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PROMÍSCUA

BYA CAMPISTA
PROMÍSCUA© Copyright 2017 – Bya Campista

Revisão e copydesk: Andreza Santana


Diagramação: Bya Campista e Kacau Tiamo
Imagem: Shutterstock
Capa: Daiane Quinelato Marinho

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.


Todos os direitos reservados
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a prévia autorização do autor.
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, locais ou fatos, será mera
coincidência.
http://www.byacampistaescritora.com.br

Sumário
O erotismo

Ela sabia o que era desejo

(…) não estou nem um pouco preocupado

Eu nunca forço a minha vulgaridade

Todo prazer é erótico

A primeira lei

O sexo faz parte da natureza

O sexo é um acidente

O sexo sem amor

O sexo é o consolo

O sexo e a morte

Que mundo, você pensa

Da dificuldade de te saciar

O sexo é sujo?

A castidade
Tenho o pensamento

A autora

Contatos

Outras obras na amazon


Promíscua é algo diferente de tudo que escrevi até hoje. É um projeto antigo que estava
“engavetado” e, finalmente, resolvi trazer à tona.
É um conto, mas tenho vontade de escrever o livro. Vocês quem dirão se vale a pena ou não.
Abençoada, tive anjos que me ajudaram neste projeto louco, o “team Bya”, que eu amo de
paixão. Vou começar por minha querida leitora, beta e que se tornou minha grande amiga:
Cristiane Ribeiro. Cris, você que é a primeira a ler todas as loucuras que eu escrevo e embarcar
nelas comigo, o meu muito obrigada! Impossível escrever qualquer coisa sem mostrar a você!
Saudade do nosso briefing com muita “mesa manchada” e uísque, embora este último eu ainda não
possa... Sinto-me feliz por ter você como minha amiga.
Outra pessoa muito importante e que fez um trabalho sensacional neste conto, minha também
leitora, beta e que se tornou minha amiga e revisora: Andreza Santana. Dreza, feliz demais por
saber que tudo começou lá atrás com Pele, e hoje você atua profissionalmente com isso. Seu
trabalho como revisora e copydesk neste conto foi magnífico e também me orgulho em tê-la no
“team Bya”.
E a capa lacradora deste conto? Daiane Quinelato Marinho, que desde Pele vem “pintando o
meu sete”. Dai, agradeço demais por ter você comigo, minha leitora, beta e amiga. Sempre!
Há outro anjo que também foi fundamental para a produção deste projeto: minha amiga Cíntia
Chibante Fea, que é graduada em Psicologia Clínica pela Universidade Estácio de Sá, e fez a
“betagem técnica” deste conto, um trabalho de excelência que fez toda a diferença. Imaginem esta
mulher no consultório gente! Cí, muito obrigada! Adorei nossos papos sobre a Bianca, e estou louca
para termos muitos outros sobre ela!
E fechando este belo time, aos 45’ do segundo tempo eis que entra Kacau Tiamo para lacrar
tudo de uma vez! Kacau, obrigada pela grande diagramação deste conto. Ficou maravilhoso,
como tudo que você faz!
Agradeço também aos meus leitores, por todo o carinho, apoio e incentivo que vocês me dão.
Às minhas Logan Maníacas do Quarto do Senhor Logan no WhatsApp por fazerem os meus dias
mais felizes. Estar com vocês é fundamental.
Ao meu namorado Rafael Heinze por tudo: por seu amor, amizade, carinho e companheirismo.
Obrigada, meu amor, por entender minhas ausências enquanto estive mergulhada neste e em todos
os outros tantos mil projetos. Amo você!
E como não citar minhas escritoras amigas que fizeram uma campanha sensacional de
divulgação deste conto? Sue Hecker, Kacau Tiamo (mais uma vez!), Joice Bittencourt, Evy Maciel, e
todas as autoras “da Pressão”, também por nossos papos diários no WhatsApp. Vocês são
especiais. A união faz a força sempre! Que tenhamos, cada vez mais, muitas “fofocas do bem”
espalhadas pelas redes sociais.
Preparem-se para conhecerem Bianca Voltolini e suas aventuras e desventuras neste conto
revelador. Tenho certeza de que vocês se surpreenderão e, fatalmente, irão refletir bastante,
afinal, esta é uma história de ficção, entretanto pode ser mais real do que vocês imaginam.
Até onde você seria capaz de ir para satisfazer seus desejos?
Preparados?
Libertem-se!

Bya Campista
“A luxúria é como a avareza: quanto mais tesouros têm, mais sôfrega se torna”.
(Montesquieu)
Até onde você seria capaz de ir para satisfazer seus desejos?

PROMÍSCUA
Liberte-se!
“ O erotismo
é uma das bases do conhecimento de nós próprios, tão indispensável como a poesia”.
(Anaïs Nin)

ALESSANDRO tirou o pau da minha boca e levei os dedos aos lábios para limpar o excesso.
O boquete foi merecido, afinal, o moço me proporcionou orgasmos deliciosos naquele banheiro e,
além disso, seu cacete era gostoso.

Será que era Alessandro o nome dele? Ou Armando? Ah... nomes tão parecidos acabam me
confundindo! Juro que não faço por mal.

Levantei e ele me olhou daquele jeito esquisito, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa do
tipo “que tal uma bebida?” ou “vamos sair daqui para outro lugar”, apressei-me a dar meus
cumprimentos.

― Foi um prazer Alessandro ― disse chegando à porta, mas ainda pude ouvir sua voz.

― André porra!

Ops! Eu sabia que começava com a letra A. De qualquer forma, o tal André já tinha tido sua
cota, seus, digamos, “quinze minutos de fama” para mim. Na verdade, eu ansiava por novidades,
algo ou alguém que me trouxesse novas sensações. Ele havia mostrado que era bom, mas eu sabia
que não era o único, e aquele lugar estava repleto de possibilidades.

Alguns dizem que sou ninfomaníaca, mas não gosto deste termo. Nunca gostei! Pela simples
razão de indicar um fator patológico, como se gostar de sexo fosse doença! Eu gosto de sexo. Pura
e simplesmente.

Promíscua. Prefiro este, ainda que dele denote certo preconceito. Dane-se o preconceito! Não
devo nada a ninguém! Promíscua me dá a opção de escolha: sou assim porque quero e não por
que fui acometida por alguma enfermidade maldita.

Apesar da grande noitada, fui uma das primeiras a chegar ao trabalho na manhã seguinte. Eu
era assistente na BT Engenharia, cujo dono, o senhor Bento Torres, era um homem do tipo
inacreditável. E inalcançável também, lógico! Eu trabalhava ali há seis meses, mas ainda não tinha
feito amizades. Nunca fui muito boa com isso, na verdade esse tipo de coisa nunca me interessou. O
ser humano tende a ser chato e um tanto pegajoso. Quanto a mim, impaciência costuma ser meu
nome do meio.
Exatos dois minutos após minha chegada, eis que surge o rapazinho da Xerox. Como era
mesmo o nome dele? Marcos? Marcelo? Maurício? Já disse que nunca fui muito boa com nomes!
Bom, para mim, ele seria sempre o rapazinho da Xerox.

Eu estava em minha estação de trabalho organizando alguma papelada para o chefe.


Precisava fazer algumas cópias, então decidi ir até lá. Geralmente solicitávamos ao rapazinho e
ele vinha pessoalmente pegar nossos documentos.

Cheguei de supetão, eu e minha meia-calça colorida. Por incrível que pareça, na BT Engenharia
não havia necessidade de se usar uniformes e eu tentava ser o mais discreta possível. A questão,
porém, é que sempre gostei do visual estilo Pin Up, e não é nada fácil combiná-lo ao ambiente de
trabalho sem chamar alguma atenção.

Então eu estava ali, vestida com uma blusa de manga comprida de seda rosa com babados,
saia rodada preta um pouco abaixo dos joelhos, meia-calça rosa brilhante e sapato boneca preto.
Usava um anel de pelúcia Pink e tive a ligeira impressão de que o menino franzia o nariz cada vez
que olhava para ele. Será que ele é alérgico? Pensei.

O rapazinho ficou tão nervoso e tão vermelho com a minha chegada, que quase me
arrependi. Só não o fiz porque sou cretina demais para isso. Tenho certeza de que ele é virgem!
Sou capaz de apostar meu salário nisso!

Ele gaguejou.

— Precisa de ajuda?

Tirar sua virgindade, talvez? Pensei. Nunca fui a primeira para um homem, não que eu
soubesse; embora seja o tipo de coisa que dê para perceber, certamente.

— Preciso tirar essas cópias para o senhor Bento, estou organizando alguns documentos —
expliquei demais.

O rapazinho pegou os papéis de forma nervosa e começou a trabalhar, enquanto eu o


reparava. Seu cabelo era curto e escuro, assim como seus olhos; ele era alto e ligeiramente atlético.
Não era musculoso, mas tinha tudo no lugar, o que para sua idade não deixava de ser obrigação.
Ele era muito novo, provavelmente uns dezoito anos. Em relação a minha, apenas quatro de
diferença, sendo assim, eu não poderia ser acusada de pedofilia.
Bianca Voltolini pare agora! Obriguei-me a pensar.

Ele vestia uma calça social preta, sapatos bem engraxados e camisa branca impecavelmente
passada. Típico “mauricinho”, “filhinho da mamãe”. Seu cabelo arrumadinho estava penteado para
trás e ele cheirava bem. Suas mãos eram grandes, o que era bom sinal. Geralmente homens com
mãos grandes possuem um grande pa...

— Aqui está — disse interrompendo meus pensamentos obscenos, me estendendo os papéis


com originais e cópias perfeitamente separados e em ordem, exatamente do jeito que deve ser. Ele
realmente era o rapazinho da Xerox!

Ensaiei um agradecimento antes de voltar a minha mesa. Merda! Eu estava excitada! E tive a
certeza de que a forma como segurou os papéis contribuiu para isso.

— Bom dia.

Ouvimos a voz grave e bem empostada do senhor Bento. Olhei à frente e... céus! O homem era
realmente uma perdição! Vestido em um terno cor de chumbo que parecia ter sido feito para ele,
seguiu à sua sala carregando sua mala estilo 007. Sim, ele daria um perfeito James Bond com seu
corpo perfeito, seu cabelo loiro e aqueles olhos azuis que eram capazes de fazer qualquer mulher
se perder em um mar de sensações.

Sua secretária Lavínia, a “gostosa”, ainda não havia chegado e quando isso acontecia, era eu
quem deveria entrar em sua sala e preparar-lhe o café.

Obrigada Lavínia. Pensei enquanto o seguia.

—Bom dia senhor Bento.

— Bianca.

Meu nome naquela boca... Balancei a cabeça procurando me concentrar na máquina da


Nespresso a minha frente.

— O que gostaria de beber hoje, senhor? — indaguei abrindo a caixa onde continham as
cápsulas coloridas de café perfeitamente enfileiradas.

— Forte e intenso — respondeu.


Como o sexo deve ser. Pensei.

— Ristretto — sugeri pegando a cápsula preta e ele assentiu.

Inseri a cápsula na máquina e imediatamente o cheiro divino da bebida se espalhou pela sala.
Ele gostava do seu café puro e eu o deixei sobre a mesa.

— Obrigado Bianca — disse olhando-me profundamente. Engoli em seco e meneei a cabeça,


antes de me retirar da sala.

Eu não poderia mais segurar! Precisava urgentemente ir ao banheiro, seria minha única
alternativa. Sim, naquele momento era uma necessidade puramente fisiológica e eu não poderia
negar isso.

Nem para mim mesma.


“Ela sabia o que era desejo
- embora não soubesse que sabia. Era assim: ficava faminta, mas não de fome, era um gosto meio
doloroso que subia do baixo-ventre e arrepiava o bico dos seios e os braços vazios sem abraço.
Tornava-se toda dramática e viver doía”.
(Clarice Lispector)

SAÍ rapidamente da sala em direção ao toalete. Cheguei ao luxuoso ambiente cuidadosamente


limpo, decorado e perfumado e entrei na primeira cabine que vi, fechando a porta e me sentando
no sanitário fechado. Olhei em volta, não havia nada além dos compartimentos de onde saíam o
papel higiênico e o protetor de assento, além de uma espécie de gancho para pendurar a bolsa.
Por falar em bolsa, eu estava sem a minha, e naquele momento fechei os olhos pensando no meu
pequenino poderoso que sempre me acompanhava.

Meu pequenino poderoso era meu “fiel escudeiro” e, se me permite o trocadilho, “pau para
toda obra”. Do tamanho e formato de um batom, era um maravilhoso vibrador clitoriano com
capacidade para sete velocidades. Em seu último nível, meu pequenino poderoso era capaz de se
movimentar sozinho como se tivesse vida própria.

Umedeci os lábios com a língua e, me toquei por baixo da saia. O tecido fino da meia-calça
ainda bloqueava o acesso àquilo que eu realmente ansiava por tocar:

Minha boceta.

Amo meias-calças, mas sem dó nem piedade, enganchei a parte metálica do meu anel no
tecido, provocando um rasgo no vinco. O estrago não foi tanto, apenas o suficiente para que eu
pudesse encaixar indicador e dedo médio em meu pulsante sexo.

Prazer. Foi essa sensação maravilhosa que me invadiu no momento em que comecei a fazer
movimentos precisos dentro de mim. Recostei-me na parede e abri mais as pernas a fim de
melhorar o acesso, quando imagens invadiram minha mente: o rapazinho da Xerox e suas mãos
grandes segurando os papéis; o senhor Bento e sua voz grave que, naquele momento, pareceu
ecoar em meu ouvido: forte e intenso.

Precisei conter um gemido, mordendo o lábio, acelerando os movimentos. Em minha mente, o


meu delicioso chefe, segurava sua xícara de café com força, o azul profundo de seus olhos
penetrando em mim.

Penetrando...
Abri a boca num gemido silencioso quando um orgasmo intenso me invadiu, reverberando por
todo meu corpo, me deixando momentaneamente saciada.

Eu respirava aceleradamente e minha mão ainda estava no meio das coxas. Parecia que meu
corpo estava dormente e eu daria qualquer coisa para ficar ali, curtindo o momento. Por que
precisa ser tão rápido? Por que deve durar apenas alguns segundos?

— O prazer é efêmero — sussurrei ajeitando a roupa. Eu precisaria comprar uma meia-calça


nova, pois certamente a minha não duraria até o fim do dia.

Saí da cabine e me dirigi ao lavabo, encarando a imagem refletida no espelho: meu longo
cabelo escuro estava preso no alto da cabeça num grande rabo de cavalo, com a franja caída em
meus olhos negros maquiados, cujas pupilas estavam levemente dilatadas. Minhas bochechas
estavam rosadas e em meus lábios, o vermelho do batom ainda reluzia.

Abri a torneira, molhando as mãos antes de tocar meu rosto na parca tentativa de esfriá-lo.
Sim, eu ainda estava quente, queria mais.

A porta do banheiro abriu de repente, me assustando. Era Lavínia, apertada demais para
perceber meu nervosismo.

— Céus! Vou fazer xixi na calça! — exclamou enquanto entrava apressada na cabine.

A mesma que eu estivera segundos antes.

Enquanto ela se aliviava de uma maneira totalmente diferente da minha, um pensamento me


ocorreu: ambas necessidades foram fisiológicas. A diferença, porém, é que eu ainda não me sentia
satisfeita.

A “gostosa” saiu da cabine em seu tailleur claro e sapatos elegantes. A meia-calça cor da pele
revelava suas pernas torneadas e perfeitas. Seu cabelo loiro também estava preso em um
meticuloso rabo de cavalo, seu rosto perfeitamente maquiado, seus olhos azuis cintilando em minha
direção.

Bonita pra caralho, a filha da puta!

— Você está bem? — perguntou, a meu ver, não por preocupação, mas por curiosidade.

Assenti, pegando algumas folhas de papel toalha para secar as mãos, saindo dali o mais
rápido que pude.

O som do salto dos meus sapatos estilo “boneca” foram abafados pelos “agulha” de Lavínia
atrás de mim. Minha nuca se arrepiou ao sentir seus olhos cravados em mim ou seria minha
consciência culpada por tocar uma siririca em pleno horário de expediente?

Contornei minha mesa e quase dei um pulo ao vê-la praticamente em cima de mim.

— Vi que preparou o café do senhor Bento.

— Hum, sim — gaguejei indicando os papéis em minha mesa. — Estou terminando a papelada,
dentro de instantes lhe entrego.

Ela me olhou por instantes, antes de assentir e girar nos calcanhares em direção à sua mesa.

Desde a primeira vez que a vi, me perguntei se ela não era amante do senhor Bento. Não que
ele precisasse de uma, afinal, dona Nicole era um verdadeiro mulherão! Ocorre que Lavínia era do
tipo gostosona: corpo malhado e escultural, peito siliconado, bunda grande e, além de tudo, loira! A
filha da mãe era bonita! E sexy!

Não sei dizer se na empresa havia rumores de um suposto caso entre o patrão e sua
secretária gostosona porque não me envolvia na famosa “rádio corredor”, onde a fofoca rolava
solta. Porém, não pude deixar de pensar na possibilidade.

Será? Mais uma vez me flagrei pensando.

A manhã foi repleta de trabalho: planilhas para fazer e muitos papéis para serem colocados
em ordem. Em alguns momentos precisei requisitar os serviços do rapazinho da Xerox, mas ele
continuou mudo. Quando resolvia abrir a boca era para falar estritamente o necessário sobre
assuntos profissionais. Nada de “o tempo está bom hoje” ou “o que você costuma fazer nos finais
de semana”. Nada de papo furado!

Ainda bem! Melhor assim!

Nunca fui uma pessoa de muitos amigos, na verdade, não tinha nenhum. Morava sozinha e
minhas únicas companhias eram meus livros e meus “brinquedos”. Dentre meus títulos favoritos estão
verdadeiras obras de arte criadas por Marquês de Sade, Charles Bukowski, Vladimir Nabokov e
Anaïs Nin. A respeito dos “brinquedos”, sempre preferi a contemporaneidade das coisas e quanto
mais high-tech, melhor: vibradores com múltiplas velocidades, bolas tailandesas de todos os tipos e
cores (gosto de combiná-las com a calcinha que uso), bolas líquidas, vibradores no formato de
borboletas...

Tive alguns relacionamentos amorosos que não deram certo: romances demais e sexo de
menos; ou seja, definitivamente não eram para mim. Mas, mesmo sozinha, sempre me diverti.
Quando desejava descobrir novas possibilidades, saía sem rumo e sempre encontrava aquilo de
que precisava, pelo tempo que eu determinasse. Eu só queria me satisfazer, isso para mim já
bastava e me fazia feliz. As trepadas da noite anterior eram bons exemplos: fáceis, rápidas e
eficientes.

— Você sabe que não é nada disso, deixe de besteira!


Olhei à frente, atraída pela voz máscula que ecoou pelo ambiente. Era Amadeu, que entrou
falando no celular.

— Mas é claro! Não tenha dúvida disso — respondeu dando uma piscadinha para Lavínia e
parando em sua mesa.— Nos vemos mais tarde, um beijo.

Ele desligou, aproximando-se dela e imediatamente apertei as coxas. Seja lá o que ele tenha
dito, deve ter sido algo sacana, pois ela ficou vermelha feito um tomate.

