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PROPRIEDADES E ESPECIFICAÇÕES DE ARGAMASSAS

INDUSTRIALIZADAS DE MÚLTIPLO USO

MULTIPLE-USE INDUSTRIALIZED MORTARS PROPERTIES AND


SPECIFICATIONS

SELMO, S. M. S. a,*, NAKAKURA, E. H. b, MIRANDA, L. F. R. c, MEDEIROS,


M. H. F. d, SILVA, C. O. e
a, * Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da USP, silvia.selmo@poli.usp.br, Av. Prof. Almeida Prado
– Travessa 2 – N. 83, Caixa Postal 05508-900, São Paulo - SP, Brasil – Autor correspondente
b Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da USP, Associação Brasileira de Cimento Portland,

elza.nakakura@abcp.org.br, Av. Torres de Oliveira, n º 76. São Paulo/SP - CEP 05347-902, , São Paulo - SP, Brasil
c Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da USP, leonardo.miranda@poli.usp.br, Av. Prof. Almeida

Prado – Travessa 2 – N. 83, Caixa Postal 05508-900, São Paulo - SP, Brasil
d Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da USP, marcelo.medeiros@poli.usp.br, Av. Prof. Almeida

Prado – Travessa 2 – N. 83, Caixa Postal 05508-900, São Paulo - SP, Brasil
e Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da USP, Associação Brasileira de Cimento Portland,

claudio.silva@poli.usp.br, Av. Torres de Oliveira, n º 76. São Paulo/SP - CEP 05347-902, , São Paulo - SP, Brasil

PALAVRAS-CHAVE: argamassa, alvenaria, revestimento, normalização.

KEY WORDS: mortar, plastering, rendering, standardization.

RESUMO
Nos anos 90, disseminou-se no Brasil o uso de argamassas industrializadas de múltiplo uso nos serviços de
alvenarias e revestimentos de grandes edifícios, tanto pelos investimentos da indústria cimenteira para ofertar
esses produtos, quanto pela evolução das metas de racionalização da Construção Civil. Deste modo, diversas
marcas dessas argamassas podem ser encontradas no mercado nacional, sendo importante discutir as suas
propriedades e especificações, para o aperfeiçoamento dos processos de fabricação, compra e controle desses
produtos.
Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar um panorama da especificação e métodos de ensaio da ABNT, no
que concernem às argamassas de assentamento de alvenarias e de revestimento de paredes e tetos de edifícios, e
dos textos em normalização pela CEN, na Comunidade Européia, fazendo uma breve recapitulação das suas
origens até o estágio atual.
Para ilustrar, foram caracterizadas argamassas industrializadas de múltiplo uso, procedentes do mercado de São
Paulo. Utilizou-se em cada argamassa a quantidade de água estabelecida pelo fabricante. As argamassas foram
caracterizadas, no estado fresco, quanto à consistência inicial, manutenção da consistência ao longo do tempo,
densidade de massa e teor de ar e, no estado endurecido, quanto à resistência à tração na flexão, resistência à
compressão e módulo de elasticidade. Na análise dos resultados, discute-se se as argamassas estudadas poderiam
se enquadrar nos critérios europeus de resistência à compressão. Os demais ensaios são analisados para ilustrar
aspectos importantes da metodologia de caracterização de argamassas, que precisam ser revistos para uma
evolução das normas brasileiras.
Espera-se que a análise desse documento motive a evolução dos textos brasileiros, em consonância com o parque
industrial instalado e com os preceitos de garantia da qualidade, hoje tão difundidos na Construção Civil.

1
ABSTRACT
Usage of multiple-use industrialized mortars spread out in the 90’s thanks to the investments of the cement
industry in offering them to the market as well as to the growing rationalization in civil construction. Various
brands of these mortars can thus be found in the market, making it important to assess their properties and
specifications in order to improve the products manufacturing, acquisition and controlling.

The objective of this paper is to show an overview of specifications and test methods of the Brazilian
Association of Technical Standards (ABNT) concerning industrialized mortars and standardization proposals
under way at CEN in the European Community, reviewing briefly their origin and present stage.

To illustrate, multiple-use industrialized mortars supplied in Sao Paulo market were characterized, according to
the manufacturer’s indication of water amount, in the fresh state as to initial consistency, time-maintenance of
consistency, mass density and air content, and in the hardened state as to traction strength in flexion,
compressive strength and modulus of elasticity.

The analysis of the results discuss the compliance of these mortars with the European criteria for compressive
strength. The other tests are analyzed in a way as to bring out key issues of mortars characterization
methodology that urge revision in order to update the Brazilian code.

This article is expected to contribute for an updating of the Brazilian standards in consonance with the installed
industrial park and the quality warranty premises highly diffused in the civil construction.

1. INTRODUÇÃO
A normalização de propriedades físicas, químicas ou mecânicas, para a fabricação de
produtos, é uma prática inerente às atividades dos mais diversos segmentos industriais, que
evolui pela permanente elaboração e revisão das suas normas técnicas. Neste contexto, cabe
ao fabricante comprovar a qualidade dos seus produtos e orientar a sua aplicação. Ao
comprador compete especificar o que deseja comprar, considerando as suas necessidades e as
instruções do fabricante, quanto ao uso do produto escolhido.
Na indústria da construção civil, também é isto o que se espera, mas tem se verificado uma
crescente exigência do meio técnico, quanto à normalização de propriedades para os materiais
de construção, melhor relacionadas ao seu desempenho em serviço, ainda que o conceito
estrito de desempenho não possa ser empregado de forma genérica a materiais e componentes.
No caso das argamassas de assentamento e revestimento e como se discute no item 2, existem
ainda lacunas no tocante à normalização dos produtos industrializados, tanto pelo grande
número de aplicações e variáveis envolvidas, quanto pela falta de consenso técnico, quanto às
propriedades críticas das argamassas, que mais podem influir no desempenho de alvenarias e
revestimentos de tetos, pisos e paredes, mesmo em condições padronizadas de aplicação ou
exposição.
Como é necessário restringir a aplicação, a análise aqui será restrita às argamassas de
assentamento de alvenarias e de revestimento de paredes e tetos de edifícios, em geral, e hoje
comercialmente chamadas de argamassas de múltiplo uso. Este termo é indicativo de
argamassas produzidas para assentamento de componentes de alvenaria, revestimento de
paredes e tetos e ainda para revestimento de pisos ou contrapisos, em diversos tipos de
processos construtivos, conforme orientação técnica específica de cada fabricante.
O objetivo deste trabalho é apresentar um panorama das especificações e métodos de ensaio
da ABNT, em paralelo aos textos hoje em normalização na Comunidade Européia, através do
Technical Committee – TC 125, da CEN – European Committee for Standardization, com
breve análise de textos normativos precedentes, a fim de gerar subsídios e sugestões para a
revisão dos textos brasileiros. Os itens 3 e 4, deste trabalho, contemplam esse panorama.

2
Ao final, no item 5, para salientar alguns dos aspectos importantes na metodologia de
caracterização, também serão apresentados e analisados resultados obtidos para argamassas
industrializadas de múltiplo uso, procedentes do mercado de São Paulo / SP, tanto por
métodos da ABNT, quanto por alguns projetos em normalização pela CEN.

2. PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS EM ALVENARIAS E REVESTIMENTOS -


ATÉ ONDE EVOLUÍRAM OS CRITÉRIOS DE DESEMPENHO?
Dado o amplo campo de aplicação das argamassas e no conceito o mais genérico possível,
pode-se apontar como fundamentais as propriedades de aderência e endurecimento, o que
aliás não é novo e está registrado em normas, como a NBR 13529/95, p. ex., ao conceituar
argamassa de revestimento. Mas, que outras propriedades podem ainda ser apontadas como
genéricas e críticas para as argamassas de múltiplo uso?
Cabe reconhecer que a resposta não é simples e que a ampla discussão das propriedades que
podem ser consideradas como requisitos de desempenho de argamassas iniciou pela RILEM1,
na década de 70, possivelmente por pesquisadores como Saretok e culminou em extensa lista
de métodos de ensaio para argamassas em geral, em documento da RILEM (1982).
No Brasil, tais propriedades foram inicialmente discutidas por Sabbatini (1984), Selmo (1989)
e depois ainda mais detalhadas por Cincotto et al. (1995). Tudo isto pode, em parte, ter
contribuído para aumentar o enfoque e o conteúdo atual das normas, sejam nacionais ou
estrangeiras.
A título de exemplo, mostram-se na Tabela 1 as propriedades consideradas como requisitos
de desempenho das argamassas de revestimento, tendo a lista sido elaborada pelo Comitê 13
MR, da RILEM e aqui relacionadas em ordem que se achou mais conveniente.

