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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E


TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

KASSYELE DE OLIVEIRA CONCEIÇÃO

ANÁLISE COMPARATIVA DA RAZÃO UNITÁRIA DE PRODUTIVIDADE (RUP)


DOS SERVIÇOS MAIS ONEROSOS DO CANTEIRO DE OBRA DE UMA
CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE TANGARÁ DA SERRA –
MT COM O SINAPI

Data de defesa: 26/01/2018

Tangará da Serra – MT
2018

1
ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

KASSYELE DE OLIVEIRA CONCEIÇÃO

ANÁLISE COMPARATIVA DA RAZÃO UNITÁRIA DE PRODUTIVIDADE (RUP)


DOS SERVIÇOS MAIS ONEROSOS DO CANTEIRO DE OBRA DE UMA
CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE TANGARÁ DA SERRA –
MT COM O SINAPI

Nível: Graduação em Engenharia Civil

Orientador (a): Prof.ª Cleidiane Moraes Novais

Tangará da Serra – MT
2018

2
CIP - Catalogação na Publicação

de Oliveira Conceição, Kassyele


ANÁLISE COMPARATIVA DA RAZÃO UNITÁRIA DE PRODUTIVIDADE
(RUP) DOS SERVIÇOS MAIS ONEROSOS DOCANTEIRO DE OBRA DE
UMA CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE TANGARÁ DA
SER-RA – MT COM O SINAPI / Kassyele de Oliveira
Conceição. -- 2018.
16 f.
Orientadora: Cleidiane Moraes Novais.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação) --


Universidade do Estado de Mato Grosso, Faculdade de
Ciências Agrárias, Biológicas, Engenharia e da Saúde,
Curso de Graduação Bacharelado em Engenharia Civil, âmpus
de Tangará da Serra, Universidade do Estado de Mato
Grosso, 2018.

1. produtividade. 2. mão de obra. 3. serviços. 4. razão


unitária de produtividade. I. Moraes Novais, Cleidiane,
orient. II. Título.

3
ANÁLISE COMPARATIVA DA RAZÃO UNITÁRIA DE PRODUTIVIDADE (RUP)
DOS SERVIÇOS MAIS ONEROSOS DO CANTEIRO DE OBRA DE UMA
CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE TANGARÁ DA SERRA –
MT COM O SINAPI

Kassyele de Oliveira Conceição1, Cleidiane Moraes Novais2

RESUMO

A indústria da construção civil tem se mostrado competitiva, pois vem crescendo a demanda
de investimentos em gestão e planejamento da produtividade da mão de obra, a fim de atender
prazos e custos. Porém, a competitividade das empresas se encontra limitada quando o banco
de dados dos indicativos de produtividade para a elaboração de orçamentos e cronogramas
não é baseado em suas equipes de mão de obra direta. Este artigo tem por objetivo o
levantamento da Razão Unitária de Produtividade (RUP) dos serviços de concretagem,
alvenaria de vedação de tijolos cerâmicos, chapisco interno e externo, emboço interno e
externo e contra piso de áreas molhadas e secas da construção de duas edificações de uma
construtora de pequeno porte na cidade de Tangará da Serra – MT, bem como sua
comparação com os dados de produtividade dos respectivos serviços, disponibilizados pelo
SINAPI. Os resultados obtidos mostraram que apenas os serviços de chapisco interno,
emboço interno e o contra piso de áreas secas são numericamente semelhantes aos
disponibilizados pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil –
SINAPI, resultando na RUP de 0,068, 0,323 e 0,243, respectivamente. Há divergência de até
71,98% da produtividade real dos outros serviços executados, com as produtividades
disponibilizadas em tabelas pelo SINAPI. Dessa forma, a apropriação dos dados coletados se
faz de grande valia para a construtora, garantindo que os estudos de planejamento e
orçamentação dos futuros empreendimentos estejam condizentes com a realidade da equipe
empregada.

Palavras-chave: RUP. Serviços. Mão de obra.