A verdade é que não sei explicar o porquê me senti excitada de repente: se devido à
possibilidade de Amadeu ter dito algo sacana ou por ele em si, afinal o homem exalava sexo por
onde passava com sua sensualidade extrema.

O homem era alto, por volta de um metro e noventa, negro, cabelo batido, no que deveria ser
máquina um, e barba aparada, perfeitamente desenhada em seu rosto. Assim como o senhor Bento,
só usava ternos sob medida, e seu perfume tinha algo de másculo, capaz de despertar sensações
estranhas em mim.

— Olá Bianca.

— Senhor Amadeu — cumprimentei-o com um meneio de cabeça e ele seguiu seu caminho à
sala do senhor Bento.

Discretamente levei a mão suada à testa, na tentativa de esconder minha blusa. Não ousei
olhar, mas pude sentir meus mamilos intumescidos. Olhei de relance para minha bolsa. Eu precisava
de novo e, desta vez, a dose deveria ser maior. Dois dedos não me bastariam, mas talvez a
velocidade “sete” me aliviasse um pouco.

Sem pensar duas vezes, meti a mão na bolsa, tirando meu pequenino poderoso, escondendo-o
em minha mão e segui ao toalete a passos largos, torcendo para que estivesse vazio.
“(…) não estou nem um pouco preocupado
com o que possa chamar de ‘sexo’. Qualquer um tem condições de imaginar esses elementos de
animalidade”.
(Vladimir Nabokov)

SÁBADO é sempre conturbado. O que poderia ser perfeitamente um dia de descanso se


transforma no da tarefa chata e irritante: faxina! Em todos os sentidos!

Após passar a manhã colocando roupa na máquina e arrumando a casa, segui para o salão a
fim de fazer as unhas. Juro que se eu tivesse jeito para a coisa, eu mesma faria as minhas! Salão é
realmente um ambiente muito chato! Muita mulher junta falando sobre a vida alheia, ou seja, um
saco!

Estava distraída, assistindo mecanicamente a algum programa desses da tarde na pequena e


horrorosa televisão, quando uma voz grave e forte chamou minha atenção.

— Entrega da água.

Olhei para o lado me deparando com um negro alto e forte. Muito forte! Ele estava suado e
segurava um galão d’água, desses de vinte litros, em um dos braços, amparando-o nos ombros,
enquanto mantinha o outro firme na outra mão. Ele apertava com tanta força, que senti uma
comichão em meu corpo.

A recepcionista indicou a direção sem ao menos olhar para ele, que posicionou os galões ao
lado do filtro, pegando o vazio e substituindo pelo cheio. Seus músculos foram exaltados pelo
movimento.

— Onde devo guardar o outro?

A idiota finalmente largou o celular e olhou para ele, piscando várias vezes, gaguejando.

— Por... hum ... por aqui, por favor.

Um vinco se formou entre minhas sobrancelhas enquanto eu tentava entender o porquê da


garota resolver lhe dar a devida atenção repentinamente. Será que além de forte, o homem tinha
o rosto bonito? Eu não tinha a menor ideia, pois durante todo tempo o vi somente de perfil e não
me preocupei em analisar seu rosto, afinal, estava entretida demais em seus braços e na forma
como apertava o galão.
Contudo, quando retornou ao salão principal, praticamente parei de respirar. O homem era
realmente um deus grego! Sua pele escura contrastava com os olhos cor de mel envolto por longos
cílios e sobrancelhas espessas; tinha a cabeça raspada à máquina zero, com pequenas gotículas
de suor. Seu nariz era fino, seus lábios grossos e convidativos e seus dentes perfeitos eram brancos
como a neve.

Ele levou a mão ao bolso traseiro da calça que caía perfeitamente em seu corpo, ressaltando
sua bunda redonda a qual tive vontade de apertar, e tirou alguns papéis, entregando-os à
recepcionista. Ela molhou os lábios com a língua enquanto os pegava com um sorriso oferecido.

Sério?

— Gostaria de um pouco d’água? — A garota ofereceu.

Não ouvi a resposta do rapaz, mas tudo indica que ele deve ter dito algo bem sacana, pelo
menos foi o que minha cabeça pervertida pensou, já que a menina corou até o último fio de
cabelo.

O homem seguiu até o filtro, tirou um copo de plástico do compartimento e inseriu para que
fosse preenchido com o líquido gelado. Em seguida, levou à boca no momento em que seus olhos
pousaram em mim. Ele parou o movimento no mesmo instante, mantendo o copo perto da boca,
molhando os lábios com a língua antes de movimentar o copo e sorver todo o líquido de uma vez.

Enquanto bebia, não tirou seus olhos dos meus. Eu também estava com a boca seca, mas
confesso que minha sede era outra. Eu não conseguia tirar os olhos daquele homem que tinha
acabado de inserir o copo no filtro mais uma vez, mantendo os olhos fixos em mim. Eu podia jurar
que ele exalava sexo ou seria eu a pervertida? A promíscua filha de uma puta?

— Ai! — gritei puxando a mão, quando a vaca da manicura me arrancou um bife.

— Desculpe — pediu sem graça.

Soprei o dedo e vi uma gota de sangue. Revirei os olhos, dando de ombros e oferecendo a
mão à menina mais uma vez. É claro que não tinha feito por mal, essas coisas acontecem.

Quando olhei à frente novamente o homem já estava de saída, carregando o galão vazio
como se fosse uma folha de papel.
A pergunta “como seria se fosse eu a ser carregada por ele” me veio à mente e balancei a
cabeça na tentativa de espantar esse pensamento ridículo de mim, afinal, quando poderia vê-lo de
novo? Quem sabe no próximo sábado? Minha mente insana respondeu e fiz uma careta. Era só o
que faltava!

Após sair do salão, dei uma passada no shopping a fim de comprar alguns livros. Minha pilha
de “livros para ler” estava escassa em relação a de “livros lidos”, e eu precisava dar um jeito
nisso. Saí da livraria feito criança que acabava de ganhar seus brinquedos de Natal. Por falar em
“brinquedos”, só eles me faziam mais feliz do que os livros.

Quando cheguei à minha casa, no bairro da Glória, já era noite, e após o ritual de verificar
cinco vezes se portas e janelas estavam perfeitamente trancadas, me dei ao luxo de deitar em
minha confortável cama e pegar o primeiro livro de minha nova aquisição para ler: Os 120 Dias
de Sodoma, do Marquês de Sade, mais conhecido como “Escola da Libertinagem”. Embora seja um
clássico, por incrível que pareça, ainda não tinha lido.

“O Duque media onze pés e cinco polegadas, membros de grande força e energia; muito vigor
nas articulações e muita elasticidade nos nervos... Acrescentai a isso um semblante másculo e altivo,
enormes olhos negros, lindas sobrancelhas castanho escuras, um nariz aquilino, belos dentes, uma
aparência de saúde e frescor, ombros largos, uma compleição robusta e ao mesmo tempo
perfeitamente delineada, lindos quadris, nádegas esplêndidas, as pernas mais bonitas do mundo, uma
índole vigorosa, a força de um cavalo e um membro de um autêntico jumento, surpreendentemente
peludo, dotado da faculdade de perder esperma tantas vezes quanto quisesse por dia, mesmo aos
cinquenta anos, sua idade à época, quase sempre em ereção, com oito polegadas exatas de
circunferência com doze de comprimento e tereis o retrato do Duque de Blangis como se o tivesse
desenhado pessoalmente.”

Enquanto terminava a leitura, enfiei a mão no balde à procura de mais pipoca, encontrando o
recipiente vazio. Minha boca estava seca e isso não tinha nenhuma relação com o sal.
Imediatamente a imagem do homem que vi mais cedo me veio à mente.

— A força de um cavalo e um membro de um autêntico jumento.

Sussurrei conforme havia lido segundos antes o trecho do Marquês, apertando o livro em
minhas mãos. Com certeza o entregador era bem dotado e eu daria qualquer coisa para que me
jogasse em seu ombro como fez com aquele maldito galão d’água.
Bocejei e me concentrei na leitura, pensando que as noites de sábado não haviam sido feitas
para ficar em casa lendo, e sim, para sair em busca de aventuras.

