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PREAL

PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA REFORMA EDUCATIVA NA


AMÉRICA LATINA E CARIBE

O Programa para Promoção da Reforma Educativa na América Latina e Caribe, PREAL, almeja levar a
educação para o topo da agenda política de países em toda a região e constituir um grupo de apoio para a
reforma educativa. O PREAL é dirigido em conjunto pelo Diálogo Interamericano e pela Corporação Para
Desenvolvimento de Pesquisa (CINDE), Santiago do Chile. Os fundos são fornecidos maioritariamente pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Fundos adicionais são fornecidos pelo Centro
Internacional de Desenvolvimento de Pesquisa do Canadá, pela Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional (U.S. Agency for International Development - USAID) e pelo Fundo GE (GE
Fund).

Entre suas atividades, o programa encomenda estudos sobre o estado da arte em áreas fundamentais de
política da educação. Estes trabalhos são apresentados e divulgados através da Série de Estudos Ocasionais e
de conferências realizadas em países do hemisfério. Os estudos da série são publicados simultaneamente em
inglês e espanhol.
Educação na América Latina: economias à competição internacional, o
problemas e desafios investimento estrangeiro, a inovação
*
Por Jeffrey M. Puryear tecnológica e o equilíbrio macroeconômico.
A forma democrática de governo espalhou-
se pela maior parte da região e a
Introdução administração pública vem sendo
rapidamente descentralizada. De modo
A América Latina precisa dar um geral, a América Latina está em um
novo enfoque à educação. processo contínuo de integração em uma
As políticas tradicionais, que visam nova ordem política e econômica mundial,
principalmente estender a cobertura do ao mesmo tempo que estabelece laços
sistema educacional a mais estudantes, mais estreitos com os Estados Unidos.
estão-se mostrando inadequadas frente às O modelo de desenvolvimento que
importantes mudanças sociais e emergiu trouxe consigo novas exigências,
econômicas que hoje varrem a região. tanto para os cidadãos, quanto para os
Elas não produziram níveis satisfatórios de Estados. Economias abertas, integradas
qualidade de ensino, nem promoveram no sistema global, requerem uma força de
eqüidade social e econômica que trabalho que seja capaz de competir em
atendesse às necessidades. Ainda mais, nível internacional, que seja forte em
demonstraram-se incapazes de reagir a ciências e tecnologia. O retorno à
mudanças no mercado de trabalho com a democracia disparou novas demandas dos
rapidez necessária. Na maior parte da cidadãos por serviços dos governos, e uma
região, a boa educação continua crescente demanda dos governos por
concentrada nas classes alta e média alta, cidadãos informados e responsáveis. A
ministrada através de escolas privadas, descentralização da administração pública
relativamente caras, e muito do que ensina está dando nova ênfase à participação dos
tem aplicação apenas limitada no moderno cidadãos e à autonomia e responsabilidade
ambiente de trabalho. Tais deficiências das estruturas estaduais e municipais.
têm um impacto particularmente negativo Para atender essas demandas, os
nos pobres, que dependem quase sistemas educacionais da América Latina
exclusivamente da educação para alcançar precisarão perseguir, simultaneamente,
mobilidade social e cujas opções, na alguns objetivos desafiantes, e às vezes,
prática, estão restritas às escolas públicas. contraditórios. Terão de capacitar os
A disfunção entre oferta e demanda estudantes para emprego em uma
de educação na América Latina foi economia moderna, competitiva em nível
exacerbada pelas mudanças políticas e internacional; de incentivar mudanças
econômicas mais amplas que ali estão tecnológicas e científicas; de promover
ocorrendo. Atingidos os limites de um mobilidade e eqüidade sociais e de
determinado modelo de desenvolvimento preparar os indivíduos para uma cidadania
econômico, os países da região estão-se democrática. Para alcançar tais objetivos
convertendo rapidamente para outro. O são necessários sistemas educacionais
antigo modelo, vigente há mais de três que sejam sensíveis às mutações
décadas, se baseava em protecionismo econômicas e sociais ora em curso e que
industrial, dívida externa, exploração de sejam capazes de se ajustarem,
recursos naturais e déficit dos orçamentos significativamente, nos níveis regional e
nacionais. O novo, adota a abertura das local, para acomodar grupos diferentes.
Infelizmente, os sistemas
* educacionais da América Latina não estão
Jeffrey M. Puryear dirige o programa de
respondendo à altura estes desafios. Os
educação do Diálogo Interamericano.
Doutor em Educação Comparada pela educadores falam, cada vez mais, de um
"divórcio radical" entre eles e as
Universidade de Chicago, é autor de
necessidades que a região precisa atender
inúmeros artigos sobre educação e
assuntos interamericanos. Antes de para alcançar o desenvolvimento almejado.
Apontam para a baixa qualidade da maior
assumir sua posição no Diálogo, o Dr.
parte do ensino público, para o papel
Puryear serviu como chefe do escritório
regional da Fundação Ford para os Andes declinante da educação na promoção da
mobilidade social, para o fraco ensino
e Cone Sul e como pesquisador acadêmico
técnico-vocacional de nível secundário e
na Universidade de Nova Iorque.
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para a dissociação generalizada entre as 1995, Tabela 2.4; Banco Mundial 1995, 44,
escolas e as demandas de uma economia Figura 2.6; Schiefelbein e Peruzzi 1991).
moderna. Chamam a atenção para a Estes progressos são ainda mais
ausência quase total de conhecimento impressionantes quando se considera o
utilitário nos níveis primário e secundário, contexto do crescimento populacional da
para a falta de incentivo ao região, de aproximadamente três porcento
desenvolvimento de pensamento crítico e ao ano, no período, das importantes
racional e para a pobreza das informações migrações do meio rural para o urbano e da
sobre sociedades e tecnologias crise da dívida externa dos anos oitenta.
contemporâneas. Notam a generalização Os ensinos pós-secundário e
de sistemas universitários hiper- superior tiveram uma expansão ainda mais
expandidos, caracterizados por excesso de dramática, quintuplicando as taxas de
estabelecimentos, qualidade dúbia e matrículas desde 1960, espalhando-se
predominância de especializações geograficamente, diversificando-se
orientadas para atividades burocráticas. institucionalmente e oferecendo novas
Observam, ainda, as ineqüidades inerentes especializações. A América Latina tem
aos subsídios generalizados para o ensino hoje um amplo e altamente variado sistema
superior. E mencionam a qualidade que inclui institutos politécnicos,
geralmente inferior dos professores em universidades tradicionais e novas
todos os níveis do sistema (ECLAC- universidades (públicas e privadas)
UNESCO 1992; Schiefelbein 1995; Banco planejadas para atender à crescente
Mundial). 1995. demanda de treinamento pós-secundário.
Uma revisão dos desafios As universidades tornaram-se cada vez
fundamentais postos aos sistemas mais interligadas com suas equivalentes na
educativos – Acesso, Qualidade e Europa e nos Estados Unidos, sendo que
Eqüidade – e alguns dos fatores por trás algumas delas adotaram o modelo
desses desafios, demonstram departamental de organização,
dramaticamente o atual estado das coisas. incorporaram mais ciência, deram ênfase à
pesquisa e estabeleceram faculdades em
Acesso tempo integral. Surgiu uma rede de centros
As boas notícias são que a privados de pesquisa, inteiramente
América Latina conseguiu um separada das universidades e que cobre
impressionante sucesso na extensão da toda a região, concentrada nas ciências
escolaridade a amplos setores sociais e financiada principalmente a partir
anteriormente excluídos. O analfabetismo do exterior (Brunner 1990; Winkler 1990).
caiu de 35 porcento em 1960 para Tais progressos, contudo,
estimados 13 porcento em 1995 (UNESCO coexistem com importantes falhas. Como o
1995, Tabela 2.2; UNESCO 1968, Tabela demonstra a Figura B, a América Latina
1.3). A proporção de crianças com menos fica atrás das economias bem sucedidas do
de cinco anos matriculadas em programas leste asiático em termos da média de
do pré-escolar elevou-se de 2 porcento em educação da força de trabalho. O hiato é
1960 para 17 porcento em 1990 (UNESCO particularmente grande nos níveis primário
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1996, 22, Tabela 1). As taxas de e secundário (Bisrdall e Sabot 1994). Os
matrículas do primário cresceram quase 50 ganhos em cobertura variam largamente,
porcento e hoje passa de 90 porcento na entre os países e entre as regiões dentro
maioria dos países. As taxas do dos países, e têm favorecido menos os
secundário passaram, de 36 para 66 povos nativos e as camadas pobres, tanto
porcento da coorte etária, e as do ensino das populações rurais, quanto das urbanas.
superior de 6 para 27 porcento (Tabela A e As mulheres índias do meio rural são
Figura A). Os índices de matrícula no particularmente carentes em termos de
secundário são superiores aos da África e acesso à escola. Os índices de matrícula
similares aos do leste asiático, e os do no pré-escolar são ainda baixos. A
nível superior se aproximam das taxas da expansão tem sido particularmente
Europa e da Ásia Central (Banco Mundial acelerada nos níveis superiores –
secundário e ensino superior – que visam
1
Myers (1996) mostra uma visão principalmente os jovens dos grupos de
rendas média e alta. Além disso, os
compreensiva dos progressos da educação
sistemas de educação primária e
pré-escolar na América Latina.
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secundária são nitidamente segmentados aluno continuam representando uma