Tabela 1 – Propriedades inicialmente relacionadas pela RILEM, como requisitos de


desempenho das argamassas de revestimento. (Saretok, 1977 apud Selmo, 1989).
Propriedades no estado fresco Propriedades no estado endurecido
• Adesão inicial • Aderência
• Coesão • Retração por secagem, movimentos térmicos e higroscópicos
• Consistência • Umidade de equilíbrio e máximo de umidade adsorvida
• Endurecimento • Fissuração
• Exsudação de água • Resistência superficial
• Retenção de água • Permeabilidade à água
• Retenção de consistência • Absorção de água
• Tixotropia • Textura e cor
• Trabalhabilidade • Estabilidade
• Condutibilidade térmica
• Resistência ao congelamento
• Resistência ao fogo

1
RILEM – Réunion Internationale des Laboratoires d'Essais et de Recherches sur les Matériaux et les
Constructions

3
Por análise da lista, na Tabela 1, e que não é completa, cabe salientar alguns aspectos
importantes, que também se aplicam às argamassas de assentamento, quais sejam:
a) considerar a trabalhabilidade como uma propriedade complexa das argamassas, no estado
fresco. De fato, resulta da aplicação pretendida e de todas as propriedades mencionadas,
englobando ainda a plasticidade e a densidade de massa, como conceituou a RILEM
(1982) e é hoje consenso técnico;
b) destaque deve ser dado à densidade de massa no estado fresco, para controle de fabricação,
de produção e de consumo das argamassas industrializadas com ar incorporado, como
normalizado pelos ingleses desde os anos 80;
c) a durabilidade é outra propriedade complexa das argamassas, pois vai resultar da
conjugação das propriedades listadas na Tabela 1 e dos demais fatores de Projeto,
Execução e Manutenção, condicionantes do desempenho de revestimentos. Como ilustra a
Figura 1, tais fatores competem a todos os segmentos envolvidos no processo construtivo,
quais sejam, projetistas, construtores e usuários.
Quanto aos atuais projetos de especificação européia, de argamassas de revestimento de
paredes e tetos e de assentamento de alvenarias – prEN 998-1/93 e prEN 998-2/93,
respectivamente; as propriedades tecnológicas que prevalecem nesses documentos, estão
relacionadas na Tabela 2, sendo que lá também se informam os respectivos métodos de
ensaio, em elaboração. Mencionam ainda as referidas especificações, que as propriedades
indicadas devem ser especificadas pelos projetistas e que foram definidas tendo-se em vista os
requisitos essenciais de desempenho, para os usuários, resumidos na EC – Construction
Products Directive2.

2
Resistência mecânica e estabilidade; segurança ao fogo; higiene, saúde e meio-ambiente; segurança na
manipulação; proteção contra ruído; economia de energia e retenção de calor.

4
Figura 1 – Fatores condicionantes do desempenho dos revestimentos de argamassa, de
paredes e tetos, nas diversas etapas do processo construtivo de edifícios. (Selmo, 1989)

ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO


CONCEPÇÃO CONCEPÇÃO DAS FACHADAS EM TERMOS DE PROTEÇÃO CONTRA A
INCIDÊNCIA DE CHUVAS

PROJETO •Condições de exposição das fachadas


AVALIAÇÃO
PRÉVIA DA •Condições climáticas da região
ADEQUAÇÃO •Natureza da base (resistência, absorção, textura, movimentação,
proteção requerida)
DO MATERIAL
•Acabamento final previsto
•Tempo disponível para cura
•Propriedades requeridas do revestimento (resistência,
permeabilidade, capacidade de deformação)

•Tratamento da base
ESPECIFICAÇÃO DO •Número e espessura das
REVESTIMENTO camadas •Platibanda, beiral
•Tipo de acabamento •Peitoris e vergas
•Propriedades da argamassa •Soco (barra impermeável)
DETALHAMENTO •Demais componentes das
CONSTRUTIVO fachadas

CIMENTO PORTLAND
MATERIAIS Proporções de TRABALHABILIDADE NO
CAL ou outros ESTADO FRESCO
constituintes dosagem
•Consistência, plasticidade
AGREGADO MIÚDO
•Coesão, tixotropia
•Massa específica
PROPRIEDADES •Exsudação de água
DAS ARGAMASSAS •Adesão inicial
•Retenção de água e de
consistência
BASE
NO ESTADO ENDURECIDO
(Como revestimento)
PREPARO DA BASE
EXECUÇÃO •Aderência
•Estabilidade dimensional •Capacidade de deformação
•Nivelamento •Resistência mecânica
•Característica da superfície •Permeabilidade
•Tratamento prévio
•Limpeza
•Grau de umedecimento

PREPARO DA ARGAMASSA

•QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE
OBRA
•TÉCNICA DE APLICAÇÃO
Projeção, Espessura, Desempenamento
•PERÍODO DE CURA ENTRE
CAMADAS
•AGENTES ATUANTES

USO MANUTENÇÃO
•Conservação do acabamento final
•Reparo de eventuais danos

5
Tabela 2 – Propriedades das argamassas de revestimento e de assentamento, listadas nos
projetos de norma européia, prEN 998-1/93 e prEN998-2/93, respectivamente.
Aplicações usuais (1)
Propriedades indicadas Assentamento de Revestimento de
alvenarias paredes e tetos
Dimensão máxima dos grãos --- X
Estado anidro Teor de água de amassamento --- X
Rendimento --- X
Consistência X X
Densidade de massa aparente X X
Estado fresco Teor de ar X X
Retenção de água X X
Tempo de aplicação X X
Densidade de massa específica --- X
Resistência à tração na flexão --- X
Resistência à compressão X X
Estado
Módulo de elasticidade --- X (2)
endurecido
Resistência de aderência X (2) ---
Teor de cloretos X (2) ---
Durabilidade X (2) ---
Observação: (1) Não estão aqui incluídas as propriedades para argamassas de isolação térmica, acústica ou com propriedades diferenciadas
quanto a gelo/degelo ou resistência ao fogo; (2) Propriedades listadas mas ainda sem métodos de ensaio, segundo os
projetos indicados.

Verifica-se, na Tabela 2, que nem todas as propriedades no estado endurecido estão sendo
consideradas comuns para as duas aplicações, o que pode ser esperado, principalmente, no
tocante a ensaios de desempenho. Mas, chamam atenção os seguintes aspectos:
a) não há ainda métodos de ensaio e nem tão pouco critérios de desempenho para todas essas
propriedades, conforme será melhor analisado nos itens 3 e 4;
b) não se menciona o controle de outras propriedades importantes no estado anidro das
argamassas, tais como resíduo insolúvel e perda ao fogo (em fração passante na peneira
ABNT 75 µm, por exemplo) e que podem ser indicativos do controle industrial de
fabricação e em parte responder pela constância de propriedades no estado fresco e
endurecido;
c) entre as novas propriedades agora consideradas, incluiu-se o rendimento e a manutenção
de trabalhabilidade, que parecem ser fundamentais para as argamassas aditivadas e para
diferenciar os produtos do mercado;
d) as propriedades de aderência e durabilidade estão apenas indicadas para as argamassas de
assentamento, o que em princípio não faz sentido e pode ser indicativo de textos
publicados com diferentes níveis de revisão. Estas são, a rigor, as únicas propriedades
relacionadas ao desempenho efetivo das argamassas aplicadas, mas de elevada relação
com os demais fatores intervenientes no desempenho de revestimentos e listados na
Figura 1.
A julgar pela Tabela 2 e como será visto nos itens seguintes, a expectativa é de que ainda
prevaleçam especificações para argamassas, baseadas em suas propriedades intrínsecas e em
métodos de ensaio prescritivos, bastante adequados para processos de fabricação ou de
compra, ainda que não possam responder, integralmente, pelo desempenho efetivo na
aplicação.
Possivelmente, a evolução dos critérios de desempenho de argamassas só possa advir de uma
parceria constante entre todos os segmentos envolvidos na tecnologia e uso de argamassas,
sustentada por um planejamento racional de pesquisas e controle tecnológico de obras.

6
3. AS ESPECIFICAÇÕES EUROPÉIAS DE ARGAMASSAS – ORIGENS E
PROJETOS ATUAIS, EM COMPARAÇÃO À ESPECIFIÇÃO BRASILEIRA

3.1. Normas estrangeiras precedentes sobre argamassas de revestimento


Em alguns países da Europa, ao contrário do que hoje ocorre no Brasil, as argamassas
dosadas em obra, em central, industrializadas ou misturas semi-prontas para argamassas3
eram objeto de especificações normativas unificadas. As normas eram diferenciadas apenas
em função do tipo de aplicação das argamassas, isto é, se para assentamento de alvenarias,
revestimento de tetos e paredes ou ainda para pisos, entre os usos mais comuns.
A compreensão técnica que parecia existir nessas normas, como resumido no fluxograma da
Figura 2, transcrito por Selmo (1989) da norma DIN 18550 – Part 1/85, era de que não mais
se discutia os traços empíricos de argamassas tradicionais à base de cimento, cal hidratada
(tipo CH-I) e areia. Em outras palavras, pode-se interpretar que essas argamassas foram
consagradas pelo uso e dispensam a comprovação de suas propriedades, desde que produzidas
a partir de materiais de boa qualidade e por procedimentos adequados de ajuste de traços, bem
como de mistura e aplicação.

Requisitos gerais Requisitos Revestimentos


de desempenho
+ adicionais para fins especiais

Sistemas de Outros sistemas


revestimentos de revestimentos
normalizados

Testes para verificação do


critérios de desempenho

APLICAÇÃO

Figura 2 – Fluxograma de orientação da necessidade de verificação de critérios de


desempenho para argamassas de revestimento (DIN 18550-P1:1985 apud Selmo 1989).