— Só mais um capítulo antes de sair — disse recostando na cama, afinal, o Marquês de Sade
e seu Duque, embora um tanto cruéis, eram realmente irresistíveis.
“ Eu nunca forço a minha vulgaridade.
Deixo-a buscar seus próprios meios de expressão”.
(Charles Bukowski)
FINQUEI meus pés na escada rolante do metrô, olhando à frente e me deparando com “O
homem”. Ele usava uma camiseta branca e em seu bíceps muito bem malhado, havia uma tatuagem
enorme. Um leão? Um tigre? Ou seria um dragão? Não sei dizer ao certo, eu tinha apenas alguns
segundos para analisá-lo por completo, afinal, ele estava do lado oposto, descendo para a
estação, enquanto eu subia para sair dela. Seu cabelo claro era na verdade um dread em forma
de coque no alto da cabeça; em seu rosto, a barba castanha cerrada. Ele carregava uma grande
bolsa de viagem cuja alça atravessava seu peitoral forte. Ele não me viu, estava entretido demais
em seu celular, provavelmente no WhatsApp.
Ocorre que eu o vi bem, até demais, eu diria! O suficiente para gostar da forma como tocou
no aparelho. Dedos firmes e longos, toque forte. Como seria esse toque se ele pudesse enfiar a
mão no meio das minhas pernas e...
Cheguei à saída, na Rua Voluntários da Pátria, no bairro de Botafogo. Balancei a cabeça
procurando focar no trânsito para atravessar a rua movimentada. À minha frente, uma infinidade
de bares e restaurantes. Aquele lugar havia se transformado em um verdadeiro polo gastronômico
cheio de gente bonita, mas não era esse o meu foco naquele momento.
Segui para a Estação Itaú de Cinema. Há muito tempo estava querendo assistir ao filme
Ninfomaníaca, de Lars Von Trier. Seria mais uma prova de que esse título não tinha nada a ver
comigo.
Eu assisti a esse filme? Tentei me lembrar, enquanto mantinha o olhar fixo no lugar incrivelmente
vazio, fato que me deixou bastante surpresa, afinal, era noite de sábado!
Segui em frente olhando os filmes em cartaz, até parar bruscamente, abrindo a boca surpresa.
Inacreditável! O rapazinho da Xerox? Aqui? Mal terminei de pensar, ele virou-se em minha direção,
não parecendo se abalar nem um pouco com a minha presença.
— Bianca! Como vai?
Ele falou comigo? Chamou-me pelo nome? Eu estava realmente surpresa! Ele não costumava
falar absolutamente nada! Eu nem podia imaginar que soubesse o meu nome!
O rapazinho estava bonito, embora arrumadinho demais para quem vai ao cinema. Vestia uma
calça preta social e camisa de linho branca impecavelmente passada. Seu cheiro também era bom,
um perfume desses másculos o qual não consegui identificar.
Abri a boca para responder a saudação, mas travei. Qual era mesmo o seu nome? Para mim
seria sempre o rapazinho da Xerox.
— Eu vou bem e você? — respondi sem jeito, sem saber se estendia a mão para cumprimentá-
lo, optando por não fazê-lo.
— Um pouco confuso. Não sei que filme escolher — deu de ombros, olhando as opções à
frente. — O que vai assistir?
— Ninfomaníaca — respondi prontamente e ele balançou a cabeça.
— Hum... título interessante... — rebateu com seus olhos cravados nos meus e subitamente senti
meu rosto queimar. Merda!
Olhei o relógio em meu pulso despretensiosamente, como costumamos fazer nas situações em
que não sabemos como agir, e segui em direção à bilheteria, ensaiando um cumprimento qualquer.
— Boa tarde. Ninfomaníaca, próxima sessão, por favor — pedi.
Imediatamente o garoto se postou ao meu lado.
— Você está sozinha? Onde está seu namorado?
Precisei conter minha vontade de revirar os olhos. Ele realmente era o rapazinho da Xerox.
— Em algum lugar, procurando por mim. — Ele me encarou confuso. — Quem sabe um dia a
gente se encontra?
O rapazinho pareceu, finalmente, entender a piada e abriu um largo sorriso. Observei-o por
instantes. Ele podia ser o rapazinho da Xerox, mas era bonito pra caramba!
— Então seu namorado deve estar com a minha namorada — respondeu divertido, no
momento em que a senhora da bilheteria, uma mulher com cabelo encaracolado que mais parecia
um Miojo, e óculos maiores do que o círculo que havia no vidro que nos separava, virou a tela do
computador em minha direção para que eu escolhesse o assento.
Quando vou ao cinema sempre fico na última fileira. Para minha sorte, a sala estava
incrivelmente vazia, havia meia dúzia de lugares ocupados, em sua maioria, na frente. Quem
consegue ver um filme em uma tela tão grande sentando na frente? Escolhi alguma poltrona na
última fileira e ela me entregou o ingresso e meu troco.
Agradeci, e enquanto guardava o dinheiro na minha carteira da Betty Boop, escutei a voz.
— Ninfomaníaca próxima sessão. — O rapazinho pediu tal qual eu havia dito segundos antes.
Sem sorrir, a senhora pegou seu dinheiro e virou a tela para que ele escolhesse logo o seu
lugar. Aparentemente ela queria se livrar de nós.
— Ao lado dela — disse e o olhei surpresa. — Se não for nenhum incômodo pra você, é claro.
— Na, não, hum, nenhum — gaguejei.
De posse de nossos ingressos, seguimos em direção à sala, fazendo uma parada na livraria.
Ficamos um tempo ali e, quando dei por mim, já estávamos na sala de cinema com nossas pipocas e
refrigerantes. Assim como na tela da senhora “Miojo”, a sala estava vazia, havia apenas meia
dúzia de pessoas que ocupavam o início das fileiras. Eu e o rapazinho da Xerox éramos os únicos
sentados atrás.
O filme começou e logo a atriz principal e o antagonista encenavam um belo diálogo sobre
sexo. Até aí, nada de extraordinário. Pensei. O fato é que realmente não havia nada de mais, digo,
visualmente falando. Havia algumas cenas eróticas, mas o filme era mais psicológico. A questão é
que era muito psicológico. Eu ouvia os relatos da personagem, suas histórias e, quando dei por mim,
a pipoca e o refrigerante haviam acabado e eu estava ali, com a boca seca, tentando molhar os
lábios com a língua.
Sim, eu estava excitada.
Olhei para o lado e o flagrei me encarando deliberadamente.
— Com tesão Bianca?
— Você está? — rebati, arqueando a sobrancelha.
O rapazinho da Xerox nada respondeu, apenas segurou firme minha mão e a posicionou em
sua ereção. Abri a boca chocada, e mais enlouquecida ainda. O homem estava duro! Muito duro.
— Isso responde sua pergunta?
Abri a boca para responder, mas o som não saiu.
— E você? Está molhada?
Sem esperar por minha resposta, de forma rude, enfiou a mão por baixo da minha saia, por
dentro da minha calcinha e me tocou. Céus! Ele parecia ter ligado um interruptor, porque
imediatamente tudo se acendeu em mim.
— Encharcada Bianca! Completamente encharcada!
Com a outra mão, segurou minha mandíbula com força e me beijou. O rapazinho da Xerox,
quem diria me beijou! E seu beijo era algo totalmente perturbador. Enquanto me engolia, ele me
tocava, fazendo a pressão certa no lugar exato. Eu iria enlouquecer!
Sem aviso, abri seu cinto e sua calça, tocando-o por cima da cueca.
— Você pode fazer melhor do que isso, Bianca! — desafiou-me.
Que filho da puta! Pensei.
— Sim, eu posso fazer muito melhor do que isso!
Abaixei a cabeça e o coloquei inteiro em minha boca. O rapazinho parecia cumprir a regra:
homens altos têm pau grande. Sim, ele era grande, e muito, muito saboroso.
Eu fiquei ali por um bom tempo, enquanto sua mão grande segurou meu cabelo, apertando-me
e movimentando minha cabeça, ditando um ritmo. O impressionante era que fazia a pressão certa,
e me guiava com maestria, não como aqueles homens que parecem que querem te sufocar com o
pau deles. Não o rapazinho da Xerox! Esse mostrou a que veio, e mostrou que não é só de Xerox
que vive o homem.
De repente, me tirou dali e começou a se masturbar. Recostei-me na poltrona e levantei um
pouco a perna para afastar a calcinha para o lado a fim de ter acesso livre ao meu sexo. Ele, no
entanto, não esperou e enfiou seu dedo em mim, quase me levando à insanidade. Estávamos em um
cinema, e por incrível que parecesse eu nunca tinha feito nada parecido com aquilo antes. Ainda
bem que não estávamos na época do “lanterninha”.
Eu estava quase no ponto quando o rapazinho da Xerox parou; tanto de me tocar, quanto com
sua incrível e excitante punheta.
— Monta! — ordenou e arregalei os olhos, olhando em volta rapidamente. — Monta em mim
Bianca! Eu sei que é isso que você quer!
Ele tinha razão, era exatamente isso que eu queria, embora trabalhássemos juntos e eu não
soubesse a dimensão que aquilo poderia tomar. Ainda que estivéssemos em uma sala de cinema
praticamente vazia e escura, mas com pessoas ao redor. Eu queria e dane-se tudo aquilo! Eu só
precisava me aliviar.
Sem pensar duas vezes, afastei mais ainda a calcinha para o lado e senti sua mão na minha,
puxando o tecido com violência, transformando-o em um pequeno farrapo. Ele levou ao rosto,
inalando profundamente.
— Cheiro de fêmea! Monta caralho! Aqui!
Fiquei enlouquecida e com um movimento rápido, sentei em seu colo, de frente para ele e de
costas para a tela. Seria a Ninfomaníaca contra a Promíscua.
Enterrei-me em seu pau e a sensação que senti foi inexplicável, foi como se eu levasse um
choque elétrico que reverberasse por todo o meu corpo. Lentamente, saí um pouco, para então
voltar a me enterrar nele e sentir toda aquela eletricidade de novo. E assim, ditamos um ritmo, ora
entrando, ora saindo, acelerando cada vez mais.
Senti suas mãos em minha pele e seus dedos apertaram minha carne, me deixando com a
nítida sensação de que eu ficaria com marcas ali. Quem ligava para isso?
My name is Joe. I’m nymphomaniac.
“Meu nome é Joe. Eu sou ninfomaníaca”, a personagem disse enquanto eu me enterrava mais
fundo nele. O rapazinho da Xerox enfiou a mão por dentro da minha blusa, levantando-a e tendo
acesso direto aos meus peitos, cobertos pelo sutiã. Sem nenhum pudor, puxou a renda para baixo,
revelando minha nudez, levando um seio à boca. Seus dentes cravaram no meu mamilo com força e
o choque elétrico foi a 220 mil volts. Eu gozei e ele veio logo atrás. Não sei se estava me
esperando, talvez isso fosse romântico demais, mas ele era o rapazinho da Xerox, enfim.
Estávamos ofegantes quando um pensamento me atingiu como um raio: Não usamos camisinha!
Eu sempre uso preservativo! Sempre! Jamais me perdoaria se perdesse uma trepada por falta
de camisinha, então eu tinha várias espalhadas por minhas bolsas, caso a outra parte não tivesse.
Então por que tínhamos feito aquilo sem proteção?
Olhei-o assustada, tentando sair dali imediatamente, mas ele me puxava, mantendo-me ali,
olhos fixos no meu, como se lesse meus pensamentos e estivesse se fodendo para toda aquela
merda!
Ouvi um barulho muito alto que talvez viesse do filme, um barulho ensurdecedor em meu
ouvido, enquanto eu tentava sair de cima dele, sem sucesso. Ele me prendia ali e parecia se divertir
com aquilo.
Triiiiim! Acordei sobressaltada enquanto o celular berrava ao meu lado. Desferi-lhe um tapa,
jogando-o longe, sentando-me na cama, assustada.
Foi um sonho. Um maldito e delicioso sonho! Pensei afastando o cabelo da testa encharcada de
suor.
— O rapazinho da Xerox! Cristo!
Olhei para baixo, para a camisola grudada em meu corpo. Eu estava sem calcinha e
totalmente molhada – e ali não era suor! Eu tinha tido um orgasmo dormindo e incrivelmente ainda
não me sentia satisfeita. Precisava de mais!
Balancei a cabeça, levantando para pegar o telefone no chão. Por sorte, não houve estrago.
Santa película de vidro! Pensei, antes de fazer uma careta ao olhar a chamada perdida: minha
mãe. Coloquei o aparelho no silencioso, eu não estava com paciência naquele momento para ouvir
suas ladainhas. Na verdade, outra vontade crescia absurdamente dentro de mim.
Deixei meu corpo cair na cama e desferi tapas em meu sexo, acendendo-o e me tocando mais
uma vez. Meu indicador penetrou em minha entrada, tal qual havia feito o rapazinho. Acelerei os
movimentos, mas demorou até que eu atingisse o clímax mais uma vez.
— Mais! Quero mais!
Ainda não estava satisfeita. Levantei e segui ao baú a fim de pegar algum “brinquedo”. Olhei
a variedade disponível e abri um largo sorriso ao ver a pequena borboleta vermelha.
― Vibrador Butterfly! Por que não? ― abri um largo sorriso, pegando o pequeno, porém
potente objeto.
Mais uma vez, deitada na cama, encaixei as pernas nas tiras, ajustando-as e posicionando o
brinquedo em meu sexo, encaixando as partes perfeitamente em meu clitóris e na vulva.
Imediatamente fui invadida por um misto de sensações: ansiedade, excitação, euforia. Peguei o
controle remoto e rocei o dedo no botão por segundos sem acioná-lo, como quem desejasse
prolongar a sensação da espera.
Expectativa.
Molhei os lábios e prendi o inferior nos dentes, mordendo com força, acariciando minha coxa, e
imediatamente o rapazinho da Xerox invadiu meus pensamentos. Apertei minha carne como ele
havia feito no sonho e meu dedo passeou pelos botões do controle mais uma vez, fazendo com que
eu abrisse a boca num gemido silencioso. Sede. Eu estava com sede de sexo e esse pensamento me
levou à imagem do entregador da água.
Céus! Pressionei o botão e imediatamente a borboleta começou a vibrar em meu sexo, fazendo
com que eu desse um gritinho e suspirasse de prazer. Imaginei aquele homem alto e forte
arrancando as tiras de minhas coxas e me invadindo com sua língua, enquanto o rapazinho da
Xerox enfiava seu pau na minha boca. Eu estava muito excitada e não demoraria para que eu
chegasse ao clímax que fatalmente seria violento.
Aumentei a velocidade e senti meu clitóris ser bombardeado pelo “brinquedo”, enquanto eu
levava a mão aos seios, apertando os mamilos intumescidos. Minha vontade era de chupá-los! Levei
o indicador à boca chupando com força, mas em minha mente era o pau do rapazinho que estava
ali, e juro que podia sentir o gosto de sua excitação que certamente seria proporcionada por mim.
Levei o dedo molhado aos bicos endurecidos e os apertei com força até doer, aumentando a
velocidade mais uma vez, elevando ao máximo, contudo, ainda não foi suficiente. Por mais excitada
que eu estivesse, o orgasmo não chegava.
O que estava acontecendo? Eu ansiava por aquilo, e em uma fúria desenfreada, soltei o
controle remoto e comecei a movimentar o brinquedo com a mão. Imagens invadiram minha mente...
O rapazinho da Xerox me mantinha em seu colo enquanto me fodia de forma primitiva, até
que o entregador forte enfiava seu pau grande e grosso na minha bunda, “um membro de um
autêntico jumento”, conforme Sade descrevera.
Duplamente penetrada! As sensações eram vivas e pude jurar que um deles mordeu com força
meu mamilo endurecido, enquanto eu movimentava o vibrador freneticamente em meu sexo.
Subitamente senti uma dor aguda, mas não parei, pelo contrário! Afinal, Sade nos mostrou que
dor e prazer caminham juntos. Acelerei os movimentos enquanto aplicava mais força nos dedos que
envolviam meus seios, até que senti o líquido quente escorrer por minha coxa.
Qual deles gozou em mim? Pensei divertida enquanto me dava conta de que, apesar de tudo,
eu ainda estava longe de me aliviar.
A mão que estava em meu seio seguiu à coxa, lambuzando-se do prazer de quem quer que
tenha conseguido se saciar, e levei à boca, dando um grito e um pulo ao sentir o gosto metálico em
minha língua.
Sentada, olhei para baixo me deparando com o lençol vermelho. Sangue? Pensei ligeiramente
assustada. O que era aquilo? Então aquela sensação voltou e a dor aguda se fez presente mais
uma vez. Apavorada, corri para o banheiro deixando pingos vermelhos pelo caminho. Sentada no
vaso sanitário e com a ajuda de um espelho, constatei um pequeno corte nos lábios, provavelmente
devido à força aplicada.
― Maldita borboleta traiçoeira! ― sussurrei frustrada à procura de algum remédio que
pudesse resolver aquele problema.
Dor e prazer... Eu ainda estava longe de atingir o último.
“Todo prazer é erótico”.
(Sigmund Freud).
PERDI um tempão no banheiro na tentativa de controlar aquele imprevisto insuportável! Após
todos os cuidados que envolveram antisséptico (que, diga-se de passagem, ardeu pra caramba!) e
a aplicação de uma pomada ginecológica, resolvi que deveria tomar banho. Quem sabe não
conseguiria me aliviar ali?
Antes, porém, retornei ao quarto me deparando com o lençol manchado. Fiz uma careta,
afinal, precisaria ser trocado.
― Saco! ― reclamei enquanto o puxava violentamente da cama, ouvindo o barulho quando
minha pequena e traiçoeira borboleta caiu no chão. Corri para pegá-la.
― Você nunca me machucou antes! ― disse levando tudo para o banheiro.
Embaixo do chuveiro, lavei minuciosamente o brinquedo à prova d’água, cogitando a ideia de
usá-lo mais uma vez. Será que eu deveria? Droga! Por que fui me ferir logo ali?
― Um metro e sessenta de corpo e vou me machucar justo na porra da boceta, caralho?! ―
amaldiçoei minha total falta de sorte, enquanto lavava o brinquedo, pensando que um dedo talvez
não fizesse mal algum.
Com cuidado, sentei no pequeno box deixando que água quente caísse por meu corpo. Senti
uma pequena ardência no local ferido, mas isso não foi suficiente para me desviar do meu
objetivo. Inseri o primeiro dedo e comecei a fazer movimentos delicados, procurando me enturmar.
Logo estava inserindo outro e mais um. Nada! Nenhuma sensação. Que merda era aquela?
Certamente seria o fato de eu estar machucada. Era isso, claro! Por mais que o corte fosse irrisório
e eu não estivesse nem um pouco preocupada com aquilo naquele momento. Às vezes chegava
perto de gozar e então... nada! Vazio total.
Não sei precisar por quanto tempo fiquei naquele chuveiro, mas foi o suficiente para deixar
meus dedos enrugados e não devido ao esforço em me tocar.
Mais uma vez frustrada, me enrolei na toalha e entrei no quarto, pegando o celular. Um vinco
profundo se instalou entre minhas sobrancelhas ao olhar o visor e ver sete chamadas da minha
mãe. Toquei a tecla de discagem e logo sua voz afobada invadiu meu ouvido.
― Onde você estava Bianca?
― Aconteceu alguma coisa? ― Foi minha resposta.
― Como assim?
Revirei os olhos, eu já devia imaginar.
― Você me ligou sete vezes!
― Se você tivesse atendido na primeira eu não teria ligados as outras seis.
Fechei os olhos por segundos, amaldiçoando minha situação. Que dia!
― Eu estava dormindo!
― Onze horas da manhã?
― Hoje é domingo! ― rebati e ela soltou um longo suspiro do outro lado da linha.
― Tudo bem, você está certa. Você ficará em casa hoje à tarde? Posso lhe fazer uma visita?
Pisquei. Por que Donatella Voltolini queria ir à minha casa num domingo qualquer?
― Tenho compromisso ― respondi mais ríspida do que pretendia. Merda! ― Aconteceu alguma
coisa? ― tentei consertar, mas ela desconversou.
― Não... nada de mais... ― Eu conhecia muito bem aquele tom e não gostava nada dele.
Franzi o cenho sabendo que viria chumbo grosso.
― O que houve Donatella? ― soei mais ríspida ainda e desta vez foi muito proposital.
― Preciso de quinhentos reais emprestado.
― O quê? ― gritei.
Então ela desandou a falar. Disse que devido à crise do país, perdeu o emprego que tinha de
garçonete na lanchonete, e a grana que Júlio, o traste do seu amante, estava ganhando na obra
não estava sendo suficiente.
― Prometo que vou lhe pagar.
Fiz um muxoxo.
― Você já me deve uma grana!
Silêncio.
― Deixa! Eu me viro!
Fui obrigada a revirar os olhos. É claro que eu sabia como iria se virar!
Donatella Voltilini era minha mãe, mas não valia porra nenhuma! Promíscua como eu, se
envolveu com vários homens até que um “acidente” acabou acontecendo, acidente este, que ela
batizou com o nome “Bianca”.
Por mais que tivesse tentado interromper a gravidez indesejada, sobrevivi. Sempre fui forte e
obstinada, ainda que fosse um caroço de feijão em um ambiente inóspito. O fato é que nem
grávida ela teve jeito! Minha mãe sempre foi viciada em jogos, bebidas e todo o tipo de
substâncias entorpecentes. Seu descontrole era tanto que acabou perdendo muito dinheiro (inclusive
o que não tinha) em apostas idiotas.
― A quem você está devendo? ― perguntei ainda com os olhos fechados e ela tentou
desconversar. ― Se vai me pedir dinheiro emprestado, quero saber a quem você está devendo. ―
Assumi um tom duro e após instantes de silêncio, ouvi um longo suspiro.
― Você não conhece.
― Algum agiota?
― Que isso Bianca! Me respeite! Sou sua mãe!
Fechei os olhos com força. Ali estava minha resposta. Balancei a cabeça, tirando a toalha do
corpo e caminhando nua pela casa.
― Será que você não vai tomar jeito nunca Donatella? ― Cruzei a sala sem me preocupar com
a janela aberta e segui à cozinha. Eu precisava urgentemente de um café bem forte! ― Um dia
receberei um telefonema de alguém informando que você amanheceu com a boca cheia de
formiga!
― Credo Bianca! É isso que você deseja para sua mãe?
― Não! Mas parece que é isso que você deseja para si mesma! ― rebati tal qual uma mãe
fala com o filho problemático. Era comum os papéis se inverterem quando conversávamos.
― Isso é jeito de falar comigo?!
― Você sabe que merece! ― cuspi abrindo a geladeira para pegar o pó de café. Despejei a
quantidade desejada na cafeteira antes de ligá-la. Donatella não pronunciou uma palavra e eu
sabia que as minhas tinham sido jogadas ao vento.
Mais uma vez.
― Não tenho dinheiro aqui comigo, mas posso deixar um envelope amanhã cedo para você
aqui na portaria ― disse com lágrimas nos olhos. Eu sabia que se não emprestasse, de certo se
meteria em mais confusões.
― Obrigada minha filha! Fique tranquila que lhe pagarei cada centavo!
― Sei... ― respondi nada convincente.
Após um tempo de papo furado, desliguei. Balancei a cabeça com raiva! Como era possível
ela não conseguir se controlar? Desde sua promiscuidade, ao seu vício em jogos, bebidas e
certamente em drogas ilícitas.
Após verificar se realmente tinha desligado a cafeteira, servi mais uma dose de café e
caminhei de volta ao quarto. Precisaria passar no banco e retirar a grana da poupança, pois não
tinha aquela quantia disponível na conta corrente. Sorvi um longo gole e olhei à frente
despretensiosamente. Foi quando o vi.
O homem que estava na janela fumando abriu a boca sedenta, certamente apreciando a
mulher nua em pelo, com o cabelo molhado segurando uma caneca cuja alça tinha o formato de
pênis. Ele molhou os lábios com a língua, antes de levar o cigarro à boca mais uma vez e dar uma
longa tragada sem tirar os olhos de mim. Ele parecia gostar do que via e eu estava adorando ser
o espetáculo.
Lentamente, girei a caneca revelando a alça ao meu mais novo admirador. Ele soltou a fumaça
lentamente e um sorriso sacana se formou em seu rosto. Nossas janelas eram tão próximas, que se
ele falasse qualquer coisa um pouco mais alto eu seria capaz de ouvir.
Mordi o lábio, gostando da brincadeira. Eu não tinha a menor ideia de quem ele
era, só sabia que morava no prédio ao lado. Sinceramente, não estava nem um pouco interessada
em saber mais que isso. O que eu desejava era que o bonitão me proporcionasse aquilo por que
ansiava desde o primeiro minuto em que acordei.
Prazer.
Sim, ele era bonitão. Cabelo claro e longo, barba cheia o suficiente para ser sexy e olhos
penetrantes. Estava sem camisa e seus braços eram tatuados e fortes ao ponto de carregar os
galões de água daquele maldito entregador e a mim.
Ao mesmo tempo.
Bebi o restante do café e girei a caneca, levando a alça à boca, chupando vagarosamente
enquanto cravava meus olhos nele. O homem me olhava seriamente, o cigarro queimando entre os
dedos. Levei o indicador ao meu sexo e o penetrei, ignorando a pequena dor que senti devido ao
machucado recente, enquanto chupava a alça imaginando que fosse seu pau.
Após minutos de espetáculo, tateei meu corpo, acariciando-o, tocando meus seios, beliscando os
mamilos. Propositalmente, deixei a saliva cair em minha pele, traçando uma linha fina com o pau
estilizado da caneca que desceu por meu pescoço, roçou os mamilos intumescidos, seguindo pela
barriga até chegar ao meu pulsante sexo. Sem pudor, penetrei o pau improvisado, gemendo de
prazer. Ser observada por aquele homem que me olhava como um falcão estava me deixando
muito excitada.
Acelerei os movimentos sem me preocupar com o machucado que ainda tentava me sabotar.
Belisquei o mamilo com força, mesmo tendo consciência de que poderia ficar roxo. Dane-se! Dor e
prazer... naquele momento eu teria os dois, não poderia permitir me entregar a algo diferente
daquilo que estava sentindo.
Eu ainda encarava o desconhecido, que não piscava. Enlouquecidamente levei a mão à nuca,
apertando, levantando o cabelo, puxando-o com força como se estivesse sendo comida de quatro
por um homem de verdade. Aquele parecia ser um homem de verdade e eu realmente gostaria
que estivesse metendo em mim.
Sua língua passeou pelos lábios lentamente enquanto me observava sedento, e subitamente
senti os tremores em meu corpo. Finalmente! Permiti-me a entrega de um orgasmo fulminante e
precisei apoiar na parede para me sustentar.
Eu respirava aceleradamente enquanto tirava a alça do meu sexo e levava à boca, sentindo o
gosto de minha própria excitação. Meu vizinho não se movia, nem piscava. Com um sorriso safado,
segui à janela, estendendo a caneca em sua direção tal qual um brinde.
― Obrigada ― agradeci sem produzir nenhum som, antes de fechar a cortina e seguir para o
banheiro, satisfeita.
Dor e prazer. Finalmente eu tinha conseguido!
“A primeira lei
que a natureza me impõe é gozar à custa seja de quem for”.
(Marquês de Sade)
ERAM dez da noite quando saí de casa. Eu vestia um vestido curto preto brilhante com fecho-
éclair frontal e bota verde na altura do joelho. O certo seria compor o visual com uma bela meia-
calça, mas não queria que nada me atrapalhasse. Não naquela noite. Meu cabelo estava solto,
caído nos ombros de forma desconectada, os olhos carregados num visual dark e em meus lábios
carnudos, o batom nude. Eu carregava uma clutch verde com uma fina alça dourada.
Passei no caixa 24 horas para sacar o dinheiro para Donatella. Franzi o cenho enquanto
digitava a quantia desejada pensando como ela conseguia viver daquele jeito, sem nenhum
controle do que fazia. Desde que me entendo por gente, sempre precisei controlar suas coisas,
desde a grana que gastava aos homens com quem fodia, passando pela quantidade de bilhetes
em que apostava e a de bebidas que ingeria.
Ocorre que não tenho filhos, nunca quis ter, e viver tendo que tomar conta dela como se fosse
uma criança problemática simplesmente me encheu a porra do saco. Quando se juntou com o traste
a quem chama de macho, foi a deixa para eu fazer aquilo por que tanto ansiava: dar o fora!
Acessei o aplicativo do Uber e solicitei um carro. Não demorou muito, um Honda Civic preto se
aproximou. A porta abriu e um homem vestido num terno escuro, com a idade suficiente para ser
meu pai surgiu à minha frente.
― Bianca?
― S-sim... ― gaguejei.
Ele tinha idade para ser meu pai, mas foda-se, achei sexy!
― A temperatura está boa? ― Quis saber, já dentro do veículo e aquiesci. Porém, embora
estivesse realmente agradável, eu sentia um calor que vinha de dentro de mim.
O homem acessou a rota em seu celular e logo começou a dirigir. Ao som, jazz. Além de sexy, o
filho da puta tinha bom gosto.
― Deseja ouvir outra coisa, senhorita? ― perguntou me olhando pelo retrovisor.
O que desejo mesmo é ser fodida agora por você!
Molhei os lábios e recostei-me no banco, analisando o ambiente. O carro era espaçoso o
suficiente para fazer algumas graças ali dentro.
― Jazz é gostoso. ― olhei-o fixamente pelo retrovisor, mordendo o lábio antes de concluir. ―
E sexy.
Imediatamente o homem desviou o olhar e continuei analisando o ambiente, tentando conter a
vontade que crescia em mim.
― Fico feliz que goste ― disse finalmente, me olhando profundamente. Sorri.
Ele fez uma curva fechada à esquerda, entrando em uma rua arborizada e escura. Senti
vontade de pedir que parasse o carro e me levasse para o banco da frente, para seu colo.
Controle-se Bianca Voltolini! Eu sabia que aquela ânsia não duraria muito, eu estava prestes a
entrar no paraíso e me divertir.
― Deseja um pouco d’água?
― Por favor.
O homem levou a mão à frente para pegar a bebida e me estendeu, atento ao trânsito à
frente. Peguei o copo e nossos dedos se tocaram, fazendo com que uma descarga elétrica
invadisse minha mão e parasse em meu pulsante sexo mais rápido que a velocidade da luz.
Agradeci, roçando minhas unhas bem feitas em sua palma. Seu corpo se retesou e senti vontade de
rir. Sim, era uma ninfetinha promíscua, vagabunda dando em cima do coroa, e ele tentando se
esquivar. Fala sério!