ABSTRACT

The civil construction industry has showed to be competitive, as the demand for investment in
management and planning of labor productivity has grown, in order to meet short deadlines
and costs. However, corporate competitiveness is limited when the database of productivity
indicators for budgeting and scheduling is not based on its direct manpower teams. The
objective of this article is to survey the Unitary Ratio of Productivity (RUP) of concreting
services, ceramic brick masonry, internal and external roughcast, internal and external plating
and subfloors of wet and dry areas of the construction of two buildings of a small construction
company in the city of Tangará da Serra - MT, as well as its comparison with the productivity
data of the respective services, made available by SINAPI. The results obtained showed that
only the brick masonry services of internal roughcast, internal plastering and the subloor of
dry areas are numerically similar to those provided by the National System of Research of

1
Graduanda em Engenharia Civil na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). E-mail:
kassyeleoliveirac@gmail.com
2
Graduada em Engenharia Civil na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). E-mail:
cleidiane.novais@hotmail.com
4
Costs and Indices of Civil Construction - SINAPI, resulting in RUP of 0.068, 0.323 and
0.243, respectively. There is a divergence of up to 71,98% of the real productivity of the other
services compared to the productivities available in tables by SINAPI. Therefore, the
appropriation of the data collected is of great value to the construction company, ensuring that
the studies of planning and budgeting of future projects are consistent with the reality of the
staff employed.

Keywords: RUP. Services. Labor.

1 INTRODUÇÃO
A indústria da construção tem sofrido com a intensificação da competitividade,
globalização dos negócios, demanda por propriedades mais modernas e o avanço do nível de
cobrança de clientes, sendo estimulada a investir em gerenciamento e gestão de processos
quando inexistente e investigar as falhas quando o processo de planejamento e controle não
atendem o prazo, custo, lucro, retorno e o fluxo de caixa (MATTOS, 2010).
Para a elaboração do planejamento da execução de um trabalho cadenciado é
necessário que se tenha um elevado nível de conhecimento de dados confiáveis da própria
empresa, dentre eles está a apropriação de índices de produtividade realistas, calculados com
base em obras já finalizadas (GEHBAUER, 2002). Souza (2017, p. 14) afirma que
“programar a execução de uma atividade de construção demanda conhecimento prático do dia
a dia de uma obra”. Assim, para a apropriação da Razão Unitária de Produção (RUP),
indicador de produtividade de mão de obra, é preciso acompanhar, observar e registrar os
dados obtidos em canteiro de obra (MATTOS, 2006).
Segundo Mattos (2006), o índice de produtividade ou RUP é predeterminado por
parâmetros históricos apurados por observações da própria empresa, ou obtidos em livros e
em indicadores disponibilizados no mercado, como, por exemplo, o Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices – SINAPI. Esse sistema baseia seus dados em empreendimentos
e condições distintas (localidade, habilidade de mão de obra, materiais, situações climáticas,
etc), sendo que as obras são de ordem pública e privada, de pequeno e grande porte, e
executadas por corporações distintas e por equipes trabalhando sob diversas regras de
contratação (SINAPI, 2014).
Sobretudo, a produtividade está intimamente relacionada as conjunturas em que o
serviço é realizado, dependendo do grau de especialidade da mão de obra, da tecnologia dos
equipamentos utilizados, da logística presente na obra, da tipologia do produto e das
características climáticas do local. Porém, são mínimas as empresas que fazem um controle
efetivo da produção e da produtividade, tendo como consequências os contratempos,

