A Psicodinâmica concentra-se em pensamentos do indivíduo sobre as
experiências, como eles veem o mundo e seus relacionamentos.
Segundo Dejours (2000), o adoecimento psíquico relacionado ao trabalho,
está associado a sobrecarga de trabalho e também a falta de espaço para o trabalhador expressar sua subjetividade e descontentamento no processo de realização das suas atividades. A psicodinâmica entra, no entanto, neste contexto, visando ressaltar os aspectos subjetivos individuais e coletivos em relação ao trabalho.
Dejours (1992), os conceituou os fundamentos da psicodinâmica, abordando
duas categorias: as condições de trabalho e a organização do trabalho. A primeira interfere diretamente sobre a saúde física do trabalhador enquanto a segunda está relacionada com a saúde psíquica. A organização do trabalho, que tem por pratica habitual levar em consideração os interesses das empresas, visando lucro e produtividade, costumam ignorar a racionalidade subjetiva, que é pensar no trabalho como uma ação e racionalizar essa ação. Este habito tem por consequência a limitação na capacidade de pensar.
A organização do trabalho, e em particular sua caricatura no sistema taylorista
e na ´produção por peças é capaz de neutralizar completamente a vida mental durante o trabalho. Nesse sentido o trabalhador encontra-se, de certo modo, lesado em suas potencialidades neuróticas e obrigado a funcionar como uma estrutura caraterial ou comportamental. (DEJOURS, 1992, p. 129)
Dejours (2000) propõe um exercício chamado de reflexão coletiva como uma
alternativa para esta questão que consiste numa discussão em conjunto, com o objetivo de aprofundar a compreensão de acordos e normas, e produzir novas regras de trabalho. Essa prática proporcionará através da confrontação de opiniões, desenvolver a capacidade das pessoas de pensarem tanto individualmente quanto coletivamente. Ainda nesse contexto, é observável que a organização do trabalho é pensada com base na compreensão que os trabalhadores têm da sua própria atividade, não levando em consideração as dificuldades e a racionalidade da pratica dos outros. Para intervir sobre esse hábito, Dejours sugere a prática do agir comunicacional, que objetiva através da compreensão coletiva, tornar claras as razões, o sentido do trabalho, a problemática vivida pelos trabalhadores na realização das atividades, buscando respostas para si e para os outros. O objetivo segundo Dejours (1987), é tornar o trabalhador ativo no processo do trabalho, refletindo constantemente sobre todos os aspectos da vida no trabalho e se apropriando do poder de conduzir uma reconstrução coletiva do trabalho. É dentro dessa perspectiva, que Dejours, propõe pensamos avançar a constituição de um modelo clínico no campo da saúde mental e trabalho que subsidie a atuação dos profissionais em situações concretas de trabalho e que incorpore os aspectos subjetivos e menos visíveis do trabalho como elementos indissociáveis desse tipo de estudo e atuação. Pensamos também que esses princípios devem nortear as práticas de tratamento de indivíduos acometidos por doenças ligadas ao trabalho e de retorno à atividade de trabalhadores afastados por restrições laborais. Para Dejours (1987), nessa perspectiva, todas as ações - quer sejam voltadas para a transformação de situações de trabalho, quer para prevenção de doenças ligadas ao trabalho, para tratamento ou reabilitação - ganham um novo olhar a partir da compreensão de que, se o trabalho é gerador de doenças e sofrimento, qualquer ação que vise a sua transformação ou vise a amenizar o sofrimento dos trabalhadores adoecidos ou em risco de adoecimento deve se dar a partir de mudanças na relação das pessoas com o seu trabalho, ou seja, com o ato de trabalhar. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931995000100009