O líquido gelado escorreu por minha garganta, mas não foi capaz de apagar o incêndio que
se formava em mim. Olhei à frente, para o homem tão bem vestido e cheiroso. Ele estava
compenetrado no trânsito e não parecia muito disposto a me dar o que eu queria. Babaca! Não vai
ganhar cinco estrelinhas na avaliação! Pensei ligeiramente irritada.
Cogitei a possibilidade de me tocar, quando a voz mecanizada do GPS ecoou pelo carro: você
chegou ao seu destino. O homem parou e desatou seu cinto. Em silêncio, devolvi o copo sem fazer
qualquer tipo de gracinha. Ele deu a volta e abriu a porta para mim, estendendo a mão para me
ajudar a sair, como um perfeito cavalheiro deve ser.
― Obrigada.
― Divirta-se! ― Foi sua resposta.
Arqueei a sobrancelha.
― Esteja certo de que me divertirei ― respondi petulante e antes que eu pudesse sair, ele
levou a mão ao bolso do paletó.
― Caso não haja nenhum carro disponível e você precise de um para ir embora do Casarão,
me liga ― disse me oferecendo o cartão de visita.
Hum... agora sim merece cinco estrelinhas!
Molhei os lábios, olhando o cartão em minha mão.
― Carlos ― sussurrei de forma sexy. ― Pode deixar que ligarei caso precise dos seus serviços
― concluí com uma piscadinha, antes de seguir meu caminho.
Na calçada, olhei à frente, para o Casarão. Era um sobrado de cor escura e quase
imperceptível para quem passasse de carro por ali àquela hora da noite, não fosse pelo leão de
chácara na porta. Uma batida abafada vinha de dentro do lugar e, no terceiro e último andar,
luzes coloridas refletiam nos vidros das janelas.
Dirigi-me à entrada onde uma bela ruiva, alta e com grandes peitos marcados pelo decote do
macacão preto envernizado grudado ao corpo, me recebeu.
― Boa noite ― cumprimentou-me com seus olhos cor verde água.
― Boa noite ― retribuí abrindo minha clutch. Alguém realmente acredita que eu possa
carregar qualquer tipo de arma dentro desta coisa pequena?
A mulher abriu um largo sorriso ao ver a quantidade de preservativos ali dentro.
― Nunca se sabe... ― dei de ombros.
― Estou torcendo ― respondeu levando suas mãos ao meu corpo para fazer a revista. Seus
olhos de gato cravaram nos meus e juro que seria capaz de traçá-la ali mesmo.
― Divirta-se!
Sorri enquanto caminhava para dentro e logo a batida abafada se transformou num som
eletrizante. O lugar estava cheio e caminhei direto para o bar, solicitando uma dose de vodka com
Red Bull.
Apreciei a bebida, analisando o ambiente escuro e movimentado, e logo solicitei outra dose. E
mais uma. Então passei para a tequila.
Estava fervendo quando um homem parou ao meu lado e solicitou uma dose de uísque. Estava
escuro e não consegui enxergar seu rosto direito, mas vi que tinha braços fortes e isso me bastou.
― Noite agitada? ― perguntou antes de beber um gole de sua bebida.
― Você quem dirá.
Ele arqueou a sobrancelha no momento em que um feixe de luz iluminou seu rosto e pude ter
um vislumbre de como era. Parecia mais velho, não tanto como o motorista da Uber, mas aparentou
ser experiente. Um sorriso sacana se formou em seu rosto quando sua mão forte apertou minha
cintura.
― Gosto de mulheres que usam vestido.
― Gosto deles. O acesso fica mais fácil, bem diferente da calça jeans ― disse tocando o
tecido, apertando seu membro já duro. ― Mas nada que não possa ser resolvido.
Em poucos segundos, estávamos espremidos em alguma parede, bocas grudadas, arfantes, em
busca do prazer. Eu sentia a barba cerrada do desconhecido em minha pele e o desgraçado
beijava bem.
Ele apertou minha coxa, subindo meu vestido, me tocando por cima do tecido da lingerie.
― Sua calcinha está molhada ― sussurrou de forma sexy.
― Imagine dentro dela ― rebati excitada e ansiosa para ser tocada de verdade.
Ele pareceu entender o recado. Colocou dois dedos em mim, arrancando um gemido meu.
― Que boceta deliciosa, melada e gostosa!
Hum... Então ele era daqueles que gostavam de falar sacanagem enquanto trepavam? Isso
poderia ser interessante, mas naquele momento eu não tinha tempo, precisava urgentemente ser
fodida. Rapidamente, abri seu zíper e puxei seu pau para fora, interrompendo o beijo insano
somente para abrir a pequena bolsa e pegar o primeiro preservativo.
Levei a embalagem à boca, rasgando-a com os dentes e o homem sorriu.
― Prevenida, você.
Não respondi, apenas rolei por seu delicioso comprimento, mordendo o seu queixo.
― Me fode, porra!
Ele grunhiu, retribuindo minha mordida com outra bem forte, enquanto levava meus braços
acima da cabeça, prendendo-os, no momento em que me penetrou rudemente. Uma, duas, três...
Dez vezes estocou em mim com força, como se pudesse me partir ao meio. Olhei à frente e luzes
coloridas refletiam por todos os lados enquanto a batida eletrizante da música penetrava meus
ouvidos.
O homem ainda me fodia, abrindo o zíper do meu vestido para ter acesso aos meus seios.
Abaixando a renda do sutiã, apertou um mamilo antes de levá-lo à boca, mordendo-o e soprando
em seguida, enquanto fazia pressão em meus pulsos, apertando-os e mantendo-os acima da
cabeça. Céus! O cara era bom!
Mordi o lábio, sentindo que estava perto. O estranho envolveu meu seio, apertando-o em sua
mão, mordendo meu queixo, me penetrando com força. Senti como se estivesse sendo partida ao
meio quando a força do orgasmo me invadiu. Ele soltou minhas mãos e segurei sua camisa,
apertando-o e puxando-o em minha direção. Sua outra mão segurou meu outro seio, apertando
com força.
― Que tesão, caralho! Eu vou gozar...
Ah que romântico! Ele avisa! Pensei, enquanto o senti tremer em mim.
Afastei-me, fechando o vestido, enquanto ele tirava o preservativo. Puxei a calcinha para o
lugar e lancei-lhe um sorriso satisfeito.
― Foi um prazer ― comentei petulante.
― Talvez podemos...
― Não. Não podemos. ― Fiz questão de dar meus cumprimentos, antes de sair sem olhar para
trás.
Entrei no primeiro banheiro que vi e encontrei duas mulheres se atracando. O barulho da
música fez com que se afastassem. Elas pareciam um tanto alteradas.
― Não se preocupem comigo, garotas. Acabei de traçar um homem aqui ao lado ― respondi
com uma piscadinha e elas sorriram.
Abri a torneira e lavei as mãos, ouvindo o som dos gemidos pelo ambiente. Molhei um pouco as
bochechas na tentativa de melhorar o calor que sentia, em vão. Observei as duas mulheres através
do espelho e senti o calor se espalhar por todo o meu corpo. Meu sangue ferveu, eu estava
excitada mais uma vez. Elas eram lindas e era tão bonito ver a delicadeza de mãos e línguas numa
dança simétrica e perfeita. Corpos iguais e unidos de forma mágica e tentadora.
Elas se beijavam harmonicamente quando uma delas me olhou profundamente, sorrindo,
arrastando a outra para dentro da cabine. Elas eram tão femininas e graciosas, lindas de
verdade, juro que senti vontade de participar daquilo tudo.
A morena sentou-se no vaso sanitário com as pernas para o alto, sua saia curta. Estava sem
calcinha e pude ver seu sexo molhado, enquanto a loira ajoelhava à sua frente, mergulhando nela
com vontade. A morena gemeu, mordeu o lábio e seus olhos cravaram em mim mais uma vez, como
um convite para que eu participasse da brincadeira. Sem pensar duas vezes, me juntei a elas. Sem
se mover, a loira me olhou no momento em que cheguei, abrindo um sorriso cúmplice e dando uma
piscadinha para mim.
Era isso: eu estava sendo aceita.
A cabine não era muito grande e foi preciso um pouco de habilidade para ficarmos as três ali.
Posicionei-me ao lado da morena, segurando seu rosto, apertando sua boca até formar um bico.
Sem aviso, beijei-a. Ela gemia em mim enquanto sua amiga a devorava lá em baixo. Abri as
pernas, amaldiçoando a mim mesma por ainda estar com a maldita calcinha. Num movimento
brusco, puxei-a, rasgando o tecido, descartando-o em algum canto. Sua mão rapidamente envolveu
meu sexo, penetrando dois dedos em mim. Seus sons ficaram mais altos e seus dentes cravaram em
meus lábios no momento em que a loira gemeu descontroladamente ao se saciar com o gozo que
lhe invadia a boca.
A morena ainda tentava recuperar o fôlego, quando a loira levantou e me beijou. Senti o
gosto da excitação da outra que, sem aviso, invadiu meu sexo com a boca. Alguém apertou meus
seios e em pouco tempo, éramos uma confusão de beijos, mãos e línguas. A loira também estava de
saia e logo meus dedos trabalharam em seu sexo, tocando-a com vontade.
O som ficou mais alto quando a porta abriu, mas nem por isso interrompemos o que estávamos
fazendo ou sequer nos demos ao trabalho de fecharmos a cabine. Quem frequentava o Casarão
sabia que era plenamente possível se deparar com cenas como aquela. Não demorou para eu ser
invadida por mais um orgasmo, o segundo daquela noite, e o quarto do dia. Sim, eu contava.
― Agora preciso ser recompensada ― disse a loira de forma sexy.
― Aqui. ― A morena apontou o vaso fechado. ― Eu e nossa mais nova amiga vamos adorar
chupar essa boceta deliciosa que você tem. Não é? ― concluiu se dirigindo a mim.
Molhei os lábios no momento em que inseri um dedo na loira, levando a boca. Ela gemeu em
resposta.
Enquanto ela abria as pernas, olhei à frente e vi uma mulher masculinizada, encostada na pia,
se tocando. Lancei-lhe um sorriso perverso e uma piscadinha, enquanto, junto com a morena,
ajoelhava em frente à loira.
A morena lambeu os lábios, antes de passar a língua no sexo exposto da loira e resolvi me
juntar a ela. A mulher foi à loucura quando teve seu pequeno sexo dividido entre nós. Eu alternava
entre dedos e língua, e aquilo estava realmente me estimulando. Com a outra mão comecei a me
tocar, estava excitada demais. Não demorou muito para nossa loira querida chegar ao clímax.
― Sensacional! ― sussurrou esgotada.
Desferi um tapa em seu sexo, puxando a morena em minha direção, beijando-lhe a boca, antes
de me levantar e levar dois dedos em mim. De forma sexy, levei-os à boca de cada uma delas,
oferecendo o gosto de minha própria excitação. Eram os meus cumprimentos. Eu estava
deliberadamente dando o fora, quando percebi a intrusa que ainda estava lá desesperada para
ser tocada.
Segui em sua direção e trepamos ali aos olhos das outras mulheres. Puxei o zíper para fechar
o vestido enquanto caminhava para a porta, no momento em que ouvi uma delas.
― Podemos nos ver mais vezes.
Arqueei a sobrancelha, olhando minhas ex-amigas, cada uma delas.
― Não. Não podemos ― respondi grosseira e fui embora sem olhar para trás.
“O sexo faz parte da natureza.
Eu só sigo a natureza”.
(Marilyn Monroe)
SEGUI ao bar mais uma vez, para mais uma boa dose de tequila. O som era psicodélico, a
batida eletrizante, mas não estava interessada em dançar. Corri os olhos pelo ambiente escuro e
lotado, apenas os flashes das luzes tornavam possível enxergar alguma coisa.
Terminei a dose e peguei outra, bebendo-a de uma vez, sentindo o líquido quente descer por
minha garganta.
― Sim, eu gostaria de um bom líquido quente... ― sussurrei sacana, olhando em volta.
Apertei os olhos e vi um homem sozinho com um copo de cerveja na mão, olhando à frente.
Larguei o meu em cima do balcão e segui em sua direção.
― Vamos trepar! ― mandei direta e reta. O homem me olhou surpreso. Ah! Qual é?!
― Você deve ser uma vagabunda!
― Qual é o problema? Não quero nada com você, além de uma trepada, de preferência
fantástica! Além do mais, tenho camisinha ― respondi rapidamente. Se há algo que eu detesto é
hipocrisia! Para que ficar de papo furado quando posso alcançar imediatamente o que desejo?
O homem me olhou por instantes sem nada dizer. Na verdade, me olhou tempo demais.
― Ah foda-se! ― ralhei.
Aquele idiota estava me irritando e procurei sair dali o quanto antes, contudo senti um puxão
em meu braço. Sem nada dizer, o troglodita me arrastou pela boate, apertando firme meu braço
até doer. O pânico se instalou em minha mente quando pensei que pudesse estar correndo perigo.
O que ele poderia fazer? Para onde me levaria? Senti sua mão em minha nuca, puxando meu
cabelo com força, movimentando minha cabeça para baixo, obrigando-me a olhar para ele no
momento exato em que um feixe de luz iluminou seu rosto.
Puta merda! Foi a primeira coisa que passou por minha cabeça ao ver o homem a minha
frente. Ele era ligeiramente assustador.
― Quer dizer que a putinha só deseja uma trepada fantástica, não é?
A voz em meu ouvido me deixou imediatamente excitada. Ele me apertava com força e sua
língua invadiu minha orelha.
― Responde sua filha da puta!
O misto de pânico e excitação me deixou momentaneamente confusa, mas o estranho introduziu
dois dedos em mim acabando de uma vez por todas com qualquer dúvida que eu pudesse ter.
Senti meu corpo ser projetado para frente e bater violentamente contra algo duro e frio. Mãos
subiram por minha coxa, levantando meu vestido, tocando minha carne.
― Tão puta que já veio preparada, não é sua cachorra? ― rosnou em minha orelha quando
constatou que eu estava sem calcinha. ― Pelo jeito você não vale porra nenhuma, mas é gostosa
pra caralho!
Céus! Eu ia enlouquecer! Senti seu pau duro na minha bunda, roçando minha carne, enquanto
seus dedos trabalhavam freneticamente em meu clitóris inchado. Mordi o lábio quando minhas
pernas ficaram ligeiramente bambas. Tentei me segurar em alguma coisa, sem nada encontrar.
Quando sentiu que meu orgasmo estava perto, o homem tirou seus dedos de mim.
― Cadê a porra da camisinha que você disse que tinha?
Eu estava excitada demais para raciocinar. Simplesmente estendi minha clutch para que ele
pegasse a infinidade delas que estavam ali e não demorou muito para seu pau duro, grande e
grosso me invadir.
O homem puxou meu cabelo mais uma vez enquanto investia pesado em mim, forçando minha
cabeça para baixo, me obrigando a encará-lo. Um sorriso sacana se formou em meu rosto e
quando ele lambeu minha testa. Aquela tão conhecida sensação me invadiu, me partindo em mil
pedaços, fazendo com que eu gozasse. Não demorou para que ele se perdesse também.
Num segundo, afastou-se. Abaixei o vestido, respirando aceleradamente, quando senti um
puxão em meu cabelo mais uma vez.
― Foi uma trepada fantástica, cachorra? Ou você ainda quer mais?
De fato, havia sido fantástica e certamente eu queria mais. Girei o corpo, encarando o
estranho à frente. Ele não parecia tão assustador quanto antes.
― Reconheço que foi fantástica, mas eu sempre quero mais. ― Ele arregalou os olhos, mas
antes que pudesse dizer qualquer coisa, concluí. ― A gente se esbarra por aí.
Segui para a escada em direção ao andar superior. O primeiro já tinha me fartado e eu
ansiava por novidades. Deparei-me com alguns casais que se atracavam ali e, mesmo na escuridão,
dava para ver mãos e línguas se movimentando freneticamente. Molhei os lábios ao ver uma
mulher ajoelhada pagando um belo boquete em um cara encostado na parede. Sua expressão era
de puro êxtase e desejei desesperadamente tomar o lugar dela.
Eu ainda estava estática, olhando a cena salivando por aquilo, quando ouvi a voz em meu
ouvido.
― Excitada?
Sem mesmo ver quem era, agarrei o homem pela camisa, encostando-o na parede, ao lado do
casal. Rápida e habilmente abri sua braguilha, pondo seu pau para fora, enquanto ajoelhava e o
enfiava inteiro em minha boca.
Se ele produziu sons primitivos, eu não saberia dizer, porque não dava para ouvir, tão pouco
não me dei o trabalho de olhar sua expressão. Não me interessava! A única coisa que realmente
importava era o prazer que eu estava buscando ao chupar aquele homem daquela maneira. Olhei
de esguelha para a mulher ao lado que acabava de terminar o serviço. Ela levava a mão à boca,
limpando o canto dos lábios, enquanto o homem fechava sua calça. Certamente não se conheciam,
como a maioria naquele lugar, apenas procuravam por uma única coisa: sexo.
A mulher olhou para mim e dei uma piscadinha, voltando a atenção para o homem à minha
frente, ou parte dele. Passei a língua por suas bolas, enquanto massageava sua extensão. Mais
uma vez enfiei tudo na boca, engolindo-o, quando o senti inchar. Eu sabia que estava perto, então
acelerei os movimentos, sugando, massageando, lambendo, para finalmente sentir o gozo quente
em minha boca, como eu tanto ansiava.
Engoli tudo com prazer e, como minha mais nova amiga, levei a mão à boca, limpando com o
dedo o canto dos lábios. O homem fechou a calça e foi embora sem maiores cumprimentos, e eu
não poderia me sentir mais agradecida por isso.
Olhei profundamente para a mulher a minha frente, abrindo lentamente o zíper do meu
vestido, amaldiçoando a mim mesma pelo sutiã. Onde eu estava com a cabeça quando resolvi usá-
lo aquela noite? Abaixei a renda, revelando o mamilo intumescido e ela salivou, aproximando e
abocanhando-o depressa, enfiando seu dedo em mim.
Não demorou para chegarmos ao ápice, cada uma a sua maneira, do seu jeito. E depois dela,
vieram outros e outras. O fato é que aquela noite havia sido realmente sensacional!
Eram três da manhã quando saí da boate com o saldo de mais de vinte trepadas. Infelizmente
não gozei em todas elas, mas me diverti como pude.
― Espero que seu estoque tenha acabado ― ouvi a voz rouca atrás de mim e abri um largo
sorriso ao me deparar com a bela ruiva, ainda maquiada. ― Você parece satisfeita.
― Eu nunca estou satisfeita. Sempre preciso de mais ― rebati e ela arqueou a sobrancelha.
― Insaciável?
Não respondi. Tirei o celular da pequena bolsa para acessar o aplicativo do Uber, quando
uma ideia melhor me invadiu. Afastei-me, a fim de ter um pouco de privacidade e peguei o cartão,
discando o número.
― Carlos ― ouvi a voz grave.
― Ainda acordado? ― Silêncio. ― Você está trabalhando? Pode vir me buscar?
― No Casarão? É claro. ― Foi sua resposta.
Hum... Interessante... Lembrou-se de mim...
― Chegarei dentro de quinze minutos.
Olhei em direção à ruiva, abrindo um largo sorriso.
― Não tenha pressa, estou esperando por você.
Desliguei e segui até a mulher exótica.
― Tenho quinze minutos.
Ela abriu um largo sorriso e caminhou até o leão de chácara. O homem me encarou por
segundos e o pensamento de que seria interessante se ele pudesse participar da brincadeira
passou por minha cabeça. Mas, acredito que alguém deveria ficar de guarda, afinal ainda havia
pessoas na casa e a ordem precisava ser garantida. Ele sussurrou algo no ouvido da ruiva e
beliscou seu seio. Imediatamente senti um aperto entre minhas coxas. Ele olhou para mim e deu uma
piscadinha, enquanto a ruiva se aproximava.
Quinze minutos depois, eu estava feliz e momentaneamente saciada, seguindo em direção ao
meu motorista particular que já estava a postos. Ele saiu do carro e abriu a porta para mim.
Agradeci com uma piscadinha.
Ele acelerou e me ofereceu um copo d’água, o qual aceitei.
― Eu gosto do seu carro.
Ele sorriu.
― É confortável.
― Mostre-me o quanto.
Ele me olhou pelo retrovisor e sustentei seu olhar. Em poucos segundos, estava montada em seu
colo, em uma rua escura com meus seios em sua boca. A essa altura, eu não tinha mais
preservativos e, sinceramente? Não me importava! Eu só queria prazer! Precisava senti-lo! Ansiava
por isso!
Estou dependente. Tal pensamento passou por minha cabeça, provavelmente devido à
quantidade de álcool ingerida naquela noite, mas não me permiti sentir apavorada. Certamente
este sentimento idiota se dissiparia.
Tinha certeza disso.
“O sexo é um acidente:
o que dele recebemos é momentâneo e casual; visamos a algo mais secreto e misterioso do qual
o sexo é apenas um sinal, um símbolo”.
(Cesare Pavese)
OUVI o som irritante mais uma vez em meus ouvidos. Cuco! Cuco! Cuco!
Céus! Onde eu estava com a cabeça quando baixei este toque para o alarme do celular? Pensei
enquanto pegava o aparelho com todo cuidado na bancada para desativar a função soneca, a
terceira daquela manhã. Realmente precisava levantar!
― PUTA QUE PARIU! ― gritei a plenos pulmões ao ver o horário na tela: oito e meia da
manhã. ― Caralho! Merda!
Levantei-me rapidamente praguejando em voz alta todos os palavrões que eu conhecia. Eu
jurava que era a terceira vez que aquela porcaria de função soneca tocava! Pelo visto deveria ser
a quinta!
Eu tinha apenas meia hora para me arrumar, tomar café, pegar o metrô e estar com o meu
lindo rabo em minha estação de trabalho, ou seja, missão impossível!
― E nem tenho um Tom Cruise para me divertir ― disse enquanto entrava no chuveiro para o
banho mais rápido da minha vida.
Aquela não tinha sido a primeira noitada antes de um dia de trabalho e, fatalmente não seria
a última, mas nunca havia perdido a hora antes, e não podia me sentir mais irritada por isso.
Sempre tive o controle das coisas! Que merda era aquela então? Eu ainda me sentia
deliciosamente assada e dolorida, afinal, a noite foi agitada.
― Maravilhosamente agitada... ― sussurrei pensando em como seria perfeito se eu pudesse
deixar a água quente escorrer por meus ombros durante um bom tempo, enquanto tocava uma.
Tempo... isso era algo que eu realmente não tinha naquele momento. Merda!
Com uma toalha na cabeça, corri para o quarto, abri o armário e peguei a primeira roupa
que vi: um vestido preto de bolinhas brancas um pouco acima dos joelhos e ligeiramente rodado.
Abri a gaveta das lingeries e peguei uma meia-calça preta e completei o visual com um sapato
estilo boneca branco.
Vesti-me, penteei o cabelo e dei uma olhada na tela do celular: 8h50.
― Merda! Merda! Merda! ― praguejei mais uma vez, pegando a primeira bolsa branca que
vi e minha clutch.
― Batom, carteira e... ― Gelei. Onde estava o dinheiro que saquei para Donatella na noite
anterior?
Instintivamente olhei de um lado para o outro, à procura das cinco notinhas azuis que saíram
daquele maldito caixa eletrônico, não encontrando nada. Balancei a cabeça, tentando repassar
cada cena em minha mente.
― Girei a chave, entrei em casa e corri para o banheiro porque estava apertada para fazer
xixi. Ok Bianca, depois disso?
Foi quando me dei conta de que não estava com minha calcinha, nem com o sutiã. Certo, isso
não era motivo para pânico, afinal, quantas vezes voltei para casa sem minhas lingeries?
― Abri a bolsa, peguei o celular e pluguei no carregador. ― Repeti o processo, dizendo o
passo a passo, correndo à mesa de cabeceira, encontrando somente o fio do carregador solitário,
caído de lado.
Balancei a cabeça mais uma vez. Realmente não me lembro de ter visto o dinheiro de
Donatella. Fechei os olhos com força, tentando repassar toda a noite em minha mente quando,
subitamente, a imagem do estranho assustador me invadiu.
Ele pegava em meu braço rudemente, me levando em direção a um local escuro. Pude sentir
de novo o baque quando meu corpo se chocou contra algo duro e frio. “Cadê a porra da camisinha
que você disse que tinha?” Sua voz soou mais uma vez em meus ouvidos e o pânico se instalou em
mim quando visualizei o momento em que entreguei a clutch para que ele pegasse o preservativo.
― Puta merda! Fui roubada!
Eu segurava a pequena bolsa e a deixei cair de minhas mãos, em cima da cama, enquanto a
realidade me atingia como um raio. Eu, Bianca Voltolini, macaca velha de guerra, me deixei ser
furtada por um imbecil no meio da noite porque estava enlouquecida demais por uma trepada!
― Puta que pariu!
Eu não podia acreditar naquilo! Minha vontade era gritar a pleno pulmões, gritar até perder a
voz, gritar até morrer! Como deixei uma coisa dessas acontecer? Onde estava com a cabeça? Só
podia ter sido aquele filho da puta, afinal, ninguém mais teve acesso à minha clutch.
Fechei os olhos por instantes, amaldiçoando a mim mesma, sabendo que jamais me perdoaria
por tamanha falha. Instintivamente meus olhos pairaram na tela do celular e o relógio digital
pareceu gritar para mim: 8h58. Eu estava oficialmente atrasada.
― Atrasada e fodidamente dura porque fui furtada. ― Inacreditável!
Rapidamente peguei a merda do celular, bolsa e chave. Tranquei a porta e após verificar
algumas vezes, me certificando de que realmente estava trancada, fui embora. Tomaria café na
empresa, fazer o que?
Cheguei à rua e fiz uma careta, pegando o aparelho mais uma vez. Donatella atendeu no
terceiro toque.
― A... hum, alô.
― Te acordei? ― perguntei mais ríspida do que eu queria. Ela pareceu se recompor
rapidamente.
― Filha? Tudo bem?
― Estou ligando para avisar que não deixei seu dinheiro na portaria conforme combinamos.
― Ah...
― Acabei dormindo o dia todo e não fui ao banco ― expliquei demais, inventando uma
desculpa esfarrapada. ― Você pode passar lá em casa à noite, deixarei na portaria.
― É... hum... ― pigarreou. ― Tudo bem se eu passar no seu trabalho? Precisarei do dinheiro
durante o dia.
Fechei os olhos com força. Ela realmente deveria estar muito encrencada.
― Podemos almoçar juntas, que tal? ― Sua voz invadiu meu ouvido mais uma vez.
Merda! Almoço em família. Era tudo de que eu não precisava!
― Ok ― respondi grosseira. Melhor isso do que ela passar no escritório. Indiquei um
restaurante qualquer e, após passar o endereço, pedi que me encontrasse lá a uma da tarde.
Desliguei e corri para entrar no metrô. Eram nove e cinco da manhã, eu estava ferrada!
“O sexo sem amor
é uma experiência vazia. Mas como experiência vazia é uma das melhores”.
(Woody Allen)
SABE aquele dia em que todo o universo conspira contra você? Pois é, aquele foi o meu! O
metrô, que geralmente é rápido, levou um longo tempo da Glória ao Centro; além disso, tive de ir
a dois caixas eletrônicos sacar o dinheiro daquela irresponsável, pois o primeiro estava fora do ar.
Ao invés perder quinhentos reais, acabei dando um rombo de mil na minha poupança. Lamentável!
Para completar, o barista da Starbucks demorou com o meu café. A boa notícia é que o menino
era absolutamente comível, e vê-lo preparando a bebida (e outras antes da minha) me deixou
ligeiramente excitada. Preciso vir aqui mais vezes. Pensei enquanto atravessava a rua. O relógio
marcou 9h25 quando entrei no escritório.
― Bom dia! Que milagre é esse? Cheguei antes de você! ― Quis saber Lavínia, gostosa em seu
vestido justo azul que realçava ainda mais seus olhos.
― Tive um contratempo, mas posso compensar ficando até mais tarde ― respondi agitada
caminhando à minha mesa. Ela veio logo atrás.
― Relaxa garota! Por que você é tão caxias hein? ― perguntou quase em cima de mim. ―
Hum... Starbucks? É de que?
Abri a boca para responder, mas não tive tempo. Deliberadamente, Lavínia pegou meu copo e
levou à boca, provando da bebida.
― Ai Bianca, com tanta bebida especial por lá, você me pede um café puro?
Olhei-a por instantes.
― Será que lhe devo um pedido de desculpas por isso? ― retruquei um tanto atrevida e ela
me devolveu o copo, dizendo zombeteira:
― Fique tranquila, eu não tenho sapinho. Além disso, você poderá descobrir meus segredos ―
deu uma piscadinha, me estendendo um envelope vermelho.
― O que é isso? ― indaguei.
― O convite para a festa de aniversário da empresa. O senhor Bento gosta de comemorar
todos os anos com todos os funcionários.
Quase revirei os olhos. Até parece que eu iria a alguma festinha de empresa! Era só o que
faltava!
― As festas são sempre regadas! Bufê liberado, bebida à vontade, tudo por conta da casa!
Esse ano será numa boate e, pasme, ela será só nossa!
Dei um sorriso amarelo, colocando o convite em cima da mesa.
― Você não vai abrir? ― Subitamente corei. Não quis parecer indelicada. ― Há todas as
instruções aí dentro.
― Instruções?
Lavínia arqueou sua sobrancelha bem feita e aproximou seu rosto do meu, sua boca brilhosa a
centímetros da minha e senti uma vontade louca de beijá-la e trepar com ela em cima da mesa.
― Será um baile de máscaras e todos deverão estar com as suas ― continuou, alheia ao meu
súbito desejo, não por ela, mas por sexo.
Olhei o envelope em cima da mesa e devo confessar que o sentimento de curiosidade me
invadiu. Baile de máscaras?
― Eu não perderei por nada neste mundo! E se eu fosse você, também não, até porque não
temos muita escolha.
Franzi o cenho.
― O que quer dizer?
― Quero dizer que para as festas desta empresa não há convite e sim intimação. O senhor
Bento deseja a presença de todos, sem exceção.
― Ah...
Ela me olhou por instantes.
― Vai ser bom pra você se enturmar um pouquinho. As festas da BT Engenharia são especiais
― concluiu com outra piscadinha e saiu rebolando seu enorme traseiro pela sala.
“O sexo é o consolo
que a gente tem quando o amor não nos alcança”.
(Gabriel García Márquez)
PONTUALIDADE não era uma das qualidades de Donatella, entretanto, naquela tarde não a
esperei por muito tempo. Para ser exata, míseros cinco minutos.