5
desandando o processo produtivo, procedendo atrasos e extrapolação do orçamento que
comprometem a qualidade da construção (NÓBREGA, 2010).
A importância de dar ênfase ao conhecimento e controle desses índices de
produtividade, se deve à revelação da produtividade da mão de obra e consumo de materiais,
fornecimento de um parâmetro para comparação do orçado com o concretizado, à
possibilidade de identificar irregularidades, à descrever o limite além do qual a atividade se
torna falha e à assistência ao administrador em determinar metas de execução para as equipes
(MATTOS, 2006).
Paralelamente à RUP está igualmente relacionada à constituição do planejamento da
obra com a elaboração de um cronograma detalhado, os quais orientam a previsão do tempo
de execução de cada etapa e o prazo final de uma construção (GEHBAUER, 2002; FILHO,
2009). Mattos (2006, 2010) recomenda que a fonte dos índices de produção seja o próprio
canteiro de obra da empresa, dessa forma, a precisão e a confiança nos prazos e metas
estabelecidos são potencialmente alcançadas.
Sendo assim, este estudo buscou obter a RUP, dos serviços mais custosos conforme
dados de autores fundamentados na Curva ABC, analisando o canteiro de obra de duas
construções administradas por uma empresa de pequeno porte no município de Tangará da
Serra – MT e comparando com a RUP dos respectivos serviços disponibilizada pela SINAPI.
O levantamento da produtividade destes serviços visa contribuir no aperfeiçoamento do
orçamento, cronograma e planejamento dos futuros empreendimentos desta construtora.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Razão Unitária de Produtividade (RUP)

No setor da construção civil, a mão de obra é o principal recurso na execução de obras,


pois tem o poder de transformar as matérias primas em construção, além do fato de ser um
recurso que tem grande representação no custo final da obra (SOUZA, [entre 2000 e 2017]
apud THOMAS & YAKOUMIS et al., 1987). A produtividade se resume na ação de
modificar recursos em produtos, sendo que uma melhor produtividade é adquirida ao
empregar um menor esforço a fim de alcançar um resultado (SOUZA, 2017).
Souza (2017) ressalta ainda que no cálculo da produtividade da mão de obra adota-se o
indicador denominado Razão Unitária de Produção (RUP), que é a relação do número de
funcionários envolvidos juntamente com a quantidade de horas empregadas na execução do
serviço (Homem-hora) e ainda a quantidade de serviço realizado, seja em unidades, em

6
metros lineares, em metros quadrados ou em metros cúbicos, sendo que a RUP é dada em
Hh/unidade de serviço (un., m, m², m³).
Souza (2017) cita a RUP diária, cumulativa e a potencial, visto que a diária relaciona a
quantidade de hora despendida e o número de mão de obra com o serviço realizado no
período de um dia. Já a RUP cumulativa corresponde a todo o esforço empregado em relação
ao total de serviço executado. Dessa forma, a RUP cumulativa é utilizada na elaboração de
orçamentos, pois caracteriza de forma globalizada o desempenho do serviço, e a RUP
potencial é empregada na definição do tamanho das equipes de mão de obra.

2.2 Curva ABC

Segundo Perez (2001) a contribuição do custo de mão de obra em relação ao custo


total previsto da obra é cerca de 50%, porém esse percentual é variável em função das
características próprias da obra e de sua localidade, essa variação é válida também para os
materiais, o que torna a análise de produtividade uma tarefa de extrema relevância.
O método da Curva ABC é conveniente para análise da relevância dos serviços em
uma obra, pois segundo Mutti (2008) consiste em identificar os itens de suma importância
perante os custos, distribuindo-os em três classes: A, B e C. A classe A trata-se do grupo dos
itens mais importantes, ou seja, aqueles que representam de 50% a 70% do custo total do
empreendimento. A classe B incorpora os itens que representam de 20% a 30% do custo total,
e na classe C estão dispostos os itens de menor relevância, que são de 10% a 20% do custo,
como exemplificado na figura 1 abaixo.

