Você está na página 1de 8

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT

Notificação de autuação nº

xxxxxxxxxxxxx , pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no CNPJ sob o nº


xxxxxxxxxxx, com endereço sito à ----------, neste ato representada pelo seu Prefeito Municipal
xxxxxxxxxxxx , brasileiro, casado, portador da Carteira de Identidade de RG nº xxxx, expedida pela
SSPDF e do CPF nº xxxxx, neste ato representado pelo Assessor Jurídico, Dr. xxxx apresenta-se
perante esta Junta Administrativa de Recurso de Infrações, com fincas no Código de Trânsito
Brasileiro, com o escopo de apresentar

RECURSO

Em razão da lavratura do Auto de Infração de Trânsito encimado, feita pelo Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes - DNIT, consoante as alegações de fato e de direito a seguir
expendidas:
I - DA ARGUMENTAÇÃO

1.1. É fácil aferir que o veículo em questão xxxx, placa xxxxx– é um veículo destinado ao
atendimento médico, conduzindo pessoas com o estado de saúde periclitante e carecedor de
cuidados.

1.2. Como sói acontecer, o deslocamento de paciente da cidade mineira xxxxxx até a capital federal,
diariamente acontece em situações onde o paciente necessita de cuidados por demais
especializados, sito é, em situações de urgência e emergência.

1.3. Sendo um dos poucos veículos municipais preparado para o transporte de passageiros em
situação de risco médico.

1.4. Como dito alhures, muitos destes pacientes reclamam pronto e imediato atendimento. Dessa
forma, a situação emergencial induz o motorista da ambulância, em estado de necessidade, a dirigir
velozmente, tudo em prol da manutenção de vidas.

1.5. Nesse diapasão é a lição extraída do Código de Trânsito Brasileiro, art. 1º, § 5º, a saber:

“Art. 1º (...):

(...).

§ 5º. Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema


Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da
vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio ambiente.”

1.6. Dessa forma, patente que o auto ora fustigado contém em seu bojo nuanças passíveis de
nulidade.
1.7. Entrementes, a fiscalização de velocidade através de instrumentos eletrônicos não dispensa a
presença física do agente de trânsito ou assemelhado, conforme previsto no artigo 280 do Código
de Trânsito Brasileiro, abaixo transcrito:
“Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito,
lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:

I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e
espécie, e outros elementos julgados necessários à sua
identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente
autuador ou equipamento que comprovar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta
como notificação do cometimento da infração.

1º (VETADO)

2º A infração deverá ser comprovada por declaração da


autoridade ou do agente da autoridade de trânsito, por aparelho
eletrônico ou por equipamento audiovisual, reações químicas ou
qualquer outro meio tecnologicamente disponível, previamente
regulamentado pelo CONTRAN.

3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de


trânsito relatará o fato à autoridade no próprio auto de infração,
informando os dados a respeito do veículo, além dos constantes
nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no artigo
seguinte.

4º O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o


auto de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista
ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito
com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência.”

1.8. Em diversas oportunidades, o Conselho Nacional de Trânsito já se manifestou no sentido de


que o agente da autoridade de trânsito tem o dever de envidar os esforços necessários para,
sempre que possível, promover a autuação em flagrante do infrator, sob pena de desvirtuar sua
atuação, que deve ser sempre ostensiva, não podendo desviar-se da sua real finalidade que outra
não é senão garantir a segurança pública e a fluidez do trânsito viário. Assim, não sendo levada a
efeito a autuação em flagrante e não sendo mencionado o fato na própria peça acusatória, a teor do
que dispõe o §3º do art. 280 do CTB, a insubsistência do registro é latente.

1.9. O CETRAN/SP, na ata da 8ª Sessão Extraordinária de 2006, realizada em 17.02.06,


respondendo a consulta que lhe foi dirigida, esclareceu que:

“Desta forma, embora devam ser analisadas as responsabilidades


por infrações de trânsito para aplicação das penalidades e
medidas administrativas e a própria configuração das infrações
do artigo 230, conforme preceitua o artigo 257 do CTB, o agente
de trânsito deve, no momento da autuação, ter observado
efetivamente a condução do veículo de maneira irregular, ainda
que ele se encontre estacionado ou parado.”