por status econômico, sendo os pobres pequena fração de seu equivalente nos
consignados ao sistema público, enquanto países desenvolvidos (UNESCO 1992, 104,
os ricos e a maior parte da classe média Tabela 12).
freqüentam escolas particulares. Os índices de repetência são altos.
As taxas de repetência na América Latina
Qualidade estão entre as mais altas do mundo, com a
média dos estudantes passando quase
A qualidade da educação que a sete anos na escola primária mas
maioria das crianças recebe na América completando apenas quatro séries
Latina é inadequada, principalmente no (Shciefelbein e Wolff 1995, 19).
caso das escolas públicas, que acolhem a Praticamente um em cada dois estudantes
maioria dos alunos do primário e do repete o primeiro ano escolar (Figura C). A
secundário e, virtualmente, todos os taxa de repetência média nos seis anos do
estudantes pobres. A ênfase dada à ciclo primário é próxima dos 30 porcento ao
expansão acarretou menos atenção aos ano (Wolff, Wchiefelbein e Valenzuela
processos e aos resultados do ensino. 1993. Ver, também, a Tabela C). O custo
Fundos que poderiam ter sido destinados a de ensinar esses repetentes foi estimado
laboratórios, livros-texto ou treinamento de recentemente em US$2,5 bilhões – quase
professores, foram gastos, ao invés, com um terço dos gastos públicos totais com
mais salas de aula e administradores e educação primária, na região (Schiefelbein
professores inadequadamente pagos. Não 1995, 13). Embora várias sejam as causas
foram estabelecidos programas para da repetência, ela sinaliza claramente a
avaliar e promover a qualidade, tais como baixa qualidade do ensino.
aferições confiáveis de desempenho dos As taxas de conclusão são baixas.
alunos, de produção dos professores e de Menos de metade dos alunos que iniciam o
excelência institucional. Como resultado, primário irão completar o ciclo (UNESCO-
muitas das crianças não conseguem OREALC 1992, 17). A maioria dos
domínio básico da língua e da matemática, estudantes admitidos no secundário jamais
as escolas secundárias não preparam os conclui o curso. Combinado com as altas
alunos para funcionarem efetivamente nas taxas de repetência, isso significa que,
sociedades modernas e muitas das novas embora quase todas as crianças passem
universidades pouco mais são que escolas algum tempo na escola, poucas recebem
secundárias. A qualidade, sabe-se, é difícil quantidade significativa de instrução. No
de mensurar, particularmente devido ao México, por exemplo, praticamente metade
fato de que a maioria dos países latino- dos estudantes que entram no ciclo
americanos deixou de estabelecer primário não o conclui, o que os deixa sem
sistemas nacionais de avaliação de a competência necessária para ler,
desempenho na educação. Há, contudo, escrever e efetuar cálculos aritméticos
cinco indicadores que apontam a existência simples (de Ibarrola 1995, 60).
de um sério problema de qualidade em As notas dos testes são baixas. Os
todos os níveis de ensino: estudantes latino-americanos têm um
a média de gastos por aluno desempenho pobre nos poucos estudos
continua sendo bastante inferior à dos entre países que temos disponíveis. Uma
países industrializados. A crise da dívida comparação da capacidade de leitura feita
dos anos oitenta fez que os desembolsos pela Associação Internacional para
governamentais para educação caíssem Avaliação de Desempenho Educacional
significativamente. Entre 1980 e 1985 os (International Association for the Evaluation
gastos públicos totais com o ensino tiveram of Educational Achievement – IEA) e o
uma redução de 15 porcento em termos escritório regional da UNESCO para
reais, enquanto, per capita, caía perto de América Latina e Caribe, indica que sete
25 porcento (Tabela B). Um dos estudos dos países latino-americanos, entre os
feitos descobriu que as despesas por quais o Chile, têm pontuação menor que os
alunos do nível primário na região países europeus e do leste asiático (entre
desceram de US$164 para US$118 entre os quais Indonésia, Hong Kong e
1980 e 1989 (Wolff, Schiefelbein e Cingapura). Em um estudo de 1992, sobre
Valenzuela 1993, 80-81). Essa tendência desempenho em ciências e matemática,
começou a se inverter, mas os gastos por jovens de treze anos de idade de São
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Paulo e Fortaleza, no Brasil, receberam promoção da eqüidade. Os pobres estão