Figura 1 – Curva de classificação Curva ABC


Fonte: adaptado de Mutti (2008).
2.1 Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
(SINAPI)
7
O SINAPI, operado pelo Banco Caixa Econômica Federal, fornece informações sobre
custos e índices da construção civil para obras habitacionais em todo o Brasil, através de um
banco de dados das composições dos serviços, disponíveis para consulta pública. Nessas
composições constam a produtividades de mão de obra e equipamentos, além de consumos e
perdas de materiais envolvidos na execução dos diversos serviços da construção civil, sendo
que as produtividades são baseadas em dados de campo, sob condições distintas, coletados e
analisados por equipe especializada, com emprego de metodologia reconhecida
internacionalmente (SINAPI, 2014).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para o presente estudo fez-se uso de pesquisa bibliográfica para buscar e analisar
estudos já realizados acerca dos métodos utilizados atualmente na realização do cálculo de
produtividade dos serviços da construção civil, e diante disso foi apurado que o método da
Razão Unitária de Produção (RUP) é o mais utilizado pelos autores. Além disso, para
determinar os serviços mais relevantes em termos de custos, representados pela Classe A, da
Curva ABC, foi necessário avaliar três estudos de caso, aos quais seus dados que são baseados
nas tabelas da SINAPI, proporcionaram tal informação.
As análises das RUPs foram feitas a partir do estudo de caso do canteiro de obras de
duas construções de uma mesma empresa de pequeno porte em Tangará da Serra – MT,
através de visitas diárias em períodos diferentes. Sendo assim, realizou-se anotações de dados
em documentos, dos serviços de concretagem de vigas baldrames, concretagem de pilares,
alvenaria de vedação, chapisco interno e externo, emboço interno e externo, e contra piso de
áreas secas e molhadas. As visitas diárias se deram somente nos períodos de elaboração dos
serviços pesquisados, correspondendo há sete meses e 27 dias corridos.
Na obra A os dados foram levantados nos meses de março, abril e maio do ano de
2017, já os dados da obra B foram levantados nos meses de setembro, outubro, novembro e
dezembro do mesmo ano, e parte do mês de janeiro de 2018. É denominada como obra A,
uma residência classificada em padrão de médio porte, por ter 134,5 m² de área construída,
constituída por 2 quartos, sendo 1 suíte, um banheiro social e um lavabo, sala de TV, área
gourmet, área de serviço e garagem. Construída em alvenaria convencional, utilizando o
concreto 25 Mpa em toda a estrutura, piso porcelanato acetinado nas áreas secas e porcelanato
fosco nas áreas molhadas, pintura acrílica, portas em madeira, janelas em alumínio e vidro e
forro em gesso.
8
Já para a obra B, as principais diferenças são a presença de laje e a área construída que
é de 418,16 m², constituída por 3 suítes, 1 banheiro P.N.E. (Portadores de Necessidades
Especiais), sala de estar, cozinha, área de circulação, espaço gourmet, deck, depósito,
estendal, área e serviço, garagem, e duas varandas. As fachadas de ambas as obras estão
demonstradas nas figuras 2 e 3 a seguir.

Figura 2: Fachada da obra A. Figura 3: Fachada da obra B.


Fonte: próprio autor. Fonte: Karine Davantel.
Constata-se nas fotos abaixo que tanto a obra A quanto a obra B possuem um único
pavimento, portanto o arranjo físico e organização do canteiro de obras eram bem
semelhantes, como mostra as figuras 4 e 5:

Figura 4: Canteiro de obra da obra A. Figura 5: Canteiro de obra da obra B.