Eu estava na porta de um restaurante, desses self services espalhados pelo Centro, quando a
vi dobrar à esquina. Seu cabelo escuro estava solto e um tanto rebelde, e seu rosto extremamente
maquiado; usava um vestido de um ombro só rosa que batia no meio das coxas e sandálias altas
douradas, como as bijuterias em seu corpo: brincos, cordões, pulseiras e anéis. Muitos anéis! Ela
sempre foi vaidosa e em seus quarenta e cinco anos dava uma surra em muitas garotinhas por aí.
— Querida! Como está? — cumprimentou-me com um beijo no rosto.
Donatella não me chamava de filha, a não ser que estivéssemos sozinhas ou envolvesse algum
interesse nisso. Ela sempre teve verdadeiro pavor de que descobrissem que tinha uma filha da
minha idade. Deus me livre! Vão pensar que sou uma velha! Costumava dizer, emendando que eles
deveriam pensar que éramos irmãs. Seria mais justo e confortável.
— Está esperando há muito tempo? — Quis saber.
— Acabei de chegar — respondi girando nos calcanhares para entrar no estabelecimento.
Segui ao bufê que tinha inúmeras opções e acabei optando por um menu árabe: coalhada,
pão sírio, salada de grão de bico, arroz com lentilha, trouxinhas de legumes e falafel. Pesei o
prato e segui à mesa, enquanto Donatella ainda se detinha no bufê, voltando minutos depois com o
prato cheio. A sensação era de que havia pego todas as opções disponíveis.
— Você está com fome! — Não me contive e ela assentiu.
— Faminta!
Um garçom aproximou-se para que escolhêssemos nossas bebidas.
— Um chope, por favor.
— Não! — bradei irritada. — Estamos em pleno horário de trabalho!
— Eu não estou trabalhando! — deu de ombros.
— Pois deveria! — devolvi ríspida e seus lábios se esticaram numa linha fina e retesada.
— Tudo bem, me traga uma Coca-Cola! — solicitou ao garçom estendendo sua comanda.
— Uma água tônica para mim, por favor — pedi.
O homem se retirou e ela grunhiu.
— Que graça tem em beber esse troço? Água tônica é a coisa mais sem gosto que eu já vi!
Você deveria viver um pouco Bianca!
Revirei os olhos. Comemos em silêncio por instantes até ela recomeçar a falar.
— Como está o trabalho?
— Bem.
— Bem? É só isso que você tem para me dizer? — perguntou incrédula, com a boca cheia e
dei de ombros.
— Não há nada para dizer.
— Ninguém interessante?
— Não — respondi sentindo um aperto entre minhas coxas ao me lembrar dos homens da
“casa”.
— Você está saindo com alguém?
Irritada, larguei os talheres no prato.
— O que é isso? Uma espécie de interrogatório?
Ela me olhou seriamente no momento em que o garçom voltou com nossas bebidas. Após encher
nossos copos, girou nos calcanhares e Donatella começou a falar novamente.
— Não é nenhum interrogatório, apenas uma tentativa de termos uma conversa agradável e
civilizada como todas as mães e filhas fazem.
Merda! Peguei garfo e faca mais uma vez, antes de responder que não tinha namorado e não
estava saindo com ninguém.
— Tenho uma vida muito corrida para estar com alguém. Já é difícil administrar o meu tempo,
imagine se eu tiver que combinar com o tempo do outro também?
— Você trabalha demais! É preciso viver um pouco Bianca!
Mudei de assunto perguntando sobre Júlio, o canalha do seu amante.
— Matando um leão por dia, mas é difícil... Ele não consegue parar em emprego nenhum!
— Claro! Ninguém quer contratar um bêbado!
— Ele não é nenhum bêbado! — defendeu-o e senti vontade de vomitar. — Ele bebe
socialmente como todos nós.
Olhei-a incrédula.
— Você só pode estar brincando, não é mesmo Donatella!? Socialmente? Eu bebo socialmente!
Mas vocês...
Subitamente parei de falar quando me lembrei de que não valia a pena. Quantas vezes
tivemos aquela conversa e, ela, como sempre, defendia aquele idiota? Realmente não valia o
esforço. Então, ela fez um comentário que me surpreendeu.
— Estou meio de saco cheio sabe... o problema é que Júlio fode bem pra caralho e arrumar
outra trepada como a dele vai ser difícil!
Inesperadamente minha boca encheu d’água e me peguei pensando em como seria ser fodida
por aquele homem. Balancei a cabeça. Que merda era aquela?
— Sexo você encontra em qualquer lugar! — mandei e ela soltou uma gargalhada.
— E quem é você para saber disso? Você só faz trabalhar e ler esses livros idiotas que você
tem!
— NÃO FALE MAL DOS MEUS LIVROS! — rosnei e ela levantou as mãos em sua defesa,
desculpando-se imediatamente.
A meu ver, esta reação se deu, certamente, devido aos quinhentos reais que estavam em minha
bolsa. Ao me lembrar deles, inclusive, resolvi pegar as notas e mudar o assunto de uma vez.
Donatella realmente não fazia a menor ideia de quem era sua filha.
— Você é tão ingênua... só pode ter puxado ao seu pai, seja ele quem for!
Olhei-a seriamente.
— Um homem que abandona uma mulher grávida não me parece nada ingênuo! — rebati
ríspida e ela deu de ombros.
— Deixe de ser idiota, ninguém me abandonou! Como isso aconteceria se nem mesmo eu sei
quem é o filho da puta?
Exalei com força. Eu não queria ter aquela conversa novamente. Estendi as notas em sua
direção e seus olhos brilharam.
— Aqui está: quinhentos reais. — Donatella estendeu a mão para pegar o dinheiro, porém eu
o detive. — Você precisa se controlar, não é sempre que terei dinheiro para lhe emprestar. Eu não
sou rica, só para você saber!
Entreguei-lhe as notas e ela contou o dinheiro, guardando em seu sutiã, como sempre fazia.
— Você me deve mais de mil reais.
Ela franziu o cenho e seus lábios formaram uma linha fina e retesada mais uma vez.
— Relaxe! Pagarei cada centavo.
Suspirei pesadamente.
— Ficarei satisfeita se você se controlar e não gastar mais do que deve, principalmente com
jogos e bebidas.
Ia falar sobre as drogas também, mas me contive.
— Eu sou uma mulher extremamente controlada, Bianca. Fique tranquila.
Não respondi. Não iria discutir e terminar com o pouco do apetite que ainda me restava,
sendo assim, voltei minha atenção para o prato à frente que já não me parecia tão apetitoso
quanto antes.
Comemos em silêncio até ela desandar a falar novamente. Contou sobre a vizinhança e todas
as suas fofocas: quem trepava com quem, quem havia separado, engravidado, sido preso,
morrido... Não prestei a menor atenção, na verdade estava louca para ir embora.
— Nossa! Parece que comi um boi!
— Parece? — rebati zombeteira. — Você é magra de ruim Donatella!
Ela abriu um largo sorriso.
— Obrigada pelo magra, querida.
— Sobremesa? — sugeri.
— Nem pensar!
— Você não engordará por isso. — dei de ombros, mas ela insistiu que estava satisfeita.
Levantamos e é claro que Donatella deixou sua comanda na mesa. Lógico que não pagaria o
almoço! Enquanto estava na fila do caixa, ela se encaminhou para o lado de fora do restaurante
sinalizando à hostess que sua saída estava comigo. Antes da porta se fechar, pude vê-la do lado
de fora acendendo o seu cigarro.
Paguei a conta e seu almoço foi o equivalente a três dias do meu! Saí do restaurante e nos
despedimos cordialmente, como se fôssemos duas conhecidas que se encontraram ocasionalmente,
antes de cada uma seguir seu caminho e viver suas vidas.
“O sexo e a morte:
a porta da frente e a porta de trás do mundo”.
(William Faulkner)
PASSAVAM das oito da noite quando cheguei à minha casa. Devido ao atraso daquele dia,
resolvi ficar um pouco mais no escritório, afinal, atrasos são inconcebíveis!
Tomei um banho relaxante e comi uma tigela de cereais com leite, enquanto pensava no rombo
de mil reais de minha poupança. Como pude ser tão estúpida ao ponto de permitir que um idiota
me furtasse? Balancei a cabeça pensando que sempre fora uma mulher controlada, diferente de
Donatella.
Pensar em minha mãe me trouxe de volta a imagem de Júlio, aquele asqueroso, mas que fodia
bem. Apertei as coxas quando os mais obscenos pensamentos invadiram minha mente.
Céus! O que está acontecendo comigo? Pensei desconfortável. Nunca deixaria aquele homem
me tocar, afinal, ele trepava com minha mãe!
Mas ela disse que ele fode bem... Minha consciência gritou e fechei os olhos com força, na
tentativa de afastar tais pensamentos absurdos. Era fadiga, com certeza! Dormira pouco e
realmente precisava descansar.
Caminhei até a pia e, um pouco relutante, resolvi que deixaria a louça para o dia seguinte.
Essa, dentre muitas outras, era a grande vantagem de morar sozinha: você poderia deixar a louça
na pia até quando quisesse sem ninguém lhe encher a porra do saco!
Caminhei para o quarto, detendo-me na sala para fechar a janela e, ao olhar à frente, lá
estava o vizinho gostoso. Ele e seu maldito cigarro. Ele deu uma longa tragada antes de me olhar
profundamente. Instintivamente mordi o lábio. Ele sorriu enquanto soltava a fumaça. Seu longo
cabelo claro estava solto ao sabor do vento, ele estava sem camisa e seus braços me fizeram
salivar. Ele era muito forte.
― Sem espetáculos hoje à noite? ― perguntou da janela, com sua voz grossa.
― Posso fazer ao vivo se você quiser ― respondi sem pensar e seus lábios se esticaram num
sorriso torto, enquanto dava uma longa tragada.
― Apartamento 505 ― informou-me, apagando o cigarro no cinzeiro em sua janela, e sem
esperar por minha resposta fechou a cortina.
Sem pensar duas vezes, fechei a janela e corri para o banheiro. Limitei-me a escovar os
dentes e corri para o quarto, pegando o primeiro vestido que vi: um estampado com patchwork. Eu
não estava preocupada em seduzir o estranho. Não! Apenas um pensamento habitava minha mente
naquele momento: eu teria sexo! Era somente disso que eu precisava!
Calcei uma sapatilha azul, tranquei a porta e desci. Ele morava no prédio ao lado do meu e
nossas janelas ficavam na lateral, de forma que minha vista era o seu apartamento e vice versa.
Cheguei ao prédio e toquei o botão que indicava o número de seu apartamento. Não ouve
resposta, apenas o bipe para que o portão fosse destravado. Àquela hora não havia porteiro, já
se passavam das dez da noite.
No elevador, preocupei-me em dar um jeito no cabelo, ainda molhado, e arrumei o vestido.
Adrenalina pura percorria meu corpo. Eu estava prestes a fazer sexo com um desconhecido, que
era meu vizinho e gostoso pra caramba!
Abri a porta do elevador e procurei por seu apartamento. Não foi difícil achar, o homem
estava parado, encostado no batente da porta, sem camisa, o cabelo escorrendo por seus braços
tatuados, e com apenas um short cuja cor não me preocupei em conferir. Estava descalço e seus
pés eram grandes. Hum... Bom sinal... Recordo-me de ter pensado.
― Olá vizinha ― saudou-me com sua voz grossa.
― Olá vizinho.
Sem esperar por seu convite, entrei no apartamento. Não me atentei aos detalhes da
decoração, mas uma olhada rápida foi o suficiente para perceber o sofá escuro e confortável.
Sorri. Seria bom foder em cima daquele sofá.
― Deseja beber alguma coisa? ― indagou caminhando em minha direção.
Girei o corpo, ficando de frente para ele. Céus, realmente era forte! E o volume grosso dentro
do short me fez salivar. É claro que eu não beberia nada, não estava ali para conquistar alguém
ou ser conquistada, eu só precisava me aliviar e, naquele momento, tudo de que eu precisava
estava na minha frente.
Sem nada dizer, caminhei até ele, ajoelhando-me à sua frente e levando sua bermuda ao
chão. O movimento surpreendeu-o, mas antes que pudesse pensar, levei seu pau à minha boca.
Meu-Deus! Ele realmente era grande! E grosso!
― Aaahhh... ― gemeu e aquilo me excitou ainda mais.
Trabalhei nele com toda vontade que havia em mim. Uma das coisas das quais mais sabia
fazer na vida, era pagar um belo boquete. Modéstia à parte, nisso eu realmente era muito boa!
― Céus garota! Que língua é essa?
Sim, eu sabia.
Levei a língua à sua virilha, traçando um caminho de baixo para cima, voltando às suas bolas,
antes traçar caminho do outro lado, enquanto apertava a vara dura em minha mão. Voltei às suas
bolas, chupando uma, depois a outra, subindo por sua extensão, arranhando levemente a cabeça
com os dentes.
― Caralho! ― rosnou.
Voltei a atenção à extensão novamente, abocanhando-o de uma vez, acelerando os
movimentos, ao mesmo tempo em que o masturbava. Ele era apetitoso e chupá-lo estava me
deixando realmente excitada.
Parei os movimentos somente para arrancar meu vestido, que saiu facilmente por minha
cabeça. É claro que eu não usava lingeries. Conforme disse, não estava nem um pouco preocupada
em seduzir. Aquilo não era um encontro, apenas uma troca de prazeres.
Voltei a chupá-lo antes de posicioná-lo entre meus seios para uma bela “Espanhola”. O homem
ficou louco! Sim, eu realmente era boa naquilo!
Ele grunhiu, mordendo o lábio no momento em que segurou meu cabelo no topo da cabeça.
Abocanhei-o mais uma vez enquanto ele ditava o ritmo. Senti-o inchar em minha boca e sabia que
seria naquele momento.
― Toma vagabunda! Aahh...
Meu vizinho gozou em minha boca e fiz questão de engolir tudo até a última gota. Olhei para
cima, me deparando com seu olhar penetrante, enquanto, de forma sacana, levei a mão ao canto
do lábio para tirar o excesso.
― Espero que você tenha energia suficiente para me retribuir e não caia neste sofá como um
porco satisfeito ― disse petulante e seus olhos se estreitaram.
― Você não me conhece garota! ― puxou meu braço com força, me levantando do chão. ―
Não sou eu que cairei neste sofá ― concluiu jogando meu corpo em cima do couro.
Caí de qualquer jeito, o filho da mãe não se preocupou em ser gentil. Antes que eu pudesse
me recompor, suas mãos fortes agarraram minhas coxas, separando-as, antes de levar sua boca
em mim.
― Aaahhh...
Foi minha vez de gemer. Assim como eu, meu vizinho tinha uma língua espetacular.
Ele ficou em mim por longo tempo e sua língua conheceu cada parte do meu corpo. Foi um
verdadeiro “banho de gato”. Devo ter gozado em sua boca, pelo menos, umas duas vezes. O cara
realmente era bom. Muito bom!
Eu estava praticamente desfalecendo quando segurou minha mandíbula com força, apertando
minha boca de forma que ela fez um bico.
― Espero que tenha energia suficiente para continuar e não fique neste sofá como uma porca
satisfeita ― disse rudemente, mas antes que eu pudesse responder qualquer desaforo, segurou
meu cabelo com força, me arrancando dali em direção à janela. Meu corpo se chocou contra a
parede, meus seios para fora, no parapeito.
― Está vendo sua casa vizinha? ― Ouvi a voz rouca em meu ouvido enquanto sua mão
apertava com força meu cabelo. ― Responde cachorra!
― Sim... ― sussurrei excitada.
Ele sorriu, levando o envelope do preservativo, que eu não percebi que havia pego, à boca
para rasgá-lo.
― Agora eu vou te foder tão forte, que todas as vezes que você olhar para o meu
apartamento vai se ver aqui comigo.
Meu vizinho me penetrou. Forte e rude com seu pau imenso. Gritei.
― Grite! Foda-se que todos vão ouvir! Grite e todos vão saber quão vagabunda é minha
vizinha! ― rosnou em meu ouvido enquanto acelerava os movimentos, me fazendo enlouquecer.
Ele me penetrou uma, duas, três... Dez vezes! Apertou meu pescoço até me deixar sem ar
enquanto dizia as maiores perversidades em meu ouvido. Eu queria gozar de novo, precisava! Mas
o fato é que, embora estivesse delicioso, não conseguia.
Sem aviso, o homem me arrastou para a parte de trás do sofá, arqueando meu corpo ali,
minha bunda para o alto. Desferiu um forte tapa que certamente deixou minha carne vermelha.
― Eu quero esse cu! ― Sem esperar por minha resposta, me penetrou mais uma vez, puxando
meu cabelo, forçando minha cabeça para o alto. ― E você vai me dar!
Muitas pessoas já haviam passado por mim, mas esse cara era realmente incrível!
Não sei dizer quantas estocadas ele me deu, mas quando comecei a pensar que
inacreditavelmente não aguentaria mais, o homem parou, arrancando a camisinha, enquanto batia
em meu traseiro mais uma vez. Foram tantos tapas que senti minha pele arder de prazer. Ele
rasgou mais um envelope, praticamente arrancando o preservativo dali e rolando por seu duro
comprimento, enquanto me tocava por trás.
Imediatamente entendi o recado e me abri mais. Senti-o ali forçando passagem, mas eu estava
tão excitada que não foi difícil alcançar seu objetivo. Aquele não era o meu primeiro anal e
fatalmente não seria o último.
Arqueei o corpo, projetando meu traseiro para o alto para que eu ele pudesse me preencher
por completo. O vizinho enrolou meu cabelo em seu pulso enquanto dizia as maiores sacanagens e
me penetrava com mais rapidez. Levei a mão ao meu clitóris, a fim de aumentar o meu prazer.
Funcionou. Cheguei ao ápice e ele logo veio atrás.
Senti o peso de seu corpo em cima de mim. Na sala somente os sons de nossas respirações.
Enquanto eu me recuperava, me peguei olhando em volta. O ambiente era estranhamente
acolhedor. Em uma estante havia alguns porta-retratos: ele com um casal de idosos, com grupos de
amigos, e com uma linda garota loira que aparecia na maioria das fotos. Certamente deveria ser
a chifruda de sua namorada.
Forcei o corpo para cima, na tentativa de sair dali, afinal, eu já havia conseguido o que queria
e realmente precisava dormir. Estava apenas com poucas horas de sono e não poderia, jamais,
chegar atrasada ao trabalho mais uma vez.
Caminhei até o centro da sala e peguei o vestido esquecido no chão. Enquanto o vestia, pude
ouvir sua voz atrás de mim.
― Você pode tomar banho.
― Obrigada, minha casa é logo ali.
Ele pareceu surpreso. Sim, ele trepava bem, mas eu estava indo embora.
― Foi um prazer, vizinho ― disse abrindo a porta.
― Você não quer saber meu nome?
Detive-me por instantes, antes de girar o corpo em sua direção.
― Eu já sei onde você mora ― respondi com uma piscadinha, indo embora sem olhar para
trás.
“Que mundo, você pensa:
comer, trabalhar, trepar, morrer”.
(Charles Bulowski)
AS semanas passaram sem que eu percebesse. Os livros novos foram devorados, as planilhas
do senhor Bento, finalizadas, assim como os documentos pendentes. Mais cópias foram solicitadas
ao rapazinho da Xerox, cujo nome ainda não havia me preocupado em gravar. Amadeu
continuava seduzindo a todos (inclusive a mim) com seu charme irresistível. Eu poderia traçá-lo na
escada, se ele não fosse tão “escorregadio”.
A novidade era Lavínia. Não sei exatamente o motivo, mas parecia, cada vez mais, querer se
aproximar de mim. Não sei se devido à festa de confraternização da empresa que, aliás, não se
falava em outra coisa por ali, ou se devido à sua “solidão”.
Por ser a secretária do “Poderoso Chefão”, as pessoas não lhe davam muita brecha e talvez
pelo fato de eu não me enturmar com o restante, ela tenha visto a oportunidade de uma possível
amizade. O que essa garota não entendia era que nada além do sexo me interessava ultimamente.
Falando em sexo, eu praticava em média cinco a dez relações por dia, incluindo as que fazia
comigo mesma e meus “brinquedos”. Era comum algumas pausas durante o expediente para me
aliviar. Nada que algumas idas ao toalete não resolvessem. Meu vizinho gostoso e tatuado também
poderia ajudar, não fosse o fato de eu não tê-lo visto mais. Sua casa estava fechada há dias,
talvez tivesse viajado.
Quem liga para isso?
Falando em ausências, Donatella também havia desaparecido. Nenhuma novidade, afinal, já
havia conseguido o que queria, não é mesmo? Falar dela me fazia lembrar do traste do seu
amante que às vezes vinha à minha cabeça. Não ele exatamente, mas o comentário enfadonho que
ela fez sobre ele. Júlio me vinha à mente principalmente quando eu tinha uma trepada não muito
satisfatória ou ruim, como ocorreu outro dia com um desconhecido em um bar perto da saída do
metrô. Eu voltava do trabalho e o chinês estava lá, limpando sua pastelaria. Nunca tinha trepado
com um oriental antes e, apesar dos já tão conhecidos boatos sobre o tamanho do documento, quis
experimentar.
— Está fechado! — disse assim que entrei.
Ele era novo, devia ter uns vinte e poucos anos e estava sozinho na loja.
— A porta está aberta — retruquei e ele me olhou como se eu tivesse oito cabeças.
Certamente não havia entendido nada do que eu havia dito, afinal, eles só entendem “flango”,
“queijo”, “pastel”, “real” e “dinheiro”.
Sexo será que entendem? Pensei.
— Fechado! Acabou pastel! — repetiu fazendo gestos furiosos com as mãos.
— Eu não quero pastel, quero trepar!
O homem deixou o balde cair de suas mãos, piscando várias vezes. “Trepar”, quem diria, era
uma palavra que certamente o “ling-ling” conhecia.
Em poucos segundos a porta da pastelaria foi fechada e eu estava debruçada em algum
banco de madeira redondo. Meu vestido estava na cintura, meu rabo para o alto, enquanto ele me
comia, ou tentava. Foi horrível! Aquela merda de banco não parava de girar, o filho da puta do
chinês fodia mal pra caralho! Eu não conseguia gozar.
Em relação ao mito do documento, bom, ele parecia fazer jus ao boato, e passei o tempo todo
pensando no traste que fodia minha mãe.
Outra noite voltei ao Casarão para me divertir e, embora tivesse perdido as contas de
quantas trepadas foram, nenhuma foi satisfatória. Eu precisava de coisas novas. Quem sabe o
rapazinho da Xerox? Será que ele seria como no sonho? Melhor? Ou tão ruim como aquele chinês
idiota?
— Você irá à festa da empresa? — perguntei ao rapazinho certa vez, quando levei alguns
papéis para tirar cópia. Ele ficou vermelho feito um tomate.
Sério?
—Parece que não temos muita escolha... — respondeu sem jeito.
— Você não gosta de festas?
— Sim e não...
Eu estava ao seu lado e girei o corpo, ficando de frente para ele. Sim, eu estava disposta a
ouvi-lo. Ele pigarreou.
— Gosto de festas com meus amigos, mas quando elas acontecem no ambiente de trabalho
fico um pouco sem jeito. A gente não tem liberdade, parece que estamos sendo vigiados.
O que ele quis dizer com liberdade? Senti uma vontade imensa de perguntar, mas me detive.
— Lavínia disse que as festas são ótimas!
—Ela é secretária do Poderoso Chefão, é claro que dirá que as festas são ótimas!
— Bem colocado! — sorri. O garoto era inteligente.
— Suas cópias — disse me entregando os papéis e agradeci, girando nos calcanhares antes
que minha língua afiada soltasse qualquer gracinha.
Ao sair de lá, topei com Lavínia quase em cima de mim.
— Está chegando! Nossa festa! Será o máximo, Bianca! Vamos nos divertir!
Dei um sorriso amarelo, seguindo rapidamente para minha mesa, não pelo fato de ela ter
mencionado a festa, mas por que divertimento para mim me remetia somente a uma única coisa.
E lá estava eu no banheiro com meu pequenino poderoso novamente...
“ Da dificuldade de te saciar
eu faço como minha missão”.
(Sidnei Carvalho)
LEVEI a mão ao envelope vermelho, sentindo a maciez do papel em meus dedos. Abri-o
pegando o convite em formato de um círculo estilizado com uma espécie de cruz abaixo, como se
fosse um espelho. O símbolo de Vênus, pensei enquanto via meu nome gravado ali. Perguntei-me se
os homens haviam recebido o círculo com a seta apontando para cima. Tal qual um pau: firme e
duro, pronto para o ataque! Pensei mais uma vez, não contendo o sorriso.
Olhei novamente para o espelho me sentindo satisfeita com o resultado. O vestido salmão com
detalhes em renda preta nas bordas era rodado, um pouco acima dos joelhos, com as costas nuas
e um discreto decote que realçava meus seios. Um cinto grosso preto com um laço e um sapato
estilo boneca, ambos da cor preta, compunham o visual. Eu usava também meias sete oitavos
arrastão, sustentadas por ligas de renda, afinal, nunca se sabe o que a noite pode nos
proporcionar...
Quanto à maquiagem, levemente carregada nos olhos, mas nos lábios, um vermelho tão forte
que os deixaram carnudos e apetitosos. Meu cabelo estava preso no alto da cabeça com um rabo
de cavalo no maior estilo Jeannie é um Gênio.
Não me esquecendo do detalhe principal, a máscara, optei por uma veneziana preta com
detalhes em salmão como o vestido, que cobria a metade superior do meu rosto.
Solicitei a Uber que estava a um minuto de distância da minha casa. Peguei minha clutch e,
após trancar a casa e verificar cinco vezes, fui embora.
O motorista entrou em uma rua íngreme, tão alta que achei que pudéssemos estar indo para
alguma montanha, fez uma curva fechada a esquerda e parou de repente. Olhei pela janela e
não vi nada além de uma porta de ferro e um grande e corpulento homem à frente. Ele vestia um
terno escuro e tinha algo que parecia ser um fone em seu ouvido. Nada além, nenhuma faixa ou
qualquer tipo de decoração, nenhuma fila ou sequer um grupo de pessoas. Será que era o local
correto?
Conforme orientações descritas no convite, coloquei a máscara e quando dei por mim, já
estava dentro. O ambiente era escuro, enorme e a música eletrizante. Ao contrário do lado de
fora, estava lotado e o clima era de pura diversão. Luzes coloridas se agitavam por todos os
lados. Em uma das extremidades, algumas mesas com cadeiras confortáveis, mais ao lado, um
grande sofá cuja cor não consegui identificar devido à pouca iluminação.
O lugar parecia ter vários ambientes, pois em cada canto era possível ver uma espécie de
cortina como se fossem várias tiras caídas, dispostas em forma de franjas. Pisquei algumas vezes
dentro da máscara quando reparei nos garçons e suas enormes bandejas que surgiam delas.
Garçons? Se isso já podia soar estranho, imagine quando reparei que usavam apenas cuecas?
Porra!
Nada além. Somente as máscaras. Em sua maioria, eram altos e fortes, verdadeiros deuses
gregos prontos para atenderem aos mais perversos desejos. Pelo menos foi assim que meus olhos
os enxergaram, claro, afinal sou uma promíscua filha da puta.
Um deles se aproximou estendendo a bandeja em minha direção, me oferecendo os mais
variados e coloridos drinks. Aproximou-se de mim e senti o hálito mentolado e quente em minha
orelha.
― Pegue o primeiro que lhe vier à mente.
Tremi. Ele tinha a voz grossa e bem empostada, seu olhar era penetrante e seus lábios,
carnudos. Era o máximo que se podia ver de seu rosto coberto pela máscara negra, como a cueca
que vestia.
Olhei a variedade das taças coloridas disponíveis e optei por uma longa que continha um
líquido vermelho.
― Luxúria. Excelente escolha, moça ― disse, girando nos calcanhares sem me dar o direito de
resposta.
Provei da bebida, que era exótica: um gosto que parecia ser uma mistura de champanhe com
licor de romã, e notas de menta e alecrim. Resumindo: deliciosa!
Resolvi circular um pouco pelo ambiente procurando rostos que me fossem familiares. O
problema é que, devido ao uso das máscaras, esta tarefa ficava cada vez mais difícil. Eram tantas
pessoas que nem eu mesma poderia imaginar que a BT Engenharia tivesse tantos funcionários.
Avistei um homem elegantemente vestido em um smoking preto e uma máscara branca no maior
estilo “O Fantasma da Ópera”. Ao seu lado, uma mulher estonteante num vestido longo branco e
justo, delineando as belas curvas de seu corpo. Peitos, bundas, coxas... Tudo no lugar. Por falar em
coxas, uma delas era sedutoramente revelada devido à fenda. Sua sandália da mesma cor era
alta e elegante. Seu cabelo castanho estava solto descendo em cascatas por seus ombros, com
alguns fios no belo decote de seu vestido de onde seus seios fartos pareciam querer se libertar.
Sua máscara também era branca, com as mais caras e valiosas pedras preciosas incrustadas.
O casal caminhou em minha direção e o sorriso largo daquele homem sedutor se revelou,
mostrando seus dentes perfeitos.
― Bianca. Que bom você ter vindo.
― Senhor Bento ― cumprimentei-o contida.
― Já conhece Nicole? ― indagou estendendo a mão de sua esposa em minha direção.
― Que encantadora querido! Gostei! ― disse molhando os lábios com a língua, me deixando
momentaneamente excitada. ― Uma novata e tanto!
Pisquei várias vezes e ele sorriu.
― Ainda somos bons no que fazemos Nicole.
― Há quanto tempo está na empresa, querida? ― Quis saber e obriguei a sair do meu
pequeno e patético transe. Pigarreei.
― Muito prazer, dona Nicole ― pedi estendendo a mão. ― Estou na BT há pouco mais de seis
meses.
A mulher sorriu revelando uma boca espetacular. Lábios carnudos e dentes perfeitos. Sua mão
ainda estava na minha e ela roçou o dedo em minha palma, levando aos lábios. Com a língua,
traçou uma linha fina em minha pele.
― Eu gosto de novatas. ― deu uma piscadinha, antes de se afastar, levando seu marido junto.
Olhei a taça vazia em minha mão, me perguntando que porra de drinque era aquele. Logo
outro garçom se aproximou me oferecendo mais uma bebida, desta vez, de cor amarela. Seus
dedos traçaram uma linha fina em meu pulso, apertando-o sutilmente, enquanto aproximava-se de
meu rosto.
