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«Os Piratas - Teatro», de Manuel

António Pina
VISÃO JÚNIOR
 

09.01.2017 às 18h21





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E se, de repente, te visses a bordo de um navio de piratas? Não fazes ideia de


como foste lá parar, só sabes que tens de salvar a tua mãe, mas o Capitão
toma-te por um dos seus grumetes… No meio do desespero, acordas e pensas
que tudo não passou de um terrível pesadelo. Mas logo te apercebes que ainda
trazes na cabeça o lenço vermelho de pirata… Terá sido sonho ou realidade?

Livro nomeado para o 2.º ciclo


À conversa com Manuel António Pina
Foi uma hora e meia que passou a voar, acelerada pelo humor do escritor e pela
poesia. Os três leitores que entrevistaram Manuel António Pina, escolhidos entre
todos os que nos enviaram perguntas, ficaram a saber mais sobre as palavras

Já recebeu muitos prémios pela sua obra, mas como se sentiu ao receber o
maior prémio da Literatura Portuguesa, o Prémio Camões?
Diana Araújo, 9 anos, Colégio D. Diogo de Sousa, Braga
Contente e ao mesmo tempo preocupado. Pensei «Será que eu mereço?»

Quando andava na escola primária, o que sonhava ser quando fosse grande?
Maria José Gomes, 10 anos, Colégio Luso Internacional do Porto
Queria ser muitas coisas. Queria ser detetive, bombeiro, até padre quis ser. Agora
quando for grande quero ser astrónomo, estudar o universo.

Como é que nasceu em si o gosto pela escrita?


Daniela Vaz, Daniela Palma, Cristina Dias e Ana Rita Ribeiro 7.º ano, Escola Básica
Integrada Patrício Prazeres, Lisboa
Desde pequenino. Aprendi a ler muito cedo nas letras grossas do jornal e é
engraçado porque depois tornei-me jornalista. Há pessoas que falam, outras fazem
música, outras não dizem nada. Eu sempre escrevi sonhos que tinha, desejos,
medos... A minha mãe guardou versos meus a dizer o que queria ser quando for
grande.

É difícil escrever um livro?


Daniel Borges, 11 anos, Portimão
Sinto uma espécie de felicidade ao escrever. Quando se faz algo de que se gosta
não custa, mesmo que pareça penoso aos outros. Tento ter o maior prazer possível
naquilo que faço porque as coisas que se fazem com gosto saem sempre melhor.
Se eu não escrevesse sentia-me infeliz, como se precisasse de respirar e me
tapassem o nariz e a boca.

Tem algumas dificuldades em ter inspiração?


Daniel Borges, 11 anos, Portimão
Não, porque não me forço a escrever. A inspiração é que me encontra a mim. É
como uma pessoa que me toca no ombro e me diz «escreve lá um verso ou um
conto».

Qual é a sua fonte de inspiração para criar um livro?


Vasco Ferreira, 10 anos, Colégio Luso Internacional do Porto
É tudo o que me rodeia, mas sobretudo a memória de coisas que vi, vivi, li; de
sentimentos que tive, por exemplo uma pessoa de quem gostei muito e morreu. E a
imaginação. Às vezes lembramo-nos de um acontecimento e a imaginação altera-o.
Memória e imaginação não são duas coisas separadas.

De que forma aquilo que lê afeta aquilo que escreve?


Rafaela Saraiva, 14 anos, Esc. Sec. D. Pedro V, Lisboa
Imenso! Como dizia o escritor argentino Jorge Luis Borges, eu sou todos os livros
que li. Grandes emoções que tive na minha vida foi em leituras. Se tivesse lido
outros livros era uma pessoa diferente.

Porque será que existem tantos livros infantis escritos por pessoas
conhecidas que não têm ligação à literatura?
Estrela Martinho
Um livro não é necessariamente literatura. Qual é o elemento que distingue um livro
literário de um não literário? Não sei... Será fundamentalmente a importância das
palavras. As palavras são seres com vida própria, há umas que se dão bem umas
com as outras, outras que não. Têm som, aspeto gráfico, sentido, muitos sentidos e
algumas não dizem coisa nenhuma.

Para si há alguma palavra que seja mais poética? Ou uma que seja a sua
preferida?
Rafaela Saraiva, 14 anos, Esc. Sec. D. Pedro V, Lisboa
São todas. Não há palavras poéticas. Num dos meus poemas tenho a palavra
iogurte. Tudo depende do contexto. Às vezes as chamadas palavras poéticas
estragam completamente um poema. O que são palavras poéticas? São palavras
particularmente bonitas pelo sentido, pelo som. Eu gosto muito da palavra «todavia»,
pelo som, parece que é o nome de um pássaro, se calhar por ser parecido com
cotovia. Algumas palavras por serem tão usadas na poesia acabam por já não
significar nada. Já não têm a capacidade de nos tocar, de nos emocionar. Um dos
trabalhos da poesia é restituir as palavras à sua pureza, limpar as palavras, elas
andam sujas do uso.

Como é a sua relação com os gatos, visto que em muitas fotografias se faz
acompanhar por este animal?
Diana Seara Faria Pinheiro Araújo, 9 anos, Colégio D. Diogo de Sousa, Braga
Os gatos são os meus melhores amigos. Tenho gatos, cadelas, um periquito e um
pombo. Gosto muito de animais. Até dos de duas patas, mas desses só de alguns.
Algumas coisas que os homens fazem, os animais não são capazes de fazer. Os
animais matam para caçar mas são incapazes de maldade. Os de duas patas às
vezes são muito maus.

Consegue imaginar a sua vida sem os livros?


Daniela Vaz, Daniela Palma, Cristina Dias e Ana Rita Ribeiro, 7.º ano, Esc. Bás.
Patrício Prazeres, Lisboa
Era muito infeliz. Sem livros, e sem música, e sem filmes, e sem quadros. Era comer
e dormir. Imagino, mas era infeliz.

Que conselhos dá a quem queira ser escritor?


Daniela Vaz, Daniela Palma, Cristina Dias e Ana Rita Ribeiro, 7.º ano, Esc. Bás.
Patrício Prazeres, Lisboa
Ler, ler, ler, ler. Um bom escritor é antes de tudo um bom leitor. E ler tudo, ler ao
acaso nas bibliotecas. Em qualquer sítio da biblioteca há sempre um livro à nossa
espera. O nosso livro, aquele onde nos reconhecemos e nos sentimos mais ricos
depois de o ter lido.

Se fosse publicar um livro com outro autor, quem escolheria?


Vasco Ferreira, 10 anos, Colégio Luso Internacional do Porto
A minha sogra diz «meias só nas pernas». É muito difícil escrever a meias. Ainda
tentei com o Gonçalo M. Tavares, mas nunca fui capaz. Sou muito inseguro, tenho
medo de não corresponder. Assim só respondo perante mim mesmo.

Qual é o seu sonho como escritor? E como homem?


Maria José Gomes, 10 anos, Colégio Internacional do Porto
Como escritor é ainda conseguir escrever mais um livro. Como homem, tenho
tantos! É nunca ser injusto.

Texto: Joana Fillol


In VISÃO Júnior, terça 1 de Nov de 2011

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