Fonte: próprio autor. Fonte: próprio autor.
Outra semelhança é a organização da equipe e a metodologia de execução, pelo fato de
ser composta em sua maioria pelo mesmo grupo de funcionários. Além disso, foi verificado
que o método de contratação da mão de obra é idêntico para ambas as construções, visto que
os funcionários de maior hierarquia (mestre de obras, pedreiro) eram contratados, e os demais
(serventes) eram empreitados.
Portanto, a seguir estão discriminados os serviços acompanhados nos canteiros de
obras, os materiais utilizados e o método de execução:
a. Concretagem: Na obra A e obra B o concreto que possui traço 1:3:9 (cimento, brita e
areia) e fck de 25 Mpa, utilizado para as vigas baldrames foi fabricado na betoneira pelos
serventes, que transportavam com carriolas até suas formas, e assim os pedreiros despejavam
9
o concreto até atingir o nível desejado e desempenhavam a vibração manualmente com o
auxílio de marretas de borracha. Do mesmo modo foi realizado a concretagem dos pilares,
porém com o auxílio de baldes o concreto era despejado no interior das fôrmas.
b. Alvenaria: o processo de levantamento da alvenaria na obra A e na obra B foram
realizadas com tijolos cerâmicos de 8 furos (9x19x19cm) e (11,5x19x19cm), e a argamassa no
traço 1:4 (cimento, areia), fabricada na betoneira e transportada com as carriolas até o ponto
de trabalho do pedreiro. Além disso, os serventes transportavam também os tijolos e
realizavam a limpeza da obra.
c. Chapisco: Em ambas as obras a argamassa do emboço foi produzida em uma betoneira
de 400 litros no traço de 1:4 (cimento, areia), e aplicado com colher de pedreiro.
d. Emboço: Em ambas as construções a argamassa foi produzida na betoneira do mesmo
modo, adicionando cal, areia, água, cimento e impermeabilizante no traço de 1: 2: 8 (cimento,
cal e areia) além de água e 60 ml de impermeabilizante. As etapas do serviço analisado foi
composto pela definição do plano de revestimento, taliscamento, execução das mestras,
aplicação da argamassa, sarrafeamento, desempeno e camurçamento, exceto a preparação da
base (emboço) que havia sido executado anteriormente.
e. Contra piso: Anteriormente à execução do contra piso, nas duas obras foi realizado o
taliscamento, no qual um caco cerâmico é nivelado com uma base de concreto do contra piso,
no nível desejado, e a seguir feito a limpeza com uma lavadora à pressão, a fim de obter maior
aderência entre a base e o concreto. Na obra A e B, os serventes produziam o concreto do
contra piso na betoneira em um traço de 1:4 (cimento, areia) e os pedreiros iam mestrando,
compactando e desempenando o piso. Esse método executivo foi o mesmo para as áreas secas
e molhadas, porém nas áreas molhadas é passado um impermeabilizante anteriormente a
execução do contra piso.
Vale ressaltar que o levantamento dos serviços foi feito diariamente ao final do dia de
trabalho, e assim anotados quantos funcionários estavam presentes, quantos m² havia sido
produzido, além de dados obtidos por diálogos com os funcionários, como por exemplo, a
forma que foi produzida a argamassa, o traço utilizado e algum fator que acarretou
interferência na produtividade.
Em ambas as obras foram levantados, a quantidade de funcionários, horas gastadas e a
quantidade de serviço realizado e anotados em tabelas, sendo realizados os cálculos das
produtividades da mão de obra, denominadas RUPs, através da Equação 1 (SINAPI, 2014).

Equação 01

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Onde:
Hs = homens-hora despendidos;
Qs = quantidade de serviço realizado.
Nestes coeficientes não foram considerados as variações que ocorrem ao longo da
execução da obra, devido às parcelas de tempo improdutivo e tempo ocioso, se faz necessário
então a consideração dos conceitos de RUP diária, RUP cumulativa e RUP potencial
abordados na fundamentação teórica.
A metodologia utilizada foi a mesma do SINAPI, sendo: o cálculo da produtividade
baseado no “modelo de entradas-saídas”, no qual a produtividade é a capacidade em
transformar as entradas (recursos físicos: materiais, mão de obra e equipamentos) em saídas
(serviços), para a obtenção dos índices de produtividade. Assim, é possível realizar o
comparativo das RUPs baseadas no canteiro de obra da própria empresa, com os dados do
SINAPI.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados obtidos para a realização do cálculo das RUPs (diárias, cumulativa e


potencial) de cada serviço, são apresentados na Tabela 1 a seguir, que mostra a média das
RUPs cumulativas e potenciais de cada serviço e de suas respectivas obras observadas:
Tabela 1 – Valores das RUPs cumulativas e potencial das obras estudadas
OBRA A OBRA B

ATIVIDADES RUPcum RUPpot RUPcum RUPpot

Concretagem de vigas 3,286 3,286 4,263 4,085


baldrames
Concretagem de pilares 2,659 2,275 3,439 3,830
Alvenaria de vedação
(11,5x19x19) 0,474 0,233 0,742 0,459

Alvenaria de vedação
(9x19x19) e=9cm 0,513 0,445 0,443 0,392

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OBRA A OBRA B
ATIVIDADES
RUPcum RUPpot RUPcum RUPpot

Chapisco interno 0,094 0,078 0,065 0,057


Chapisco externo 0,086 0,042 0,103 0,061
Emboço interno 0,331 0,304 0,362 0,342
Emboço externo 0,374 0,329 0,383 0,185
Contrapiso de áreas 0,181 0,181 0,311 0,304
molhadas
Contrapiso de áreas secas 0,302 0,180 0,410 0,306

Fonte: próprio autor.


