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DOENÇAS BENIGNAS DA TRAQUÉIA

 Sintomas se exacerbam com grau de estenose e


ESTENOSE TRAQUEAL atividade do paciente; A traquéia de um adulto varia
entre 1.5-2.0 cm. Trabalhos mostram que pacientes
conseguem viver com 0,5 cm de traquéia, mas isso
Anatomia da Traquéia vai variar com as atividades que o paciente realiza
 10-12 cm de extensão;
(fica em casa? É atleta?).
 Diâmetro 1,5-2,0 cm
 Grande maioria dos pacientes apresentará sintomas
 Estendendo-se de C6 até T5
quando estenose de 60%
 EXAMES Padrão ouro é a broncoscopia. O Raio-X não é bom
Fisiologia da Traquéia pra visualizar (dá pra enxergar? Sim! Mas precisa de um olho
 20 mmHg (boa perfusão); muito treinado).
 Evolução dos tubos.  TRATAMENTO Se não tiver comprometimento da cricóide o
 Antigamente todo mundo que era entubado tinha estenose. tratamento é ressecção direta. Faz ressecção do segmento
Descobriram então que a mucosa da traquéia resiste a uma antes, faz uma anastomose e a traquéia está pronta. No
pressão entre 20 e 40. Alguns autores citam 18 e 30. entanto, vários trabalhos foram feitos mostrando os riscos
das cirurgias realizadas e suas complicações – mudança na
Fisiopatologia da Traquéia deglutição, acompanhamento com fono, dificuldades na
 Redução da perfusão respiração, deiscências. Com isso, estudos mostraram que
 Isquemia aqueles pacientes com uma estenose de 0.4 cm o
 Necrose tratamento deve ser endoscópico, com desobstrução e uso
 Perda de mucosa, ulceração, condrite de prótese. Pacientes com duas estenoses o tratamento
 Cicatrização. deve ser endoscópico permitindo fisiologicamente que o ar
 Se o balão está muito insuflado vai ocorrer isquemia. Se eu passe. Ou seja, o tratamento da estenose benigna a
tenho um tubo em contato quase direto com a relativa princípio é ressecção desde que você tenha sorte de ter uma
pressão pode ocorrer redução da perfusão, isquemia e estenose que não terá grandes complicações.
necrose.
 A cicatrização ocorre com a deposição de tecido fibroso e
isso pode ocasionar uma estenose.
AMILOIDOSE TRAQUEOBRÔNQUICA

Estenose Subglótica Conceito/Epidemiologia


 Ocorre abaixo da cricóide ou comprometendo a cricóide.  Doença rara caracterizada pela deposição extracelular de
 O ATLS diz que devemos mudar de posição a cada 2 horas proteínas fibrilares sob a mucosa da árvore traqueobrônquica.
porque o material em contato com as partes moles do corpo  Dentre as formas respiratórias, a apresentação traqueobrônquica
pode provocar isquemia e úlcera se permanecer em contato é mais comum. Correspondem até 5% de todas lesões
com o mesmo local por mais de 2h – ele estava falando traqueobrônquicas sintomáticas;
sobre o tubo no paciente.  Prevalência em torno da quinta década de vida;
 Sexo masculino.
 Atualmente esse é o tipo de estenose mais comum.
 Falou sobre um estudo que pacientes intubados, entre o 3°
e 10° dia podem apresentar lesões importantes na mucosa Etiologia/Classificação
da traquéia – degeneração, isquemia, necrose... já os  Idiopática Grande maioria.
pacientes que ficam mais de 10 dias intubados certamente  Hereditariedade?
possuem um comprometimento morfológico irreversível.  Associada a resposta imune exacerbada a infecções?
 Por isso se eu prevejo que o paciente vai ficar mais de 10  As formas traqueobrônquicas: localizada e difusa – ela pode não
dias com o tubo eu já faço uma traqueostomia – a principal respeitar a membranácea.
função da traqueo é proteger a laringe.
 QUADRO CLINICO: Quadro Clínico
 A princípio mimetizará asma mas vale lembrar que  Desde sintomas que mimetizam asma: tosse, dispneia, roncos;
uma asma não vai surgir do nada. Então questione  Pneumonias de repetição e atelectasias quando há obstrução de
se esse paciente foi operado, se ficou na UTI. brônquio segmentar;
 É incomum a associação com doença intersticial pulmonar;

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 Pode ocorrer comprometimento da laringe até brônquio principal; Diagnóstico
 Hemoptise.
 Espessamento e calcificações de anéis traqueais - TC
 Granulações grosseiras esbranquiçadas em submucosa (forma
Diagnóstico de grão de arroz) e placas maiores – Broncoscopia –
 Tomografia Calcificações na parede da traquéia são sugestivas da
 Broncoscopia + Biópsias (Vermelho Congo) – Corante de doença.
reconhecimento.  Traquéia em forma de "bainha de sabre, parede membranácea
não acometida.
 Biópsias: degeneração nodular, fibrose, calcificações.

 Excluir acometimento sistêmico: Ecocardiograma, TC ou USG de


Abdome, Biopsia de medula.

