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Introdução ............................................................................................................................. 2
Conteúdo................................................................................................................................ 3
Natureza Jurídica do Processo: Teorias ........................................................................ 3
Teoria Contratualista ........................................................................................................ 3
Teoria do Quase Contrato ............................................................................................... 4
O Processo como Serviço Público ................................................................................. 5
O Processo como Instituição .......................................................................................... 5
O Processo como Relação Jurídica ............................................................................... 6
A Teoria das Exceções Processuais e seus pressupostos .......................................... 7
O Processo como procedimento em Contraditório ................................................... 9
Teoria Constitucionalista do Processo ........................................................................ 10
Distinção entre Processo e Procedimento ................................................................. 11
O Processo Penal e sua Instrumentalidade Garantista no Estado Democrático de
Direito ................................................................................................................................ 12
Uma nova leitura constitucional................................................................................... 13
Atividade proposta .......................................................................................................... 15
Referências........................................................................................................................... 17
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 17
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 23
Aula 4 ..................................................................................................................................... 23
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 23
Objetivo:
1. Identificar as teorias a respeito da natureza jurídica do processo;
2. Analisar a instrumentalidade garantista do processo penal moderno.
Devemos observar que o estudo das teorias apresenta relevância tanto sob o
aspecto teórico quanto sob o ponto de vista prático, visto que a concepção
adotada direciona o modo de ser da ciência processual.
Teoria Contratualista
A) Teorias Privatísticas
A.1) Teoria Contratualista: essa primeira teoria tem suas origens no Direito
Romano, vindo a ser defendida, porém, pela doutrina francesa, nos séculos
XVIII e XIX. Nessa teoria, via-se no processo uma espécie de acordo entre as
partes (autor e réu), de forma a aceitar aquilo que fosse decidido pelo juiz em
sua sentença. Nessa concepção do processo, a relação que interliga autor e réu
era vista como em tudo idêntica à que une as partes contratantes.
No processo, as partes estariam ligadas pelo mesmo nexo que liga as partes no
contrato. Esse contrato judiciário originava-se na chamada litiscontestatio,
quando ficava perfeito e acabado.
A grande crítica a essa teoria é que ela estabelecia que o início do processo
dava-se independentemente da vontade do réu e, como sabemos, não há que
se falar em contrato se o ato não é bilateral. Ademais, para ser um contrato,
seria necessário que o réu concordasse com o pedido do autor, não exercendo
seu direito de defesa.
A grande crítica a essa teoria é que a lei é a principal fonte de obrigações entre
as pessoas, de sorte que, em não existindo lei que obrigasse o réu a aceitar o
B.1) O Processo como Serviço Público: de acordo com essa teoria, não se
enquadrariam no conceito de normas jurídicas aquelas que impunham o
cumprimento de determinadas obrigações em face de determinados direitos,
mas instruções a respeito daquilo que o Estado considerou o melhor para se
alcançar a finalidade do processo.
Assim, de acordo com teoria do processo como instituição jurídica, não há entre
autor e réu uma verdadeira relação jurídica geradora de direitos e obrigações
recíprocos, de tal modo que um pudesse exigir do outro uma prestação positiva
ou negativa.
Dessa forma, podemos afirmar que segundo essa teoria, a única relação
jurídica que existe é a de direito material que se faz valer no processo,
definindo-se ao final e fazendo cessar a incerteza que com ele se instaurou. É
essa posição da parte diante da sentença judicial que se espera, definindo o
direito.
Bülow trabalha em sua teoria afirmando também que no processo existem duas
relações jurídicas, que são completamente diferentes, uma relaçao jurídica de
“direito material”, que no processo se discute, e a de “direito formal”, que se
estabelece entre os sujeitos do processo.
O autor, quando possui um direito de ação, poderá exercê-lo ou não. Caso este
se dirija ao juiz, exercendo o direito de ação, nasce aí uma relação jurídica
entre autor e o juiz. Este vínculo, porém, para considerarmos relação jurídica
processual, deve completar-se com a presença do réu-demandado.
Em sua brilhante obra, “Introdução crítica ao processo penal”, Aury Lopes Jr.
afirma que é fundamental compreender que a instrumentalidade do processo
não significa que ele seja um instrumento a serviço de uma única finalidade,
qual seja, a satisfação de uma pretensão (acusatória). Ao lado dela, está a
Atenção
Pode-se afirmar, então, que a teoria moderna do processo não
mais se rende ao instrumentalismo da doutrina tradicional, que
insiste em colocar o processo como mero veículo, modo ou
método de atuação de uma jurisdição que age apenas no
interesse da sociedade, desprezando o indivíduo, e existindo
apenas com a finalidade punitiva.