pontos mais baixos que alunos da China, pesadamente concentrados nas escolas
Israel, Jordânia, Coréia e Formosa. primárias públicas – e a maioria não vai
Apenas os estudantes de Moçambique além. As classes média alta e alta, porém,
tiveram pontos ainda mais baixos (Edwards enviam seus filhos para escolas primárias e
1995, 176; Schiefelbein 1995, Tabelas 3, 5, secundárias privadas, onde a qualidade é
6). Ainda outro estudo sobre matemática e sensivelmente melhor. Tal padrão se altera
ciências, em 1992, mostrou que jovens, no nível superior – a maioria dos
também de treze anos, da Argentina, da estudantes de todas as universidades,
Colômbia, da República Dominicana e da públicas ou privadas, são da classe média,
Venezuela, excluídos os alunos de escolas ou de classe ainda superior. Apenas uma
privadas de elite, pontuaram abaixo de pequena proporção de jovens egressos da
países como Tailândia e Estados Unidos. classe pobre consegue chegar à
Os alunos de escolas públicas tiveram universidade.
desempenho satisfatório em apenas um O que resulta é um sistema
país: a Costa Rica (Tabela D). altamente segmentado, no qual os pobres
Fraco desempenho em ciência e recebem uma educação que é
tecnologia. A contribuição da América imensamente inferior àquela recebida pelos
Latina para a comunidade científica ricos. Um número desproporcional dos
internacional é marginal, e se concentra em repetentes e dos desistentes é de alunos
alguns poucos países. Embora o número da classe pobre. Mesmo quando
de diplomados em engenharia e tecnologia permanecem na escola os pobres tendem
tenha aumentado significativamente ao a aprender menos. As pesquisas feitas
longo de várias das últimas décadas, a indicam repetidamente que os níveis de
proporção de estudantes matriculados nas desempenho dos alunos das escolas
ciências básicas tem permanecido baixa. primárias estão diretamente relacionados
Com base em 1990, os latino-americanos com os níveis de renda familiar (Brunner e
estavam atrás dos países da OECD, das Cox 1995, 109; ECLAC-UNESCO 1992, 52;
economias recentemente industrializadas Wolff, Schiefelbein e Valenzuela 1993). Os
do leste asiático e dos países do sul da níveis médios de desempenho das crianças
Europa, em termos de gastos em pesquisa de famílias mais pobres tendem a ser
e desenvolvimento per capita, bem como dramaticamente inferiores aos das crianças
de percentual do PIB alocado para P&D de classe média e alta (Figura D). O hiato
(Tabela E). Apenas 1,5 porcento dos é ainda maior quando as diferenças de
artigos científicos publicados mundialmente renda se combinam com etnia e raça.
em 1993 vinha da América Latina e do Essas diferenças são ainda mais
Caribe (Papon e Barré 1996). De modo exacerbadas pela maneira como é feita a
similar, em 1990 a região representou alocação dos fundos públicos entre os
apenas 0,6 porcento dos recursos níveis de ensino. Na maioria dos países
investidos, em nível mundial, em pesquisa esses fundos têm sido dirigidos, de
e desenvolvimento e tinha não mais que maneira desproporcional, para os níveis
3,1 porcento dos cientistas e engenheiros superiores, refletindo o maior peso político
de P&D de todo o mundo, com 8,3 dos grupos de renda média e alta. Os
porcento da população mundial e, governos têm usado os fundos públicos
aproximadamente, 4 porcento do Produto para expandir os ensinos secundário e
Interno Bruto mundial (UNESCO 1993, 2, superior, em vez de reduzirem o diferencial
Figura 2.1; UNESCO 1996; e Nações de qualidade do nível primário Os
2
Unidas 1992, 185, Tabela .A.1) . Ciência e estudantes do nível superior
tecnologia continuam a representar um representavam, em 1989, apenas seis
papel menor na educação latino- porcento do total de matrículas (Tabela A e
americana. Figura A), mas recebiam mais de um
quarto dos gastos públicos com educação
Falta de Eqüidade – comparado com 13 porcento em 1965 e
23 porcento em 1985 (Figura E). As
Os sistemas educacionais da pesquisas indicam, contudo, que o quintil
América Latina são incrivelmente falhos na mais abastado da população recebe perto
de metade desses subsídios, enquanto o
2
PIB Mundial baseado em dados de 1991.
6

