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A cultura e peso do homem negro e a sua dieta alimentar mais equilibrada dominaram a
cozinha brasileira; tornaram-se os verdadeiros donos da terra.
Conforme pesquisa de Leonard Willians, o caráter racial tinha influência pelas glândulas
endócrinas. Descrevia a diferença entre asiáticos e europeus; entre latinos e anglo-
saxões. As glândulas piruritárias e supra-renais no processo de pigmentação da pele
foram estudadas com grande discussão na Biologia e grandes problemas emergiram para
as áreas da antropologia e sociologia modernas. Outra série de pesquisadores e
cientistas trabalhou no contraste de negros de certas regiões da África com os da
Amazônia; na teoria da transmissão dos caracteres adquiridos; Pavlov e Mc Dougall
desenvolveram pesquisas com ratos (reflexos condicionados ou não-condicionados);
enfim, wesmannianos contra neolamarkianos se enfrentaram na fisiologia e na biologia
para “decifrarem” características dos negros. Frank Boas cita outra experiência: tamanho
do crânio e também, a quantidade dos pêlos, indagavam que os negros eram
descendentes diretos do chimpanzé; mas, os louros australianos...?? E assim, vai se
refletindo o preconceito.
A condição de escravo vivido pelo negro foi o que determinou a sua “libertinagem”, mas o
escravo a serviço do interesse econômico e ociosidade dos senhores. “Riqueza adquirida
sem trabalho”. Onde a maioria trabalha e a minoria só manda, há forte ociosidade,
permitindo o refinamento erótico. Exemplo da Índia, que o amor mais cultivado é o da
maior casta (maior o lazer). A “fome” da mulher de 13/14 anos faz do homem um “Don
Juan”. Motivados ainda pelo calor... Malemolência... altera a temperatura do homem.
Sob o critério da história social e econômica, é impossível separar o negro da condição
degradante de escravo. Condições que favoreciam o sadismo e o masoquismo (senhores
quase sem mulher). Isto é, senhores poderosos, escravos submissos; longas travessias
marítimas, contato com países de vida voluptuosa; o oriente com todas as formas de
luxúria (Ex. Afonso de Albuquerque – requintes libidinosos).
Outro ponto histórico da escravidão, através das mulheres portuguesas, foi a crença da
feitiçaria e magia sexual. Antônia de alcunha Nóbrega, Isabel Rodrigues (Boca-Torta),
Maria Gonçalves da alcunha Arde-lhe-o-rabo, foram alguns dos personagens citados no
livro que tiveram clientes “curando” a sua impotência ou esterilidade (problemas
amorosos). Suas práticas podem ter recebido influência africana, porém, em essência, foi
a mais pura expressão satânica do europeu que até hoje se encontra misturada em nós
(diversidade de culturas). Além de objetos pessoais, ervas, as “mandingas” eram feitas
com animais: sapos, aranhas, corujas, pombo, coelho... Outros elementos como pêlos do
sovaco, lágrima, saliva, sangue... Faziam parte dos feitiços. A proteção do recém-nascido:
ação da ama africana – cordão umbilical, chave no pescoço, nada de escuridão antes do
batismo...
As canções de berço de Portugal modificaram-se com a pronúncia da ama, adaptando-as
às condições da região. Palavras como “Saci-Pererê, boitatá, caipora, mula-sem-cabeça,
sapo cururu são palavras e expressões que adquiriram formas regionais de colocação
lingüística.
As superstições, personagens lendários fizeram parte da infância da criança na casa-
grande. Histórias contadas pelas amas como “Quibungo” (monstro terrível), ricaço de
Pernambuco com seus negros (meninos no saco), o “Cabeleira” (bandido dos canaviais),
nas zonas rurais do sul, um turco que comia menino... Dividiam-se em dois grupos de
contadores de histórias: os “Akpalô”, contador de contos; “Arokin”, que contavam crônicas
do passado.
Importante citar a obra de José Lins do Rego, “Menino de Engenho”, onde retrata
comportamento e linguagens. A linguagem infantil “amolecida” com as amas; o processo
de reduplicação da sílaba tônica, exemplo: “dodói”, ficando a pronúncia mais dengosa. No
norte do Brasil, a fala se desmancha... mais suave... Caldcleugh, no século XIX, no Brasil
afirma que o português brasileiro é menos nasalizado que o de Portugal. E alegou o clima
como um dos fatores determinantes dessa lassidão. E os padres-mestres que eram
responsáveis pela educação dos meninos, foram contra essa influência, utilizando a
palmatória e as famosas varinhas de marmelo para aplicar castigo. Exemplos de
pronúncias: “mexê”, “muié”, “oxente”... A língua acabou conquistando duas tendências:
pronome antes (Brasil) e depois do verbo (Portugal). Na linguagem, o senhor usava:
“faça-me...” e o escravo, mulher, filhos falavam: “me dê”.
Quando a criança deixava o berço, ganhava um escravo do mesmo sexo que o seu e
mesma idade; fazia-se desde pequeno escravo, um brinquedo do senhorzinho. O melhor
brinquedo dos meninos de engenho era montar a cavalo em carneiros, mas na falta de
carneiros, os moleques... “Um barbante serve de rédea e um galho de goiabeira, o
chicote. Muitas judiarias contra os negros escravos criancinhas eram realizadas
diariamente na casa-grande. O ócio levava à violência que gerava prazer!
Sinhá-moça atiçava os moleques, depois, estes sofriam com a castração e até com a
morte. Seduzidos, eram obrigados a satisfazerem desejos da sinhazinha e depois ainda
eram “condenados” por seus atos. As sinhazinhas casavam com homens 15, 20 anos
mais velhos e pela escolha dos pais. Joaquim Manuel de Macedo retrata a história da
sinhá com a mucama onde esta conta, ensina, descreve para aquela, os encantos e
mistérios do amor.
Muitas vezes, o incesto fazia parte do contexto da vida colonial. O filho branco com a filha
mulata do menino pai. Casamentos de tio com sobrinha, primo com prima eram
freqüentes; mas muitos também eram os desentendimentos e guerras que tais condições
causavam por motivos de herança, terras, honra, política...
As crianças que faziam xixi na cama sofriam com o medo e a aplicação de castigos, pois
a incontinência representava preguiça e mau hábito.
Aparece aí, a figura “comadre”. “Curadoras” especialmente de doenças ginecológicas.
Eram parteiras e benzedeiras. Os remédios caseiros eram feitos de ervas, muitas delas
prejudiciais à saúde. Era imensa a mortalidade infantil na casa-grande e na senzala,
principalmente pela falta de higiene básica infantil; havia um supersticioso horror ao
banho e ao ar. Outros fatores contribuíram para a alta taxa das mortes infantis: comidas
fortes, vestuário impróprio, aleitamento mercenário, moléstias contagiosas, falta do
tratamento médico, dentição e vermes, umidades das casas (mofo) e diferentes
temperaturas. Havia uma causa social e econômica que também prejudicou o
desenvolvimento das crianças na época: a falta de educação física, moral e intelectual
das mães, e mais, idade dos cônjuges, enfim, uma grande negligência. As doenças mais
comuns eram “mal dos 7 dias”, sarampo, lombrigas, comer terra e cal (anemia). Vícios e
doenças que não tinham tratamento médico e recebiam apenas castigos e vigilância.