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APURAÇÕES
A Secretaria Municipal de Saúde informou que vai se pronunciar a respeito da auditoria
quando os hospitais forem notificados a participar das apurações. Destaca ainda que a
fila especial para cirurgia de câncer já é feita pela SMSA. O Hospital das
Clínicas/UFMG só vai se pronunciar depois de ser comunicado oficialmente. A direção
da Santa Casa foi procurada, mas não retornou a ligação até o fechamento da edição.
FATURAMENTO INVEJÁVEL
O Ministério da Saúde define que os hospitais que atendem o SUS devem arcar com o
fornecimento da medicação para seus pacientes. Segundo a promotora há setores na área
da oncologia que apresentam lucros de até 125%, mesmo se o hospital cumprir todas as
exigências. “No caso de fraude, o faturamento das unidades pode ser exorbitante, e por
isso, é preciso investigar como a verba da saúde tem sido investida.”
Para que os pacientes tenham direito de ser operados rapidamente, já que a cirurgia
oncológica deve ser feita com urgência, a promotora solicitou à Central de Leitos da
SMSA que organizasse a fila das operações oncológicas de forma especial. “Existe
demora nas cirurgias de câncer e, por isso, os pacientes não podem estar inscritos na
mesma lista daqueles que aguardam outro tipo de operação”, informa Josely. Outro
problema se refere à estruturação dos serviços, pois a portaria do Ministério da Saúde
que regulamenta a assistência define que o paciente com câncer deve ser atendido de
forma integral. Muitos são operados para retirada de tumores e precisam de fisioterapia
para retomar os movimentos perdidos devido à intervenção cirúrgica. Mas nem todos
conseguem esse tipo de amparo pelo SUS.
Três pessoas foram detidas em flagrante e a Polícia está à procura de outras duas.
Prisões ocorrem em um hospital
Filmagens
O delegado Andrade Júnior, titular da DDF, esteve à frente das diligências sigilosas que
incluíram até filmagens dentro do hospital onde, supostamente, estariam internadas
crianças com doenças diversas.
O valor da fraude não foi divulgado pela Polícia. Mas, segundo fontes da instituição, as
cifras são altas, pois há mais de um ano as guias eram preenchidas de forma fraudulenta
com o único objetivo de obter o pagamento dos procedimentos médicos não realizados.
“Estamos ainda a procura de outras pessoas que poderão ser presas nas próximas
horas”, disse o delegado Jairo Pequeno, diretor do Departamento de Polícia
Especializada (DPE), em contato com o Diário do Nordeste, no começo da noite
passada, por telefone.
Os flagrantes contra as três pessoas detidas foram iniciados no fim da tarde. Nas buscas,
os inspetores vasculharam o setor contábil do hospital e um prédio anexo que está sendo
construído ali. A equipe policial deixou o local por volta das 17 horas, sem falar à
Imprensa.
Jorge Cabral Rebouças saiu do hospital algemado e com um paletó cobrindo o rosto.
Também não quis dar declarações aos jornalistas. Cerca de meia hora antes, uma
funcionária identificada como Franciane de Menezes Rodrigues, 26 anos, que
trabalhava no hospital como recepcionista, também deixou o local sob escolta dos
policiais e foi encaminhada à sede da Superintendência da Polícia Civil.
Secretário
DEPOIMENTO
Entre as três pessoas detidas pela Polícia Civil no Hospital de Medicina Infantil de
Parangaba, está a recepcionista identificada como Franciane de Menezes Rodrigues, 26.
Na saída para a DDF, ela falou rapidamente com os jornalistas e admitiu que participou
da fraude. Disse aos repórteres que há mais de um ano trabalhava ali. No início, não
sabia de nada. Depois, passou a preencher as fichas e as encaminhava para outra
funcionária, que ela identifica como Meire.
“Fazia isto por necessidade. Mas, não ganhei nada. Não tenho nem uma casa própria”
disse Franciane, alegando que recebia apenas o salário mínimo e que sequer tinha
carteira assinada pelo hospital.