quintil mais pobre fica com apenas cinco executivos de empresas, líderes de
porcento (Carlson 1992, 13-14). partidos políticos, as igrejas, a mídia e as
Essas políticas deram à América associações profissionais – raramente
Latina um sistema de escolas privadas de demonstram interesse sério em política
alta qualidade, que atendem aos alunos educacional. E aos pobres (que são os
das classes média e alta, e de escolas mais diretamente prejudicados pela atual
públicas de baixa qualidade, que atendem política) faltam sofisticação, informações e
aos pobres. Um formulador de política poder necessários para influenciarem a
define a presente situação como um política. Em resumo, a demanda social por
contexto em que se oferece retórica sem educação é fraca.
recursos: "aos pobres foi dado um direito –
a educação universal. Sem recursos, Causas
porém, caíram, a qualidade dessa Os fatores que causam esse
educação e, conseqüentemente, o valor estado de coisas são complexos. Os
desse direito (Nancy Birdsall, citada em gastos são parte da história, mas,
Puryear e Olivos 1995, 3). Quando nos freqüentemente, são menos importantes
lembramos de que a América Latina tem a que as questões de administração e
distribuição de renda mais desigual do política.
planeta e que a educação é a variável que Investimento insuficiente do
geralmente se acredita ter o maior impacto governo não é o problema imediato. Pelos
nessa desigualdade, as implicações de se padrões mundiais, a maioria dos governos
manterem as atuais políticas ficam claras e da América Latina dedicou fundos
são desanimadoras (Londoño 1996; substanciais à educação. Em 1993 o setor
Edwards 1995, 252-260). público gastou com educação perto de 4,6
Parte do problema aqui é que em porcento do PIB, comparados com 4,1
educação, eqüidade se mede, porcento nos países em desenvolvimento
tradicionalmente, em termos de número de de modo geral e 5,3 porcento nos
matrículas, e não em termos de qualidade, desenvolvidos. Essa proporção se
ou resultados. O desempenho da América manteve relativamente constante, ou em
Latina é razoavelmente bom em termos de ascensão, desde, pelo menos, 1975,
cobertura – a maioria dos pobres recebe, apesar da crise financeira que atingiu a
ao menos, alguma escolaridade. Porém, região durante os anos oitenta (Tabela B).
quando redefinimos eqüidade, em termos É verdade que os gastos públicos
de acesso ao conhecimento e com educação declinaram nesse período,
competências exigidos pelos modernos em consonância com os gastos gerais dos
mercados de trabalho e pela moderna governos, apesar do crescimento da
cidadania, e quando avaliamos o processo população em idade escolar e que
de aprendizado e seus resultados, o permanecem abaixo dos que se verificam
desempenho da região passa a ser pobre. em países desenvolvidos. São muitos os
Reduzir a ineqüidade na educação argumentos, tanto no campo econômico,
é, ainda, complicado pelo fato de que as quanto no social, a favor de investimentos
elites latino-americanas (inclusive a maioria adicionais na educação. Em geral, os
dos formuladores sêniores de política), não governos da América Latina, porém,
enviam seus filhos para as escolas públicas fizeram um sério esforço financeiro e
do primário e do secundário e, portanto, protegeram a educação de cortes
deixam de ser afetados diretamente pela proporcionais de orçamento. Mais ainda,
baixa qualidade do ensino. Essas mesmas os gastos públicos com educação
elites, com freqüência, enviam seus jovens cresceram, ao longo dos últimos anos, na
para as universidades públicas subsidiadas medida em que as economias da região
e têm, por isso, um forte incentivo para retomaram o crescimento.
manter o investimento desproporcional do
governo no ensino superior (Montenegro A Administração é ineficiente.
1995). Freqüentemente, recursos demais são
Mais ainda, a política educacional alocados para a equipe administrativa, e
tem sido tradicionalmente dominada pelas poucos para livros-texto e outros materiais
burocracias ministeriais e pelos líderes dos de ensino. Raramente existe incentivo para
sindicatos de professores. O espectro mais experiências com novos métodos de
amplo de lideranças da sociedade civil – ensino. As proporções professor/aluno
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são, com freqüência, menores do que o seja no nível ministerial, seja no nível da
necessário, absorvendo recursos que escola (ECLAC-UNESCO 1992).
poderiam ser melhor gastos com livros - A centralização também levou a
texto ou treinamento dos professores no que os diretores de escolas públicas (ao
serviço (Banco Mundial 1995, 81-82, Figura contrário dos diretores das escolas
4.1; Wolff, Wchiefelbein e Valenzuela 1993, privadas) tenham pouca possibilidade de
25). Na maior parte da América Latina, os administrarem suas escolas com eficácia,
salários dos professores representam dois estabelecendo orçamentos, ajustando os
terços, ou mais, dos gastos públicos com insumos para instrução às condições locais
educação, enquanto os materiais de ensino e selecionando os professores. Estas
recebem menos de um porcento (UNESCO funções são monopolizadas pelas
1991, 35, 147; Schiefelbein e Wolff 1995, burocracias centrais, na maioria dos
36). O ano escolar em muitas escolas países, deixando aos diretores, apenas
públicas consiste em apenas 800 horas de uma responsabilidade limitada pelo
aula, em vez das 1.200 que são a regra processo educacional. Desse modo, as
nas escolas privadas e nos sistemas dos escolas têm pouco incentivo – e
países industrializados (Schiefelbein 1995, capacidade – para atenderem às
9). Os sistemas de informações são preocupações locais, de pais e da
geralmente pobres, tornando impossível comunidade.
monitorizar o desempenho dos estudantes,
ou a qualidade do ensino. A muitas Permitiu-se que se deteriorasse a
escolas públicas primárias faltam profissão de professor. Outro problema,
bibliotecas, ainda que rudimentares. ainda, é o lamentável estado da profissão
Muitas decisões fundamentais dependem docente na América Latina. Os
de barganha entre grandes e poderosos professores, em todos os níveis de ensino,
sindicatos e governos também grandes e tendem a ser insuficientemente treinados e
poderosos, nenhum dos quais tem muito recebem poucos incentivos para buscarem
empenho na eficiência. Como as famílias a excelência ou o progresso profissionais.
pobres não podem optar por deixar o Muitos deles não têm diplomas ou graus
sistema (ao contrário das famílias das profissionais (Banco Mundial 1993, 44).
classes média e alta que podem pagar Nas escolas rurais do nordeste brasileiro,
escolas privadas), têm pouco "poder", apenas 40 porcento do professores
como consumidores, para debelar as primários têm, eles próprios, o primário
práticas ineficientes (Birdsall 1994). completo (Harbison e Hanushek 1992). No
Os sistemas centralizados México, foram um dos poucos grupos cujos
restringem a autonomia e a imputação de salários caíram um decil, em relação aos
responsabilidades. Muitos dos problemas demais, durante os anos oitenta (de
que afligem as escolas da região derivam Ibarrola 1995, 262).
da maneira como os sistemas atuais estão Essas condições se devem, em
planejados e funcionam – de suas parte, às limitações financeiras, mas devem
burocracias centralizadas, de seus muito, também, a um sistema educativo
procedimentos rígidos e de seu isolamento que coloca maior ênfase na expansão do
de outros setores da sociedade. Os número de matrículas que no
professores são, via de regra, empregados fortalecimento profissional dos professores.
dos governos nacionais ou estaduais, e O aumento maciço das posições de ensino
não das municipalidades ou das escolas nos últimos quarenta anos ocorreu sem
individuais. O Ministério da Educação da que houvesse os recursos necessários
Venezuela, por exemplo, é o maior para se estabelecer e manter a qualidade
empregador do país (Hausmann 1994, da instrução. O magistério passou por uma
178). A administração foi monopolizada, constante deterioração, levando ao declínio
ao longo dos últimos quarenta anos, pelo da qualidade da educação.
que muitos chamam "máquina burocrática", Os salários baixos e as pobres
freqüentemente preocupada demais com condições dificultaram particularmente a
seus próprios interesses, resistente a contratação de novos professores.
mudanças e responsável perante quase Pesquisas recentes indicam que aqueles
ninguém mais, além de si mesma. Alunos, que estão entrando em programas de
pais e empregadores têm pouco treinamento de professores têm níveis de
envolvimento nas decisões da educação, desempenho acadêmico
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desproporcionalmente baixos. Uma dessas Em primeiro lugar, os sistemas


