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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS- ICH


PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA- PPGEO

ANOMALIAS CLIMÁTICAS: ESTUDO DOS EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO


NA CIDADE DEPETRÓPOLIS- RJ DE 1980-2017 E SUAS REPERCURSSÕES NO ESPAÇO
URBANO- UMA NÁLISE SÓCIOESPACIAL

JUIZ DE FORA
2018
CAMILA DE MORAES GOMES TAVARES

ANOMALIAS CLIMÁTICAS: ESTUDO DOS EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO


NA CIDADE DEPETRÓPOLIS- RJ DE 1980-2017 E SUAS REPERCURSSÕES NO ESPAÇO
URBANO- UMA NÁLISE SÓCIOESPACIAL

Pré-projeto de Mestrado desenvolvido para atender às


exigências do processo seletivo do Programa de Pós-
Graduação em Geografia da Universidade Federal de
Juiz de Fora.

Orientadora:
Cássia de Castro Martins Ferreira

JUIZ DE FORA
2018
SUMÁRIO

1-DELIMITAÇÃO DO TEMA...............................................................................................4
2- OBJETIVOS ......................................................................................................................6
2.1-Objetivo Geral ..................................................................................................................6
2.2-Objetivos Específicos .......................................................................................................6
3-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................6
4-METODOLOGIA ...............................................................................................................8
5-JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 10
6-CRONOGRAMA DE ATIVIDADES................................................................................ 11
7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 12
1-DELIMITAÇÃO DO TEMA

Atualmente, apesar de todos os avanços no campo tecnológico, as sociedades urbanas


encontram-se bastante vulneráveis em relação aos fenômenos da natureza, tendo em vista que,
as ações desses fenômenos se dão em espaços apropriados e [re]produzidos socialmente
mediante a lógica capitalista. Dessa forma, a expansão das cidades é condicionada a áreas,
muitas vezes, de riscos aos eventos da natureza como por exemplo movimento de massa,
atividades vulcânicas, inundações, erosões, terremotos, furacões entre outros (TAMINAGA,
2009). A própria estrutura de [re]produção acaba por criar áreas favoráveis às ações mais
devastadoras dessas forças, à exemplo dos grandes centros urbanos, ao constituírem-se, a partir
da ânsia de expansão capitalistas, enquanto espaços sem estrutura para a ação dos mesmos,
como as fortes chuvas e, em resposta, as constantes inundações.
Os fenômenos que atingem as sociedades, sejam elas urbanas ou não, advém de diversas
ordens, podendo ser climáticas, geológicas, hidrológicas entre outras. A análise dos eventos de
ordem climática, análises essas que se fazem centrais no presente projeto, por vezes, fogem da
perspectiva de interação desses com a dimensão social. Essa ausência de relação limita,
teoricamente, o entendimento dos efeitos que as ações dos fenômenos podem provocar em uma
sociedade estabelecida em um determinado espaço. Dessa forma, os eventos climáticos e, mais
especificamente os de excepcionalidades pluviais devem ser estudados a partir da interação
sociedade-clima, pois, o clima interfere diretamente na forma de vida de uma determinada
sociedade. Portanto, um estudo detalhado do clima e dos eventos extremos climáticos pode
oferecer subsidio necessário para a prevenção desses efeitos negativos
Nos estudos referentes a eventos climáticos é importante considerar as diversas escalas
e as gêneses dos eventos. Por conseguinte, estuda-los mediante uma análise climática dinâmica
é um caminho de possibilidade para entender quais são e como atuam os sistemas atmosféricos
em determinada estação do ano, assim como, analisar seus efeitos no espaço urbano
(MONTEIRO,1971). Dessa forma, quando se análise os eventos climáticos de chuva, a partir
de uma condição dinâmica (estudo de sua gênese e sua ação sobre determinado espaço),
associando a ação das chuvas ao substrato físico (geomorfológico e geológico) e ao sítio (espaço
urbano [re]produzido pelo homem) é possível avaliar as consequências que as chuvas,
acarretam em um determinado área antropizada.
Os eventos extremos de pluviosidade, elemento central do respectivo ensaio, são
fenômenos que atingem diretamente as sociedades urbanas brasileiras. A ausência de

