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Viva, Dr.

Alberto,

Essa sua ideia não é nada nova. Já entre 1998 e 1999 um amigo meu que também gostava de
escrever criou um site na net - O site do H0mem - onde escrevíamos contos eróticos. Eu
escrevia na vertente feminina e ele, na vertente masculina. Foi uma coisa gira, mas era apenas
para nós dois.
Creio que ninguém leu esses nossos contos - a não ser o Dr. Nuno Santos, professor de
Português na Escola, a quem eu dei alguns a ler para dar a opinião. Infelizmente, o meu amigo
encerrou o site e já não é possível a sua visualização.

Há alguns anos atrás fiz também uma experiência de escrita a duas mãos, digamos assim. Um
outro amigo meu começou por escrever o 1º capítulo de um livro. e eu, depois de o ler, escrevi o
2º capítulo, sempre de acordo com o que ele escrevera anteriormente. E depois ele de novo, etc.
.
Inventámos personagens, que interagiam umas com as outras. E a história foi sempre
crescendo. Isto durou algum tempo. Foi também muito engraçado. Para mim era muito divertido
toda aquela criatividade, mas ele começou a ter falta de ideias e acabou por desistir. Tive pena!
Por exemplo, lembro-me de uma vez em que ele matou um personagem que eu tinha criado, e
que ele detestava e depois quando me calhou a mim continuar a escrever, dei tratos à
imaginação para conseguir inverter aquele inesperado assassinato e dar a volta à coisa. Era
uma explosão de criatividade e foi mais interessante do que os contos eróticos, porque esses
eram sempre sobre o mesmo tema, e o livro, era tema livre.

Eu concordo com o Agostinho da Silva quando afirma que nós não fomos feitos para trabalhar,
mas sim para criar. Eu sempre senti essa necessidade. Sempre escrevi - além do Diário que
escrevo desde os 14 anos - pequenos contos, porque sinto constantemente a necessidade de
criar alguma coisa. E o mais fácil para mim é escrever.
O Fernando Pessoa, dizia que a literatura era uma forma subserviente de sonhar e então, se
tínhamos de sonhar, que sonhássemos os nossos próprios sonhos. Ou seja, que escrevêssemos
as nossas próprias coisas.

Essa sua proposta de contos eróticos acho muito limitativa. Mas não me importaria de tentar
escrever algo de ficção com outra pessoa. Testar a criatividade a duas mãos. Surpreender, e ser
surpreendido. Acho isso muito estimulante.

Bom Ano.

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