recentes pesquisas, envolvendo tradicionais de educação criaram
professores de seis países, encontrou interesses arraigados, que são difíceis de
níveis de satisfação e prestígio baixos, e confrontar. Ministérios grandes e
poucos incentivos para a excelência centralizados são zelosos de seu poder e
(Schiefelbein et al. 1994, 3-17). Na de seus empregos. Os sindicatos de
Colômbia, os graduados das escolas professores, poderosos e bem
normais (principal fonte de treinamento organizados, resistem ferozmente à
para professores das escolas primárias e descentralização, que acarreta maior
secundárias) são os que recebem as notas autonomia para os gerentes das escolas e
mais baixas nos exames nacionais uma gama de opções mais ampla para os
obrigatórios para admissão às pais. Têm, freqüentemente, maior
universidades (Aldana e Orozco 1995, influência que os ministros da educação,
161). Desenvolveu-se um círculo vicioso, que podem não passar de um ano no
em que poucos graduados talentosos das posto. Os políticos têm se oposto às
escolas secundárias aspiram pelo reformas porque podem perder o controle
magistério, o que faz que os postos sejam das decisões sobre os cargos e
preenchidos, ao invés, pelos que não investimentos da educação (não raro uma
conseguem se qualificar para posições de importante fonte de apadrinhamento). Os
maior prestígio. estudantes universitários, acostumados
O resultado é que os professores com um ensino superior gratuito, têm
se tornaram o maior obstáculo a uma demonstrado uma impressionante força
melhor educação na América Latina. política na defesa de seus subsídios. Estes
Inexistem os principais incentivos para grupos – e muitos mais – constituem uma
qualidade dos docentes (salários demanda política por educação.
adequados, treinamento especializado, Confrontá-los é muito mais uma tarefa
rigorosa avaliação periódica e exames política que financeira, ou técnica.
competitivos para admissão). O Em segundo lugar, os governos,
treinamento e a supervisão dos professores tradicionalmente, deixaram de dar à
não mudaram o método "frontal" tradicional educação a necessária prioridade política.
de ensino, em que o material é ditado para Seu foco tem sido financeiro ou técnico, ao
os alunos, a memorização é valorizada, invés. Os governos aumentam os
respostas únicas, corretas, são favorecidas orçamentos, mudam o currículo e investem
e é pouco comum a discussão entre os em laboratórios e livros -texto. Poucos, no
alunos na solução de problemas. Os entanto, têm estado dispostos a investir
sistemas nacionais de promoção e seu capital político na reforma do ensino.
pagamento criaram monopólios que deixam Esse capital político tem sido alocado em
pouco controle sobre o desempenho dos outras áreas, como política econômica,
professores nas mãos dos diretores das gerando reformas significativas. Na
escolas. Os sindicatos militantes de educação, porém, a maioria dos governos
professores rejeitam qualquer sistema de ainda não decidiu enfrentar os desafios
avaliação para acesso, ou promoção. políticos, e o progresso tem sido mínimo.
Como resultado, os ministérios da
Os maiores obstáculos ao educação – as principais instituições
aprimoramento são políticos, antes que encarregadas da formulação de políticas
técnicos. Um dos problemas com o debate educacionais – têm sido tradicionalmente
sobre política de educação na América fracos, sem pessoal suficiente, sem
Latina é que ela enfatiza questões técnicas prestígio, liderança, agilidade e apoio
e ignora as políticas. A verdade nua e crua político necessários para promoverem
é que os problemas políticos são muito reformas significativas. Os líderes políticos
mais difíceis de se resolver. O fracasso em de maior importância têm sido colocados
se conseguir avanço mais rápido no em outros ministérios. Os mais
aprimoramento da educação se deve, competentes especialistas em ensino
principalmente, à inabilidade – ou optaram por trabalhar em centros de
relutância – dos governos em enfrentarem pesquisa privados, ou em organizações
os obstáculos políticos à reforma internacionais, porque os ministérios da
(Montenegro 1995). Ao menos três educação não são bastante atraentes.
problemas merecem menção. Reformas importantes freqüentemente têm
9