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planejamento e gestão de tais espaços atrelados aos episódios pluviais de elevada intensidade
favorecem situações de vulnerabilidade e risco à população. Neste sentido, a climatologia
geográfica busca a interação dos estudos atmosféricos em concomitância aos seus respectivos
impactos, efeitos e repercussões nas sociedades. À vista disso, o enfoque que se objetiva, neste
sentido, é da resposta dos eventos anômalos de chuva em termos de “impactos” sociais.
A climatologia geográfica, em seu paradigma dinâmico de estudos, proposto por
Monteiro (1971) e abordada por Zavattini (2003), tem importante papel no estabelecimento da
relação sociedade- natureza. Nesta acepção, o estudo das excepcionalidades climáticas a partir
de uma abordagem dinâmica, abordagem essa preconizada por Monteiro apoiada no paradigma
estabelecido por M. Sorre e Pédelaborde,(ZAVATTINI, 1998), em sua trajetória de estudos na
climatologia, como se propõe os estudos sinóticos, é sobremaneira importante, pois, a partir de
tal enfoque é possível compreender as condições atmosféricas que são resultantes em eventos
de precipitação extrema. Ademais, é possível compreendê-los numa perspectiva temporal
mediante os avanços tecnológicos dos quais tal ciência se faz disposto.
A cidade de Petrópolis, área de estudo do presente ensaio , é uma porção do espaço que
sofre frequentemente com os efeitos de eventos de chuva. A configuração de [re]produção do
espaço urbano, atreladas as características físicas do sítio, e as características geomorfológicas
e geológicas, quando submetidos à chuva extrema sofrem consequências socioeconômicas
devastadoras. Os veículos de mídia, anualmente, retratam os efeitos desses fenômenos
climáticos sobre a população. Nesta perspectiva, além de estudos climáticos, apoiados na
análise rítmica, é substancial o entendimento da interferência físico-geográfica na ação dos
fenômenos climáticos.
Dessa forma, busca-se analisar os sistemas atmosféricos atuantes nos episódios de
eventos extremos na cidade de Petrópolis, a partir de uma abordagem geográfica do clima,
assim como identificar os efeitos que tais eventos sucederam no espaço. E assim, oferecer
subsidio nas tomadas de decisões governamentais para que tais eventos não mais provoquem
perdas humanas, físicas e econômicas, além de auxiliar na informação para alertar a população
quanto aos futuros.
A partir das condições ponderadas, alguns questionamentos suscitam. O primeiro deles
é quais as condições atmosféricas que proporcionaram eventos de chuva extrema nos
municípios elencados como alvo do presente estudo? Qual a quantidade em mm de chuva que
condiciona situação de risco para a população da área de estudo em questão? A partir de quantos
mm de chuva verifica-se a ocorrência de perdas físicas, econômicas ou sociais para as áreas
estudadas? Quais são os sujeitos em condição de risco e vulnerabilidade aos eventos de

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precipitação extrema? Como o processo de (re)produção capitalista do espaço urbano da área
de estudo condiciona áreas de risco? Quais são as medidas necessárias, em termos de
planejamento, para que perdas físicas e humanas não mais se sucedam decorrentes de eventos
anômalas de chuva?
2- OBJETIVOS

2.1-Objetivo Geral
Estudar os eventos extremos de chuva na cidade de Petrópolis e suas repercussões em
socioambientais

