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Pré-avaliação de História – Prof. Moacyr – aplicada em 27/05/2019 – 9º ano


TRANSCREVA no caderno e interprete o texto abaixo para ser (o visto será validado somente no mesmo dia). Em seguida
RESPONDA as 3 questões do fim do texto. Perguntas e respostas devem ser transcritos em folha individual (onde você deve identificar
no Cabeçalho seu Nome, Número de chamada, Série, Escola, Data, Cidade.
APÓS TERMINAR TAIS ATIVIDADES, apresente-as ao Professor até o fim da aula (ou seja caderno vistado, e folha entregue ao
Professor - impreterivelmente no mesmo dia (pois a atividade é preparada para ser realizada em apenas uma aula).
ERA VARGAS
OUTUBRO DE 1930 EM DIANTE - É GETÚLIO QUEM DÁ AS CARTAS
O manifesto de Quintino Bocaiúva em defesa da República, publicado em 1889, exaltava a liberdade, a
igualdade, a justiça, o progresso e as garantias para todos os direitos. Esse era o desejo de muitos republicanos,
mas o que ocorreu na prática foi muito diferente. Nas primeiras décadas que se seguiram à sua proclamação, a
República brasileira acabou sendo dominada pelos coronéis e pelas oligarquias. Fraudes eleitorais impediam que
a oposição pudesse chegar ao poder pelos métodos democráticos. Os descontentamentos eram frequentes e às
vezes levavam a conflitos armados. A agitação foi mais forte na década de 1920, quando entraram em cena os
tenentes. Em 1930, explodiu o mais importante dos conflitos, que pôs fim à Primeira República. O movimento
ficou conhecido como Revolução de 1930. Getúlio Vargas foi seu líder, e passaria a dominar a cena política por
longos anos. Era o início da Era Vargas. Getúlio Vargas, ao centro, discursa cercado por populares, em lide outubro
de l953. Na imagem acima, como é apresentada a relação entre o povo e o governo? Que motivos podem levar as
pessoas 3 dar apoio a um governo? Para um governo, qual é a importância do apoio popular?
ROMPE-SE O ACORDO SÃO PAULO-MINAS
Em 1930, terminava o mandato de Washington Luís como presidente da República, que representava os
paulistas no governo federal. Os políticos mineiros esperavam que Washington Luís apoiasse Antônio Carlos de
Andrada, governador de Minas Gerais, como candidato para sua sucessão. Afinal, políticos dos dois estados
vinham se sucedendo no poder havia tanto tempo que muitos até chamavam essa situação de política do café com
leite. Mas, contrariando as expectativas, o presidente preferiu indicar o nome de Júlio Prestes, que era o governador
de São Paulo. Diante disso, o mineiro Antônio Carlos aliou-se a Borges de Medeiros, chefe político do Rio Grande
do Sul, e a João Pessoa, governador da Paraíba e sobrinho do ex-presidente Epitácio Pessoa, juntos lançaram a
Aliança Liberal, uma frente política de oposição formada especialmente para disputar as eleições presidenciais
daquele ano. O gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa foram escolhidos como candidatos da Aliança
Liberal a presidente e a vice-presidente. Com exceção de Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba, todos os outros
estados apoiavam o candidato Júlio Prestes.
PARA AGRADAR AOS RICOS E AOS POBRES - O programa da Aliança Liberal
Dentre outras mudanças importantes, a Aliança Liberal prometia para os eleitores a anistia política, o
voto feminino, a regulamentação do trabalho da mulher e do menor, a jornada de trabalho de oito horas e o
incentivo à produção nacional em gerai, e não apenas do café.
Como se vê, suas promessas pretendiam agradar a população urbana e também os grupos políticos não
ligados ao café. Apesar disso, as chances dos candidatos oposicionistas eram pequenas, pois a candidatura oficial
sempre conseguia reunir um número maior de chefes políticos para apoiá-la. O resultado da eleição, realizada em
março de 1930, foi o esperado: o candidato oficial, Júlio Prestes, venceu com 1027000 votos, contra 809307 dados
a Getúlio Vargas. Houve acusações de fraudes de ambos os lados, mas isso não era novidade. Nesse aspecto, a
República não mudou em nada: a fraude eleitoral era uma prática habituai já no tempo do Império. Por isso, não
era de se estranhar que Antônio Carlos, Getúlio Vargas, João Pessoa e outros líderes da Aliança Liberal tivessem
aceitado prontamente o resultado da eleição.
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O ASSASSINATO DE JOÃO PESSOA