Com os resultados demonstrados na Tabela 1 nota-se que na produtividade de alguns
serviços analisados houve variações discrepantes entre as obras, isso se deve aos fatores
contribuintes, como por exemplo a falta de materiais, fatores climáticos e falta de mão de
obra. Já os serviços que não houveram variações dos índices de produtividade são justificados
pela utilização da mesma mão de obra, tanto na obra A quanto na obra B. Sendo assim, pode
se afirmar que a técnica, a agilidade, o conhecimento do serviço e a experiência permanecem
iguais e garantem uma estabilidade na produtividade.
Filho (2009) realizou um estudo de análise de produtividade praticado por uma
empresa de construção civil na região metropolitana de Fortaleza – CE, com a construção de
20 casas duplex de 160 m² cada, de um condomínio. Dos 20 serviços analisados por Filho
(2009) observou-se que seis destes tiveram métodos executivos semelhantes aos executados
nos estudos de caso das obras A e B deste artigo. Dos resultados obtidos houve variações nos
serviços de concretagem de vigas baldrames e pilares a RUP foi de 3,57 Hh/m³, para a
alvenaria de vedação de tijolos cerâmicos (11,5x19x19) foi de 0,79 Hh/m², para o chapisco
externo a RUP foi de 0,17 Hh/m² e para o emboço externo de 0,49 Hh/m², contrastando com o
resultados dessa pesquisa, que obteve valores médios de 3,369 Hh/m³, 0,931 Hh/m², 0,051
Hh/m² e 0,337 Hh/m², respectivamente.
A justificativa para essas variações se deve a diversos fatores, como por exemplo, o
climático, pois as obras estão situadas em regiões diferentes do território brasileiro, bem como
a experiência, agilidade e entrosamento entre as equipes analisadas, que podem levar ao
progresso ou ao atraso das atividades.
Já os serviços de execução de chapisco interno, reboco interno e execução do contra
piso tiveram produtividades semelhantes entre os estudos, o de Filho (2009) foi de 0,04
Hh/m², 0,36 Hh/m², 0,20 Hh/m² respectivamente, enquanto a média das obras A e B foi 0,068
Hh/m², 0,323 Hh/m² e 0,337 Hh/m². Essa semelhança evidencia a competitividade da mão de

12
obra da construtora com o mercado de trabalho. De forma comparativa no gráfico 1 é possível
visualizar os dados de Filho (2009) e do presente estudo de caso.
Gráfico 1 – Comparativo da Razão Unitária de Produtividade

Fonte: próprio autor.


Machado et al. (2010) mediu a produtividade dos serviços de contra piso, com forma
de execução semelhante a do presente estudo e obteve uma RUP potencial de execução de
contra piso correspondente a 0,21 Hh/m², enquanto do estudo de caso deste trabalho
correspondeu a 0,243 Hh/m². E outro estudo de caso realizado por Ferreira (2015) foi
analisado a execução de alvenaria de vedação e coletou os índices de produtividade de mão de
obra in loco. O autor obteve uma RUP potencial do serviço de alvenaria de vedação de tijolo
cerâmico 9x19x19cm de 1,02 Hh/m², em contrapartida no estudo de caso deste artigo a RUP
potencial foi de 0,914 Hh/m². Esses dados demonstram uma variação numérica mínima, pode-
se notar também a semelhança da produtividade executada por equipes distintas, sujeitas a
fatores diversificados.
O gráfico 2 a seguir, mostra a relação dos coeficientes de produtividade
disponibilizados pelos cadernos de composições analíticas do SINAPI com os obtidos neste
estudo.
Verifica-se que os serviços de alvenaria de vedação de blocos cerâmicos
(11,5x19x19cm), chapisco interno, emboço interno e o contra piso de áreas secas são
numericamente semelhantes. A média da RUP potencial destes serviços analisados
correspondem a 0,068 Hh/m², 0,323 Hh/m² e 0,243 Hh/m², enquanto os dados
13
disponibilizados pelo SINAPI correspondem a 0,07 Hh/m², 0,35 Hh/m² e 0,36 Hh/m²,
respectivamente. Por serem serviços com metodologias executivas relativamente mais simples
que os demais, a maior facilidade de execução pode ser um fator determinante para esse
resultado.
Gráfico 2 – Análise comparativa das RUPs