Outros nomes
Brasil
SAÚDE
Erika Klingl
Da Equipe do Correio
Boa parte do dinheiro que deveria ser investido na saúde está indo para o ralo ou para o
bolso de terceiros. Pelo menos é essa a impressão passada pelos relatórios do
Departamento Nacional de Auditores do Sistema Único de Saúde (Denasus). Os dados
levantados pelo órgão, ligado ao Ministério da Saúde, mostram que muitas das
reclamações não têm tanta razão de ser. Os donos de hospitais particulares e
filantrópicos se queixam da falta de reajuste da tabela do SUS. Os gestores de hospitais
públicos criticam os repasses insuficientes para garantir o atendimento de toda
população.
Em 47% dos mais de 500 municípios fiscalizados pelo Denasus, existe uma cobrança
irregular junto ao SUS. Isso acontece quando um hospital oferece atendimento ao
paciente, mas informa ao Ministério da Saúde ter feito procedimento mais complexo e
caro. Além disso, cerca de 36% das cidades fiscalizadas não elaboram o Plano
Municipal de Saúde ou relatório de gestão, com planejamento dos investimentos e
comprovação de gastos. Em 72% das cidades visitadas, não existe controle sobre o
número de remédios comprados e distribuídos pelos gestores dos hospitais. Em 28% dos
municípios, os fiscais encontraram medicamentos com prazo de validade vencido entre
os que seriam distribuídos.
'Não é raro encontrar hospitais filantrópicos e privados que cobram duas vezes, uma do
SUS e outra do paciente', denuncia o diretor do Denasus, Paulo Sérgio Nunes. 'E, com
profissionalismo, eles não aceitam cheque e nem dão nota fiscal.' Essa irregularidade foi
encontrada em 11% das cidades fiscalizadas.
Maioria
O número de irregularidades é assustador. Segundo levantamento feito pelo Correio,
mais de 75% dos 60 municípios fiscalizados no 13º sorteio da Controladoria Geral da
União (CGU) usaram indevidamente o dinheiro público reservado para a saúde. É
verdade que nem todos agiram de má-fé. Algumas irregularidades são fruto da
incapacidade de gestão do secretário de Saúde ou do prefeito, como em Alagoa Nova,
cidade com 18 mil habitantes na Paraíba. Lá não existe uma programação das
necessidades de investimentos em saúde segundo o perfil da população e do histórico do
município. A falta de planejamento nessa área faz com que os gestores estejam sempre
desprevenidos.
Outros R$ 675 mil do Programa de Vigilância em Saúde também foram parar, sem
explicação, na conta da prefeitura. Nos dois casos, as despesas não foram comprovadas.
Paralisação
No 13º sorteio, o mais recentemente divulgado pela CGU, 60 municípios foram
fiscalizados. Foi o quinto que contou a participação de auditores do Denasus
acompanhando os fiscais da Controladoria. 'Isso foi importante porque existem pontos
que só podem ser vistoriados pelos auditores do SUS, como é o caso dos prontuários
médicos', explica o diretor do Denasus.
O NÚMERO
A rede hospitalar do SUS
2.217 públicos 3.497 particulares e
filantrópicos 150 universitários
Sob suspeita
Para se ter uma idéia, o tratamento de um acidente vascular cerebral (AVC) custa aos
cofres públicos R$ 315. De acordo com o levantamento da associação, um hospital não
consegue realizar o procedimento por menos de R$ 1.037. A diferença passa dos 200%
de um para o outro. A variação é ainda maior quando o paciente precisa extrair a
vesícula. O SUS paga R$ 288 e os hospitais estimam o gasto de R$ 1.489. A variação,
nesse caso, ultrapassa 400%.