Como vimos, desde muito tempo os "tenentes" estavam decididos a usar as armas para moralizar a
República. Com este e outros objetivos, já haviam feito várias revoltas, e começaram a preparar outra, assim que
os resultados da eleição de 1930 se tornaram conhecidos. Os tenentes receberam o apoio de inúmeros civis e
começaram os preparativos para iniciar uma revolução. Porém, os entendimentos entre os conspiradores
evoluíram lentamente. Afinal, as comunicações eram difíceis e os contatos tinham de ser sigilosos, para não
despertar as suspeitas de governo. Uma dificuldade a mais era o fato de os principais líderes da Aliança Liberal
serem contrários à luta armada. Em julho de 1930, um acontecimento inesperado veio acelerar o projeto dos
revolucionários. João Pessoa, o candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, foi assassinado.
O crime, ocorrido numa confeitaria de Recife, não estava relacionado às eleições presidenciais, e sim a
disputas políticas locais. Mas o caso acabou sendo utilizado para incriminar o governo federal. Como o assassino
pertencia a um grupo político paraibano aliado a Washington Luís, a oposição culpou o presidente. O corpo de
João Pessoa foi trazido para o Rio de Janeiro e seu sepultamento reuniu grande número de pessoas.
A partir daí os chefes da Aliança Liberal decidiram entrar em acordo com os que queriam derrubar
Washington Luís pelas armas. A posição da Aliança Liberal pode ser resumida na frase do líder político mineiro,
Antônio Carlos de Andrada: "Façamos a revolução antes que o povo a faça".
O AFASTAMENTO DE WASHINGTON LUÍS = NEM MESMO SUAS TROPAS O DEFENDERAM
A revolução começou na tarde do dia 3 de outubro, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais
simultaneamente. No dia seguinte, de madrugada, o movimento foi iniciado no Nordeste, a partir da Paraíba, sob
o comando do tenente Juarez Távora. Rapidamente, um a um, os estados foram caindo em poder dos
revolucionários, muitas vezes com o apoio da população.
O movimento precisou de apenas três semanas para derrubar o governo. No dia 24 de outubro, alguns
oficiais militares que chefiavam as tropas do presidente no Rio de Janeiro resolveram depor Washington Luís.
Reconhecendo que a luta estava perdida, preferiram afastar o presidente, que foi preso no forte de Copacabana.
Poucos dias depois, a chefia do governo foi entregue a Getúlio Vargas, líder da revolução vitoriosa. Era
o fim da Primeira República, que mais tarde passaria a ser chamada de República Velha. A vitória do movimento
despertou grandes esperanças na população e foi festejada em muitos pontos do território nacional.
ELE DISSE QUE ERA PROVISÓRIO
O discurso de posse de Getúlio Vargas: "O movimento revolucionário, iniciado vitoriosamente a 3 de
outubro, no sul, centro e norte do país, e triunfante a 24, nesta capital, foi a afirmação mais positiva que, até hoje,
tivemos da nossa existência como nacionalidade. Em toda a nossa história política, não há, sob esse aspecto,
acontecimento semelhante. Ele é, efetivamente, a expressão viva e palpitante da vontade do povo brasileiro, afinal
senhor de seus destinos e supremo árbitro de suas finalidades coletivas. A Revolução escapou ao exclusivismo de
determinadas classes. Todas as categorias sociais, de alto a baixo, sem diferença de idade ou sexo, comungaram
em um idêntico pensamento fraterno e dominador — a construção de uma pátria nova, igualmente acolhedora para
grandes e pequenos, aberta à colaboração de todos os seus filhos. Assumo, provisoriamente, o Governo da
República, como delegado da Revolução, em nome do Exército, da Marinha e do povo brasileiro."
1. Como Getúlio Vargas apresenta a Revolução de 1930 no seu discurso de posse?
2. Podemos considerar que esse texto representa a realidade dos fatos?
3. A palavra revolução tem no texto um sentido positivo, neutro ou negativo?
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AS PRIMEIRAS DECISÕES DE VARGAS


