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Catadora de caranguejo catando “frutos” do manguezal
do seu território. Os últimos esforços das organi- Atlântica e Ecossistemas Associados, a Sociedade
zações não-governamentais Sociedade Nordes- Nordestina de Ecologia, em articulação com a
tina de Ecologia (SNE) e Fundação SOS Mata Fundação SOS Mata Atlântica, adotou as fisio-
Atlântica e parceiros governamentais para mape- nomias definidas no decreto nº 750/93.
amento da Mata Atlântica indicam que o bioma No Piauí, a legenda da vegetação mapeada
no Nordeste ocupa hoje uma área aproximada de foi: floresta estacional semidecidual montana
27.194 Km², cobrindo uma área total de 2,21% (floresta tropical subcaducifólia); floresta esta-
do seu território. cional semidecidual submontana (floresta tropi-
Mais de 46% dos remanescentes mapeados cal subcaducifólia); floresta estacional decidual
estão localizados na Bahia. Os demais sete esta- montana (floresta tropical caducifólia); vegetação
dos contam com 14.520 Km² de remanescentes de dunas/restinga (vegetação com influência ma-
da Mata Atlântica, dispostos em pequenos frag- rinha) e vegetação de manguezal (vegetação com
mentos. A Mata Atlântica no Nordeste se estendia influência fluvio-marinha).
por uma faixa contínua litorânea do Rio Grande Para o Ceará, a legenda adotada foi: vegeta-
do Norte até a Bahia e, nos Estados do Ceará e ção de cerradão (floresta estacional semidecidual
do Piauí, em áreas descontínuas sobre chapadas, montana); vegetação de dunas/restinga; vegetação
serras, dunas e vales. de mata úmida (floresta ombrófila aberta) e vege-
Para a realização do Mapeamento da Mata tação de manguezal.
Município de
Cristino Castro
Foto: Paulo Vasconcelos Júnior
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Área da
Unidade de Vegetação na unidade
Nível Unidade Tipologia Florestal
Conservação
(ha) (ha) (%)
Vegetação de Manguezal 5.351,11 1,74
APA Delta do Federal 308.273,00 Vegetação de
Parnaíba 19.456,85 6,31
Dunas/Restinga
PN Serra das Floresta Estacional
Federal 526.106,77 343.299,70 65,25
Confusões Decidual Montana
TOTAL 834.379,77 368.107,66 44,12
SNE, 2005.
Periquitos
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APA da
A Mata Atlântica no Ceará ocupa uma área fisionomia de mata úmida e de cerradão. Constata- Serra de
total de 1.873 Km² e está localizada de maneira se que a existência das unidades de conservação Maranguape
dispersa em dez regiões: Chapada do Araripe, da Floresta Nacional do Araripe (Flona Araripe)
Litoral, Chapada do Ibiapaba, Serra da Aratanha, e da APA Chapada do Araripe contribuiu para a
Serra de Baturité, Serra do Machado, Serra das manutenção desses remanescentes, haja vista que,
Matas, Serra de Maranguape, Serra da Meruoca no entorno imediato das unidades de conservação,
e Serra de Uruburetama, ocupando total ou par- quase não se encontra mais vegetação nativa.
cialmente 67 municípios. É no litoral do Estado onde se verifica a maior
De acordo com dados obtidos no mapea- agressão à biodiversidade dos ecossistemas asso-
mento realizado pela SNE em 2004, verifica-se ciados da Mata Atlântica: manguezais e restingas
que apenas 14 municípios (Amontada, Barbalha, (vegetação de dunas). A redução das áreas de
Barroquinha, Beberibe, Camocim, Crato, Fortim, manguezal se explica pelo uso incompatível do
Guaramiranga, Meruoca, Mulungu, Pacatuba, Pa- solo associado à expansão de complexos turísticos
coti, Paracuru e Paraipaba), dentre os que possuem e culturas de crustáceos. A vegetação de restinga
vegetação mapeada, obtiveram um valor acima tem sua redução também associada ao turismo e
de 10% de área municipal recoberta com relação à expansão da agricultura.