Assim sendo, essa nova concepção passa, necessariamente, por uma leitura
constitucional garantista do processo penal, a fim de que ele seja visto como
instrumento a serviço da máxima eficácia de um sistema de garantias mínimas.
Para concluirmos, então, podemos afirmar que, nessa visão mais moderna,
devemos entender o processo sob uma ótica garantista e constitucionalizada,
percebendo que o objetivo primordial da tutela processual penal não mais
reside exclusivamente na proteção dos interesses da coletividade, mas também
na tutela da liberdade processual do acusado, enfim, no respeito à sua
dignidade como pessoa humana como parte no processo, assegurando assim o
respeito aos princípios que norteiam um Estado Democrático de Direito.
Atividade proposta
Leia o caso concreto apresentado abaixo e identifique de que forma é
aplicada a ideia de instrumentalidade garantista no processo penal.
Tício e Caio estão sendo processados pelo delito definido no Artigo 33 da Lei de
Drogas (Lei nº 11.343/2006). Durante a instrução processual, o representante
do Ministério Público juntou aos autos cópias de depoimentos prestados em um
Material complementar
Referências
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo. 8. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2003.
DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 13. ed.
São Paulo: Malheiros, 2008.
LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria geral do processo – primeiros estudos. 2.
ed. Porto Alegre: Síntese, 1999.
LOPES JUNIOR, Aury. Introdução crítica ao processo penal (fundamentos
da instrumentalidade garantista). 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 9. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008.
OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Tutela jurisdicional e estado
democrático de direito. Belo Horizonte: Editora e Livraria Del Rey, 1998.
Exercícios de fixação
Questão 1
Assinale a opção correta acerca das disposições constitucionais aplicáveis ao
direito processual penal:
Questão 2
No tocante à natureza jurídica do processo, Bulow, em 1868, em seu livro
“Teoria dos pressupostos processuais e das exceções dilatórias” expôs a teoria
do processo como:
a) relação jurídica processual
b) quase contrato
c) situação jurídica
d) contrato
e) instituição
Questão 3
NÃO representa direito da pessoa acusada em processo criminal, estatuído no
artigo 5º da Constituição da República:
a) a inviolabilidade de domicílio, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial.
Questão 4
Considerando os princípios do direito processual penal, assinale a opção
correta.
a) O princípio da vedação de revisão pro societate impede que o inquérito
policial ou a ação penal voltem a tramitar caso haja sentença declaratória
de extinção da punibilidade pela morte do autor do fato, ainda que
posteriormente seja comprovada a falsidade da certidão de óbito.
b) É ilícita a prova de crime obtida por meio de interceptação telefônica
judicialmente autorizada nos autos de inquérito policial destinado à
apuração de outro crime.
c) Pelo princípio constitucional da publicidade, que rege as decisões
proferidas pelo Poder Judiciário, os atos processuais deverão ser
públicos, sendo absolutamente vedada a restrição de sua ciência por
terceiros que não participem da relação processual.
d) Ainda que seja nomeado defensor dativo pelo juiz, o denunciado deve
ser intimado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto pelo MP
contra a decisão que tenha rejeitado a denúncia, sob pena de nulidade.
e) O interrogatório do acusado, por constituir exercício do direito de defesa,
não pode ser por ele dispensado, sob pena de nulidade.
Questão 5
No Direito pátrio, o sistema que vige no processo penal é o:
a) inquisitivo formal
b) acusatório formal
Questão 6
Joana rompeu o relacionamento amoroso que mantivera com José por
aproximadamente seis meses. Inconformado com a separação e com as
recusas de Joana em reatar o namoro, José passou a ameaçá-la por telefone,
dizendo que a mataria se a encontrasse com outro e, em seguida, cometeria
suicídio. Sentindo-se intimidada pelo ex-namorado, Joana comunicou o fato à
autoridade policial, que instaurou inquérito para apurar o crime de ameaça.
Inquirido, José negou a prática do delito. Não conseguindo obter provas do
crime, a autoridade policial pleiteou, então, ao Poder Judiciário a interceptação
das comunicações telefônicas mantidas entre Joana e José.