Diagnósticos Diferenciais
 Asma; Pneumonia; Neoplasia; Policondrite; Traqueopatia; Diagnósticos Diferenciais
osteocondroplástica.  Asma; Infecções respiratórias; Neoplasia; Policondrite;
Amiloidose Traqueobrônquica.
Tratamento
 Dependendo da extensão da doença o tratamento pode ser a Tratamento
ressecção cirúrgica (ressecção da doença e não da traquéia),  O tratamento na grande maioria dos casos é conservador e
se difusa, paliação endoscópica; sintomático (ou seja, buscar evitar sofrimento para o
 Radioterapia externa dose 20 Gy - boa resposta. paciente).
 Uso de Prednisona e melfalam, nas mesmas doses do tratamento  Em algumas situações, uso de tubo T.
de doença sistêmica, ainda sem eficácia comprovada.
 Sobrevida quando há comprometimento difuso da traquéia é de
30 - 50% em 5 anos. POLICONDRITE RECIDIVANTE

TRAQUEOPATIA Conceito/Epidemiologia
 É uma afecção sistêmica grave, de natureza imunológica,
OSTEOCONDROPLÁSTICA caracterizada por um processo inflamatório que acomete as
estruturas cartilaginosas nasais e auriculares, vias aéreas
superiores e articulações periféricas. Gravíssima e autoimune.
Conceito/Epidemiologia  Incomum na infância ou na adolescência, a doença surge entre
 Rara desordem de causa desconhecida que acomete a árvore 20 e 40 anos com pico de incidência na quarta década de vida.
traqueobrônquica. Caracterizada pela presença múltiplos nódulos  Distribuição igual entre sexos.
cartilaginosos ou ósseos na submucosa. – Deposição de  Hereditariedade não é fator determinante.
estruturas ósseas e cartilaginosas na traquéia.
 Não comprometem a parede membranácea da traquéia – esse
dado auxilia na diferenciação.
Quadro Clínico
 O envolvimento auricular é o achado mais comum.
 Maior prevalência no sexo masculino.
 Pode acometer: cartilagem das costelas, olhos, nariz, vias
 Incidência de até 1:6000 broncoscopias.
aéreas, coração, vasos, pele, articulações, rins e sistema nervoso.
 Sintomas constitucionais inespecíficos como fadiga, indisposição
Quadro Clínico e febre também podem ser vistos e dominar o quadro iniciais.
 Sinais e sintomas obstrutivos;  A doença vascular pode ser a causa da maioria das
 Tosse, expectoração, infecções respiratórias de repetição; manifestações primárias.
 Hemoptise.  O envolvimento do trato respiratório (laringe, traqueia, brônquios
de primeira e segunda ordem) é uma das manifestações mais

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graves, com prognóstico ruim. Ocorre em 56% dos casos, mas
está presente inicialmente em apenas 14%. Nos casos leves GRANULOMATOSE DE WEGENER
ocorrem sintomas como odinofagia, rouquidão e tosse não
produtiva. Nos casos graves, edema de laringe e epiglote, podem
causar estridor, dispnéia ou insuficiência respiratória, Conceito/Epidemiologia
necessitando de traqueostomia.  Primeira publicação 1936 pelo alemão Friedrich Wegener;
 É uma afecção sistêmica, idiopática, caracterizada por inflamação
granulomatosa necrotizante e vasculite que envolvem
Diagnóstico principalmente trato respiratório superior e inferior, bem como os
 Para fechar diagnóstico clinico tem que apresentar 3 ou mais rins.
critérios.  Prevalência é́ de 3 casos/100 000 indivíduos.
 Faixa etária 20 e os 40 anos;
 Mais comum em homens até 1,5 x em relação às mulheres;
 Rara na raça negra;
 Inflamação das vias aéreas e rins - forma clássica.

Quadro Clínico
 Os sintomas gerais são febre, anorexia, emagrecimento, fadiga e
fraqueza, astenias;
 Sintomas relacionados ao trato respiratório: O envolvimento
 TC: Por ser uma doença que afeta especificamente o tecido laringotraqueal pode ser assintomático, no entanto podem ocorrer
cartilaginoso, a calcificação e o espessamento parietal traqueal dispneia de esforço, estridor, hemoptises (devido
observados na policondrite recidivante tipicamente poupam a
comprometimento vascular importante, necrose e ulceração
porção membranosa posterior da traqueia.
são achados frequentes na broncoscopia) e rouquidão;
 Laboratoriais – inespecíficos;
 A estenose subglótica é descrita em cerca de 23% dos doentes;
 ANCA pode ser encontrado em 25% dos pacientes;
 Lesões de cartilagem nasal e estruturas do ouvido;
 Broncoscopia + Biópsias - revelem acentuada perda da
cartilagem;  Comprometimento renal (glomerulonefrite focal).
 Prova de função pulmonar - curva de padrão obstrutivo.
Diagnóstico
 Biópsia RENAL;
 Cerca de 90% dos doentes tem ANCA-c positivos PR3
(proteinase 3) e menos de 5% MPO (mieloperoxidase); Os
marcadores não fecham 100% diagnóstico.
 Cerca de 40% dos doentes com forma limitada tem ANCA
negativos;
 TOMOGRAFIA - traz lesões sugestivas
 BRONCOSCOPIA (aspecto de necrose generalizada), estenoses
subglóticas.

Diagnósticos Diferenciais Tratamento


 Doenças granulomatosas; Amiloidose; Granulomatose de
 Em conjunto com Reumato;
Wegener eTraqueopatia osteocondroplástica.
 Prednisolona 1mg/kg (60-80 mg dia);
 Ciclofosfamida 1g/dia;
Tratamento/Prognóstico  Tratamento endoscópico
 Acompanhamento em conjunto com a Reumatologia - essencial  Não resseca porque pode comprometer toda árvore
 Tratamento sistêmico: respiratória, mas qual o padrão da estenose? Realizar
 Glicocorticóide 10 a 20 mg /dia; ressecção. Você não vai fazer ressecção de uma doença
 Ciclofosfamida via oral 1 a 2 mg/kg/dia; que pode está em outro segmento da traquéia.
 Tratamento cirúrgico
 Traqueostomia
 Tratamento endoscópico - padrão ouro
 Sobrevida em 5 anos até 74 %; em 10 anos até 55%

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