― Liberte-se! ― sussurrou em meu ouvido antes de sair, me deixando confusa. Aquilo não
parecia ser uma confraternização de empresa!
Levei a mão à testa. Eu estava suando e precisava urgentemente usar o banheiro para me
aliviar. Olhei a longa e bojuda taça em minha mão e, sem pensar, virei o líquido de uma vez. Tinha
um gosto de mel, limão, laranja e canela, além de uma fragrância que parecia ser uísque dos bons.
Se o primeiro estava delicioso, este era o campeão.
Segui à procura do toalete quando topei com algo duro que quase me levou ao chão. Por um
reflexo perfeito, mãos fortes me seguraram, amparando meu corpo, mantendo-o à parede.
― Cuidado, você pode se machucar.
Puta merda! Era Amadeu! Eu sabia por causa de sua voz e do jeito sexy de falar. Agradeci e
inspirei, inalando profundamente seu perfume másculo, inebriante e sedutor.
― Não é sempre que estarei por perto para salvá-la, donzela ― disse petulante. Ele estava a
milímetros do meu rosto e vestia um terno elegante e claro como sua máscara, contrastando com o
marrom de sua pele.
― Não sou nenhuma donzela!
Ele sorriu, molhando os lábios e prendendo a língua nos dentes, enquanto me imprensava
contra a parede. Imediatamente senti sua ereção e o fogo que antes havia acendido em mim
pareceu se alastrar por meu corpo inteiro.
― E você ficaria surpreso com as coisas que esta donzela seria capaz de fazer.
Amadeu sorriu, revelando seus dentes brancos, brilhosos e perfeitos. Seus olhos percorreram
meu corpo e pude ver por dentro da máscara o desejo que emitiam. Senti sua mão grande por
minha pele, por cima da meia e em minha coxa, contornando a liga. Um sorriso sacana se formou
em seus lábios carnudos.
― Safada!
Seus dedos me tocaram por cima do tecido e eu arfei.
― Você pode fazer melhor que isso!
Seu sorriso ficou mais largo ante meu comentário e seu pau cresceu mais, parecendo querer
entrar por dentro do meu vestido.
― Posso, mas não farei. Não agora. ― afastou-se. ― Pelo visto você não precisa de
apresentações.
Mal processei suas palavras, senti sua mão em meu braço, puxando-me com força em direção
a uma das cortinas de franjas rumo a outro ambiente. Meu corpo estancou. Abri a boca chocada,
ao mesmo tempo em que salivava. Olhei o homem ao meu lado que apenas sorria.
― Seja bem-vinda à família BT, Bianca.
“O sexo é sujo?
Só se for bem feito”.
(Woody Allen)
DIFERENTE do outro ambiente, ali havia uma espécie de salão com longas e pesadas cortinas
de veludo vermelho rodeando o lugar. Sofás, cadeiras e até uma grande cama de dossel, todos
em veludo, na tonalidade de um vermelho escuro. O chão era carpetado e o cheiro que
predominava era de um aroma cítrico e... sexo. Esse era um cheiro que eu conhecia bem.
A quantidade de pessoas ali era enorme e já estavam se atracando. Algumas estavam
completamente nuas, outras vestiam lingeries, todas, porém, usavam suas máscaras.
Amadeu pareceu ler meus pensamentos.
― É a única regra. ― Olhei em sua direção e ele sorriu antes de concluir. ― Usar as máscaras.
Em hipótese alguma tire a sua. Entendido?
Assenti com um pequeno balançar de cabeça e ele levou a mão ao bolso do paletó tirando o
convite com o símbolo feminino e meu nome gravado. Arregalei os olhos. Eu o havia deixado na
recepção e ele estava ali, em suas mãos.
Fiz um gesto para pegá-lo no momento em que me mostrou o seu. Molhei os lábios ao ler seu
nome gravado no círculo estilizado e a seta para o alto. Conforme imaginei, o símbolo de Marte.
― Um completa o outro ― informou introduzindo a seta em meu círculo. ― É assim que você
será escolhida.
― E se eu quiser escolher?
― Basta proceder da mesma forma ― respondeu apontando seu círculo em minha direção
para que eu introduzisse a cruz. No momento em que ousei fazê-lo, a voz grossa e sexy do senhor
Bento cortou o ambiente.
― É sempre o anfitrião da festa que faz as honras, Bianca ― disse apontando seu convite
para mim. Ao seu lado, estava Nicole, linda em seu vestido caro.
Olhei para o lado a tempo de ver Amadeu introduzir seu convite ao de Lavínia que, claro,
estava sexy em um vestido de couro vermelho curto e botas do mesmo tecido e cor até os joelhos.
Ela piscou para mim por dentro de sua máscara vermelha cravejada de pedras.
Levei a língua aos lábios, excitada, quando o vi segurar suas coxas, levantando seu vestido.
Assim como fez comigo, ele a tocou, introduzindo dois dedos por cima do tecido de sua calcinha
rendada.
― Você gosta de observar?
Uma voz doce e sedutora invadiu meus ouvidos. Eu ainda segurava o convite quando Nicole
introduziu o seu no meu. ― Eu gosto de observar, é excitante ― continuou me tocando tal qual
Amadeu fizera em Lavínia.
Mãos grossas me envolveram, no momento em que senti a língua quente em meu pescoço. Era
seu marido que me lambia como se eu fosse um sorvete.
― Eu gostaria de fazer isso senhor Bento.
Ele sorriu, olhando de forma cúmplice para a esposa, que segurou o zíper do meu vestido,
abrindo-o, despindo-me. O tecido escorregou por meu corpo, revelando minha lingerie preta com
detalhes em salmão, como as ligas e a meia arrastão. Ajoelhei-me à frente do meu chefe, abrindo
sua braguilha e puxando seu pau grande, grosso e duro para fora, abocanhando-o de uma vez.
Enquanto trabalhava freneticamente em seu membro, senti os pelos de Nicole em minhas costas,
roçando seu sexo molhado em minha pele, enquanto beliscava meus seios por dentro do tecido
rendado.
Não sei precisar quanto tempo ficamos ali, mas, em algum momento, nos tornamos uma
confusão de mãos, línguas e peles. Olhei para o lado e vi Lavínia ser literalmente comida por
Amadeu e seu pau enorme. Salivei.
Senti as mãos do senhor Bento em minha cabeça, puxando meu rabo de cavalo para baixo,
forçando meu rosto para cima.
― Como você gosta de ser fodida Bianca?
Sem esperar por minha resposta, me penetrou com força, roubando um grito meu. Não de dor,
mas de prazer. Eu estava ajoelhada, na posição de quatro apoios, e Nicole posicionou-se à minha
frente, abrindo os lábios com dedo, revelando seu clitóris inchado. Não foi preciso nenhum pedido,
nenhuma ordem, simplesmente avancei e devorei-a como se fosse um fruto doce. E realmente era.
Não demorou para que se perdesse em minha boca, derramando seu prazer em mim, assim como
seu marido que me marcava com seu líquido quente.
Senti-me vazia quando, subitamente, braços fortes me levantaram do chão, me apertando com
força. Não sei como, mas meu convite estava sendo inserido no de outro, no momento que a voz
seca invadiu meus ouvidos.
― Venha! Vou lhe mostrar como gosto de festas.
Olhei para o lado, ficando surpresa com o que vi.
― Você? ― Sim, era o inocente rapazinho da Xerox, quer dizer, nada inocente, na verdade.
Ele me jogou com força na cama de dossel, onde caí de bruços. Num instante, posicionou-se à
minha frente, nu, apenas com sua máscara dourada.
― Você gosta de fugir, mas hoje não posso permitir que vá embora. ― pisquei algumas vezes
e ele continuou enquanto esticava uma corda de cânhamo preta que estava presa à cama. ― A
não ser quando eu quiser que vá.
Completamente atônita, observei enquanto amarrava meus pulsos rente à cabeceira da cama.
― Então não foi um sonho?
― O que não foi um sonho Bianca? ― perguntou em meu ouvido, antes de traçar uma linha
fina com a língua por minhas costas e morder meu ombro com força.
― O cinema ― arfei.
― Ninfomaníaca? Nada comparado ao que farei com você agora ― concluiu silenciando-me
com uma mordaça com bola.
Ele deu a volta na cama, puxando meu corpo para baixo, parando a minha frente mais uma
vez.
― Excitada?
Fechei os olhos por instantes, completamente seduzida. Eu estava louca e curiosa para saber o
que faria comigo. Ele sorriu como se entendesse perfeitamente o que se passava por minha
cabeça.
― Conheço você mais do que imagina Bianca... ― revelou, me deixando confusa.
O rapazinho da Xerox levou um pequeno objeto metálico, cromado, à minha frente.
― Você sabe o que é isso? ― assenti, balançando a cabeça e ele sorriu. ― Boa menina!
Mais uma vez contornou a cama, desta vez, porém, suas mãos acariciaram todo meu corpo,
detendo-se em minha bunda, onde desferiu um forte tapa. E outro. E mais um. Então, desferiu uma
série deles, numa seção de spanking perfeita em meu traseiro, deixando marcas vermelhas que
ardiam minha pele, antes de me colocar na posição de quatro apoios e introduzir o plug em meu
ânus, no momento que me penetrou com força pela frente.
Eu não conseguia me mover, estava completamente imobilizada e amordaçada, enquanto o
rapazinho investia pesado, estimulando o plug dentro de mim. Senti seus dentes em minha carne
onde mordeu com força, me fazendo gritar sem poder ser ouvida. Dor e prazer, exatamente como
Sade nos ensinou, pensei sentindo uma sensação incrível.
Senti seus dedos em meu clitóris, estimulando-o, enquanto me penetrava. O objeto ainda estava
em mim, mas sua outra mão estava em meu cabelo, puxando-o com força em sua direção. Eu sentia
dor e, ao mesmo tempo, sentia prazer, e nunca pensei que pudesse ser tão bom senti-los juntos
desta maneira.
Gritei mais uma vez, ainda que amordaçada. Um grito abafado, tenso, carregado de luxúria.
O rapazinho tirou o plug antes de se derramar dentro de mim. Eu queria mais.
Mãos macias envolveram meu rosto, tirando a mordaça. Era Lavínia, nua em seu corpo perfeito.
Seguiu até a cabeceira da cama, desamarrando meus pulsos, acariciando-os para ativar a
circulação. Eu ainda estava na mesma posição e ela se postou à minha frente, segurando meu rosto,
beijando minha boca.
Senti sua língua dentro de mim numa dança sensual e macabra. Ela tinha fome, sede, e seu
beijo queimava. Segurei seus seios com força, apertando-os, beliscando os mamilos e ela gemeu em
resposta.
Com uma força absurda, jogou-me na cama, abrindo minhas pernas antes de mergulhar em
mim. Sua língua afiada me tocou em todos os cantos, penetrando-me a fundo, lambendo-me com
vontade por longo tempo, ainda assim, não consegui alcançar o ápice.
Senti sua boca na minha mais uma vez num beijo alucinante. Girei o corpo, trocando de lugar
com ela no momento em que vi Amadeu em pé, nos observando como um verdadeiro voyeur, a
mão em seu membro imenso, masturbando-se com vontade. Sorri antes de mergulhar naquela
mulher.
Enquanto a sugava, senti algo duro encostar-se a minha bunda. Era Amadeu que, pelo visto,
não se contentou somente em olhar. Sem aviso, me penetrou por trás enquanto eu me saciava
naquela boceta. Não demorou para que ela se perdesse em minha boca, assim como Amadeu em
meu rabo.
Eu estava entorpecida, mas precisava desesperadamente gozar.
― Eu avisei que as festas da BT eram sempre regadas! ― Lavínia sussurrou em meu ouvido e
eu sorri, pensando que realmente poderíamos ser grandes amigas.
Ela me pegou pela mão, conduzindo-me pelo salão. Mais garçons se aproximaram e outros
drinques coloridos e exóticos foram oferecidos. Bebi todos, perdendo a conta de quantos foram.
Olhei para o lado avistando uma grande mesa de carvalho, a qual não havia notado antes.
― Boa para um grande banquete ― comentei zombeteira e Lavínia arqueou sua sobrancelha
perfeita.
― E será para um grande banquete Bianca. ― Ouvi a voz grave e sedutora do senhor Bento,
que surgiu atrás de nós.
Ele se dirigiu à sua secretária, tocando-a sem o menor escrúpulo, introduzindo dois dedos nela
antes de levá-los à boca. Nicole surgiu e as duas trocaram um beijo digno de cinema. Eram uma
mistura de mãos e línguas e Amadeu se juntou a elas, roçando seu membro na bunda de Nicole.
Molhei os lábios, tocando-me e desejando desesperadamente fazer parte de tudo aquilo.
― Você nunca está satisfeita Bianca? ― Ouvi a voz do meu chefe mais uma vez, seguida pelo
rapazinho da Xerox.
― Não senhor Bento, Bianca nunca está satisfeita.
Abri a boca chocada. Quem era aquele moleque para falar qualquer coisa sobre mim? Senti
as mãos fortes do senhor Bento em minha mandíbula, apertando-a de forma que meus lábios
fizeram um bico.
― Até onde você seria capaz de ir para satisfazer seus desejos?
Sua pergunta fez meu corpo estremecer e adrenalina pura percorrer minhas veias. Segurei
sua mão, afastando-a e conduzindo-a ao meu pulsante sexo.
― Até o fim!
Ele sorriu, arrastando-me à grande mesa, onde me deitou. Beijou minha boca, no momento em
que senti a língua quente em meus mamilos. De um lado, Lavínia, do outro, Nicole. O senhor Bento
interrompeu o beijo no momento em que o rapazinho da Xerox postou-se ao meu lado, oferecendo
seu pau pulsante a mim. Abocanhei-o com vontade enquanto masturbava meu chefe. Amadeu me
penetrou com força, estocando em mim como se sua vida dependesse daquilo.
E lá estava Bianca Voltolini, a promíscua, sendo deliciosamente fodida enquanto praticava sexo
grupal com os coleguinhas de trabalho, procurando desesperadamente alcançar o prazer máximo.
Tempos depois, Amadeu me levantou, deitando na mesa, me colocando em seu colo. Sem aviso,
me penetrou, no momento em que o senhor Bento introduziu seu pulsante membro em minha boca e
o rapazinho da Xerox me penetrou por trás. Era uma verdadeira orgia e a sensação que senti foi
indescritível. Abri os olhos para ver Lavínia e Nicole se tocando, no momento em que garçons
deliciosos se juntaram a elas.
Eram tantas pessoas, que não sei explicitar quem exatamente comia quem. Não eram somente
os garçons, mas a BT Engenharia inteira!
Fui dupla e triplamente penetrada, houve roda de punheta, masturbação coletiva, e até o
famoso “colar das margaridas”, onde fizemos um círculo e cada um praticou sexo oral no outro. Foi
uma verdadeira orgia, como nunca pratiquei em minha vida, nem mesmo no Casarão.
Mas, apesar de tudo, não consegui atingir o ápice do prazer. O orgasmo não chegava, por
mais que eu fosse estimulada, beijada, lambida, fodida, comida.
Exausta, tomada por uma angústia sem fim, deixei meu corpo destruído desabar ao chão, em
total desespero.
― Bianca! Bianca! ― Pude ouvir as vozes.
― Ela desmaiou! ― disse um.
― Tomem-lhe o pulso! ― ordenou outro.
Eu queria gritar, mas a voz não saía.
― Será que ela precisa de um médico?
― Não podemos levá-la ao médico nestas condições!
Fui tomada por uma onda de sentimentos: Pânico. Desespero. Medo. Terror.
Meu corpo inteiro doía, entretanto, nada doía mais do que minha alma em frangalhos. Eu era
uma perdedora, uma fracassada! Tinha me tornado uma frígida filha da puta, seca, oca, incapaz
de sentir prazer. De promíscua à frígida. Era a minha derrota.
Dor. Eu sentia dor! Onde estava o prazer? Sade era um grande mentiroso ou Bianca Voltolini
uma grande fraude? Uma puta incompetente?
Silêncio.
Abri os olhos, não havia mais nada ali. Somente dor. E nada, nada de prazer.
“A castidade
é a mais anormal das perversões sexuais”.
(Aldous Huxley)
INSPIREI profundamente e soltei o ar com calma quando, finalmente, cheguei ao fim. Minhas
mãos estavam em minhas coxas, em cima do maldito convite em forma de Vênus que ali jazia. Meus
dedos estavam entrelaçados com os polegares girando em círculos. Eu estava nervosa.
― É isso doutora. Este é o meu relato.
A doutora Cíntia me olhou com ternura. Era uma mulher bonita, devia ter uns trinta e poucos
anos, talvez quarenta. Morena, cabelos longos e olhos muito escuros e expressivos. Vestia um jaleco
com seu nome e o título de psicóloga, que me fazia estremecer cada vez que o via.
Ela não era a primeira que eu visitava e após minha péssima experiência com a última, prometi
a mim mesma que jamais entraria numa sala como aquela novamente. E ali estava Bianca Voltolini
quebrando a promessa que havia feito a si mesma. O que o desespero não faz? Pigarreei.
― Como a senhora pode ver, doutora, estou com um problema... ― inspirei mais uma vez,
procurando continuar com um fio de voz. ― Não sei dizer a senhora se essa festa realmente
aconteceu ou se foi fruto da minha imaginação.
A verdade era que eu tinha perdido o controle do que era real e imaginário, e me sentia
totalmente desesperada por isso. A doutora Cíntia me devolveu um sorriso terno. Impressionante
como era tranquila e, de certa forma, me passava esta tranquilidade que eu não tinha.
Ela folheou seu bloco de anotações, não um tablet, mas um bloco, antes de começar a falar.
― Todas aquelas experiências das quais me relatou, como sabe que são reais?
― Eu não sei! Aquele encontro que tive com o rapazinho da Xerox no cinema, realmente achei
que tivesse sido um sonho, mas depois do que me disse na festa... O problema é que não sei se
aquela festa realmente aconteceu, como também não sei se a experiência ridícula com aquele
chinês foi real ou imaginária.
A psicóloga balançou a cabeça, como se analisasse o que tinha acabado de ouvir.
― E seu vizinho?
Mordi o lábio ao pensar nele. Fazia um bom tempo que não o via.
― Foi real! ― respondi decidida, falhando em seguida. ― Quer dizer... o espetáculo que dei
em meu apartamento sim, mas não sei dizer se realmente fui à sua casa...
Pisquei várias vezes, puxando pela memória. Quase pude sentir seu cheiro, seu gosto e seu
toque, sua voz em meu ouvido me dizendo aquelas perversidades, e o baque do couro em minhas
costas quando me jogou em seu sofá.
― Foi real! ― constatei. ― Aquilo foi real!
Teria sido mesmo?
A doutora balançou a cabeça mais uma vez enquanto fazia suas anotações.
― E o Casarão? ― indagou profissionalmente.
― Doutora, eu frequento aquele lugar há muito tempo. ― Ela apenas assentiu e exalei com
força antes de continuar. ― Eu só quero o meu controle de volta! O controle das minhas ações,
saber se o que vivi foi real ou fruto da minha imaginação.
― As rédeas da sua vida ― concluiu fechando seu bloco. ― É isso o que você deseja?
― Eu tenho o total e absoluto controle de minhas vontades!
― Suas falas não traduzem o seu comportamento. Você precisa parar suas atividades
profissionais várias vezes para, conforme você mesma disse, ir ao banheiro se aliviar. O que
significa a palavra controle para você?
― Eu posso perfeitamente escolher não ir.
Ela me olhou seriamente.
― Você não respondeu minha pergunta.
Pisquei várias vezes e ela continuou de um jeito totalmente profissional.
― O que significa a palavra controle para você Bianca? Como se sente ao me relatar sobre
sua sexualidade?
Que merda de pergunta era aquela? Ela era psicóloga, porra! O que esperava que eu
fizesse?
― Por que está me perguntando isso? Meus relatos te deixaram excitada, doutora? Quer
trepar comigo? ― perguntei rude, mas ela não se abalou.
Merda!
― Desculpe ― pedi um tanto desconfortável quando constatei que aquela era uma vontade
minha.
― Nunca pensei que pudesse me sentir atraída por mulheres, sempre gostei de homens! Pelo
amor de Deus! — disse externalizando meus pensamentos.
― A questão é que não importa o gênero, Bianca! Como não importa a beleza, o peso ou a
condição social. Você não sente vontade de ter relações sexuais com alguém porque é homem ou
mulher, feio ou bonito, rico ou pobre, gordo ou magro, sexy ou repugnante. É o sexo em si que te
atrai, é somente isso que importa no momento. Você não mede as consequências de seus atos,
porque simplesmente você não as enxerga! Você não vê nada além do sexo propriamente dito, da
necessidade que você tem dele.
Remexi-me desconfortavelmente no sofá. Talvez não estivesse preparada para ouvir certas
verdades.
― O que está insinuando doutora?
― O que estou dizendo é que você possui transtornos e dependências que precisam ser
tratadas.
― E que tipo de transtornos e dependências seriam, esses? ― perguntei cruzando os braços à
frente do corpo.
― Talvez seja irrelevante nomeá-los neste momento, pois...
― Se eu tenho anomalias, preciso saber quais são ― cortei-a de forma ríspida, contudo, mais
uma vez, a doutora não se abalou, pelo contrário! Devolveu-me seu sorriso terno que, naquele
momento, começou a me irritar.
― Desconfio que haja um transtorno de despersonalização e desrealização, uma vez que você
não consegue identificar o que é real ou não. Você também possui um comportamento obsessivo,
compulsivo, além de não possuir o menor controle de suas ações, embora esta última característica,
a meu ver, esteja mais relacionada ao outro caso.
― Que caso?
A doutora me olhou profundamente antes de responder.
― Você possui uma compulsão sexual severa, popularmente conhecida como “ninfomania”.
― Pode parar!
De novo aquela história? Eu não podia acreditar! Como sou estúpida! Pensei. Acreditei piamente
que a doutora Cíntia Prado pudesse me ajudar, mas lá estava ela, como todos os outros, com
aquele papo furado, insinuando que eu era doente só porque gostava de sexo!
― Como psicóloga a senhora deveria saber que sexo não é doença! Isso é o que nossa
sociedade hipócrita quer perpetuar!
― Não é doença quando você tem o total controle de suas ações, e você mesma me disse que
perdeu seu controle faz tempo.
Engoli em seco.
― Isso não tem nada a ver com controle! Meu problema é não conseguir distinguir o real do
imaginário, não o sexo! Pouco importa com quantas pessoas eu trepo ou deixo de trepar!
― Freud dizia que...
― EU QUERO QUE FREUD SE FODA! ― gritei alto e em bom som. ― Eu não sou nenhuma
ninfomaníaca! Sou promíscua! E sou porque quero! Eu gosto de ser assim e isso é problema meu!
Embora estivesse alterada, gritando em pleno consultório num total descontrole emocional, a
passividade da doutora se fez presente mais uma vez, e isso me deixou envergonhada por minha
atitude insana e grosseira. Fechei os olhos com força pensando que realmente havia sido um
grande erro ter ido até lá.
― Desculpe ― pedi de novo, e mediante seu silêncio continuei, abrindo os olhos, encarando-a.
― Doutora, eu gosto de sexo, sempre gostei! Eu não quero e não preciso de nenhum tratamento em
relação a isso. Um alcoólatra precisa ficar longe da bebida, um adicto, longe das drogas. Eu não
quero ficar longe do sexo! Penso que isso sim seria uma grande anomalia!
― O sexo é algo natural, bom e faz parte da vida, mas quando se torna patológico, precisa
ser tratado. ― Ela me olhou por instantes antes de concluir. ― Infelizmente este é o seu caso.
― Nossa sessão chegou ao fim! ― irritada, abri a bolsa com as mãos trêmulas, pegando a
carteira para pagar a consulta.
― Existe grande diferença entre gostar de sexo e ser dependente dele... ― continuou alheia à
minha atitude, mas a cortei secamente.
― Exatamente! Eu GOSTO de sexo! ― gritei e ela me olhou por instantes antes de proferir
suas duras palavras.
― Você possui pensamentos compulsivos e pratica atos obsessivos relacionados ao sexo o
tempo todo, age por impulso sem se preocupar com as consequências de suas ações ou sequer
consigo mesma.
Meu queixo caiu. Eu ainda a olhava assustada, olhos arregalados e boca aberta.
― Você precisa fazer alguns exames de sangue, caso tenha realmente vivido as experiências
que me relatou. ― engoli em seco e ela continuou calmamente. ― Podemos dar início às sessões de
Psicoterapia para que você possa retomar o controle de seus atos e de suas ações. Se você estiver
disposta a enfrentar suas questões com coragem podemos fazer um ótimo trabalho.
― Não lhe conheço, por que devo confiar em você? ― indaguei ríspida e ela deu um sorriso
que não alcançou seus olhos, respondendo com ternura.
― Você está aqui e me contou grande parte de sua vida por livre e espontânea vontade. A
confiança já se faz presente.
Olhei-a por instantes. A doutora Cíntia parecia ser pessoa boa, mas...
― Eu não preciso disso.
Levantei-me e saí do consultório fechando a porta rapidamente, sem olhar para trás.
“Tenho o pensamento
baseado na vida animal, então quando não estou caçando, estou abatendo”.
(Cláudio Oliveira)
SAÍ rapidamente daquele prédio que parecia se fechar contra mim e entrei no metrô correndo
para pegar o vagão, que estava cheio como a hora do rush. Forcei passagem tentando chegar ao
fundo, ficando espremida entre algumas pessoas. Apertei os olhos com força, amaldiçoando a mim
mesma por ter ido àquele consultório. Por que eles não entendem? Por que sempre acham que o sexo
é um problema?
A doutora Cíntia parecia ser diferente, mas, como todos os outros, insistiu naquela história
absurda de ninfomania. E se ela estiver certa? Meu consciente cogitou e tive vontade de mandá-lo
se foder!
Foder...
Mordi o lábio, apertando mais ainda os olhos com todas as forças que pude. Subitamente, senti
algo duro em meu traseiro. Abri os olhos, sobressaltada, olhando para trás, me deparando com um
homem atarracado e suado atrás de mim. Ele pareceu alheio a minha pessoa e me perguntei se de
fato fazia aquilo de propósito, já que o vagão estava realmente lotado.
A questão é que fiquei excitada e quando dei por mim, eu mesma roçava a bunda naquele
homem. Olhei para trás e ele me encarou surpreso, mas bastou uma pequena rebolada para que
seu olhar passasse da incredulidade à luxúria.
Senti suas mãos em minha cintura, me puxando em sua direção. Estávamos no fundo do vagão
lotado e senti sua mão por dentro da minha saia, tocando minha bunda por dentro da calcinha. Ele
era rápido e eficiente! Ponto para o estranho!
Minha saia era longa e continuava caída por minhas pernas. Como o vagão estava lotado, sem
espaço entre as pessoas, ficou fácil fazermos aquilo sem sermos vistos. Quer dizer, é claro que
alguém deve ter nos flagrado, mas o que importa? Era uma escolha nossa e ninguém tinha nada a
ver com aquilo! Quem não quisesse ver que fechasse os olhos!
Senti seu pau me penetrando, suas mãos em minha cintura, enquanto seu dedo ainda
trabalhava no meu ânus. Ele fazia movimentos lentos (de certo na tentativa de não sermos vistos)
que foram suficientes para ele.
Não para mim.
Senti o líquido quente me invadir em questão de segundos e, em seguida, quando saiu de
dentro de mim. Ainda estávamos muito próximos e senti sua respiração em meu ouvido.
― Minha estação. Foi um prazer.
O homem foi embora e fiquei ali, me sentindo totalmente frustrada. Olhei para o lado e uma
mulher me encarava seriamente.
― Quer umazinha também? ― indaguei irritada. Ela arregalou os olhos e levou as mãos à
boca aberta em forma de “O”. Merda! Eu poderia estar encrencada!
Caminhei para o meio do vagão, saltando na próxima estação, ainda que não fosse a minha.
Andei sem rumo por mais de cinco horas e neste período fiz sexo com mais de vinte pessoas,
incluindo prostitutas, bêbados e moradores de rua.
Fui à casa do meu vizinho e toquei o interfone, mas não houve resposta. Ao chegar ao meu
apartamento, constatei que sua janela ainda estava fechada. Peguei alguns brinquedos na
tentativa de me divertir e acabei adormecendo com um vibrador dentro de mim.
Não apareci na BT Engenharia, mas entrei em contato com o setor de Departamento Pessoal
para informar que estava doente. Lavínia chegou a ligar para meu celular, mas não atendi. Não
queria falar com ninguém, ainda mais sem saber se o que vivi naquele lugar com aquelas pessoas
havia sido real ou não.
Eu não desejava nada, não precisava de nada. Não comia, não bebia, sequer tomava banho,
a não ser que fosse para me tocar no chuveiro. A única coisa por que realmente ansiava e de que
necessitava desesperadamente era prazer, porém, para meu maior desespero, nunca o encontrava.
Durante uma semana fiz sexo com mais de setenta pessoas diferentes, uma média de dez por
dia, às vezes mais. Sexo com um, dois, trios, grupos, fora as masturbações. Paguei por sexo, fui
violentada, pratiquei sadomasoquismo, voyeurismo e outras práticas, tudo na busca desenfreada
do prazer, ao qual não encontrei. Àquela altura eu não tinha a menor ideia do que era real ou
imaginário, estava confusa, machucada, desesperada.
Eram oito horas da manhã quando a doutora Cíntia chegou ao consultório. Eu estava lá desde
as seis e já tinha me masturbado mais de cinquenta vezes. Eu não conseguia parar. Ela arregalou
os olhos, provavelmente assustada por ver a figura assustadora à sua frente: uma garota com
roupas estranhas, sem nenhuma combinação ou sequer coerência no visual, cabelo desgrenhado,
com arranhões e hematomas, além de olheiras assustadoras.
Entretanto, nada era mais assustador que o pânico em meus olhos, afinal, pela primeira vez na
vida tive consciência de minha total situação degradante.
― Preciso de ajuda. ― Consegui dizer.
A doutora Cíntia estava certa, eu possuía uma dependência sexual severa: era uma
ninfomaníaca e, por mais que isso me arrancasse a alma, eu não poderia negar isso para ninguém.
Nem para mim mesma.
Estendi a mão em sua direção e ajoelhei-me em frangalhos, segurando a dela como se fosse
um bote salva vidas.
Quem sabe eu ainda tivesse salvação?
A autora

