ordem. Ministérios e secretarias de Estado mudaram de nome para
incluir a nova palavra-chave, sem análise crítica ou política pública consistente e coerente com as
necessidades reais da população. O governo federal dirá que seu ministério iniciou a Empresa
Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), iniciativa louvável que pretende aproximar as
universidades das indústrias. Há, também, o projeto que está sendo chamado de “plataformas de
conhecimento”, visando aproveitar o potencial tecnológico reunindo grupos de pesquisadores
reconhecidos, dispersos pelo país.
7. Como pessoa ligada à engenharia, só posso ficar feliz. Mas não deixo de preocupar-me com
alguns pontos. O primeiro deles remete-me ao tempo em que eu era recém-saído da graduação, na
segunda metade dos anos 1970 e primeira metade dos anos 1980, em que iniciativas como Centro de
Pesquisa da Telebrás, Engesa, Cobra, Elebra, Mafersa e tantas outras geraram conhecimento precioso,
porém perdido ao longo das mudanças de políticas governamentais que, sem reflexão ou
planejamento, se sucederam.
8. Outro ponto importante é relativo aos beneficiários dessas iniciativas. Empresas são feitas
para gerar lucro. Nada contra, mas sem exageros. A contrapartida desse lucro é a geração de trabalho
e, principalmente, a democratização da qualidade de vida.
9. Sem robustez de políticas públicas e sem inclusão social, a palavra inovação soa apenas
como desculpa para aumentar a concentração de riquezas.

José Roberto Castilho Piqueira é diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e
membro efetivo da Academia Nacional de Engenharia.

PIQUEIRA, José Roberto Castilho. Inovação e inclusão. Gazeta do Povo, Curitiba, 7 jan. 2015. Caderno
Opinião. Disponível em: < http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/inovacao-e-inclusao-
eil71z75ob535zgaxc0en3j9q>. Acesso em: 17 abr. 2015.

1. Quanto ao gênero, o texto pode ser classificado como:

( ) artigo científico ( ) resumo acadêmico ( ) artigo de opinião ( ) artigo de divulgação

2. Apresente duas características do texto que justifiquem sua escolha anterior.


__________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________

3. Qual é o tema desse texto?

a) ( ) Tecnologia, inovação e inclusão social.


b) ( ) Inovação e inclusão.
c) ( ) A importância da tecnologia.
d) ( ) Cenário da inovação no Brasil.

4. Considere a relação que o autor estabelece com o leitor e responda:

a. O autor apresenta-se próximo ou distante do leitor? ____________________________________________


b. Comprove com 1 exemplo.
__________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
c. Essa relação estabelecida entre autor-leitor está adequada ao gênero? Justifique.
__________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________

5a. Para os vocábulos em destaque, a seguir, assinale a definição que corresponde ao contexto de uso no texto
“Inovação e Inclusão”.
a) metonímia (2º §).
( ) substituição de uma palavra por outra, quando entre ambas existe uma relação de proximidade de sentidos
que permite essa troca. Exemplo: Parte pelo todo, ou vice versa: cinco cabeças de gado.
( ) substituição de uma palavra por outra, quando entre ambas existe uma relação de proximidade de sentidos
que permite essa troca. Exemplo: O inventor pelo invento: comprar um Ford.

b) exemplo arquetípico da ciência (5º §).


( ) exemplo padrão da ciência.
( ) exemplo maravilhoso da ciência.
c) sustentabilidade (5º §).
( ) desenvolvimento justificável.
( ) desenvolvimento sustentado.

5b. Indique com V ou F as afirmações referentes ao nível de linguagem. Após, justifique as respostas dadas.
( ) A expressão “por essas bandas” (2º §) acrescenta um efeito de maior formalidade ao texto.
( ) Em “É o exemplo arquetípico da ciência (a física de Michael Faraday) gerando tecnologia e com a coragem
para a inovação de Nikola Tesla (correntes alternadas), proporcionando uso amplo e inclusão.” (5º §) há um
termo que insere a sentença em uma linguagem informal
( ) Ao fazer a afirmação “No Brasil, onde a engenharia é dirigida por dogmas político-econômicos, inovação
transformou-se em palavra de ordem.”, (6º §) a palavra “dogma”, cujos sinônimos, nesse contexto, são
“preceito” ou “princípio”, acrescenta formalidade ao texto.