origem em ministérios do planejamento ou capacidade de raciocínio e dos alunos


das finanças, ou no gabinete da aprenderem por si mesmos. Significa,
presidência, em vez de partirem do também, repensar as abordagens ao
ministério da educação. Esta situação ensino técnico-vocacional e envolver a
começou a mudar nos últimos anos, mas comunidade empresarial no desenho dos
resta muito por fazer. processos educacionais. Os sistemas
Em terceiro lugar, a sociedade civil educativos precisam tornar-se mais
– o consumidor da educação – não tem sensíveis às demandas dos mercados de
desempenhado um papel importante na trabalho contemporâneos.
política educacional. As famílias das Formação de uma comunidade
classes média e alta mandam, geralmente, moderna de cidadãos. Uma economia
seus filhos para escolas privadas e, por moderna, competitiva no nível
isso, não experimentam diretamente as internacional, requer um novo tipo de
deficiências do ensino público. Quando cidadania, uma cidadania que seja mais
usam o sistema público – para o ensino autônoma, melhor informada e mais
superior – tendem a defender subsídios responsável. A educação tem um papel
públicos tão somente para aquele setor. fundamental a desempenhar na busca
Aos pobres faltam geralmente as dessas metas, ajudando a aprimorar a
informações referentes à qualidade das capacidade de julgamento, a tolerância e a
escolas públicas, além de terem poucos competência na resolução de problemas
mecanismos para influenciar a política dos alunos. Ela deve permitir acesso
educacional. A comunidade empresarial, universal aos conhecimentos e
tradicionalmente protegida dos rigores da competências necessários à participação
concorrência internacional, e com seus bem sucedida na sociedade moderna, tanto
filhos em escolas privadas, até pouco no mercado de trabalho, quanto nas
tempo atrás prestava pouca atenção à responsabilidades mais amplas da
política de educação pública. Em cidadania democrática.
conseqüência, a demanda por reforma no
ensino público é deficiente, e os governos Redefinição de eqüidade.
que buscam reformas de fundo vêm-se Há, também, um amplo consenso
com poucos aliados políticos. de que a educação na América Latina deve
ser tornada mais equitativa. A
Desafios consolidação da regra democrática exige
Não é de surpreender que as que se estenda oportunidade econômica a
falhas das abordagens tradicionais do todos os cidadãos. A educação é uma
desenvolvimento educativo estejam se poderosa ferramenta para esta tarefa. A
tornando cada vez mais aparentes e definição de eqüidade, contudo, está
venham gerando um crescente movimento mudando. Os educadores, com freqüência,
em direção a mudanças. Vários objetivos estão indo além da mera cobertura ao
amplos emergiram como pontos centrais de definirem eqüidade em termos de acesso a
qualquer reforma: "conhecimento socialmente relevante" e a
manutenção da competitividade "códigos universais de modernidade". Os
econômica internacional. A maioria dos jovens precisam adquirir, argumentam eles,
analistas concorda que uma nova o conhecimento e as competências
abordagem para o desenvolvimento requeridas pelos mercados de trabalho
educacional tem de estar ligada à modernos e pela moderna cidadania se
manutenção da competitividade econômica quiserem funcionar em termos equitativos.
internacional. Para se competir com A qualidade está substituindo a quantidade
sucesso no cenário internacional é preciso como tema central no debate sobre
fortalecer as competências tradicionais e eqüidade educacional.
acrescentar outras, em resposta às
mudanças no mercado de trabalho. Isto Iniciativas de políticas
significa prover os conhecimentos, valores Para enfrentar esses desafios, uma
e competências que promovem a inovação série de reformas fundamentais de política
tecnológica. Isto, por sua vez, significa, está sendo discutida – e, em alguns casos,
provavelmente, aumentar a base de leitura implantada. Entre elas ressaltam-se:
e habilidade numérica, dando ênfase geral
cada vez maior às ciências, fortalecendo a
10