Ao tomar posse como o chefe de um governo revolucionário provisório, Getúlio ignorou a Constituição,
que estava em vigor desde o início da República. Mandou fechar não apenas o Senado e a Câmara dos Deputados,
como também os órgãos do Poder Legislativo nos níveis estadual e municipal. Desta forma, não precisaria esperar
que suas decisões fossem aprovadas pelo Legislativo. Para o governo dos estados, Getúlio nomeou pessoas de sua
confiança, que foram chamadas de interventores. Nos meses seguintes, entre outras medidas, Getúlio criou dois
novos ministérios: o da Educação e o do Trabalho. Ampliou os direitos trabalhistas e autorizou o funcionamento
dos sindicatos, mas subordinou-os ao Ministério do Trabalho. A política adotada por Vargas para as relações com
os trabalhadores era a seguinte: conceder direitos sem permitir liberdade de ação. A liberdade para fazer greve,
por exemplo, foi cada vez mais restringida.

COMPRAR E QUEIMAR - Salvando os cafeicultores


Quando Getúlio tomou posse, o Brasil estava sofrendo as consequências da crise econômica mundial,
iniciada em 1929 nos Estados Unidos. As exportações de café estavam caindo muito, e os governantes acharam
conveniente tomar medidas para socorrer os cafeicultores ameaçados de falência.
Decidiram comprar o café excedente, mas não o mantiveram estocado, como se fazia na Primeira
República. Por causa da crise mundial, sem expectativa de vender o produto no futuro, decidiram destruí-lo. Foi
assim que, entre 1930 e 1937, foram queimadas cerca de 70 milhões de sacas de café:

A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932


A insatisfação com as ações de Getúlio foi aumentando. Havia aqueles que achavam que o Governo
Provisório estava se prolongando demais e que era hora de restabelecer a democracia no país. Outros passaram a
exigir uma nova Constituição.
Fortes críticas ao governo eram ouvidas em vários estados. Em São Paulo, o descontentamento era maior,
pois os políticos paulistas sentiam-se afastados do poder. A luta contra o governo federal era estimulada polos
próprios grupos dominantes desse estado.
O movimento de oposição atraiu principalmente os estudantes. Uma manifestação estudantil, ocorrida no
dia 23 de maio de 1932, transformou-se no estopim da revolta. Na ocasião, um grupo tentou invadir a sede da
Legião Revolucionária, um clube de tenentes favorável a Getúlio Vargas, no centro da capital paulista, e foi
recebido a bala. Quatro jovens foram mortos a tiros. Das iniciais de seus nomes — Martins, Miragaia, Drausio e
Camargo — surgiu o MMDC, entidade que teve importante papel na luta dos paulistas.
A revolta teve início no dia 9 de julho e entrou para a história com o nome de Revolução
Constitucionalista. Pessoas de todas as camadas sociais participaram do movimento. Os industriais reorganizaram
suas fábricas para produzir armamentos para os combates. As mulheres das famílias mais influentes iniciaram a
campanha "Ouro para o bem de São Paulo", para arrecadar fundos. Muitos doaram suas joias, mas elas não
puderam ser usadas na compra de armas estrangeiras, pois o governo federal havia bloqueado o porto de Santos.
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Os revoltosos de São Paulo esperavam o apoio dos governos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o que não
aconteceu. Isolados e em desvantagem militar, os paulistas foram derrotados ao fim de quase três meses de luta.
UMA ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE, AFINAL
Porém, a Revolução de 1932 mostrou que a rejeição ao governo federa! era muito grande, a ponto de
provocar uma guerra. Esse foi o principal motivo para a decisão que Getúlio tomou pouco depois de enterrada a
luta: convocar eleições para uma Assembleia Constituinte.
As eleições para a Constituinte foram realizadas em 1933. Nessa ocasião, pela primeira vez, as mulheres
puderam votar e ser votadas. Outra novidade foi a instituição de uma Justiça Eleitoral, encarregada de fiscalizar o
processo, contar os votos e proclamar os resultados, o que diminuía as chances de fraudes.
A Assembleia levou oito meses para discutir e aprovar a nova Constituição, que entrou em vigor em julho
de 1934. Era mais democrática que a anterior, pois determinava que:
• o voto seria secreto;
• o ensino primário seria gratuito;
• direitos trabalhistas, como jornada de oito horas, salário-mínimo, férias remuneradas, seriam instituídos.
Outra novidade era o voto obrigatório, que foi mantido em todas as outras constituições brasileiras.
Em maio de 1933, as mulheres começam a exercer seu direito devoto, bem como o direto de serem
votadas.
O último ato da Assembleia Constituinte foi a eleição do presidente da República. Portanto, tratou-se de
uma eleição indireta, na qual o eleito foi o próprio Getúlio Vargas. Seu mandato foi fixado em quatro anos. Fosse
como fosse, agora havia uma nova Constituição e o presidente devia governar de acordo com ela.