Bya Campista vive no Rio de Janeiro, onde nasceu. Torcedora do Fluminense de coração, formada em Comunicação Social,
trabalha em Cartório e nutre pelos livros uma paixão incondicional.
Possui algumas obras publicadas, dentre elas Pele e Alma, best-seller que lideraram a lista dos mais vendidos da Amazon® por
mais de dois meses. Escreve no pouco tempo que possui e acredita piamente que a vida deve ser movida pela paixão. Bya é
apaixonada por café, chocolate, rock ‘n’ roll, música clássica, arte, praia e, é claro, livros!
"Porque escrever está na Pele. E engrandece a Alma."
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PELE

Linda Parlson é uma menina doce que se muda para Nova York numa tentativa de refazer sua
vida, após relacionar-se com homem que quase a destruiu.
Dimitri Logan, apesar de sua sensualidade e beleza extremas, é um homem frio, autoritário e
conforme suas palavras, não fadado a relacionamentos.
Sexualmente falando, é um homem realizado, que gosta e precisa estar no controle. Quando se
conhecem o desejo é inevitável e avassalador. Linda se vê obrigada a encarar seus demônios e
pavores e Dimitri, por sua vez, perde o que tem de mais concreto: seu controle.
É exatamente num fim de tarde qualquer que essas histórias se cruzam, mudando suas vidas
para sempre. Pele é o primeiro volume da Duologia de uma história intensa, que fala de desejo,
paixão e amor.
ALMA