Uma das saídas possíveis é a revisão de contratos com o Ministério da Saúde. Mas a
CMB não descarta ingressar com ações judiciais caso as negociações com o ministério
não avancem. O governo federal também estuda um plano de fusões dos hospitais
pequenos para melhorar o gerenciamento de recursos. Uma portaria já em vigor proíbe a
abertura de novas instituições caso elas não tenham, no mínimo, 30 leitos. (EK)
Brasil
SAÚDE
Dados do Departamento Nacional de Auditores do SUS revelam que, em 47% dos
municípios fiscalizados, há cobrança irregular de procedimentos por parte dos
hospitais
Erika Klingl
Da Equipe do Correio
Boa parte do dinheiro que deveria ser investido na saúde está indo para o ralo ou para o
bolso de terceiros. Pelo menos é essa a impressão passada pelos relatórios do
Departamento Nacional de Auditores do Sistema Único de Saúde (Denasus). Os dados
levantados pelo órgão, ligado ao Ministério da Saúde, mostram que muitas das
reclamações não têm tanta razão de ser. Os donos de hospitais particulares e
filantrópicos se queixam da falta de reajuste da tabela do SUS. Os gestores de hospitais
públicos criticam os repasses insuficientes para garantir o atendimento de toda
população.
Em 47% dos mais de 500 municípios fiscalizados pelo Denasus, existe uma cobrança
irregular junto ao SUS. Isso acontece quando um hospital oferece atendimento ao
paciente, mas informa ao Ministério da Saúde ter feito procedimento mais complexo e
caro. Além disso, cerca de 36% das cidades fiscalizadas não elaboram o Plano
Municipal de Saúde ou relatório de gestão, com planejamento dos investimentos e
comprovação de gastos. Em 72% das cidades visitadas, não existe controle sobre o
número de remédios comprados e distribuídos pelos gestores dos hospitais. Em 28% dos
municípios, os fiscais encontraram medicamentos com prazo de validade vencido entre
os que seriam distribuídos.
'Não é raro encontrar hospitais filantrópicos e privados que cobram duas vezes, uma do
SUS e outra do paciente', denuncia o diretor do Denasus, Paulo Sérgio Nunes. 'E, com
profissionalismo, eles não aceitam cheque e nem dão nota fiscal.' Essa irregularidade foi
encontrada em 11% das cidades fiscalizadas.
Maioria
O número de irregularidades é assustador. Segundo levantamento feito pelo Correio,
mais de 75% dos 60 municípios fiscalizados no 13º sorteio da Controladoria Geral da
União (CGU) usaram indevidamente o dinheiro público reservado para a saúde. É
verdade que nem todos agiram de má-fé. Algumas irregularidades são fruto da
incapacidade de gestão do secretário de Saúde ou do prefeito, como em Alagoa Nova,
cidade com 18 mil habitantes na Paraíba. Lá não existe uma programação das
necessidades de investimentos em saúde segundo o perfil da população e do histórico do
município. A falta de planejamento nessa área faz com que os gestores estejam sempre
desprevenidos.
Outros R$ 675 mil do Programa de Vigilância em Saúde também foram parar, sem
explicação, na conta da prefeitura. Nos dois casos, as despesas não foram comprovadas.
Paralisação
No 13º sorteio, o mais recentemente divulgado pela CGU, 60 municípios foram
fiscalizados. Foi o quinto que contou a participação de auditores do Denasus
acompanhando os fiscais da Controladoria. 'Isso foi importante porque existem pontos
que só podem ser vistoriados pelos auditores do SUS, como é o caso dos prontuários
médicos', explica o diretor do Denasus.
O NÚMERO
A rede hospitalar do SUS
2.217 públicos 3.497 particulares e
filantrópicos 150 universitários
Sob suspeita
Para se ter uma idéia, o tratamento de um acidente vascular cerebral (AVC) custa aos
cofres públicos R$ 315. De acordo com o levantamento da associação, um hospital não
consegue realizar o procedimento por menos de R$ 1.037. A diferença passa dos 200%
de um para o outro. A variação é ainda maior quando o paciente precisa extrair a
vesícula. O SUS paga R$ 288 e os hospitais estimam o gasto de R$ 1.489. A variação,
nesse caso, ultrapassa 400%.
Uma das saídas possíveis é a revisão de contratos com o Ministério da Saúde. Mas a
CMB não descarta ingressar com ações judiciais caso as negociações com o ministério
não avancem. O governo federal também estuda um plano de fusões dos hospitais
pequenos para melhorar o gerenciamento de recursos. Uma portaria já em vigor proíbe a
abertura de novas instituições caso elas não tenham, no mínimo, 30 leitos. (EK)