2.2-Objetivos Específicos
i- Definir e classificar os eventos extremos de chuva para a cidade de Petrópolis
ii- Identificar a dinâmica atmosférica dos eventos de maior repercussão sócio ambiental
(espacial)
iii- Avaliar a interação dos elementos do clima e fatores geográficos do clima no cenário
de excepcionalidades pluviométricas para a área estudada
iv- Identificar os sujeitos de maior vulnerabilidade aos efeitos negativos dos eventos
extremos de chuva na área estudada
v- Identificar o processo de (re)produção capitalista do espaço da área estudada e suas
correlações com os efeitos dos eventos extremos de chuva
vi- Identificação dos eventos extremos e maior impacto

3-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O clima, por ser parte fundamental do meio natural, deve ser averiguado em
concomitância com a sociedade humana, em razão de o conhecimento climatológico permitir
ao homem ser, não apenas sujeito às intempéries, mas, utilitário do clima em diferentes escalas
(MENDONÇA, 2007). Nessa perspectiva, João Lima Sant’Anna Neto (2001) em seu artigo
denominado Por uma geografia do clima- antecedentes históricos, paradigmas
contemporâneos e uma nova razão para um novo conhecimento aborda a respeito da
necessidade de estabelecer uma paralela relação sociedade-natureza (clima) que, por sua vez,
encontra-se mediada por relações de classes. Essas relações representar-se-ão na configuração
de [re]produção dos espaços ocupados por esses sujeitos.
A propositura abordada por Sant’Anna Neto é substancialmente importante na
concepção de estudar as ações atmosféricas e como essas ações resultam em consequências
(sejam elas positivas ou negativas) em um espaço que, por sua vez, é apropriado e [re]produzido

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por uma lógica capitalista que a permeia. Contribui, também neste sentido, Monteiro (1992) a
partir da “visão integrada e unitária da realidade geográfica” enfatizando que “[a] ordem
econômica tece a sua teia no espaço primitivo, impondo o viver social aglomerado”
(MONTEIRO, 1992, p.11). É, portanto, a partir de tais concepções que se pretende entender
como os sistemas atmosféricos agem e, por conseguinte, proporciona condições e efeitos à
sociedade estabelecida em um determinado espaço. Isso posto, Gonçalves (2003) em sua
contribuição à obra organizada por Monteiro e Mendonça intitulada Clima Urbano, aborda, em
seu texto Impactos pluviais e desorganização do espaço urbano em Salvador, como as
atividades antrópicas, transformando significativamente espaços, interferem sobremaneira nas
consequências provenientes das intempéries climáticas (que no caso do presente escrito atribui
enfoque aos eventos de chuva) e como essas atividades alteram a capacidade de absorção desses
efeitos pela própria sociedade. Sequencialmente, a autora aborda a respeito da relação de
vulnerabilidade as quais a população das áreas mais intensamente modificadas estão
submetidas, além de ter como principal objetivo, contribuir para o conhecimento a respeito dos
impactos pluviométricos e a repercussão desses nas áreas urbanas. A abordagem de Gonçalves
(2003), Sant’Anna Neto (2001) e Monteiro (1992) de trabalhar o clima e sua interação com a
sociedade atrelado aos impactos no espaço é corroborada por Tavares e Mendonça (2014) na
obra ritmo climático e ritmo social: pluviosidade e deslizamentos de terra na serra do mar-
Ubatuba/SP; Zanella e Olímpio (2014) em Impactos pluviais, risco e vulnerabilidade em
Fortaleza- CE; Hoffmann, Mendonça e Goudard (2014) no texto intitulado Eventos climáticos
extremos: inundações e gestão de riscos no Paraná; Armond (2014) Entre eventos e episódios:
as excepcionalidades das chuvas e os alagamentos no espaço urbano do Rio de Janeiro além de
Pinheiro (2008) em As chuvas extremas e suas repercussões no espaço urbano de Bauru/SP. Nos
respectivos trabalhos, chama-se atenção para a abordagem de interrelação que os autores
procuraram estabelecer entre os fenômenos atmosféricos de chuvas excepcionais e suas
repercussões no espaço.
Para compreender, portanto, a ação dos fenômenos climáticos e aferir a respeito de seus
impactos, Monteiro propõe trabalhar a atmosfera de forma dinâmica (ZAVATINI, 2003) e,
preconiza esse estudo a partir da perspectiva de uma concepção rítmica. Dessa forma, Monteiro
(1971) em sua obra Análise rítmica em climatologia- problemas de atualidade climática em
São Paulo e Achegas para um programa de trabalho, procura estabelecer em termos teóricos
metodológicos a compreensão genética dos tipos de tempo em termos quantitativos assim como
qualitativos. Monteiro, nesta mesma obra, chama a atenção para a importância de entender a
gênese e os efeitos de cada evento, considerando, também, o espaço sobre o qual esses eventos