Após libertar-se de seus temores através do seu amor por Dimitri, o passado de Linda Parlson
volta com toda força à sua vida e ela se vê diante daquele a quem sempre teve verdadeiro
pavor: o homem que quase a destruiu.
Dimitri Logan, após descobrir o real sentido de sua vida através de Linda, vê-se diante de seu
maior pesadelo, quando a única mulher a quem amou é brutalmente retirada de si, e nem todo o
seu controle, sua ordem ou sua segurança foram capazes de impedir.
Conseguirá Dimitri Logan retirar Linda de seu pesadelo e trazê-la de volta para si?
Conseguirá o amor, mais uma vez, superar a força de um passado macabro?
Veja o desfecho Pele em Alma, o segundo volume da Duologia que conta a história de Dimitri
Logan e Linda Parlson.
AMANTE DO MEU MARIDO

O que fazer quando o homem que você ama e escolheu para fazer parte de sua vida se
torna um completo estranho?
Isabel e Ricardo tinham um casamento inabalável, até ambos se tornarem "invisíveis" um para o
outro: não se viam, não se falavam. Não se tocavam.
Era fato: seu marido tinha outra! Ou estaria imaginando coisas?
Como conviver com o fantasma de uma suposta traição?
Isabel não poderia permitir que seu marido tivesse uma amante. Entretanto, caso ele
necessitasse de uma, ela saberia exatamente onde encontrá-la.
A amante do meu marido.
Um conto para mulheres casadas.
E não casadas também.
UMA NOITE APENAS

Angelina Brooks não se prende a relacionamentos, vive um dia de cada vez. Felizes para
sempre? Uma noite apenas é o suficiente, afinal, o que é uma mulher apaixonada se não um pé no
saco? Angelina ama sua liberdade, sua casa, seu melhor amigo e seu uísque. Suas noites são festa,
seu trabalho parte do seu DNA e sexo, o combustível que move sua vida.
Evan King ou simplesmente doutor King, é um renomado médico que vive para o trabalho.
Solteiro por opção, apesar de amar desafios, tem uma vida sem grandes emoções, até o momento
em que uma paciente extremamente irritante – e sexy - aparece em seu consultório.
O que poderiam ter esses dois em comum além da atração e do desejo incontroláveis que
sentem pelo outro? Será que uma noite apenas seria o suficiente para satisfazê-los?
O CONVIDADO PENETRA

Ele só queria chegar a tempo ao casamento do seu melhor amigo...


#brasilemprosa
O CONVIDADO PENETRA NO NATAL

Porque rir é o melhor presente.

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