Na época, as argamassas industrializadas, em países como a Inglaterra e a Alemanha,


deveriam seguir ou se enquadrar nas propriedades já bem conhecidas para as argamassas
tradicionais. Isto pode ser evidenciado pelas comparações dos limites dessas normas com
resultados de Selmo (1989), ilustradas na Figura 3. Lá estão indicadas a retenção de água e a
resistência à compressão de vários traços de argamassa mista, com teores crescentes de
agregado em volume, em relação ao aglomerante total (cimento + cal), com a proporção da
cal fixada nos valores correntes normalizados, de 0,5; 1 e 2 volumes, em relação ao cimento.
Verifica-se, na Figura 3, que apenas atenderiam às normas estrangeiras consideradas, os
traços com a relação teórica e convencional de “M = 3”, sendo M a relação
“agregado/cimento+cal”, em volume aparente com agregado úmido.
Assim, a fixação de critérios de desempenho para argamassas industrializadas adotados em
vários países da Europa parece ter se baseado, integralmente, nas características das
argamassas mistas tradicionais, já amplamente conhecidas por seu uso.

3
Os termos aqui apresentados estão conceituados na NBR 13529/95, à exceção de argamassa dosada em obra
(ou tradicional), que é designada naquela norma por argamassa preparada em obra.

7
100

98 M = relação agregado/(cimento+cal) (m3/m3)

96
Retenção de água BSI (%)

94
M=3
92 Limite BS 4721
(2,5<M<3,0)
90 M=4
88

86 M=6
84

82

80
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Relação cal/cimento (m3/m3)

18
M = relação agregado/(cimento+cal) (m3/m3)
16
Resistência à compressão (MPa)

Limite BS 4721
14 (2,5<M<3,0)

12
Limite 1- DIN 18550
10
M=3
8

6 Limite 2- DIN 18550

4 M=4
Limite 3- DIN 18550
2 M=6 Limite 4- DIN 18550
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
3 3
Relação cal/cimento (m /m )

Limite 1: argamassas alternativas de traço 1:0,25:3 a 4, para revestimentos de base de paredes


(socos) e em alvenaria com resistência superior a 7,5 MPa.
Limite 2: mesma condição de uso anterior, mas para alvenarias com resistência inferior a 7,5 MPa
Limite 3: revestimentos de alta resistência, para base de pinturas orgânicas ou de elevada
solicitação mecânica
Limite 4: argamassas alternativas, de traço 1:3 a 4, de cal, uso nas mesmas condições de 1:2:9.

Figura 3 – Variação da retenção de água e da resistência à compressão de argamassas


mistas, com materiais nacionais, pelas retas pontilhadas, em relação a critérios vigentes
na BS 4721 (BSI, 1981) e DIN 18550-Part 2 (DIN, 1985). Experimentos de Selmo (1989).

8
Na Tabela 3, consta um resumo de traços empíricos de argamassas mistas tradicionais para
revestimentos, prescritos por normas estrangeiras, incluindo os Estados Unidos, onde se pode
evidenciar a semelhança dos traços.
Das normas de revestimento indicadas na Tabela 3, como levantado por Selmo (1989), a
norma alemã prescrevia critérios de desempenho para argamassas alternativas (não
normalizadas), baseados em resistência à compressão, absorção capilar e permeabilidade à
vapor de água (para revestimentos externos especiais). Os dois primeiros critérios, aliás, estão
hoje sendo preservados no projeto de norma européia, como será visto no item 4.
Quanto à normalização francesa para argamassas de revestimento, essa foi a precursora dos
atuais critérios de resistência de aderência à tração de revestimentos, largamente usados no
Brasil e estabelecidos pela NBR 13749/96. Mas, na sua essência, pode estar também baseada
nos fundamentos do fluxograma da Figura 2, pois prescrevia argamassas empíricas pelo D. T.
U. 26.1, conforme a Tabela 3.
Pela evolução das normas francesas de argamassas de revestimento, tem-se a classificação
MERUC, inicialmente discutida no Brasil por Cincotto & Carneiro (1996) e introduzida na
França para viabilizar a certificação de novas argamassas do mercado, para revestimentos tipo
monocamada impermeável, cabendo um levantamento mais apurado sobre a origem dos seus
critérios e faixas de classificação, que apresentam razoável superposição.

3.2. Normas estrangeiras precedentes sobre argamassas de assentamento de alvenarias


No tocante à normalização de argamassas de assentamento de alvenarias, nos países europeus,
os traços empíricos para as argamassas dosadas em obra eram similares aos de revestimento
e se enquadravam em classes ou grupos conforme o tipo de alvenaria, como pode-se observar
na Tabela 4, elaborada a partir de Sabbatini (1984).
Para as classes de argamassas, as respectivas normas também fixavam valores médios
mínimos de resistência à compressão ou ainda de retenção de água, medidas segundo métodos
de ensaio vigentes em cada país, principalmente, para se estabelecer parâmetros de produção
para as argamassas industrializadas.
Por uma análise da Tabela 4, verifica-se também não haver divergências na indicação de
traços de argamassa mista para assentamento e revestimento de alvenarias.

9
Tabela 3 – Traços normalizados para argamassas mistas de revestimento de paredes e tetos, por normas da década de 80 - XX (Selmo, 1989).
ARGAMASSA
Proporção recomendada (volume)
NORMA CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO NATUREZA DA BASE MINERAL Cal Relação
Camada Agr. agr./aglomerante
Cimento hidratada úmido
Revestimento de paredes acima dos alicerces (em clima Alvenarias absorventes ou com superfície áspera, Emboço 1 2 9 a 11 3 a 3,7
desfavorável, sem base de concreto celular, o concreto não vibrado Reboco 1 2 9 a 11 3 a 3,7
NBR 7200 revestimento deve ser hidrófugo) Alvenarias pouco absorventes e lisas, concreto comum Emboço 1 2 9 a 11 3 a 3,7
(INMETRO, vibrado Reboco 1 2 9 a 11 3 a 3,7
1982) Revestimento de soco e paredes abaixo da superfície do Emboço 1 0 3
terreno Qualquer tipo (chapisco obrigatório) Reboco 1 0 3 3
Emboço 1 1 5a6
Acabamento liso, rugoso ou
Fachadas sob
ranhurado Reboco 1 1 5a6 2,5 a 3,0
qualquer
condição de Qualquer tipo Emboço 1 0,5 4 a 4,5
exposição Acabamento rústico 2,7 a 3,0
BS 5262 Reboco 1 0,5 4 a 4,5
(BSI, 1976) Fachadas com condição de exposição moderada ou Emboço 1 2 8a9
amena, qualquer acabamento Porosidade média a alta e resistência média a baixa 2,7 a 3,0
Reboco 1 2 8a9
Emboço 1 0,75 7 4
ASTM --- De baixa absorção
Reboco 1 2 9 3
C926/87 Emboço 1 1,5 7,5 3
--- De elevada absorção
Reboco 1 2 9 3
Qualquer tipo, exceto concreto celular (chapisco é Emboço 1 1 4a5 2 a 2,5
---
D.T.U. obrigatório) Reboco 1 1,5 5a7 2 a 2,8
No 26.1 Emboço 0,1 1 2,6 2,4
--- Concreto celular autoclavado (chapisco mais fraco)
Reboco 0,1 0,8 2,6 2,9
(CSTB, 1978) Revestimento de paredes abaixo da superfície do terreno Qualquer tipo (com chapisco de mesmo traço) Emboço 1 0 3 3
Emboço 1 1,5 a 2 9 a 11
3 a 4,4
Reboco 1 1,5 a 2 9 a 11
Solicitação intensa à chuva (necessário uso de aditivo Alvenarias, concreto, exceto em socos (base de
hidrofugante) paredes externas) ou paredes enterradas Emboço 1 1,5 a 2 9 a 11 3 a 4,4
Reboco 0 1 3 a 4,5 3 a 4,4

Alvenarias, concreto, exceto em socos (base de Emboço


Solicitação moderada à chuva Mesmos traços indicados para fachadas de solicitação intensa à chuva, exceto que
paredes externas) ou paredes enterradas. Reboco
não necessário o uso de aditivo. Admite também o uso de emboço e reboco à base
DIN 18550 Alvenarias, concreto, exceto em socos (base de Emboço de cal e areia (1:3 a 1:4,5)
Pouca solicitação à chuva paredes externas) ou paredes enterradas.
Partes 1 e 2 Reboco
(DIN, 1985)
Emboço 1 0 a 0,25 3a4
Revestimento de soco (base de paredes externas) Alvenarias, concreto (emboço é alternativo) 3a4
Reboco 1 0 a 0,25 3a4
Emboço --- --- ---
Revestimento de paredes abaixo da superfície do terreno Alvenarias, concreto 3a4
Reboco 1 0 a 0,25 3a4

10
Tabela 4 – Traços para argamassas mistas de assentamento de alvenarias,
recomendados nos E.U.A. e na Europa, na década de 70, a partir de Sabbatini (1984).