6. Complete o quadro que segue de forma a esquematizar o texto.

Introdução Parágrafos Frase-síntese do trecho

No Brasil, confusão entre o todo tecnológico com a parte relativa


apenas aos aplicativos computacionais de imagens e de comunicações.
Desenvolvi-
mento

Inovação: palavra de ordem no Brasil, mas sem política pública coerente


com as necessidades reais da população.
Preocupações do autor: inovações geradoras de conhecimentos que se
perderam com mudanças governamentais e inovações que almejam
lucros em detrimento da qualidade de vida.
Conclusão 9º

7. O propósito comunicativo (intenção) do texto de Piqueira é:


a) ( ) Informar ao leitor sobre a importância da tecnologia e propor melhorias no modo de lidar com as
inovações.
b) ( ) Mostrar a relação entre qualidade de vida humana e desenvolvimento tecnológico.
c) ( ) Refutar ações da engenharia brasileira, para a qual inovação transformou-se em palavra de ordem, e
criticar a gestão pública no país.
d) ( ) Conscientizar o leitor sobre a importância de a inovação gerar uso amplo e inclusão social.

8. Sintetize a tese do autor. Para isso, lembre-se de fazer menção ao autor e de empregar verbos de dizer.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

9. Para fundamentar o seu ponto de vista principal, o autor recorre, sobretudo, a que tipo(s) de argumento(s)?
A) ( ) provas concretas (dados históricos);
B) ( ) o argumento de autoridade;
C) ( ) provas concretas (a exemplificação);
D) ( ) o senso comum;
E) ( ) o raciocínio lógico (comparação).

10. Palavra-chave é um conjunto de palavras que representam o alicerce do parágrafo. No 3º §, há apenas uma
palavra-chave, em torno da qual se organizam as ideias-chave. Identifique-a.

A) Vida humana.
B) Ancestrais do Homo sapiens.
C) Tecnologia e inovação.
D) Ser humano.

Em torno dessa palavra-chave, há duas ideias-chave. Quais são?


__________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
11. Sintetize e parafraseie (escreva com as próprias palavras) o que o autor afirma em:

“No Brasil, onde a engenharia é dirigida por dogmas político-econômicos, inovação transformou-se em palavra de
ordem. Ministérios e secretarias de Estado mudaram de nome para incluir a nova palavra-chave, sem análise crítica
ou política pública consistente e coerente com as necessidades reais da população”. (6º §)
Faça menção ao autor e empregue verbos de dizer.
_______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________

12. Explique o que o autor expressa na seguinte passagem:

“Por estas bandas, nós, que estamos tentando ingressar na elite do desenvolvimento, vemos a população e, às vezes,
os veículos formadores de opinião fazendo o que os linguistas chamariam de metonímia, isto é, confundindo o todo
tecnológico com a parte relativa apenas aos aplicativos computacionais de imagens e de comunicações”.
_______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________

13. Qual a função do uso das aspas no 6º §?


a) Indicar que a expressão é uma ironia.
b) Destacar o título do projeto.
c) Indicar que a expressão não está sendo empregada no sentido literal.
d) Marcar uma citação direta.

14. Os pronomes muitas vezes retomam palavras enunciadas no texto, constituindo uma opção para que se evitem
repetições enfadonhas ao longo dele. Os pronomes demonstrativos esse(s), essa(s), isso, no texto, referem-se a algo
que já foi dito/escrito. Já os pronomes este(s), esta(s), isto, no texto, referem-se a algo que irá ser dito/escrito.
Considere, em relação ao uso dos pronomes esses e isso, no quarto e no quinto parágrafo, respectivamente, as
afirmações a seguir.