A RADICALIZAÇÃO POLÍTICA NOS ANOS 1930


Aqueles não eram tempos tranquilos. Na mesma época em que a Constituinte se reunia, a radicalização
política tomava conta do país. A agitação não acontecia só no Brasil. Na Rússia, desde o fim da Primeira Guerra,
um partido de esquerda estava no poder e impunha uma ditadura; na Itália e na Alemanha, também havia regimes
ditatoriais, porém de direita.
No Brasil, dois agrupamentos políticos propunham soluções radicalmente opostas: a Ação Integralista
Brasileira (AIB), de direita, fundada em 1932; e a Aliança Nacional Libertadora (ANL), de esquerda, criada em
1935. A Ação Integralista foi fundada por Plínio Salgado, intelectual paulista admirador de Mussolini e Hitler.
Seguindo os modelos políticos implantados na Itália e na Alemanha, os partidários da AIB, chamados de
integralistas, defendiam um governo ditatorial, nacionalista, com um só chefe e partido. Consideravam como
inimigos o liberalismo, a democracia, o socialismo e o comunismo. Muitos de seus integrantes eram antissemitas.
Os integralistas usavam uniformes e marchavam em desfiles, como faziam os fascistas e nazistas europeus. Por
causa da cor de seu uniforme, foram chamados de camisas-verdes. Adotavam a letra grega sigma (I) como
emblema e a expressão indígena anauê como saudação. A AIB chegou a ter 100 mil membros no país.
Desafio:
Como explicar que os integralistas usassem uma expressão indígena como saudação, se os modelos
políticos nos quais eles se inspiravam eram estrangeiros – ou seja, inspirados no nazismo alemão?

O crescimento dessa forma de fascismo no Brasil levou muita gente a se agrupar na Aliança Nacional
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Libertadora, que era uma organização liderada pelos comunistas. Em geral, os simpatizantes dessa entidade
pertenciam ao operariado, à classe média e às Forças Armadas. Além de combater o fascismo, a ANL condenava
o imperialismo e exigia a reforma agrária.
Em julho de 1935, essa organização realizou um grande comício no Rio de Janeiro, no qual foi lido um
manifesto de Luís Carlos Prestes, visto por muitos como um herói, por sua participação em diversas lutas pelo
Brasil afora. Prestes já fazia parte do Partido Comunista do Brasil (PCB), e em seu manifesto defendia a
necessidade de uma revolução popular, para tomar o poder e colocar em prática as propostas da Aliança Nacional
Libertadora.
A ANL durou pouco. Getúlio Vargas acusou--a de pretender "subverter a ordem política" e mandou fechá-
la. Muitos de seus simpatizantes foram presos.
Em novembro de 1935, os comunistas iniciaram uma revolta, que ficou conhecida por Intentona
Comunista. Começou no dia 23 de novembro, na cidade de Natal, seguindo-se insurreições em Recife e no Rio de
Janeiro. Todas foram reprimidas rapidamente, e o movimento foi derrotado.
Comício da Aliança Nacional Libertadora (ANL) na Praça Marechal Floriano Peixoto (mais conhecida
como Cinelândia), Rio de Janeiro, em 1935.