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se processam, tornando a obra consideravelmente importante para o presente projeto por
estabelecer a devida correlação sociedade- natureza (clima), seus efeitos e impactos. Girão et
al. aborda em seu texto intitulado Influencia da climatologia rítmica sobre áreas de risco: o
caso da região metropolitana do Recife para os anos de 2000 e 2001, um importante tripé de
análise a ser considerado na proposta do presente projeto. Tripé este referente aos índices de
precipitação excepcional correlacionando-os à ocorrência de eventos naturais que levem a um
risco potencial para população, ressaltando a importância dessas análises no espaço urbano por
serem espaços densamente ocupados e com características geomorfológicas e pedológicas bem
especificas, assim como se presenta a área do recorte espacial do respectivo projeto.
Na concepção de uma atmosfera dinâmica, Borsato e Mendonça (2016) referindo-se à
Monteiro abordam que a análise rítmica possibilita identificar os tipos de tempo gerado por
cada sistema atmosférico, assim como permite o acompanhamento da gênese, evolução e
dissipação dos mesmos. Nessa conjuntura, Nimer (1989) retrata a importância de analisar os
eventos pluviométricos na região serrana do Rio de Janeiro (assim como toda extensão serrana
do Sudeste brasileiro), visto que apresenta importantes totais pluviométricos. Na sua obra
intitulada Climatologia do Brasil estabelece, para a Região Sudeste (e dando relativo enfoque
à Serra do Mar), os fatores dinâmicos e estáticos que influenciam na dinâmica das chuvas para
a região. Contribuindo com a propositura de trabalhar com a metodologia de análise rítmica
Borsato (2016) preconiza esta tarefa abordando o “como fazer” além de apresentar trabalhos
que discutam os resultados obtidos mediante a análise sinótica a partir de uma abordagem
espacial e temporal.
É neste prisma que se deve elencar esforços no estabelecimento dos valores de eventos
anormais de chuva para o médio e baixo curso da bacia do rio Piabanha, assim como entender
a gênese dos eventos além identificar seus efeitos nos espaços urbanos classificando-os
enquanto desastres naturais ou não a partir de seus efeitos para a sociedade.

4-METODOLOGIA

O presente trabalho basear-se-á nas seguintes etapas:


A primeira consistirá no levantamento bibliográfico no qual elencar-se-ão trabalhos e
obras que discutam a respeito dos 3 eixos principais que norteiam a pesquisa, sendo eles: O
ritmo climático, a partir da climatologia dinâmica no estudo da gênese das chuvas focando nas
excepcionalidades pluviométricas; a [re]produção capitalista do espaço; e os impactos dos
eventos extremos de chuva no espaço; levantadas a partir dos meios digitais (periódicos) além