I. A expressão “esses grandes blocos de energia” retoma a ideia expressa na frase que a antecede e
garante a progressão textual.
II. O pronome isso evita a repetição de toda a ideia “Onde há energia elétrica é possível acender lâmpadas,
cozer alimentos, ouvir rádio, ligar o computador, aquecer ou resfriar o ambiente, tratar a água, operar
instrumentos hospitalares”.
III. É possível substituir o pronome isso pelo demonstrativo isto.

Das afirmativas acima, é verdadeiro o que se declara em:

a) I e III b) II e III c) I e II d) II e III e) I apenas

15. Observe o emprego do pronome demonstrativo “os mesmos” na seguinte frase do texto lido:
“Ao longo da história de vida em nosso planeta, aprendemos a tratar a água, produzir alimentos, viabilizar o uso da
energia e a nos defender de eventuais perigos, muitos criados por nós mesmos”.
Verifique que esse emprego é correto e é utilizado com valor reforçativo. Analise outros dois empregos do vocábulo
“mesmo” e assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas.
( ) É incorreto o emprego de o mesmo no art. 1º da Lei 12.722/98 do Município de São Paulo, quando manda afixar
o seguinte aviso nas proximidades dos elevadores nos edifícios: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo
encontra-se parado neste andar”, pois esse pronome não tem por função substituir ele(a) ou esse(a).
( ) É adequado o emprego de o mesmo na frase “A caridade, pois, não é o mesmo que a filantropia”, pois a
expressão “o mesmo” equivale a “mesma coisa”).
( ) É inadequado o emprego de mesmo em “Ele recebeu os primeiros socorros próximo à praia, mas como seu
estado de saúde era bom, foi liberado ontem mesmo”, pois possui sentido de "ainda".
( ) É inadequado o emprego de mesmo em “Ela mesma recebeu os convidados”, pois a palavra mesma não pode
ser usada como recurso de ênfase.

16. Agora analise o emprego do pronome onde na frase: “No Brasil, onde a engenharia é dirigida por dogmas
político-econômicos, inovação transformou-se em palavra de ordem”. Observe que esse pronome somente pode ser
usado para indicar lugar.

Assinale a alternativa em que o emprego do vocábulo onde está em desacordo com a norma padrão culta.

( ) “Onde há energia elétrica é possível acender lâmpadas, cozer alimentos, ouvir rádio, ligar o computador, aquecer
ou resfriar o ambiente, tratar a água, operar instrumentos hospitalares, enfim, melhorar a vida das pessoas”.
( ) Parecia um debate onde ninguém sabia nada.
( ) Fiquei emocionado ao rever a escola onde estudei quando criança.

17. Marque a alternativa em que a substituição do termo destacado, pelo que está entre parênteses, NÃO mantém a
coesão e a coerência do texto.
A) Há, também (além disso), o projeto que está sendo chamado de “plataformas de conhecimento”, visando
aproveitar o potencial tecnológico reunindo grupos de pesquisadores reconhecidos, dispersos pelo país.
B) O primeiro deles remete-me ao tempo em que eu era recém-saído da graduação, na segunda metade dos anos
1970 e primeira metade dos anos 1980, em que iniciativas como Centro de Pesquisa da Telebrás, Engesa, Cobra,
Elebra, Mafersa e tantas outras geraram conhecimento precioso, porém (portanto) perdido ao longo das
mudanças de políticas governamentais que, sem reflexão ou planejamento, se sucederam.
C) Onde há energia elétrica é possível acender lâmpadas, cozer alimentos, ouvir rádio, ligar o computador, aquecer
ou resfriar o ambiente, tratar a água, operar instrumentos hospitalares, enfim (em suma), melhorar a vida das
pessoas.
D) Isso, feito com responsabilidade e sustentabilidade, ajuda o ser humano a melhorar a vida e, consequentemente
(assim), aprimorar seus laços sociais, de amizade e, principalmente, de respeito ao próximo.

Você também pode gostar