à Mata Atlântica e Ecossistemas Associados no A existência de vegetação nativa da Chapada
Estado do Ceará. Na Tabela 4, são apresentados da Ibiapaba, a mata úmida, deve-se à forte declivi-
os fragmentos de vegetação de Mata Atlântica e dade e também à criação das unidades de conser-
Ecossistemas Associados mapeados por região. vação: APA da Ibiapaba e o Parque Nacional de
A Chapada do Araripe apresenta um frag- Ubajara. Nas Serras de Maranguape e Aratanha,
mento de razoável dimensão para a região com a vegetação de mata úmida está mais preservada,
Unidade de
Conservação Tipologia Vegetação
Unidade de Vegetação na
Nível de na Unidade
Conservação no Ceará Unidade (%)
Vegetação (ha)
(ha)
Remanescentes de
Mata Atlântica no
Estado
Caranguejos
Manguezal
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O Domínio da Mata Atlântica (DMA) na preliminar das imagens, com base em amostras
Paraíba abrange duas grandes áreas, perfazendo de áreas conhecidas, sugeria um prolongamento
um total de 6.743 Km² e ocupando total ou parcial- da vegetação de mata além desses limites. Essas
mente 63 municípios, incluindo os ecossistemas áreas foram mapeadas, desde que confirmadas
de mata, restinga e manguezal. Uma das áreas fica pelos técnicos locais e/ou nos trabalhos de campo.
localizada na parte sul do Estado, com 575 Km², Na outra área, situada a leste, com 6.168 Km², en-
cobrindo a totalidade dos municípios de Camalaú, contram-se remanescentes da floresta ombrófila,
Caraúbas, Congo, Monteiro, São João do Tigre e da floresta estacional semicaducifólia, da restinga
São Sebastião do Umbuzeiro. No caso específico e do manguezal.
desses municípios paraibanos, que não foram consi- Embora não estejam incluídas no DMA,
derados no mapeamento da SNE de 1992/1993, mas foram identificadas áreas de mata nos seguintes
que estão incluídos no Domínio da Mata Atlântica, municípios: Caiçara, Lagoa de Dentro, Pedro
levantamentos realizados pela equipe do PNUD/ Régio, Duas Estradas, Sertãozinho, Guabiraba,
FAAO/Ibama/Governo da Paraíba e divulgados Cuitegi, Alagoinha, Algodão de Jandaíra, Jua-
no “Mapeamento da Cobertura Florestal Nativa rez Távora, Serra Redonda, Ingá, Riachão do
Lenhosa do Estado da Paraíba”, em 1994 e 2002, Bacamarte, Massaranduba, Fagundes, Campina
revelam, para as áreas serranas desses municípios, Grande, Puxinanâ, Aroeiras e Maturéia. Nessas
uma flora tipicamente de Caatinga. Decidiu-se, áreas foram então mapeados 71 Km² de mata, os
então, pela continuidade da não inclusão dos dados quais somados aos 656 Km² mapeados no DMA,
encontrados naqueles municípios. resultaram em 727 Km², conforme a Tabela 8.
Em contrapartida, em alguns municípios li- Os maiores decrementos identificados nos
mítrofes ao DMA de ambos os estados, a análise últimos dez anos no Estado ocorreram nos mu-
Área de mata
Foto: Fernando Pinto
Cidade de
Olinda – PE
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Apesar de praticamente toda costa brasileira posteriormente, sugerem que esse número pode
ter sido ocupada pela colonização européia a estar subestimado e que a floresta ao norte do
partir da mesma época (século XVI), foi no Nor- Rio São Francisco é a unidade biogeográfica da
deste do Brasil que a floresta atlântica foi mais floresta atlântica de maior probabilidade de per-
rapidamente degradada. Dois ciclos econômicos der espécies em escala regional e global. Nessa
foram fundamentais nesse processo: o do pau- região, por exemplo, é onde se encontra um dos
brasil e o da cana-de-açúcar, o qual se estende até locais (Murici, Alagoas) com a maior quantidade
os dias atuais. Em 1990, restavam menos de 6% de espécies de aves ameaçadas de extinção nas
da extensão original da floresta atlântica ao Américas.
norte do Rio São Francisco e alguns tipos flo- De acordo com o Caderno nº 29, do Conselho
restais, como a floresta ombrófila densa, foram Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlân-
reduzidos a poucas dezenas de quilômetros tica (RBMA), que trata da RBMA em Alagoas,
quadrados. existem 24 unidades de conservação inseridas na
A Mata Atlântica nos estados de Alagoas área de abrangência do bioma no Estado. Destas
e Pernambuco representa grande parte do que UCs, sete são federais, sete são estaduais, três
restou do Centro de Endemismo Pernambuco, são municipais e sete são Reservas Particulares.
o qual abriga a floresta costeira de Alagoas ao Essas UCs cobrem uma área total de 602.173,60
Rio Grande do Norte. Estudos indicam que um ha. Sete destas UCs são APAs e perfazem um total
terço das árvores do Centro Pernambuco estariam de 575.877 ha, as demais UCs cobrem 26.296,60
ameaçadas de extinção regional, conseqüência da ha. Algumas ainda não foram categorizadas de
interrupção do processo de dispersão de semen- acordo com o Sistema Nacional de Unidades de
tes. Modelos de extinção de árvores, elaborados Conservação (SNUC).