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das obras físicas. A presente etapa permeará a constituição teórica do trabalho, e para isso, serão
realizados fichamentos para a sistematização das bibliografias.
A segunda etapa compreende o levantamento dos dados necessários para a pesquisa. Os
dados a serem levantados referem-se a dados diários de precipitação (série histórica da estação
chuvosa compreendida no intervalo de 1980-2017) para a cidade de Petrópolis obtidos através
da plataforma “Hidroweb” disponível no site da Agencia Nacional de Águas (ANA)
(www.snirh.gov.br/hidroweb/publico/medicoes_historicas_abas.jsf). A presente plataforma
conta com um numeroso conjunto de informações operados por órgãos como Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET), Centro Nacional de Monitoramento de Alerta de Desastres Naturais
(CEMADEN), Centro de Pesquisas e Estudos Minerais (CPRM) entre outros.
Será criado, também nesta segunda etapa, um banco de dados para mapeamentos. Este
banco de dados contará com informações geomorfológicas, geológicas, de infraestrutura
urbana, curvas de nível, vegetação e hidrografia, além das bases necessárias no mapeamento
como os shapefiles e afins. O banco de dados será formado a partir dos arquivos dispostos no
site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
https://www.ibge.gov.br/geociencias-novoportal/downloads-geociencias.html. Será, ainda,
obtido através do site da Marinha do Brasil (https://www.marinha.mil.br/chm/chm/dados-do-
smm-cartas-sinoticas/cartas-sinoticas), as cartas sinóticas dos dias que apresentarem eventos de
pluviosidade excepcionais, além dos dias antecessores e sucessores, de forma a ser possível
identificar e analisar os sistemas atmosféricos que culminaram nos respectivos eventos pluviais.
A terceira etapa consistirá no tratamento dos dados de chuva, além da determinação do
valor (mm) de precipitação caracterizada como evento excepcional pluviométrico para a série
histórica estabelecida.Portanto, os dados de precipitação serão ordenados diariamente para cada
ano da série através da utilização do software Excel. Para o tratamento dos dados serão
realizadas as técnicas estatísticas descritivas, para que possa ser possível a análise das
variabilidades e identificar na série histórica os valores de chuva referentes aos eventos
extremos. Esses eventos, de acordo com Armond (2014), podem ser encontrados em anos em
que os totais de chuva apresentam-se dentro dos parâmetros habituas. Portanto, será
estabelecido os valores de chuva anormal para toda a série histórica, na perspectiva de analisa-
la em sua totalidade, e não apenas os anos que se apresentam-se com desvios consideráveis em
relação as médias.
Para caracterizar as chuvas será estabelecido os valores de percentil 85, 90, 95 e 99
sendo base para a classificação dos valores extremos. Assim, os totais pluviométricos a partir
do P95 (mm/24h) assim como proposto por Armond, (2014) e Pinheiro (2016) em seus

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respectivos trabalhos será definido como chuva intensa e o P99 extrema. Será avaliado também
o Índices de anomalias de chuva (mensal, trimestral e anual) na perspectiva de identificar os
períodos que fogem da normalidade, assim como os cálculos dos desvios padrões (mensais,
trimestrais e anuais). A análise do IAC terá por finalidade, no respectivo trabalho, indicar os
anos, trimestre e meses que apresentam considerável desvio da média normal de chuva para
que possa ser identificado os eventos extremos que ocorreram em anos que se apresentam com
parâmetros habituais de chuva.
Compõe este segmento do trabalho, as análises das cartas sinóticas dos dias que foram
identificados com índices excepcionais de precipitação. É relevante ressaltar que as análises
concomitantes das cartas com os dados das estações climatológicas podem revelar a gênese dos
estados de tempo. Assim, é possível considerar os sistemas atmosféricos e sua dinâmica, visto
que, uma massa de ar pode apresentar uma sucessão de estados do tempo. (BORATO, 2016).
Neste momento, pretende-se criar um quadro esquemático de apresentação dos sistemas
atmosféricos de atuação que suscitaram os eventos excepcionais identificados na série histórica.
Nesta seção objetiva-se analisar as correlações com os sistemas atmosféricos e eventos como
ENOS a partir da análise estatística da série de dados em concomitância com a análise sinótica.
A análise estatística descritiva apresenta-se de forma sobremaneira relevante por ser a função
que tem por objetivo observar fenômenos de mesma natureza, organizá-los e classifica-los na
com propósito de observar sua representação para que seja, portanto, possível descrever
determinados fenômenos (SILVESTRE, 2016).
Concomitante à etapa anterior, após a identificação dos dias de chuvas anômalas, serão
realizadas pesquisas nos arquivos históricos a respeito da repercussão desses eventos no espaço
urbano de Petrópolis.
Finalmente, a quinta etapa corresponderá à finalização do trabalho na perspectiva de
apresentar condições gerais referente aos três eixos norteadores da pesquisa de maneira a
oferecer subsídio às tomadas de decisão governamental. Dessa forma, serão apresentados
panoramas gerais de condições atmosféricas favoráveis a ação de eventos extremos de
precipitação para a área estudada, a partir do que se pôde observado nas séries históricas,
organização espacial das cidades (suas características de sítios e distribuição populacional
socioeconômica, características geológicas e geomorfológicas) e os desastres naturais
provenientes de eventos anômalos de chuva.