Fonte: próprio autor.


Porém, para os demais serviços os valores divergem do SINAPI. Os serviços de
concretagem de vigas baldrames e pilares tem uma redução da produtividade, que chega a
65,35%. Já os demais serviços: alvenaria de vedação (9x19x19cm); chapisco externo; emboço
externo e o contra piso de áreas molhadas tem aumento de suas produtividades em 41,01%,
71,98%, 60,79% e 63,27%, respectivamente. Essas divergências impactam diretamente no
custo real dos empreendimentos, uma vez que o orçamento através do SINAPI é um método
muito praticado no ramo da engenharia de custos.

14
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao fim da análise dos resultados obtidos, concluiu-se que a utilização de tabelas de


composições analíticas como o SINAPI, para a elaboração de cronogramas é válida somente
em casos nos quais a empresa não tem conhecimento prévio de sua produtividade efetiva, pois
houveram divergências entre os dados da RUP levantada em campo e os índices
disponibilizados pelo SINAPI, chegando a uma diferença de até 71,98%. Porém, isso faz com
que a empresa perca competitividade no mercado, devido aos orçamentos e cronogramas
incoerentes com os valores de produtividade que caracterizam a realidade do canteiro de obra.
Portanto, foi possível perceber a relevância do conhecimento da produtividade dos
serviços no canteiro de obra da própria empresa para o levantamento de quantitativos,
orçamentos, elaboração do cronograma e do planejamento de obras. E como este estudo foi
baseado na mesma equipe, efetuando serviços em duas diferentes obras, sujeitos a situações
distintas, foi possível estabelecer assim um parâmetro confiável dos dados da produtividade
dos serviços para estudos de planejamentos de obras futuras.
Para estudos futuros, sugere-se o levantamento dos demais serviços que não foram
analisados neste estudo, a fim de contribuir para a elaboração de um banco de dados coerente
com a realidade do canteiro de obra da empresa. Como também podem ser feitos estudos
posteriores para desmembrar cada fator que influencia a produtividade para tentar solucionar
as causas dos mesmos.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, T. L. Produtividade da mão de obra: estudo de caso da execução de


alvenaria na construção de casas populares. Revista Especialize On-Line IPOG, Goiânia,
10 ed. vol. 1, 2015.

FILHO, N. de O. Q. Análise dos índices de produtividade praticados pelas empresas de


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Planejamento e gestão de obras. Curitiba: CEFET – PR, 2002.

MACHADO, H. B.; FAGUNDES, J. B.; RIBEIRO, P. H. B. Implantação de indicadores de


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<www.eec.ufg.br/up/140/o/IMPLANTA%C3%87%C3%83O_DE_INDICADORES_DE_PR
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M_EDIFICA%C3%87%C3%95ES_MULTIPAVIMENTOS.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2017.

MATTOS, Aldo D. Como preparar orçamentos de obras. São Paulo: PINI, 2006.
15
MATTOS, Aldo D. Planejamento e controle de obras. São Paulo: PINI, 2010.

MUTTI, C. do N. Administração da Construção. Departamento de Engenharia Civil –


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NÓBREGA, G. C.; ROMANO, I. Implantação de indicadores de produtividade dos


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Goiânia, 2010.

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