1.10. O Tribunal Superior de Justiça já se manifestou sobre a questão, no Recurso Especial nº


712.312 - DF (2004/0181006-1), Rel. Min. Castro Meira, que restou assim ementado:

“ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE


TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE.
AUTO DE INFRAÇÃO.

1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de Trânsito, o


agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto
de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou,
ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito com
jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência. O aresto
consignou que toda e qualquer notificação é lavrada por
autoridade administrativa.

2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos materiais que


precedem atos jurídicos de polícia não possam ser praticados por
particulares, mediante delegação, propriamente dita, ou em
decorrência de um simples contrato de prestação. Em ambos os
casos (isto é, com ou sem delegação), às vezes, tal figura
aparecerá sob o rótulo de "credenciamento". Adílson Dallari, em
interessantíssimo estudo, recolhe variado exemplário de
"credenciamentos". É o que sucede, por exemplo, na fiscalização
do cumprimento de normas de trânsito mediante equipamentos
fotossensores, pertencentes e operados por empresas privadas
contratadas pelo Poder Público, que acusam a velocidade do
veículo ao ultrapassar determinado ponto e lhe captam
eletronicamente a imagem, registrando dia e momento da
ocorrência" (Celso Antônio Bandeira de Mello, in "Curso de
Direito Administrativo, Malheiros, 15ª edição, pág. 726).

3. É descabido exigir-se a presença do agente para lavrar o auto


de infração no local e momento em que ocorreu a infração, pois o
§ 2º do CTB admite como meio para comprovar a ocorrência
"aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual (...)
previamente regulamentado pelo CONTRAN”.

4. Não se discutiu sobre a impossibilidade da administração


valer-se de cláusula que estabelece exceção para notificação
pessoal da infração para instituir controle eletrônico.

5. Recurso especial improvido.”

1.11. As autoridades administrativas informam usualmente que são obrigadas a cumprir as


disposições do Código de Trânsito Brasileiro e as instruções do Conselho Nacional do Trânsito,
procedendo à mera interpretação literal dos textos legislativos e normativos, sob o argumento de
que assim estão satisfazendo o princípio da legalidade administrativa imposto no art. 37 da
Constituição da República.

1.12. Não se pode pensar que as disposições dos arts. 128 e 131 do Código de Trânsito Brasileiro
tenham o condão de transformara a obrigação de pagamento das multas de trânsito em obrigações
reais ou propter rem, que são aquelas obrigações decorrentes da propriedade da coisa, como, por
exemplo, as cotas condominiais e os impostos reais como o imposto predial.

1.13. Deve o intérprete – no caso, xxxx – distinguir entre a previsão legal da multa (em normas
genéricas e abstratas através das disposições próprias do Código de Trânsito Brasileiro) e a
aplicação administrativa da sanção, através da atividade administrativa.

1.14. O Sistema Nacional de Trânsito não se esgota nos órgãos públicos das diversas esferas
governamentais, pois compreende as entidades privadas e os demais agentes do Poder, inclusive
os tribunais onde os cidadãos buscam o atendimento da promessa que se extrai do disposto no art.
5º, inciso XXXV, da Constituição.

1.11. Os órgãos de trânsito, ao pretenderem cumprir o princípio da legalidade referido no art. 37,
caput, da Carta da República, também estão vinculados aos demais comandos constitucionais,
principalmente o conjunto de princípios que se denominou de due process of law, postos como
garantias fundamentais no Título II da Lei Maior.

1.12. Nessa dimensão democrática, o princípio da legalidade administrativa não tolera que fique
restrito ao mero significado literal das expressões legislativas, pois a interpretação que se empresta
aos comandos infraconstitucionais deve levar em conta os valores e princípios da Lei Maior.

1.13. Excepcionando o princípio da auto-executoriedade que a ordem jurídica confere aos órgãos
estatais quanto ao cumprimento de seus atos, as multas administrativas, inclusive as decorrentes do
trânsito, não suportam a cobrança forçada pela Administração Pública, devendo esta se dirigir ao
Poder Judiciário, através do processo de execução da Dívida Ativa, previsto na Lei nº 6.830, de 22
de setembro de 1980, para expropriar do cidadão ou ente público os valores respectivos em
processo que atenda as garantias constitucionais.