Mutum: espécie
altamente ameçada
de extinção
biodiversidade e criar formas de restaurar o fun- biológica. Assim, várias categorias de uso da terra
cionamento da paisagem e o desenvolvimento compõem o esforço de conservação de um cor-
sustentável da ecorregião Florestas Costeiras de redor, dentre elas: parques, reservas públicas ou
Pernambuco (FCP). Os objetivos específicos do privadas, terras indígenas, além de propriedades
Pacto são: 1. Construir um programa integrado de que praticam sistemas agroflorestais ou ecotu-
ações de conservação, para a ecorregião da FCP; 2. rismo. O Pacto Murici pode ser um instrumento
Captar e mobilizar recursos para a implementação importante para a elaboração e implementação de
do programa integrado de ações de conservação e um corredor de biodiversidade em uma das por-
desenvolvimento sustentável na região; 3. Integrar ções mais importantes de toda a floresta atlântica,
ações visando o cumprimento e/ou o estabele- contribuindo efetivamente para a conservação da
cimento de políticas públicas que favoreçam e Mata Atlântica do Nordeste.
Cactus na
restinga
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O Estado de Sergipe localiza-se a leste da cana-de-açúcar. Após mais de 500 anos de ocu-
região Nordeste e tem a menor área do Brasil pação, da Mata Atlântica original restam poucos
em extensão territorial, com 22.050,40 Km2. corredores ao longo da extensão litorânea do
Possui cerca de 1.800.000 habitantes, 62,4% Estado, ocupando cerca de 40 Km2 de largura do
urbanos, densidade demográfica de 77,67 hab/ território sergipano, com formações de diferentes
Km2, crescimento demográfico de 1,2% ao ano ecossistemas, que incluem as faixas litorâneas
e uma faixa de migração interna de 11,25%. Sua com suas associações das praias e dunas, com
área natural é bastante devastada, sendo cerca ocorrência das formações florestais perenifólias
de 90% utilizada como pastagens e atividade in- latifoliadas higrófilas costeiras (floresta cos-
tensiva de agricultura, restando apenas algumas teira), que ocorrem ao longo do todo o litoral
manchas da floresta costeira, mata de restinga, sergipano sob a forma de pequenas manchas,
mata ciliar, cerrados arbustivos e caatinga. exceto na porção sul do Estado, onde algumas
Em Sergipe, como no Nordeste em geral, as fazendas particulares se apresentam mais pre-
áreas remanescentes são pequenas e extrema- servadas, localizando-se normalmente nos topos
mente fragmentadas com grande impacto an- das colinas mais elevadas ou nas encostas que
trópico. apresentam declividades acentuadas. Nos locais
Originalmente, a Mata Atlântica ocupava onde foi fortemente devastada, aparecem os
toda faixa litorânea sergipana, até a chegada do cultivos perenes e temporários e posteriormente
homem branco (europeu) em 1501 para tomar as pastagens. A Mata Atlântica sergipana ocorre
posse das terras indígenas, com os objetivos desde municípios localizados no São Francisco
de explorar o pau-brasil, criar gado e plantar até Mangue Seco, na divisa com a Bahia.
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Serra de Itabaiana
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seco. Essa vegetação serve para fixar as areias das intercalam com plantas das famílias das Poaceae
dunas móveis. Entre essas, destacam-se salsa-da- e recobrem parte do solo. Nos campos de restinga,
praia, grama-da-praia, feijão da praia, capim-gen- aparecem as seguintes espécies: ananás, samam-
gibre, xique-xique ou guizo-de-cascavel. baia-da-praia, murici-da-praia e carrasco.
semi-árida e agreste e são permanentes nas re- micos inorgânicos e orgânicos tóxicos, incluindo
giões úmidas, onde formam mananciais usados pesticidas. Práticas de irrigação têm elevado a
para abastecimento público, irrigação e recepção salinidade das águas subterrâneas à medida que
de efluentes industriais e domésticos. a água utilizada é retirada das áreas da costa.
A disponibilidade hídrica é escassa, agra- A exploração de petróleo e gás natural pode
vando-se no período de estiagem, como afirma contaminar as águas superficiais e os lençóis de
Ab’Saber em referência à drenagem: “Um magro águas subterrâneas, mistura de água salgada com
sistema de cursos d’água de áreas semi-áridas, água doce.
intermitentes e irregulares, dotado de fraquíssi- O desflorestamento nas áreas de bacias hi-