Grupo da Cimento Cal Areia


Norma argamassa Uso recomendado portland úmida
Pasta Pó
I (1) 1 0 a 0,25 ~ 0,4 ~4
CP 121:Part1
(BSI, 1978)
Inglaterra

II Muros de arrimo 1 0,5 ~ 0,8 ~5a6


(2), (3), (4)

III Alvenarias externas; fundações 1 1 ~ 1,5 ~ 6,5 a 8


IV Alvenarias internas; externas 1 2 ~3 ~ 10 a 12
V (1) 1 3 ~ 4,5 ~ 13 a 16

Alvenarias de edifícios até 2 andares 1 - 4


I -
e espessura parede > 24 cm
- 1 3
(DIN, 1974)
Alemanha

DIN 1053

1 1,5 - 8
II Alvenaria estrutural não armada
1 - 2 8
Alv. estrutural não armada – não
IIa pode ser usada no mesmo canteiro c/ 1 - 1 6
arg. II
Uso sem restrição em alvenaria
III 1 - 1 4
estrutural
Opcional para fundações e muros de
M arrimo 1 0,25 0,25 ~3a4
Opcional para alv. estrutural.
Fundações e muros de arrimo;
0,25 a 0,25 a
Estados Unidos

S Opcional para alv. estrutural; 1 ~ 3,5 a 4,5


(ASTM, 1982)
ASTM C 270

0,5 0,5
Opcional para alv. de vedação.
Alvenaria estrutural;
Opcional para fundações e muros de 0,5 a 0,5 a
N 1 ~5a7
arrimo; 1,25 1,25
Opcional para alv. de vedação.
1,25 a 1,25 a
O Alvenaria de vedação 1 ~ 8 a 10
2,5 2,5
K Opcional para alvenaria de vedação 1 2,5 a 4 2,5 a 4 ~ 11 a 15
Obs.: (1) Uso não indicado; (2) Valor calculado a partir da indicação do acréscimo de 50 % de volume de cal em pó em relação a cal em
pasta; (3) Valor calculado admitindo-se o inchamento da areia de 1,3; (4) O limite inferior da areia diz respeito a agregados muito finos ou
muito grossos, enquanto o limite superior se refere a areias contínuas, bem graduadas.

3.3. O atual projeto de norma européia para as argamassas de assentamento de


alvenarias – prEN 998-2/1993
Por trabalho do grupo TC 125 (CEN), está publicado desde 1993 e ainda prevalecia até 2000,
o projeto prEN 998-2, relativo à especificação de argamassas de assentamento. Neste,
definem-se dois tipos básicos de argamassas, a saber:
• “designed mortars”, dosadas e produzidas de modo a atenderem a propriedades
preestabelecidas ou a critérios de desempenho, sujeitas a ensaios de comprovação. No
Brasil, talvez possam ser chamadas de argamassas racionalizadas ou experimentalmente
dosadas, e que devem ser as argamassas industrializadas ou aquelas dosadas em obra, pela
aplicação de princípios ou métodos tecnológicos de dosagem;
• “prescribed mortars”, produzidas em proporções preestabelecidas e cujas propriedades
podem ser assumidas pelo proporcionamento dos constituintes. Aqui podem ser
enquadradas as argamassas tradicionais empíricas, de cimento, cal hidratada e areia, em

11
traços consagrados, dosadas em obra ou industrializadas por fabricantes, que reproduzam
esses traços.

Para as argamassas racionalizadas, o citado projeto indica a verificação dos requisitos na


Tabela 2, sendo que por ora apenas estabelece critério e classificação para a resistência à
compressão das argamassas, conforme a Tabela 5. Todas as demais propriedades da Tabela 2
são consideradas também essenciais, e o texto menciona a intenção de normalizar os
respectivos métodos de ensaio. Por outro lado, indica que cada país poderá adotar outros
métodos de ensaio, principalmente em se tratando de controle de qualidade e desde que se
conheçam as respectivas correlações com os métodos europeus. Mas, oficialmente, as
argamassas devem ser designadas pelas propriedades associadas aos métodos de sigla EN.

Tabela 5 – Critérios do projeto de norma européia, a prEN 998-2/93, para as


argamassas de assentamento de alvenarias de vedação e estruturais racionalizadas.
Classe Resistência à compressão (MPa)
M1 1,0
M 2,5 2,5
M5 5,0
M 7,5 7,5
M 10 10,0
M 12,5 12,5
M 15 15,0
M 20 20,0
M 30 30,0

Quanto às argamassas tradicionais de assentamento, o projeto europeu contém


recomendações de que os anexos de cada país deverão fornecer as especificações relativas aos
seus usos mais comuns, a partir das normas nacionais vigentes, o que se imagina não deverá
ser muito diferente dos traços e aplicações indicadas na Tabela 4, no caso dos países lá
considerados.
As argamassas de assentamento de fina espessura também são incluídas no projeto de
especificação aqui considerado, mas outras propriedades também lhe são exigidas além
daquelas consideradas na Tabela 2.

3.4. O atual projeto de norma européia para as argamassas de revestimento de paredes e


tetos – prEN 998-1/1993
Também por trabalho do grupo TC 125 (CEN), está publicado desde 1993 e ainda prevalecia
até 2000, o projeto prEN 998-1, relativo à especificação de argamassas de revestimento de
paredes e tetos. Neste texto, definem-se os mesmos dois tipos básicos de argamassas, já
conceituados no item 3.2, a saber: “designed mortars” e “prescribed mortars”, além das
demais listadas na Tabela 6.

12
Tabela 6 - Resumo dos tipos de argamassa considerados pelo projeto prEN 998-1/1993,
para argamassas de revestimento de paredes e tetos, mantidas as siglas lá propostas.
Argamassa
Tipo Sigla Tipo ou conceito
1 Local de mistura2

Argamassa de uso geral GP 1 P F ou SF ou S


GP 2 D F ou SF ou S
Argamassa leve LW D F
Argamassa colorida de revestimento CR D F
Argamassa de camada única, uso externo OC D F
Argamassa de restauro R D F
Argamassa para isolamento térmico T D F
Argamassa para isolamento acústico A D F
Argamassa resistente ao fogo FR D F
1
D – designed mortar (racionalizada) P – prescribed mortar (empírica e tradicional)
2
F – Fábrica; SF – Obra ou Fábrica ; S – Obra.

Para as argamassas racionalizadas, nas aplicações usuais, o prEN 998-1/93 indica a


verificação dos requisitos na Tabela 2, mas por ora apenas estabelece classificação e critérios
para as propriedades indicadas na Tabela 7, que segue.

Tabela 7 – Critérios do projeto prEN 998-1/93, para as argamassas de revestimento de


paredes e tetos de edifícios, no caso de serem racionalizadas (designed mortars).
Classe de desempenho Identificação Valores médios(1) Método de ensaio
(2)
Resistência à compressão CS I 0,4 – 2,5 MPa EN DDDD-11
CS II 1,5 – 5,0 MPa (2)
CS III 3,5 – 7,5 MPa (2)
CS IV > 6 MPa
Absorção de água por W0 Não requerida EN DDDD-18
capilaridade W1 W ≤ 2,0 kg/m2h0,5
W2 W ≤ 1,0 kg/m2h0,5
(1)Todos os valores deverão ser confirmados após os métodos de ensaio e outras normas EN relevantes terem
sido finalizadas. (2) Os limites superiores são recomendados.

Ao se comparar os valores do critério de resistência à compressão com aqueles vigentes nas


normas alemã e inglesa, na década de 80 (indicados na Figura 3), verifica-se que são da
mesma ordem de grandeza.
Já os critérios de sucção capilar de água, estes têm provavelmente origem em trabalho de
Künzel (1977) apud Selmo (1989). Pois, propôs aquele autor que a sucção capilar de água de
argamassas da ordem de 2 kg/m2.h0,5 seria suficiente para revestimentos externos submetidos
a moderadas condições de exposição, considerando que a maior parte dos componentes de
alvenaria, na Alemanha, apresentavam valores de sucção capilar acima desse valor.
Assim como para as argamassas de assentamento, o texto do prEN 998-1/93 menciona a
intenção de normalizar os respectivos métodos de ensaio, representada pelos códigos
“DDDD”, na Tabela 7. Indica ainda que cada país poderá adotar outros métodos de ensaio,
principalmente em se tratando de controle de qualidade, e desde que se conheçam as
respectivas correlações com os métodos europeus.

13
Salienta o referido documento que, para as argamassas racionalizadas, caberá ao fabricante
indicar as possibilidades de aplicação. Já para as argamassas tradicionais empíricas, sejam
dosadas em obra ou industrializadas, esse documento indica que as suas condições de
aplicação serão ditadas pela norma nacional vigente em cada país, o que se imagina não será
muito diferente do que consta na Tabela 3, no caso dos países lá considerados.
O projeto em questão menciona ainda que testes de desempenho para argamassas devem ser
exigidos apenas para as argamassas racionalizadas, e justifica que para as argamassas
tradicionais há relativa experiência acumulada para atestar o seu desempenho satisfatório. Ou
seja, prevalece a orientação então existente na norma alemã, resumida pelo fluxograma da
Figura 2, já adotado na década de 80.

3.5. A normalização no Brasil sobre argamassas


No Brasil, as argamassas dosadas em obra tradicionais, obtidas de cimento, cal hidratada e
areia, estão hoje sem regulamentação de traços empíricos, seja na NBR 7200/00, na NBR
13749/96 ou na NBR 8545/84, sendo as duas primeiras relativas a revestimentos e a última de
alvenarias de vedação. Apenas a NBR 8798/85, de alvenaria estrutural, observou a indicação
de traços empíricos para argamassas, embora questionáveis.
Interpreta-se que essa omissão na especificação de traços, seja decorrente da falta de consenso
técnico, pela grande diversidade nacional de areias de rio, de cava e artificiais usadas nas
argamassas, bem como de adições minerais plastificantes ou de aditivos substitutos da cal.
Quanto às argamassas industrializadas de múltiplo uso, estas tiveram uma especificação
brasileira à parte, tanto para as aplicações em assentamento de alvenarias e como em
revestimento de paredes e tetos, através da NBR 13281/95. Nessa norma, criaram-se três
classificações para as argamassas, segundo as propriedades indicadas na Tabela 8, mas foram
omitidas as indicações para a aplicação de cada grupo (pelo menos, no que tange à resistência
à compressão, entende-se que isto deveria ter sido feito). Tais classificações basearam-se em
argamassas industrializadas da época, caracterizadas por estudo interlaboratorial, divulgado
por Bücher & Muller (1993), e não tiveram por base o preceito de desempenho comparativo4,
como prevalecia nas normas de países europeus, já analisadas.