5-JUSTIFICATIVA

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A pesquisa intitulada “anomalias climáticas: estudo dos eventos extremos de
precipitação na cidade de Petrópolis- RJ 1980-2017 e suas repercussões no espaço urbano- uma
análise sócio espacial” apresenta relevância por propor-se analisar as gêneses dos eventos
extremos de precipitação para a área estudada a partir da climatologia dinâmica averiguando
seus efeitos nos espaços urbanos. Essa importância é abordada por Armond (2014) ao ponderar
que os estudos dos fenômenos climáticos (excepcionalidade) com seus efeitos no espaço
apresentam como pano de fundo a perspectiva da relação indissociável entre natureza e
sociedade na produção do espaço.
A cidade que compreendem a área de estudo sofre frequentemente com os efeitos das
chuvas em seu espaço urbano. Quando há estudos que procuram entender a gêneses das chuvas
anômalas analisando o sistema atmosférico de atuação, permite o auxílio nas tomadas de
decisões governamentais, já que há a possibilidade de previsibilidade das chuvas e a chegada
das massas de ares.
Dessa forma, quando identificados os sistemas atmosféricos responsáveis pelas chuvas
extremas para dada área a partir de uma série histórica de dados, é possível, futuramente,
mediante as previsões meteorológicas, estabelecer um sistema de informações que previna as
perdas econômicas, ambientais, humanas e sociais e assim, evitar os desastres naturais.
6-CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

2019 MÊS
ATIVIDADES J F M A M J J A S O N D
Levantamento bibliográfico das obras que
X X X X X
nortearão a pesquisa
Levantamento dos dados de chuva e base de
X X X X
dados para mapeamento
Realização dos primeiros mapeamentos 1 X X X X
Realização dos mapeamentos históricos de
uso e ocupação do solo de 1980-2017 X X X X
Tabulação e organização dos dados de chuva X X X X X
Aplicação de técnicas estatísticas na série
X X X X X
histórica estabelecida
Análise da série histórica a partir dos dias de
X X X X
eventos extremo
Realização das análises sinóticas dos dias
antecedentes e posteriores aos eventos X X X X X X
extremos

1
Rede hidrográfica, infraestrutura urbana, topografia, morfologia, declividade, drenagem
natural e uso do solo, movimento de massa e áreas de inundação urbana
11
Início da escrita da Dissertação X X X X X X X
2020 MÊS
Realização dos primeiros mapeamentos de
X X X X
resultados
Elaboração dos gráficos, tabelas e quadros
X X X
provenientes dos resultados
Análise dos arquivos históricos referentes
aos dias de evento extremos (compilação e X X X X X
análise dos dados obtidos)
Finalização da dissertação X X X X X X X

7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARMOND, N.B.; Entre eventos e episódios: as excepcionalidades das chuvas e os


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