A DITADURA DO ESTADO
A radicalização política e a revolta comunista foram utilizadas por Getúlio e seus aliados como
justificativa para um golpe de Estado. O momento oportuno para a manobra surgiu em setembro de 1937.
Um jornal do Rio de janeiro noticiou que um suposto plano comunista para a tomada do poder havia sido
descoberto pelo Exército. O documento tinha o nome de Plano Cohen. Muitos anos mais tarde descobriu-se que
era falso, mas foi utilizado para assustar a população.
Getúlio aproveitou a oportunidade para apresentar-se como o defensor do povo contra a "ameaça do
comunismo", e desfechou o golpe de Estado. No dia 10 de novembro de 1937, tropas da polícia militar cercaram
o Congresso Nacional, que foi fechado. O Diário Oficial do dia trouxe nada menos que o texto de uma nova
Constituição. À noite, Getúlio falou à nação, pelo rádio, anunciando a criação do Estado Novo.
AGORA Desafio
1. Ao dar ao seu regime o nome de Estado Novo, que mensagem Getúlio pretendia transmitir ao povo?
2. Vimos, no capítulo anterior que a expressão já havia sido usada por um país europeu. Que país foi esse?
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Com o golpe de 1937, Getúlio concentrou em suas mãos toda a autoridade do Estado, como havia
acontecido em 1930. Os estados perderam a autonomia e passaram a ser governados por interventores, nomeados
peio presidente. Houve até uma cerimônia pública para deixar claro o objetivo do governo: a centralização do
Estado brasileiro. Durante a solenidade, as bandeiras estaduais foram queimadas. Manifestações contra o regime
e greves foram proibidas, e os opositores foram perseguidos e presos. Todos os partidos políticos foram postos na
ilegalidade. Queima das bandeiras dos estados brasileiros no período do Estado Novo. Rio de Janeiro, 4 de
dezembro de 1937.

O ATAQUE DOS INTEGRALISTAS


Camisas-verdes X Getúlio
Os integralistas também tentaram um golpe. Em maio de 1938, como resposta ao decreto que proibia os
partidos, eles atacaram o Palácio da Guanabara, que era a residência do presidente. Getúlio e sua guarda pessoal
trocaram tiros com os camisas-verdes, até que chegaram as forças do governo. Mo combate, vários dos atacantes
morreram.
CULTURA, CENSURA E PROPAGANDA
Durante a ditadura de Vargas, houve os que optaram por colaborar com o governo. Acreditavam que
assim estariam trazendo benefícios para o país. Um desses colaboradores foi o músico Heitor Villa-Lobos, que
trabalhou pelo desenvolvimento da cultura musical. Gostava de realizar eventos de grandes proporções. Em 1942,
por exemplo, sob sua regência, reuniu um coro de 40 mil estudantes no Rio de Janeiro.
Em 1939, o governo criou o Departamento de Imprensa e Propaganda, mais conhecido peia sigla DIP. O
órgão estava subordinado diretamente ao presidente da República e era uma espécie de "Ministério da
Propaganda".
Uma das principais funções do DIP era impedir a divulgação de informações que pudessem prejudicar a
imagem positiva do regime e de seu líder. Para isso, exercia rigorosa censura sobre todos os meios de comunicação.
Desafio
Por que as ditaduras procuram controlar os meios de comunicação? Isso também acontece nas
democracias? Por quê?
Mas a tarefa mais importante do DIP era fazer a propaganda do Estado Novo, por meio de todos os
veículos disponíveis na época: rádio, publicações impressas, filmes, grandes eventos públicos, dentre outros. No
rádio, ganhou importância a Hora do Brasil, um programa criado em 1938. Veiculado obrigatoriamente por todas
as emissoras do país, através dele Getúlio Vargas e membros de seu governo falavam aos brasileiros todas as
noites.
Artistas famosos, como Carmem Miranda e Francisco Alves, apresentavam-se na Hora do Brasil,
garantindo ampla audiência em todo o país. Desde 1962, o programa passou a chamar-se Voz do Brasil

DIREITOS SOCIAIS E REPRESSÃO


OS SINDICATOS AGORA SERÃO MANTIDOS COM UM IMPOSTO
A indústria vinha crescendo rapidamente no Brasil e com ela crescia a classe operária. Era de se esperar
o agravamento dos conflitos entre patrões e empregados, que já ocorriam com frequência na década anterior.
Com a finalidade de evitar os enfrentamentos, o Estado Novo colocou em prática uma abrangente política
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trabalhista, que tinha duas orientações, que já vinham sendo seguidas desde 1930: de um lado, a concessão de
direitos trabalhistas; de outro, o controle dos sindicatos.
Entre os direitos concedidos aos trabalhadores encontravam-se antigas reivindicações, como o salário-
mínimo. já previsto na Constituição de 1934, ele foi finalmente instituído em 1940. A lei previa que o valor do
salário-mínimo deveria equivaler à soma das despesas diárias de um trabalhador adulto com alimentação,
habitação, vestuário, higiene e transporte. Os trabalhadores do campo não foram contemplados pela legislação
trabalhista.
Desafio:
1. Qual é o valor atual do salário-mínimo?
2. Esse valor permite atender as despesas do indivíduo com alimentação, habitação, vestuário, higiene e
transporte?
3. Que outras necessidades o salário-mínimo deveria suprir?
4. Quais podem ser os principais obstáculos para o aumento do salário-mínimo?