Tabela 8 - Propriedades das argamassas industrializadas de múltiplo uso, conforme a


NBR 13281 (ABNT, 1995), sem indicações do uso recomendado.

Propriedades Limites Classificação (tipo)

Capacidade ≥ 80 e ≤ 90 Normal
de retenção
de água (%) > 90 Alta
Estado fresco Teor de ar <8 a
incorporado
(%) ≥ 8 e ≤ 18 b
> 18 c
Resistência à ≥ 0,1 e < 4 I
Estado compressão
endurecido aos 28 dias ≥4e≤8 II
(MPa) >8 III

4
Por desempenho comparativo, entenda-se aqui a adoção de critérios baseados em características de materiais ou
componentes consagrados pelo meio técnico e que podem ser critérios aceitáveis, ainda que não racionalizados.

14
Assim, pelo discutido nos itens 3.1 a 3.4, aproveita-se para aqui refletir se as normas
brasileiras não deveriam, em parte, se fundamentar em especificações de propriedades para as
argamassas industrializadas, baseadas nas misturas tradicionais, por exemplo as indicadas na
Tabela 3 e Tabela 4, e admitindo-se o uso de cimento, cal hidratada e areia dentro de certos
limites ou padrões de qualidade.5
De certa forma, isto ocorreu por cerca de 20 anos e até a década de 90, pois o mercado
nacional não dispunha da NBR 13281/95. Para as argamassas de revestimento dosadas em
obra, eram normalizados os traços empíricos da NBR 7200/82, hoje transcritos por exemplo
em Selmo (1996) e com certeza baseados nas normas estrangeiras aqui discutidas.
Esta proposta decorre do fato de que no Brasil e, possivelmente, em nenhum outro país, há
critérios de desempenho suficientemente evoluídos ou abrangentes o suficiente, para se
abandonar completamente a referência de traços empíricos consagrados para as argamassas
tradicionais. Acredita-se, portanto, que ainda há a necessidade de continuar aplicando o
conceito de desempenho comparativo, ainda que isto não seja o ideal, mas pode agilizar e
melhor fundamentar os trabalhos normativos, principalmente, no tocante à classificação de
resistência mecânica de argamassas.
Mesmo nos atuais projetos de normas européias de argamassas de assentamento de alvenarias
e de revestimento de paredes e tetos, o conceito de desempenho comparativo ainda deverá
prevalecer, como se procurou evidenciar nos itens 3.1 a 3.4.

4. CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS POR MÉTODOS “NBR” E “EN”


Neste item, conforme a Tabela 9 e Tabela 10, está sendo apresentado um resumo dos
principais métodos NBR e EN, aplicáveis principalmente a argamassas de múltiplo uso, sendo
que, no caso dos textos EN, a maior parte ainda está em fase de projeto ou em elaboração.
Os métodos da ABNT, de sigla NBR, embora já bastante conhecidos, estão sendo também
resumidos para facilidade do leitor menos familiarizado e para algumas citações, na parte
experimental, final deste trabalho (item 5).
Dos métodos brasileiros listados, em comparação aos europeus, verifica-se que as diferenças
de metodologia são muito mais decorrentes da cultura tecnológica difundida em cada local e
propriamente não apresentam até agora novos procedimentos na realização dos ensaios.
Para as argamassas no estado fresco, como já comentado no item 2, salienta-se a importante
intenção de normalizar as medidas de rendimento e de manutenção de trabalhabilidade das
argamassas, o que parece ser coerente com as tendências de controle de propriedades melhor
associadas ao desempenho de produtos da Construção Civil.
Cabe salientar que os métodos de preparo da argamassa e de medida da densidade no estado
fresco devem ser criteriosamente estabelecidos, pois afetam os cálculos de rendimento
teórico. No caso do método de preparo, isto já foi alertado por Nakakura e Cincotto (2001).
Na Tabela 9-(b), também se pode verificar que o método brasileiro de medida de densidade é
distinto do projeto de norma européia e caberiam ser melhor comparados.
Quanto à medida do índice de consistência, a norma européia adota método que deforma
muito menos a argamassa no estado fresco (mesa mais leve, com menor número de golpes e
menor número de quedas), o que pode talvez torná-lo mais reprodutível que o método
brasileiro.
5
Afinal, os padrões granulométricos ideais e outros índices de qualidade de agregados miúdos, para a produção
de argamassas, já são discutidos no Brasil desde a década de 80 (XX), a partir de normas internacionais. Por
exemplo em Selmo (1986) e já foram aprofundados por estudos diversos, como o de Carneiro (1999). No tocante
à influência da cal em argamassas, este também foi um aspecto exaustivamente discutido no Brasil e não se vê
maiores dificuldades para se estabelecer os seus limites de emprego nas argamassas.

15
Tabela 9-(a) – Resumo de métodos de ensaio ABNT e EN para argamassas de
assentamento e revestimento no estado anidro e estado fresco.

ESTADO ANIDRO ARGAMASSA


MÉTODOS ABNT MÉTODOS EN
ou FRESCO Ass. Rev.
Amostragem em NBR 13281 BS EN 1015-2:1999 X X
campo - Não consta procedimento de amostragem - Não limita tamanho do lote;
- Amostra de campo composta de porções retiradas de
e 3 momentos distintos da descarga (misturador ou silo)
preparo da NBR 140811 ou de 3 pontos da sacaria (> 100 mm da superfície);
- Lote < 15 t (condições homogêneas);
argamassa para - Coletar 2 sacos: 10 kg / lote;
- Amostra para ensaio: reduzir a massa > 10 kg (tempo
ensaios < 3 min p/ pré-misturada e iniciar os ensaios no
- Um saco para realização de ensaios e
prazo de utilização);
um para ficar como testemunho;
- Para argamassadeira planetária da EN 196: amostra
- Prazo ≤ 30 dias para início do ensaio.
com 1,8 a 3 kg. Adicionar água à cuba do misturador
para índice de consistência padrão (175 + 10 mm) e
NBR 13276 misturar por 15 s. Concluir mistura em velocidade
- Argamassadeira planetária NBR 7215: lenta por mais 75 s (salvo outras instruções do
- Colocar a água estimada na cuba; fabricante).
- Adicionar a argamassa anidra e misturar - Para argamassadeira industrial: amostra com 30 a 50
em velocidade lenta por 4 min. kg. Mistura inicial semelhante. Concluir mistura por
mais 120 s (salvo outras instruções fabricante).
Distribuição NBR 140861 BS EN 1015-1:1999 X
granulométrica - Massa mínima de 500 g; - Massa de 200 g (D máx. < 4 mm);
- Peneira normalizada: 1,0 mm; - Massa de 600 g (D máx > 4 mm);
No estado anidro - Apenas via seca; - Peneiras normalizadas: 8,00; 4,00; 2,00; 1,00; 0,50;
- Pode-se começar o peneiramento 0,25; 0,125; 0,063 mm;
manualmente (mínimo de 2 minutos) ou - Via úmida: peneirar a amostra em cada peneira com
mecanicamente; água, até obter limpidez. Remover a fração retida e
- Continuar o peneiramento manualmente secar até constância de massa;
verificando a cada minuto se a massa de - Via seca: apenas para argamassa com agregados
material passante é inferior a 1% da leves;
massa retirada. Quando for, terminar o - Limita massa de resíduo (mr) em cada peneira, em
ensaio calculando o resíduo retido nesta função de sua área (A) e diâmetro (d):
peneira, em %. < (A.d 1/2)/200. Se este limite não for atendido,
repeneirar em partes.
Índice de NBR 13276 BS EN 1015-3:1999 X X
consistência padrão - Molde tronco-cônico: 125 mm base - Molde tronco-cônico: 100 mm base inferior; 70 mm
inferior; 50 mm base superior; 65 mm base superior; 60 mm altura;
(por espalhamento altura; - Soquete: 40 mm diâmetro; 200 mm comprimento e
em mesa de quedas) - Soquete: 25 mm diâmetro; 170 mm 250 g de massa;
comprimento; - Mesa circular: 300 mm diâmetro; 3,25 kg de massa,
- Mesa circular: 500 mm diâmetro; 12 kg 10 mm altura de queda;
de massa; 12,5 mm altura de queda; - Realizar preenchimento do recipiente em forma de
- Realizar preenchimento do recipiente em tronco de cone em 2 camadas com 10 golpes;
forma de tronco de cone em 3 camadas - Rasar a superfície com régua metálica e acionar a
com 15, 10 e 5 golpes, respectivamente; manivela por 15 vezes em 15 s.
- Rasar a superfície com régua metálica e - Fazer 2 medidas do diâmetro de espalhamento com o
acionar a manivela por 30 vezes em 30s. paquímetro e tirar a média.
- Fazer 3 medidas do diâmetro de
espalhamento com o paquímetro e tirar a
média.
Outros métodos de - Já foram pesquisados na USP, para uso BS EN 1015-4:1999 X
em campo. Destes, o abatimento do - Índice de consistência por penetração: equipamento
controle de tronco de cone de Abrams é o de mais proposto pelo CEN/TC 125 não é usual, mas pode
consistência fácil execução e difusão. servir para laboratórios de campo.
Retenção de água NBR 13277 EN DDDD-8 X X
- Preencher o molde cilíndrico com a - Propriedade considerada pelo CEN/TC 125, mas
argamassa e rasar a superfície (pesar); procedimento normatizado ainda não disponível.
- Colocar duas telas de gaze na superfície
e mais 12 discos de papel filtro
(previamente pesados) na superfície
rasada e uma placa rígida;
- Colocar um peso de 2 kg sobre o
conjunto por 2 min. Pesar os papéis.
Calcular a retenção de água.
Observação: 1 Método normatizado para outros tipos de argamassa, mas que pode ser aplicado às argamassas de múltiplo uso.