Nessa situação hipotética, admitindo-se que o MP oficie favoravelmente ao
pleito, deve o juiz:
a) Indeferi-lo, visto que não se admite a interceptação de comunicações
telefônicas para prova do fato investigado.
b) Indeferi-lo, por não haver indícios razoáveis de autoria, restando tão
somente a palavra de uma das partes contra a outra.
c) Deferi-lo, dada a existência de indícios razoáveis de autoria.
d) Deferi-lo, a contrário senso, por inexistir outro meio de obtenção de
prova do crime.
e) Indeferi-lo, dada a possibilidade de aplicar a José as medidas protetivas
de urgência previstas na Lei Maria da Penha.
Questão 7
Quanto aos direitos e garantias fundamentais aplicáveis ao Direito Processual
Penal, pode-se afirmar que:
a) O Direito Processual Penal será instrumental ao Direito Penal apenas
quando a lei exigir.
Questão 8
Assinale a opção correta quanto às prerrogativas do acusado no processo
penal.
a) O acusado, embora preso, tem o direito de assistir e de presenciar, sob
pena de nulidade relativa, os atos processuais, notadamente aqueles que
se produzem na fase de instrução do processo penal, que se realiza,
sempre, sob a égide do contraditório; porém, são relevantes, para esse
efeito, as alegações do poder público concernentes à dificuldade ou
inconveniência de proceder à remoção de acusados presos a outros
pontos da própria comarca, do estado ou do país.
b) O acusado tem direito ao contraditório e à plenitude de defesa, sendo
que esta última se restringe ao direito à defesa técnica.
c) O réu pode ser processado e julgado com base em leis ex post facto.
d) O comportamento do réu durante o processo, na tentativa de defender-
se, presta-se a agravar-lhe a pena, pois a CF não consagra o princípio
nemo tenetur se detegere.
e) O réu tem direito de se recusar a escrever o que se lhe dite para fins de
comparação de padrão grafotécnico, que poderá se constituir em prova
essencial do processo.
Questão 9
José, João e Luís são sócios de uma empresa. José e João redigem, assinam e
divulgam entre os clientes e fornecedores da empresa uma carta aberta com
afirmações desonrosas em desfavor de Luís. Após regular inquérito policial em
Questão 10
Assinale a alternativa incorreta:
a) Segundo estabelece o Código de Processo Penal o prazo para
oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado
da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No
último caso, mesmo que haja devolução do inquérito à autoridade
policial para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
denúncia, contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério
Público recebeu pela primeira vez vista dos autos.
Aula 4
Exercícios de fixação
Questão 1 - C
Justificativa: Trata-se de previsão expressa na Constituição em obediência ao
princípio da dignidade da pessoa humana.
Questão 2 - A
Justificativa: “A doutrina do processo como relação jurídica é devida a Oskar
Von Bülow. Em 1868, a sua obra “Teoria dos pressupostos processuais e das
exceções dilatórias”, considerada pedra fundamental da processualística, fez
perceber que há no processo uma força que motiva e justifica a prática dos
atos do procedimento, interligando os sujeitos processuais. Este livro é
considerado como a primeira obra científica sobre direito processual e que abriu
horizontes para o nascimento desse ramo autônomo na árvore do direito e para
o surgimento de uma verdadeira escola sistemática do direito processual civil.
Em sua obra, Bülow vislumbrou a existência de uma relação entre partes e o
juiz, diversa da relação de direito material. O processo então é concebido como
uma relação jurídica, haja vista que seus sujeitos, investidos de poderes
determinados pela lei, atuam em vista da obtenção de um fim[1].
Questão 3 - B
Justificativa: Quem não pode permanecer calada é a testemunha. O acusado
pode permanecer calado para que não venha a produzir prova contra si.
Questão 4 - D
Justificativa: Súmula 707 do STF Constitui nulidade a falta de intimação do
denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Questão 5 - E
Justificativa: Tem como principal característica a separação de funções de
acusar, defender e julgar.
Questão 7 - D
Justificativa: Para que se obedeça ao sistema acusatório, a decisão judicial deve
necessariamente observar os elementos probatórios que foram produzidos sob
o crivo do contraditório. Em fase policial, o contraditório inexiste.
Questão 8 - E
Justificativa: Isso ocorre porque ninguém é obrigado a produzir prova contra si.
Questão 9 - C
Justificativa: Uma vez que no caso, a renúncia quanto a um, aproveita a todos
os demais em virtude do princípio da indivisibilidade.
Questão 10 - A
Justificativa: Na verdade, o prazo será iniciado da data em que o inquérito
policial for concluído com indícios de autoria e prova da materialidade do crime,
nos termos do Artigo 46 do CPP.