Desde a criação do Ministério do Trabalho, o governo vinha regulamentando a atividade sindical, mas foi
a Constituição de 1937 e a Lei Sindical de 1939 que concluíram a nova estrutura do sindicalismo brasileiro. Na
opinião dos sindicalistas, com a nova regulamentação os sindicatos foram atrelados ao Ministério do Trabalho.
Assim, além da repressão policial que o movimento operário vinha sofrendo, seus sindicatos passaram a fazer
parte de uma estrutura controlada pelo governo. De acordo com a lei, o objetivo do sindicato devia ser a
colaboração de classes, isto é, a harmonia entre patrões e empregados, sob a tutela dos governantes.
É comum os governos ditatoriais proibirem o direito de greve. Por que isso acontece? O que os
trabalhadores perdem quando acaba o direito de greve?
Para funcionar, os sindicatos dependiam de uma autorização do Ministério do Trabalho. Em 1940, foi
criado o imposto sindical, equivalente ao valor de um dia de trabalho, pago obrigatoriamente por todos os
trabalhadores registrados, sindicalizados ou não. O Estado Novo criou, ainda, um sistema de previdência social e
uma Justiça do Trabalho. Em 1943, editou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que reunia toda a legislação
trabalhista, ainda em vigor em nossos dias.

GETÚLIO E O POPULISMO - TRABALHADORES DO BRASIL!


Populismo: prática política que se caracterizava pela presença de um líder carismático, pela negação da
luta de classes e pelo intenso nacionalismo. Tomou emprestados alguns elementos do socialismo, tais como:
ganhos salariais, implantação da legislação trabalhista e de sistemas previdenciários.
Ao conceder direitos trabalhistas, Getúlio Vargas pôde se apresentar como "protetor" dos trabalhadores,
o que serviu de base para o populismo, prática política que marcou o Brasil e outros países na época.
Como líder populista, Vargas se dirigia diretamente à massa trabalhadora, reunida em grandes
concentrações. No Rio de Janeiro, que era a capital federal, o local preferido para os encontros com os
trabalhadores era o estádio de futebol do Vasco da Gama.
Nessas ocasiões, Getúlio costumava fazer o anúncio de alguma medida de impacto, em discursos que
sempre eram iniciados com o célebre: "trabalhadores do Brasil". Nas comemorações do dia Primeiro de Maio, o
DIP realizava grandes festas operárias. Os trabalhadores, além de comemorarem o Dia do Trabalho, prestavam
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uma homenagem a Vargas, apelidado de pai dos pobres. Essas concentrações também ocorriam em outras datas,
como 19 de abril (aniversário de Getúlio) e 7 de setembro (Independência).

O ESTADO AMPLIA SUA INTERVENÇÃO NA ECONOMIA


A INDUSTRIA NACIONAL CRESCE E APARECE
O desenvolvimento industrial brasileiro acelerou-se depois de 1930. Para dimensionarmos esse
crescimento, basta dizer que 70% das indústrias existentes em 1940 haviam sido instaladas após 1930.
Nessa época, o Brasil sofria as consequências da crise econômica mundial iniciada em 1929. As
exportações de café estavam em queda e, por consequência, as importações haviam diminuído. O governo
estimulou as empresas a produzirem internamente mercadorias que eram importadas. A situação favorável à
indústria nacional voltou a se repetir a partir de 1939, devido ao início da Segunda Guerra Mundial.
Além disso, sob o Estado Novo, o governo ampliou sua intervenção na economia, em favor da indústria
nacional. Duas formas frequentes de intervenção foram:
• A elevação das tarifas alfandegárias, para proteger as empresas instaladas no Brasil contra a
concorrência dos produtos importados.
• A fundação de empresas estatais de grande porte, que exigiam grande volume de investimentos, os quais
somente o Estado era capaz de reunir. A Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, em
Volta Redonda (RJ), são exemplos dessas estatais.