16
Tabela 9-(b) – Resumo de métodos de ensaio ABNT e EN para argamassas de
assentamento e revestimento no estado anidro e estado fresco. Continuação.

ESTADO ANIDRO
MÉTODOS ABNT MÉTODOS EN ARGAMASSA
ou FRESCO
Densidade de massa NBR 13278 BS EN 1015-6:1999 X X
no estado fresco - Recipiente cilíndrico de PVC com cerca de - Recipiente cilíndrico de metal com cerca de 1 L
400 mL (76 mm de diâmetro); (125 mm de diâmetro);
- Determinar a massa do recipiente vazio e - Determinar a massa do recipiente vazio e seu
seu volume através de água destilada; volume através de água destilada (precisão 0,1 %);
- Encher o molde com 3 camadas, - Volume argamassa: > 1,5 vezes o recipiente;
compactadas com 20 golpes, por espátula - Arg. pré-misturada: homogeneizar por 5 a 10 s;
padrão; - Encher o molde com 2 camadas compactadas com
- Rasar o recipiente e pesar o conjunto; 10 quedas, de 30 mm, sobre base maciça (> 25 kg);
- Calcular a densidade - Rasar o recipiente, pesar o conjunto;
- Efetuar 2 determinações (desvio da média < 10%).
Teor de ar NBR 13278 BS EN 1015-7:1999 X X
- Determinar a densidade de massa da - Método pressométrico: para argamassa com teor
argamassa no estado fresco (δ); de ar < 20 %;
- Determinar a densidade de massa - Recipiente cilíndrico com volume de 1 L (125 mm
específica da argamassa anidra (γ); de diâmetro) e manômetro calibrados;
- Calcular o teor de ar, pela fórmula: - Soquete: diâmetro 40 mm, 200 mm comprimento e
massa de 250 g;
% Ar = (1 - δ/ γ) x 100 - Encher o recipiente com quatro camadas iguais,
compactadas com 10 golpes cada, rasar;
- Proceder ao fechamento do recipiente e às
instruções de leitura, para se obter a medida do teor
de ar, no manômetro do equipamento.
Rendimento Cálculo sugerido - Propriedade considerada pelo CEN/TC 125, mas X X
- Pode ser calculado a partir da densidade de procedimento normatizado ainda não disponível.
massa fresca e pela relação água /materiais
secos (ver Eq. 1, item 5).
Manutenção de Método adaptado da NBR 13276 BS EN 1015-9:1999 X X
trabalhabilidade - Preparar a argamassa fresca com o teor de - Métodos de ensaio diferenciados em função do tipo
água e pelo método de mistura do de argamassa: múltiplo uso (Método A) ou para
(por métodos fabricante ou conforme a NBR 13276; juntas de assentamento de alvenaria de espessura
diversos) - Manter a mistura preservada de perda de fina (Métodos B e C);
umidade, com um pano úmido; - Método A: medida de tempo de endurecimento,
- Medir o índice de consistência da por resistência à penetração de sonda cilíndrica na
argamassa fresca, em intervalos regulares argamassa, até atingir pressão de 0,5 MPa. Faz uso
de tempo, a partir da adição da água, na de equipamento especial;
mistura anidra, p. ex.: 5 min, 30 min, 45 - Método B: medida de tempo para ocorrer perda de
min, 60 min, 90 min. Para essas medidas, índice de consistência da argamassa de 30 mm, em
apenas efetuar um breve reamassamento relação ao valor inicial medido conforme a BS EN-
manual da argamassa em repouso; 1015-3;
- Analisar a manutenção de consistência, por - Método C: medida do tempo de mistura da
uma ou mais das seguintes interpretações: argamassa para o qual ocorre extensão de adesão de
a) pelos limites superior e inferior de junta de argamassa igual ou superior a 50 % da
variação do índice de consistência e se área de contato com peças cúbicas de 50 mm de
podem ser adequados ao uso pretendido. O lado, cortadas de componentes maciços de
limite inferior nas aplicações usuais, por alvenaria de interesse e tomados como referência.
exemplo, pode ser fixado em 250 mm; A peça cúbica é usada como componente superior,
b) pela taxa de perda de consistência em para formação de junta de fina espessura (2 a 3
função do tempo de preparo da argamassa, mm), sobre o componente de interesse e a sua face
estimada em reta de interpolação dos de assentamento deve ser a mesma do componente
valores medidos (ver item 5, neste artigo). original. O tempo de avaliação da extensão de
- Este método foi estudado por Selmo, adesão é de 30 s, após a aplicação de pressão
Miranda e Takeashi (1999), com boa padronizada sobre a junta em teste. A pressão é
repetibilidade. Em Müller & Bücher definida pela densidade de massa aparente dos
(1993), não houve reprodutibilidade por componentes originais de alvenaria.
falta de padronização da base da mesa de
consistência ABNT).

A seguir, nos ensaios no estado endurecido, verifica-se pela Tabela 10, que uma das principais
diferenças em relação aos métodos brasileiros estão nos procedimentos de cura dos corpos-de-
prova de argamassas e de revestimentos, pois nos métodos europeus assegura-se para ambos uma
cura inicial úmida de 7 dias. Quanto aos corpos-de-prova para ensaio de compressão simples, estes
apresentam geometrias muito distintas e uma comparação sobre isto é feita no item 5 deste
trabalho. Em ensaios de aderência, é alternativo o corte do revestimento no estado fresco.
17
Tabela 10 – Resumo de métodos de ensaio ABNT e EN para argamassas de
assentamento e revestimento no estado endurecido.

ESTADO ARGAMASSA
MÉTODOS ABNT MÉTODOS EN
ENDURECIDO Ass. Rev.
Estabilidade NBR 8490 prEN 1015-13:1993 X
Conforme Observação 1 - Tab. 9(a) - Moldar 3 prismas de 40 mm x 40 mm x 160 mm,
dimensional
- Preparar 3 fôrmas de 25 mm x 25 mm x em 2 camadas adensadas com 25 golpes cada;
(retração por - Armazenar as fôrmas em câmara úmida (95 % + 5
285 mm, com pinos nas extremidades;
secagem) - Moldar em 2 camadas c/soquete NBR % e 20 º C + 2 º C) ou plástico lacrado;
13276. Cura inicial em câmara úmida: - Para argamassas hidráulicas ou mistas, desmoldar
desmoldagem com 23 h – 1 ª medida; com 2 dias e fazer leitura inicial de comprimento
- Cura subseqüente: armazenamento em dos corpos-de-prova. Para argamassas com
água saturada com cal até 28 dias, a partir retardadores de pega, aguardar 5 dias;
desta idade efetuar 2 ª medida e - Armazenar os cps. em câmara a 50 % + 5 % e 20 º
armazenar os prismas em câmara seca ou C + 2 º C ou em outras condições de interesse;
efetuar ciclagem de interesse. - Informar valores de retração para 7,14 e 28 dias.
Densidade de massa NBR 13280 prEN 1015-10:1999 X X
aparente - Moldar e curar 4 cps. pela NBR 13279; - Moldar e curar 3 prismas conforme prEN 1015-11;
- A 28 dias, secar em estufa a 110ºC + 5ºC; - Secar os prismas em estufa ventilada a 60 º C + 5 º
- Pesar e medir os corpos-de-prova, para C ou 70 º C + 5 º C. Medir volume aparente por
calcular a massa por volume aparente. saturação cps. em água e uso balança hidrostática.
Resistência à tração ---- prEN 1015-11:1993 X X
por flexão - Moldar 3 prismas de 40 mm x 40 mm x 160 mm,
em 2 camadas adensadas com 25 golpes cada;
- Curar inicial de 7 dias em câmara úmida: para
argamassas com mais de 50 % de cal ou com
retardador: desmoldar os prismas com 5 dias. Para
demais argamassas, desmoldar com 2 dias;
- Manter cps. por 21 dias a 65 % + 5 % e 20 + 2 º C;
- Taxa de carregamento: 0,03 a 0,15 MPa/s.
Resistência à NBR 13279 prEN 1015-11:1993 X X
compressão - Moldar 4 corpos-de-prova cilíndricos de 5 - Usar os corpos-de-prova rompidos à flexão pelo
cm x 10 cm. Curar por 48 h em câmara método prEN 1015-11:1993 ;
úmida e mais 26 dias em água. Para - Ensaiar à compressão as 6 metades dos corpos-de-
argamassa mista ou de cal, curar ao prova (semi-prismas c/ comprimento > 72 mm);
ambiente do laboratório. A 28 dias, capear - Pratos especiais para representar ensaio em cubo de
com enxofre. Carga: 0,20 a 0,30 MPa/s. 4 cm de lado (semi-prisma deitado);
- Taxa de carregamento: 0,03 a 0,10 MPa/s.
Teor de sais solúveis (NBR 9917) BS EN 1015-17:2000 X
(adaptado de método para - Método químico a partir de extração dos - Propriedade considerada pelo CEN/TC 125, mas
agregados) sais, em papel filtro médio, onde filtra-se texto normativo ainda não disponível.
solução de argamassa e água a 80ºC.
Resistência inicial ao ---- EN GGGG-3 X
cisalhamento - Propriedade considerada pelo CEN/TC 125, mas
texto normativo ainda não disponível.
Resistência ao ---- EN GGGG-4 X
cisalhamento c/ teste - Propriedade considerada pelo CEN/TC 125, mas
texto normativo ainda não disponível.
de estanqueidade
Resistência de NBR 13528 BS EN 1015-12:2000 X
aderência à tração - Substrato: conforme interesse. Total de - Substrato: conforme interesse. Total de cps.: 5
corpos-de-prova: 6. Pastilhas de 50 mm de (cortados no revestimento fresco ou endurecido).
direta diâmetro ou 100 mm de lado coladas com Pastilhas de 50 mm coladas com resina epóxi.
resina epóxi. Observar taxa de Cura inicial em saco lacrado, por 7 dias, mais 21
carregamento e local de fratura. dias a 65 % + 5 % e 20 + 2 º C. Ensaio: 28 dias.
Observar taxa de carregamento e local de fratura.
Coeficiente de ----- prEN 1015-18:2001 X
sucção capilar - Usar 3 cps. rompidos à flexão pelo método prEN
1015-11:1993. Secar as amostras a 60 º C + 5 º C.
Imergir em lâmina de água com 10 mm, a face
obtida pela fratura à flexão com as demais faces
contíguas lacradas. Medir variação de massa, para
tempos de imersão iguais a 10 min, 90 min e 24 h.
Permeabilidade a ---- prEN 1015-19:1999 X
vapor de água - Método similar ao da DIN 18550 – Part 1, discutido
em Selmo (1989) e Cincotto et al. (1995). Via de
regra, apenas se aplica a argamassas de reboco, de
permeabilidade reduzida, e não para as de múltiplo
uso.