1.14. Destarte, o xxxxx não possui competência – fora da sistemática da Execução Fiscal, Lei nº
6.830/80 - para cobrar do Município xxxx xx a multa por ora contestada.

II - DA IRREGULARIDADE APRESENTADA NO INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DE


VELOCIDADE

2.1. Para provar o alegado acima, colacionar-se-á artigo da resolução em comentário, in verbis:
“Art. 5º. O aparelho, o equipamento ou qualquer outro meio
tecnológico, quando utilizado para os fins do § 2º do artigo 280
do CTB, deverá:

I- estar com o modelo aprovado pelo INMETRO, ou entidade por


ele delegada, atendendo à legislação metrológica e aos requisitos
estabelecidos nesta Resolução; e
II- ser verificado pelo INMETRO ou entidade por ele delegada,
obrigatoriamente, com periodicidade máxima de seis (06) meses
ou sempre que qualquer de seus componentes sofrer avarias,
manutenção ou for manipulado.”

2.2. A redação do inciso segundo é de uma clareza hialina, afirmando enfaticamente que o
aparelho, equipamento ou outro meio tecnológico deve ser aferido pelo órgão metrológico
competente, INMETRO, em periodicidade não superior a 6 (seis) meses. A última aferição do
aparelho GOR00214010 foi feita em 25 de outubro de 2012!

2.3. Além da alegação encimada em desfavor do xxxx, junta-se outra igualmente de peso e que não
foi cumprida. Os artigos abaixo indicarão o outro erro cometido pelo órgão autuador, verbo ad
verbum:

“Art. 6º. A utilização de aparelho, de equipamento ou de qualquer


outro meio tecnológico para fins de comprovação de infração por
excesso de velocidade somente poderá ocorrer em vias dotadas
de sinalização vertical de regulamentação de velocidade máxima
permitida e, sempre que possível, de sinalização horizontal
indicando, também, a velocidade máxima permitida.

§ 1º a sinalização de que trata o caput deste artigo deverá ser


afixada ao longo da via fiscalizada, de acordo com a legislação
específica, observados os critérios da engenharia de tráfego, de
forma a garantir a segurança viária e informar, adequadamente,
aos condutores dos veículos a velocidade máxima permitida para
o local.

§ 2º se utilizado em trecho com velocidades inferiores às


regulamentadas no trecho anterior, deverá ser precedido de
sinalização regulamentar de velocidade máxima permitida de
decréscimos, em intervalos múltiplos de 10 Km/h (quilômetro por
hora), distantes 75 m (metros) para cada 10 Km/h (quilômetros
por hora) de redução.

Art. 7º. É obrigatória a utilização, ao longo da via em que está


instalado o aparelho, o equipamento ou qualquer outro meio
tecnológico, da sinalização vertical de indicação educativa,
informando a existência de fiscalização, bem como a associação
dessa informação à placa de regulamentação de velocidade
máxima permitida. ”

III - DO PEDIDO

3.1. Diante do exposto e de tudo o mais contido na presente petição e na documentação em anexo,
e com base no inciso I, parágrafo único, do art. 281, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com a
seguinte redação:

“Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência


estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará
a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade
cabível.

Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro


julgado insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;”

3.2. Ex positis, requer o arquivamento do auto nº xxxxx (cópia em anexo), órgão autuador xxxx , em
xxxxxx, que seja julgado a sua insubsistência e se suspenda todos os seus efeitos pecuniários,
administrativos, bem como a retirada negativa de pontuação no Sistema Nacional enquanto
perdurar este recurso e se isente o condutor da anotação de pontuação negativa em seu prontuário
junto ao REGISTRO NACIONAL DE CONDUTORES HABILITADOS – RENACH.

Na certeza do deferimento.

Buritis – MG, 29 de maio 2013.

x
Assessor Jurídico
x

Você também pode gostar