1. fazer da educação uma mecanismos para avaliarem o


prioridade política. Os desempenho dos mestres.
governos devem colocar a Deveriam dar mais treinamento
reforma educativa no topo de no trabalho, estabelecer
suas agenda políticas, junto incentivos para a excelência
com outros objetivos profissional e dar mais
geralmente vistos como prestígio. Finalmente,
cruciais para o sucesso de um deveriam estar prontos a
estado moderno, como o aumentar os salários. Apenas
desenvolvimento econômico, a uma combinação de medidas
democracia e os direitos fundamentalmente voltadas
humanos. Devem dedicar para a reabilitação do
recursos políticos significativos magistério irá permitir sucesso
ao aprimoramento do ensino, no recrutamento de
junto com recursos técnicos e professores mais talentosos e
financeiros. Isto inclui a no aprimoramento da
divulgação das deficiências dos qualidade da instrução.
sistemas de educação 4. Descentralizar os sistemas de
existentes e a construção de educação de modo a aumentar
um amplo consenso político a a possibilidade de imputação
respeito da reforma. de responsabilidades e a
2. Concentrar o investimento ampliar a participação dos
público em educação nas interessados nas decisões
escolas primárias e políticas. Vários países, entre
secundárias básicas. A os quais Colômbia, Argentina,
maioria dos pobres, e boa Chile e México, estão fazendo
parte da força de trabalho do experiências com esquemas
amanhã, estão concentradas para descentralização da
nas escolas públicas primárias, administração das escolas,
e não irão mais além. A abrindo-as às influências
maioria dos que conseguirem externas. Tais esforços
iniciar a escola secundária não incluem, geralmente,
a terminará. Assim, com base transferência da
na eqüidade e na eficiência responsabilidade administrativa
econômica, é forte o para o nível municipal e o
argumento a favor da estabelecimento de juntas
concentração dos recursos consultivas que incorporam às
públicos no ensino primário. decisões de política grupos
Fazê-lo, contudo, pode sociais importantes, tais como
significar confronto com a força pais e empregadores. Não
política dos grupos de renda existe, até o momento,
média e alta, que se nenhuma fórmula para isso.
beneficiam dos atuais Os países precisarão trabalhar
subsídios para o ensino sistematicamente para
superior. descentralizarem e abrirem a
3. Fortalecimento da profissão de administração das escolas,
professor. Bons professores enquanto monitoram
são essenciais à boa educação cuidadosamente os resultados.
e não podem se desenvolver Mudança do foco de atenção,
sem uma forte estrutura do número de matrículas para
profissional. A maior ajuda que os resultados. Os governos
os governos podem dar é deveriam começ ar a avaliar o
assegurarem que esta progresso educacional pela
estrutura esteja implantada. aferição do que os alunos
Deveriam trabalhar, junto com aprendem nas escolas, em
os sindicatos de professores, vez de enfatizarem quantos se
para estabelecer altos padrões matriculam, ou se formam.
profissionais e desenvolverem Isto implica estabelecer
11

padrões mínimos de
aprendizado em matérias
básicas, como linguagem,
matemática, ciência, história e
geografia, além de criar um
sistema nacional de exames
de desempenho para aferir o
progresso dos estudantes na
busca dessas metas. Implica,
também, estabelecer sistemas
de informações que monitorem
os insumos escolares e a
qualidade do ensino. A
finalidade deve ser dar aos
estudantes, professores,
administradores, pais e
empregadores informações
que possam utilizar para
comparar o desempenho das
instituições e identificar as
reformas eficazes.
12