18
5. ARGAMASSAS DE MÚLTIPLO USO DO MERCADO PAULISTA – ANÁLISE
DE PROPRIEDADES POR MÉTODOS “NBR” E DE PROJETOS “EN”

O objetivo da parte final deste trabalho é discutir se as argamassas de múltiplo uso do


mercado nacional podem se enquadrar nos critérios da classificação européia de resistência
mecânica e que têm por origens um conceito de desempenho comparativo, ao contrário do que
ocorre com a atual classificação brasileira, conforme discutido no item 3.
De forma complementar, outros ensaios foram realizados e são analisados para ilustrar
aspectos importantes da metodologia de caracterização de argamassas, que precisam ser
revistos para uma evolução das normas brasileiras.

5.1 Materiais e métodos


Quatro amostras de argamassas industrializadas de múltiplo uso, de diferentes marcas
disponíveis no estado de São Paulo, foram submetidas à caracterização, utilizando-se a
quantidade de água estabelecida pelos fabricantes e o método de preparo da BS EN 1015-
2:1999, conforme procedimento na Tabela 9-(a), para misturadora da NBR 7215.
Os ensaios estão na sua maioria resumidos na Tabela 9 e Tabela 10 e foram os seguintes:
a) no estado fresco: consistência inicial e manutenção da consistência, ao longo do
tempo, com índice medido pela NBR 13276/95; densidade de massa e teor de ar
incorporado segundo a NBR 13278/95;
b) no estado endurecido: resistência à compressão simples pela NBR 13279; resistência
à tração na flexão e resistência à compressão pelo projeto prEN 1015-11. Os corpos-
de-prova de 40 mm x 40 mm x 160 mm foram moldados em única camada e
adensados por 20 golpes em mesa automatizada usada para ensaios de cimento; o
procedimento de cura de todos os corpos-de-prova (cilíndricos e prismas) baseou-se
no prEN 1015-11. Também o módulo de elasticidade à compressão foi medido nos
cubos de 4 cm de lado, a partir dos semi-prismas obtidos do ensaio à flexão, sendo o
plano de carga da NBR 7190/96 (módulo secante a 10 % e 50 % da carga de ruptura,
no 3 º ciclo de carga e descarga, com tempos padronizados).

5.2 Análise dos resultados obtidos

a) Caracterização no estado fresco


As Figuras 4 e 5 ilustram os resultados obtidos, estando as argamassas indicadas por A, B, C
e D. Os diferentes níveis de manutenção da consistência, pela mesa ABNT, na Figura 4,
evidenciam que a reologia das argamassas cabe ser melhor caracterizada, já que vai informar
sobre a dosagem e qualidade os aditivos presentes nos produtos e influir na produtividade dos
serviços e desempenho dos revestimentos aplicados.
Também porque o índice de consistência ou o método de retenção de água, da NBR 13277/95,
não conseguem, isoladamente, diferenciar produtos com características reológicas bastante
distintas, seria oportuno haver um ensaio complementar de caracterização da trabalhabilidade,
similar ou não ao de manutenção de consistência. Por exemplo, através de métodos
alternativos, como os descritos na Tabela 9-(b) ou ainda pelo de manutenção de densidade da
argamassa fresca, em função do tempo de mistura da argamassa, já em estudo em outro
trabalho e a ser analisado em futura publicação.
Quanto à densidade e de teor de ar incorporado no estado fresco, conforme a Figura 5, apenas
a argamassa B apresentou resultados diferenciados. Por conseqüência, o seu rendimento por

19
metro cúbico foi de 0,59 L/kg, enquanto o das outras três argamassas se situou em torno de
0,77 L/kg, sendo o cálculo teórico obtido, através da Equação (1):
Rt = (1 + H/100) , (1)
δ
Rt = rendimento teórico da argamassa ensacada, expresso em volume de argamassa fresca por
massa da mistura ensacada (anidra), em L/kg;
H = massa ou volume de água recomendado pelo fabricante, por kg de mistura ensacada
(anidra), em %;
δ = densidade de massa da argamassa no estado fresco, em kg/L.

A Equação (1) tem a vantagem de envolver variáveis de fácil determinação. Mas, a outra
Equação (2) também poderia ser utilizada, para a determinação do rendimento teórico:
Rt = (1 + %Ar/100) x (Varg + Vágua) , (2)
%Ar = teor de ar da argamassa fresca, em % (ver Tabela 9-(a);
Varg = volume da argamassa ensacada (anidra) por kg de material seco, calculado em função
da densidade de massa específica, em L/kg;
Vágua = volume de água por kg de argamassa ensacada (anidra), em L/kg.
Pela Equação (2), obtém-se o resultado de 0,58 L/kg para a “Argamassa B” e de
aproximadamente 0,68 L/kg para as outras três. Entretanto, essa equação requer a realização
do ensaio de densidade de massa específica da argamassa anidra que envolve metodologia de
determinação mais elaborada, e a diferença dos resultados pelos dois cálculos deve estar
afetada por essa variável. Por conseguinte, cabe analisar a reprodutibilidade desses ensaios.
Índice de consistência (mm)

340

330
A B

320 C D
310

300

290

280

270
0 20 40 60 80 100 120
Tempo de preparo da argamassa (minutos)

Figura 4 – Manutenção do índice de consistência de argamassas de múltiplo uso em


função do tempo decorrido após a adição de água. Medidas pela NBR 13276.

20
2500 40
Densidade de massa
35

Teor de ar incorporado (%)


Teor de ar incorporado
2000
Densidade de massa 30
aparente (kg/m³)
1500 25
20
1000 15
10
500
5
0 0
A B C D
Argamassas industrializadas

Figura 5 – Densidade de massa aparente e teor de ar incorporado de argamassas de


múltiplo uso. Medidas pela NBR 13278.

b) Caracterização no estado endurecido


Da ilustram os resultados obtidos, estando as argamassas indicadas por A, B, C e D.
Pela análise da Figura 6 e segundo o projeto prEN 998-1/93, na Tabela 7, tem-se que a
“Argamassa D” se enquadra na classe CS II; já a “Argamassa A”, no limite superior da classe
CS III, e as “Argamassas B e C” podem ser classificadas como CS IV.
Análise semelhante pode ser feita para o enquadramento dessas argamassas nas faixas do
projeto prEN 998-2/93, na Tabela 5, e as argamassas resultam, aproximadamente,
classificadas entre M 5 e M 10.
Mas, assim como ocorre na NBR 13281 (Tabela 8), ainda falta para os projetos europeus
aqui considerados, o que prevalecia nas normas precedentes, discutidas no item 3, ou seja,
permitir a interpretação das aplicações de cada classe de resistência, sem o que tais critérios
servem apenas para controle industrial de fabricação, sem qualquer compromisso com o
desempenho em serviço.
Se a discussão é ampla, e todas as possibilidades não podem ser previstas, pois então que se
associem às classes de resistência, as respectivas faixas de variação das argamassas
tradicionais, pois para estas já se sabe onde podem ser aplicadas. No caso europeu, isto é bem
possível que possa ser interpretado, pois no anexo de cada país serão indicados os traços
empíricos de argamassas dosadas em obra.
Quanto à resistência à flexão, com resultados indicados no eixo à direita da Figura 6, cabe
informar não houve um bom coeficiente de correlação linear dessa propriedade com a
resistência à compressão (r2 = 0,52). Por equação do segundo grau e para argamassas não
aditivadas, Miranda (2000) obteve resultado bem melhor (r2 = 0,96). Salienta-se que a
resistência à flexão de argamassas merece ser melhor investigada, pois tem-se indicações de
que pode apresentar correlação com a resistência à fissuração de revestimentos, por
solicitações a choque térmico, conforme resultados de Miranda (2000). É, aliás, uma
propriedade considerada pelos franceses, na classificação MERUC.