O FRUTO DA SEGUNDA GUERRA: UMA SIDERÚRGICA PARA O BRASIL


Ao iniciar-se a Segunda Guerra Mundial, o Brasil era oficialmente neutro em relação aos dois lados
envolvidos no conflito. Era uma posição vantajosa, pois permitia ao país negociar com os dois lados. Afinal,
embora os Estados Unidos fossem nosso principal parceiro comercial, o Brasil vinha mantendo intenso comércio
com a Alemanha nazista.
A posição de neutralidade começou a ficar insustentável a partir de dezembro de 1941, quando o ataque
japonesa base militar dos Estados Unidos no Havaí provocou a entrada deste país na guerra. Os Estados Unidos
passaram a precisar da colaboração do Brasil, entre os planos norte-americanos estava o de construir bases militares
no Nordeste brasileiro.
Vargas procurou tirar proveito do momento favorável e fez algumas exigências aos Estados Unidos,
dentre as quais um financiamento para a criação de uma grande usina siderúrgica. O governo norte-americano
hesitou por algum tempo, mas acabou cedendo e forneceu recursos para a construção da Companhia Siderúrgica
Nacional, que entrou em funcionamento em 1946.
Desafio:
Qual é a importância de uma usina siderúrgica para a indústria de um país?
Obs.: Para responder, considere o que foi a construção da usina de Volta Redonda, da Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941.

O BRASIL ENTRA NA GUERRA DA DEMOCRACIA - QUANDO E QUE VAI VOLTAR?


O acordo com os Estados Unidos garantiu o apoio do Brasil à causa consequências não demoraram. A
partir de fevereiro de 1942, navios brasileiros começaram a ser afundados por submarinos alemães.
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A população ficou indignada e muitos começaram a defender que o Brasil entrasse na guerra. Em 4 de
julho de 1942, a União Nacional dos Estudantes (UNE) realizou a "Passeata Estudantil Antitotalitária". Após as
manifestações, em agosto daquele ano, o governo brasileiro declarou guerra aos países do Eixo,
No ano seguinte, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), e, em 1944, os soldados brasileiros
chegaram aos campos de batalha. Foram mais de 25 mil combatentes, os chamados pracinhas, que realizaram
importantes operações militares.
Em meio à guerra, o governo tinha que lidar com outro problema: manter-se no poder. Quando foi criado
o Estado Novo, Getúlio havia prometido que seriam realizadas eleições em 1943, que não ocorreram. Alegou que,
por causa da guerra, não havia condições de fazer votações naquele ano. Sua atitude gerou descontentamentos.
No decorrer de 1944, as críticas ao regime cresceram como uma bola de neve. Com o fim da guerra, em
1945, os pracinhas voltaram e foram recebidos com festa pela população. A vitória dos Aliados criava mais um
problema para Getúlio: como justificar a ditadura mantida por ele, se os pracinhas tinham lutado contra as tropas
de regimes ditatoriais no exterior?
A posição dos Aliados.
Procure saber mais sobre a FEB. Quais foram as batalhas mais importantes? 0 que significava a expressão
"A cobra vai fumar"? Existe alguma organização que mantém a memória da Força Expedicionária? 0 que
aconteceu com os pracinhas, depois que voltaram ao Brasil? Reúna tudo o que você encontrar sobre o assunto e
apresente para a classe. Este trabalho poderá ser feito em grupo.
Na Europa, os soldados brasileiros lutaram contra os exércitos das ditaduras alemã e italiana. Enquanto
isso, o Brasil também vivia sob uma ditadura. Com base no que você aprendeu, imagine como você se sentiria se
vivesse naquela época. Concordaria com essa situação? Escreva uma carta a um amigo, como se vocês vivessem
naquele tempo, manifestando sua opinião.
Vargas teve de ceder. No início de 1945, marcou uma data para eleições presidenciais e concedeu ampla
anistia. Os presos políticos foram postos em liberdade, e os que haviam se exilado para fugir às perseguições
políticas puderam voltar ao país.
Campanha eleitoral.
Em agosto, surgiu o "queremismo", um movimento popular que defendia a permanência de Getúlio no
poder até que uma nova Constituição fosse elaborada. O nome do movimento foi inspirado nos gritos de
"Queremos Getúlio", que se ouviam durante passeatas e atos públicos organizados por seus simpatizantes. Ao
longo de seu governo, Vargas havia conquistado grande popularidade.

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