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PORTUGUÊS

COMENTÁRIO DA PROVA DE PORTUGUÊS

Este exame de Compreensão e Produção de Texto da UFPR mantém as características essenciais


que há vários anos o distinguem entre as boas provas de Redação realizadas pelas principais instituições de
ensino superior do Brasil. Comparativamente, contudo, parecem-nos cabíveis certas ressalvas.
Desde a instituição do processo seletivo em duas fases, cinco anos atrás, a prova de Compreensão e
Produção de Textos, única obrigatória para todos os candidatos na segunda fase, passou por dois formatos
distintos.
Nos dois primeiros exames, havia cinco “questões discursivas” entremeadas a dez testes de múltipla
escolha. Sob certo aspecto, foi o momento em que a prova mais propriamente se revestiu do caráter de
“compreensão e produção de texto”.
A partir do vestibular 2007, saíram os testes de múltipla escolha e ampliou-se para sete o total de
questões discursivas. Esse formato veiculou o melhor conjunto de provas de produção de texto já elaboradas
pela UFPR, com ampla gama de temas explorados por meio de variados gêneros textuais.
Na prova deste ano, tais qualidades estão inegavelmente presentes. Expressam-se, por exemplo, na
elegância da primeira questão, que se vale de um interessante infográfico para solicitar o desenvolvimento
de texto argumentativo sobre o tema, atual e relevante, do “uso de biocombustíveis em substituição aos
derivados de petróleo”. E na escolha do filósofo e escritor suíço Alain de Botton, na entrevista que serve de
base para a questão número 5, sobre os “prazeres e desprazeres” advindos da “relação do homem com o
trabalho”, tema tornado ainda mais pertinente nestes tempos de grandes transformações e debates sobre a
natureza do mundo do trabalho, inclusive no tocante a seus aspectos subjetivos.
Sem, entretanto, resgatar os testes de múltipla escolha, o exame volta agora a apresentar cinco
questões discursivas, fato que – é forçoso reconhecer – se refletiu em certa perda de abrangência e
variedade. Restringiram-se as propostas com base em textos não-verbais (não há charge nem tira de
quadrinhos), eliminou-se uma das duas propostas argumentativas comuns desde 2007 e se restringiu ainda
mais o espaço para o aproveitamento dos livros de leitura obrigatória (ver comentário específico sobre
Literatura). Nesse contexto, a paráfrase de textos verbais acabou relativamente privilegiada, pois é a
modalidade de base para duas das questões discursivas: a terceira, que solicita um resumo, e a quinta, que
pede a transposição de uma entrevista de sua forma original para o discurso indireto.
Consoante com essa relativa perda de amplitude formal e temática, os textos-base apresentam
complexidade igualmente inferior. Ausentes, digamos, textos de divulgação científica e artigos de opinião
sobre temas políticos ou econômicos, a prova resultou menos exigente no tocante à competência de leitura e
ao conhecimento de mundo. A questão número 4, por exemplo, é sem dúvida complexa do ponto de vista
formal, mas toma por base um fragmento de texto em linguagem coloquial e conteúdo, não obstante o
aspecto crítico, bastante próximo ao senso comum.
Ressalte-se que, em contraposição, a questão número 2 inovou ao cobrar do candidato que “narre uma
história da vida moderna que seja a transposição” de uma fábula clássica (recontada por Monteiro Lobato).
Pouco frequente, historicamente, a presença da narrativa amplia o horizonte de gêneros e modalidades
pertinentes à prova e contribui para coibir certa tendência à excessiva padronização das questões ao longo
dos anos. Como horizonte de aprimoramento, o número de linhas poderia ser ampliado. Não é realmente
simples compor narrativas em apenas 10 linhas. Compare-se tal limitação, por exemplo, com as 12 linhas de
que o candidato poderia se valer para transpor as 13 linhas do fragmento de entrevista que serve de base
para a questão 5.
Embora já se tenha verificado no último exame UFPR Litoral, a diminuição para cinco questões
discursivas pode ter sido necessária, este ano, em caráter excepcional, devido à transferência das datas da
segunda fase. Fazemos votos, assim, que as sete questões retornem nos exames do ano que vem.
Professores de Português do Curso Positivo.

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