21
12,0 4,0
Compressão Tração na flexão
11,0
Resistência à compressão (MPa)
3,5

Resistência à tração na flexão


10,0
3,0
9,0
8,0 2,5

(MPa)
7,0 2,0
6,0 1,5
5,0
1,0
4,0
3,0 0,5

2,0 0,0
A B C D
Argamassas industrializadas

Figura 6 – Resistência à tração na flexão e resistência à compressão, aos 28 dias de


idade das argamassas de múltiplo uso. Ensaio conforme o projeto europeu de norma,
prEN 1015-11, a partir de corpos-de-prova prismáticos de 4 cm x 4 cm x 16 cm.

Analisando a Figura 7, para a comparação das metodologias de medida da resistência à


compressão, tem-se que não há diferença significativa nos valores pelos dois métodos de
ensaio, europeu e brasileiro, tendo isto já sido constatado anteriormente em trabalho de
Siqueira e Selmo (1995). Possivelmente, a elevada porosidade dessas argamassas não conduz
à evolução interna de tensões da mesma forma que nos concretos estruturais, onde a
geometria dos corpos-de-prova afeta de forma considerável os valores de resistência obtidos,
com discutem Mehta & Monteiro (1994).
Quanto aos resultados de módulo de elasticidade à compressão, esses foram aceitáveis mas
não melhores do que os obtidos por Miranda e Selmo (2001), se avaliados pela esperada
correlação entre módulo e resistência, mostrada na Figura 8, no caso, a correlação sugerida
por Hilsdorf apud Sabbatini (1984). Aqui se obteve coeficiente de correlação linear r2 igual a
0,70, enquanto em Miranda e Selmo (2001) o valor de r2 foi de 0,86, podendo-se talvez
atribuir a diferença ao fato das argamassas naquele trabalho não terem ar incorporado.
Mas, Bortoluzzo & Libório (1999) mostram que é possível uma curva de correlação genérica
entre módulo de elasticidade e a raiz da resistência à compressão, independente da argamassa
conter ou não ar incorporado. Fizeram uso de corpos-de-prova cilíndricos, com plano tipo II
adaptado da NBR 8522/84. Assim, não se vê a necessidade do estabelecimento de critérios
simultâneos de desempenho quanto a essas duas propriedades, pelo menos para as
argamassas de múltiplo uso.

22
11 16,0
prEN1015-11
10 NBR 13279 14,0

Resistência à compressão (MPa)

Módulo de elasticidade (GPa)


Mód. Elast. NBR 7190
12,0
9
10,0
8
8,0
7
6,0
6
4,0

5 2,0

4 0,0
A B C D
Argamassas estudadas

Figura 7 – Eixo à esquerda: resistência média à compressão a 28 dias de idade, de


argamassas industrializadas, em corpos-de-prova cilíndricos (NBR 13279), em
comparação a resultados pelo prEN 1015-11. Cura úmida de 7 dias. No eixo à direita:
módulo de elasticidade à compressão, por carregamento da NBR 7190, em corpos-de-
prova de seção 4 cm x 4 cm e altura 4 cm (semi-prismas do método europeu).

18
Módulo de elasticidade (GPa)

16 y = 1,4479x
prEN1015-11 R2 = 0,7019
14
NBR 13279 y = 1,3881x
12
Hilsdorf R2 = 0,7189
10
8
6
E = 1000 x Fj
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12
Resistência à compressão (MPa)

Figura 8 – Correlação entre o módulo de elasticidade e a resistência à compressão, para


as argamassas ensaiadas nas condições indicadas na Figura 7.

23
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho procurou evidenciar que os textos em elaboração na Comunidade Européia para


especificação de argamassas industrializadas, têm origens no preceito de desempenho
comparativo com argamassas empíricas normalizadas, a base de cimento, cal hidratada (tipo
CH-I) e areia, que prevaleciam nos anos 80 (XX), em países como a Alemanha e a Inglaterra.
Continua-se também interpretando que essas argamassas foram consagradas pelo uso e
dispensam a comprovação de suas propriedades, desde que produzidas a partir de materiais de
boa qualidade e por procedimentos adequados, de correção de traços, de mistura e de
aplicação.
As diferenças de limites de traços empíricos consagrados, entre os vários países integrantes da
Comunidade Européia, ao que parece, serão contornadas pela publicação de anexos com os
traços de cada país. Isto pode ser feito de forma similar no Brasil, considerando os diversos
estados ou regiões que façam uso de argamassas substancialmente diferentes, se pré-fixados
certos limites para a variação dos materiais.
A orientação para a aplicação de argamassas industrializadas ou dosadas em obra, deve ser
contemplada na sua especificação de origem, a partir de classificações racionais das suas
propriedades intrínsecas e baseadas no conhecimento tecnológico disponível, até agora pouco
explorado no campo da normalização desses materiais.
Assim, espera-se que a especificação brasileira de argamassas de assentamento e revestimento
de paredes e tetos (NBR 13281), na sua revisão, hoje em curso, consiga evoluir quanto às
questões aqui discutidas e resumidas nas seguintes:
a) propor novos métodos e critérios para melhor caracterizar a reologia das argamassas, em
termos de rendimento e prazos de manutenção de trabalhabilidade;
b) no estado endurecido, não há dúvidas de que a avaliação da resistência à compressão irá
por muito permanecer como método principal de qualificação de argamassas,
principalmente, para controle de qualidade. Mas, é necessário introduzir critérios para a
classificação da resistência mecânica das argamassas, que guardem relação lógica com a
sua variação em argamassas mistas, com materiais e traços normalizados. Prevalecendo a
situação atual, de classificar argamassas sem indicar as suas aplicações, no caso a NBR
13281/95, corre-se o risco dessa norma continuar servindo apenas para certificação formal
de produtos. Por outro lado, isto também não atende a construtores e profissionais liberais,
que investem na compra de normas como documento de consolidação e atualização do
conhecimento.
c) os resultados de caracterização das quatro argamassas industrializadas do mercado de São
Paulo, analisados no item 5, são indicativos de que as classificações européias de
argamassas podem ser aplicadas aos produtos nacionais, sem maiores dificuldades, até
mesmo sem a alteração da geometria dos corpos-de-prova de ensaio. A vantagem do
método europeu diz respeito à facilidade operacional do ensaio à compressão dos prismas
rompidos à flexão, por dispensar o capeamento de corpos-de-prova cilíndricos.
Obviamente, é necessário confirmar tudo isto por um estudo interlaboratorial
representativo, aplicado às demais marcas do mercado nacional;
d) propriedades como a retenção de água e a absorção capilar de água das argamassas, não
foram abordadas neste trabalho, pois sabe-se que podem ser correlacionadas às outras aqui
consideradas e cabem ser exigidas apenas para certos tipos de argamassa ou aplicação,
como mostram os critérios europeus abordados neste trabalho.

24
As diretrizes para controles de rotina em obra podem ser acordadas entre as partes
interessadas e, de preferência, devem constar procedimentos básicos nas respectivas normas
de execução, de alvenarias e revestimentos. Em parte, isto já ocorre na NBR 7200/98.
Salienta-se, por fim, que pelo uso de princípios lógicos para classificação e controle das
propriedades intrínsecas das argamassas de múltiplo uso, podem se tornar menores os
investimentos em ensaios de desempenho, seja no controle industrial ou de obras. Certamente,
ensaios de desempenho são importantes, mas no desenvolvimento de novos produtos, para
ajustes de formulação, em situações particulares de aplicação ou para as argamassas especiais.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Determinação do teor de água para obtenção do índice de consistência-padrão – Método de
Ensaio. NBR 13276. Rio de Janeiro. 1995.
__. Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos –
Determinação da retenção de água – Método de Ensaio. NBR 13277. Rio de Janeiro. 1995.
__. Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos –
Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado – Método de Ensaio. NBR
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__. Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos –
Determinação da resistência à compressão – Método de Ensaio. NBR 13279. Rio de Janeiro.
1995.
__. Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos –
Determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido – Método de Ensaio.
NBR 13280. Rio de Janeiro. 1995.
__. Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos –
Especificação. NBR 13281. Rio de Janeiro. 1995.
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Especificação. NBR 14081. Rio de Janeiro. 1995.

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mortar (by plunger penetration). BS EN 1015-4:1999.
__. Methods of test for mortar for masonry – Part 6: Determination of bulk density of fresh
mortar. BS EN 1015-6:1999.
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mortar. prEN 1015-7:1999.
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correction time of fresh mortar. prEN 1015-9:1999.
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content of fresh mortars. BS EN 1015-17 – 2000.
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27

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