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EDUCAÇÃO DIGITAL

Muito tem se falado sobre inclusão digital. Empresas têm investido vultosos valores em
equipamentos eletrônicos e softwares e instituições de ensino estão criando salas tecnológicas,
usando tablets e outros dispositivos móveis para promover conteúdos digitais que auxiliem na
aprendizagem.

Realmente não dá para fingir que as mudanças não estão acontecendo. A tecnologia já
tem causado impacto, inclusive, em algumas profissões. É o caso dos advogados que terão de
se adaptar à nova realidade da inteligência artificial. Alguns escritórios de advocacia já estão
automatizando parte do trabalho e incluindo softwares para otimizar o trabalho de pesquisa
(http://veja.abril.com.br/tecnologia/advogados-sao-o-proximo-alvo-da-inteligencia-artificial/).
Segundo estudo da Thomson Reuters para a Revista Exame, 40% dos escritórios de advocacia
entrevistados estão em busca de automação de processos
(https://exame.abril.com.br/pme/conheca-7-startups-que-prometem-mudar-o-juridico-
brasileiro/). Alunos de direito estão tendo de aprender “programação”
(www.globoplay.com/v/6225725) e o surgimento de startups (legaltechs) que prometem mais
eficiência e rapidez ao sistema jurídico revelam essa nova realidade.

Mas, será que as instituições de ensino estão realmente preparadas para essas mudanças?

Muitas escolas têm tentado incluir em sua proposta pedagógica o que há de mais atual
e moderno para se adequar à nova realidade tecnológica e ao que o mercado de trabalho já tem
exigido dos nossos jovens. A inserção da aula de programação (coding) na grade curricular, ou
como curso extracurricular, reflete essa mudança.

No entanto, é importante ressaltar que a inclusão digital deve, necessariamente, estar


alinhada à educação digital. Mas o que isso significa??

Significa que além do aparato tecnológico, a escola deve transmitir aos seus alunos (e,
porque não, também aos pais e a todos os colaboradores da instituição de ensino) informações
acerca do uso seguro, ético e responsável da internet e, alertá-los, ainda, sobre os riscos e
perigos a que estão expostos no mundo online. Implica em formar cidadãos preparados com
habilidades e conhecimentos necessários para o manuseio das ferramentas tecnológicas, para
que possam tirar o melhor proveito do que a tecnologia tem a oferecer, minimizando os riscos
que o mau uso pode causar.

Assim, cabe à instituição de ensino apoiar a inclusão digital das nossas crianças e
adolescentes, preparando-os para o futuro que, apesar de incerto, já chegou. Mas também o
dever de promover momentos de discussão e reflexão sobre temas relacionados ao universo
digital. Quais os limites da manifestação do pensamento? Quais as consequências da demasiada
exposição da intimidade e privacidade na web? Como lidar com a superexposição nos meios
digitais e quais as suas implicações? O que é o bullying e cyberbllying e quais as suas
consequências? Qual a responsabilidade dos pais e da escola em casos envolvendo ilícitos
cibernéticos? Plágio? Direito autoral? As temáticas são tantas…basta entrar na internet para
perceber que todo dia há algum fato envolvendo o mundo virtual.

Tais ações não só mitigarão os riscos de ocorrência de incidentes entre os alunos, mas
também, capacitarão o corpo docente para tomada de providências tempestivas e consequente
afastamento da responsabilização civil da instituição de ensino.

A educação digital é também um dever legal. O Marco Civil da Internet (Lei n.


12.965/14, que regulamentou o uso da internet), em seu artigo 26, determinou que “o
cumprimento do dever constitucional do Estado na prestação da educação, em todos os níveis
de ensino, inclui a capacitação, integrada a outras práticas educacionais da internet como
ferramenta para o exercício da cidadania, a promoção da cultura e o desenvolvimento
tecnológico”.

Nesse sentido também a Lei nº. 13.185/2015 que, ao instituir o Programa de Combate à
Intimidação Sistemática (bullying), determinou expressamente em seu artigo 5º., que é dever
da escola assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate bullying e
cyberbullying.

Assim sendo, percebe-se a importância da educação digital no universo escolar, por


abranger muito mais do que o simples uso da tecnologia, envolvendo o bom direcionamento
dessa fantástica ferramenta, que é a internet. Pressupõe valores, ética e o fortalecimento do
vínculo da escola junto às famílias. Para que esperar? Que tal dar o ponta pé inicial e começar
a planejar discussões com toda a comunidade escolar sobre o uso ético, seguro e responsável
da internet? Prevenir e conscientizar é sempre melhor do que remediar.

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