Taxas Líquidas Estimadas de Matrículas* Por Nível de


Ensino
TABELAS E FIGURAS América Latina e Caribe 1960 – 1992

Tabela A Níveis 1960 1970 1980 1990 1992

Percentual de Matrículas de Cada Nível de Ensino Sobre Pré- 2,4 3,3 7,8 16,7 17,4
o Total de Matrículas escolar (0-
América Latina e Caribe 1960 - 1990 5 anos)
Primário 57,7 71 82,9 87,1 87,5
Níveis 1960 1970 1980 1990 1993 (6-11anos)
Secondári 36,3 49,8 62,9 66,2 68
Pré- 3,0 3,0 5,2 9,2 9,3 o (12-17
escolar anos)
Primário 82,5 80,2 71,0 65,3 64,6 Superior 5,7 11,6 24,1 26,9 25,4
Secundári 12,6 14,0 18,5 19,1 19,5 (18-23
o anos)
Superior 1,8 2,8 5,4 6,4 6,6
100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Para o leste asiático e Paçifico, a taxa do nível primário em
1991 foi 100 e, para os países industrializados foi 99.
Fontes: Schiefelbein 1995; e UNESCO, Anuário Estatístico -
1995. * Número de alunos (independente do grau) dividido pela
população do mesmo grupo etário

Fonte: Schiefelbein at al. 1995.


13

Figura A

ESTIMATIVA DE MATRÍCULAS POR NÍVEL DE ENSINO


América Latina e Caribe 1960 - 1990

90
Número de Alunos em Milhões

75 Pré-escolar
Primário
60 Secundário
Superior
45
30
15
0
1960 1970 1980 1990
Anos
14

Figura B

Nível de Escolaridade da Força de Trabalho


América Latina e Sudeste Asiático 1950 - 1990
10
9
8
Anos de Escolaridade

7
6 América Latina

5
4 Tailândia, Malásia,
Indonésia, Filipinas
3
2 Coréia, Formosa,
Cingapura, Hong
1 Kong
0
70

80

90
50

60

19

19

19
19

19

Anos
15

Tabela B

Gastos Públicos com Educação


América latina e Caribe 1980 – 1993

Ano
1980 1985 1990 1993
Gastos Públicos em Bilhões 34,2 28,9 47,1 66,6
de US$
Gastos Públicos em % do 3,9 4 4,1 4,6
PIB
Gastos Públicos Per Capita 95 72 107 143
em US$

Gastos Públicos em % do PIB nos 5,3


Países Desenvolvidos
Gastos Públicos em % do PIB nos 4,1
Países em Desenvolvimento

Gastos Públicos Per Capita em US$ nos Países 1089


Desenvolvidos

Gastos Públicos Per Capita em US$ nos 43


Países em Desenvolvimento
Fonte: UNESCO – Anuário Estatístico - 1995
16

Figura C

Taxa de Repetência do Primeiro Grau


Grupo Selecionado de Países da América Latina e Do Caribe
1990
100
90
Percentual de Repetentes

80
70
60
50
40
30
20
10
0
ile

ru
ico
il

bia

ela
ala
az
a

Pe
ca
Ch

a
ntin

p.

ex

gu
Br

lom

zu
m
Ri

Re

ara
ge

ne
ate
sta
Co

an

Nic
Ar

Ve
Gu
Co

inic
m
Do

Percentual de Repetentes do Primeiro Grau

Fonte: UNESCO 1996


17

Tabela C

Taxas de Repetência Por Graus


América Latina e Caribe 1989-90

Percentual de Percentual de
Repetentes do Formandos do 6º
Países Primeiro Grau Grau Sem
1990 Repetirem
1989
Argentina 29.8 17
Brasil 55.7 1
Chile 19.6 41
Colômbia 33.9 26
Costa Rica 23.4 31
Rep. 49.8 3
Dominicana
Guatemala 35.9 9
México 29.3 23
Nicarágua 54.8 n/a
Peru 30.0 21
Venezuela 19.7 14

Fonte: UNESCO 1996; Wolff et al. 1993


18

Tabela D

Desempenho em Matemática e Ciências em Cinco Países


Latino-americanos por Tipo de Escola
Estudo Piloto do TIMSS Sobre Desempenho de Alunos de
Treze Anos - 1992

Particular
es de Públicas
Paritulares Classe de Classe Públicas
de Elite Inferior Inferior Rurais
ou
Públicas
de Classe
Superior
Matemátic
a
Argentina 50 41 33 29
Colômbia 66 32 27 35
Costa Rica 72 59 44 43
Rep. 60 41 29 31
Dominican
a
Venezuela 44 29 55 33

Média Nacional da Taiilândia: 50


Média Nacional dos EUA: 52

Ciências
Argentina 45 43 37 28
Colômbia 47 29 36 37
Costa Rica 66 59 50 50
Rep. 52 38 29 29
Dominicana
Venezuela 55 38 37 35

Média Nacional da Tailândia: 55


Média Nacional dos EUA: 55
Fonte: Schiefelbein 1995, Tabela 6
19

Tabela E

Indicadores de Ciência e Tecnologia para


Regiões Selecionadas*
(Diferentes Anos entre 1988 e 1990)

Países
Indicador América Países em Países
Latina da Industria do Sul
OECD lização da
Recente Europa

Pesquisa e
Desenvolvim 10 448 23 44
ento per
capita

Percentual
do PIB 0.4 2.5 1.3 0.9
Aplicado em
Pesquisa e
Desenvolvim
ento

* Os países da Ämérica Latina incluem os membros


da ALADI e Cuba.
Os países da OECD não incluem Espanha, Grécia,
Portugal, Tailândia e Iugoslávia..
As economias recém-industrializadas do leste
asiático incluem Hong Kong, Cingapura, Filipinas e
Tailândia.
Os países do sul da Europa incluem Espanha,
Portural, Grécia, Turquia e Iugoslávia.
Fontee: ECLAC-UNESCO 1992; Papon y Barré
1996.
20

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