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E-Book Planejamento Cultural PDF
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PASSOS PARA
PLANEJAR
SEUS PROJETOS
CULTURAIS
VITOR SOUZA
Introdução ao planejamento cultural
Você já deve ter ouvido falar que o planejamento é a
etapa mais importante para o sucesso de um projeto
cultural. Claro, é muito fácil dizer isso, mas como planejar
seus projetos e garantir que eles tenham os resultados que
você espera?
Com base na minha experiência de mais de 20 anos
transitando por diversos ambientes da cultura, seja como
ator, produtor ou gestor cultural, elaborando projetos,
realizando sua gestão e circulação, recebendo propostas,
avaliando e dialogando com a crítica especializada,
curadores, patrocinadores e artistas já renomados, tive
contato com muitas fórmulas, ou melhor, muitos formatos
diferentes para se desenvolver um projeto cultural.
Sempre procurei aliar a prática ao desenvolvimento
teórico. Por isso, quando decidi ser ator, fui atrás de um
curso universitário; quando estava trabalhando dentro da
Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo
ingressei numa especialização voltada para a gestão
pública com enfoque a cultura; mais recentemente, ao
trabalhar diretamente com empresas em uma consultoria
onde realizava plataformas de patrocínio e gestão de
projetos patrocinados, fui na academia buscar uma
especialização ingressando em um MBA em Gestão
Empresarial e Estratégia.
Esse conhecimento me fez perceber uma nova realidade
dentro da cadeia cultural: o produtor não é um executor
ele é o estrategista da arte.
Aliando essa base teórica com toda a experiência
adquirida, pude conferir que o planejamento se dá
basicamente em cinco etapas que aqui serão apresentadas
nas próximas páginas.
A definição de sucesso de um projeto pode ser
muito variável. Afinal, sucesso é uma medida
pessoal e cada um possui um objetivo diferente
com seus projetos. Alguns projetos buscam o
desenvolvimento local, outros buscam ganhar
prêmios e reconhecimento da mídia
especializada, outros querem uma plateia cheia...
Sendo assim, o primeiro passo para o
desenvolvimento de um projeto de sucesso é
definir quais são os seus objetivos, pois assim
você consegue trabalhar em direção a eles.
No nosso caso é importante que você entenda que eu
divido a atuação do produtor em três níveis diferentes. O
que eu chamo de objetivo aqui é aquilo que você, produtor
cultural, espera atingir em sua carreira e com o
desenvolvimento de seus projetos. É uma expectativa de
longo prazo e que irá nortear todos os seus trabalhos.
Comumente o objetivo é chamado também de propósito.
Para tangibilizar esse objetivo ele deve ser dividido por
áreas de atuação, ou programas que garantem atingir esse
objetivo. E essas são divididas novamente em tarefas, ou
como você bem conhece, projetos.
Perceba que a reflexão que eu trago aqui é que o
projeto é uma parte dentro de uma estrutura na qual o topo
é o seu objetivo. Na próxima página eu vou colocar dois
exemplos sobre como essa estrutura pode ser desenhada,
mas o ponto mais importante aqui é que o projeto é uma
ação desenvolvida pelo produtor para que este atinja seu
objetivo, e não o contrário.
Estou considerando que você produtor tem um objetivo
e esse objetivo deve ser sempre respeitado pois, a partir do
momento que ele estiver alinhado a todas as suas ações,
você terá condições de ter mais sucesso com seu trabalho.
O projeto trabalha para o produtor atingir os objetivos e não
o produtor trabalha para atingir o objetivo de um projeto.
Para quem está começando é normal que trabalhe em
diversos projetos e que muitas vezes não estejam
alinhados. Você deve estar passando por um período de
experiência, o que é muito saudável. No entanto lembrese
que a soma de seus projetos vai contando uma história e é
essa história que irá levar você a alcançar os seus
objetivos. Os dois exemplos a seguir servem para ilustrar a
maneira como o objetivo pode ser fundamental para o
desenvolvimento de projetos:
CINCO PASSOS PARA PLANEJAR SEUS PROJETOS CULTURAIS
O primeiro exemplo tratase do produtor José Maria que
tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento da
cultura popular de Pernambuco. O segundo, a produtora
Maria José, pretende levar a cultura Pernambucana para o
Brasil. Eu busquei com esses exemplos deixar claro que
muitas vezes você está com projetos similares, no entanto
os objetivos que levam você a desenvolver esses projetos
permitem abrir um leque de opções.
Não se trata de restringir os projetos com os quais você
vai atuar. A ideia é potencializar os seus resultados e assim
achar um discurso comum, uma história que qualquer
pessoa ao enxergar percebe a sua coerência. Note que
foram colocados como projetos, nos dois casos, os
mesmos espetáculos: o Mamulengo e o Cavalo Marinho.
Resolvi definir aqui uma particularidade da
indústria criativa que é a diferenciação de público
e de cliente, entendendo como público o
espectador, aquele que tem acesso a obra
artística, e o cliente sendo aquele que paga a
conta.
Ao planejar seu projeto cultural é preciso
definir qual que é o público que terá acesso à
obra artística (ou quem será impactado pelo seu
projeto) e ao mesmo tempo definir quem será
responsável pelo financiamento dessa obra.
É verdade que às vezes público e cliente são a mesma
pessoa e o ideal é que isso sempre ocorra. Você vende
seus ingressos para o seu público e, portanto, ele também
se torna um cliente. Outras vezes quem paga a conta é o
Estado, empresas, fundações ou ainda outras pessoas
físicas que não são necessariamente o público beneficiado
ou espectador de sua obra.
Sendo assim é importante entender como o seu projeto
pode dialogar com cada um deles:
empresas entendem que seu público é um ativo
importante para ela afinal elas querem viabilizar
propostas que estejam diretamente alinhadas com o
público que é alvo estratégico de sua comunicação. Se
você tem um público que dialoga diretamente com o
público que essa empresa busca, você tem uma grande
vantagem comercial e é preciso tornar isso claro em
suas propostas;
o Estado busca também a promoção do
desenvolvimento cultural e, portanto, em uma análise
pública, tanto a plateia quanto os próprios artistas são
ativos relevantes;
fundações buscam a relação com comunidades
carentes e normalmente definem seu financiamento por
área geográfica e segmento de atuação;
pessoas físicas que não serão impactadas diretamente
por seu projeto obtém interesse em financiar propostas
que atingem diretamente uma dor que ela identifica na
sociedade e que seu projeto tende a solucionar; e
plateia, que paga o ingresso e também paga a conta
quando ela percebe valor na experiência artística
proporcionada pelo seu projeto.
O contato com seu público e seu cliente deve
ser uma constante em todo o processo de
produção, indiferente da fase em que se
encontram seus projetos. A comunicação deve
ser permanente e, sempre que possível, uma via
de mão dupla.
Pronto, você já sabe o que quer e já sabe com
quem você quer falar, seja para que venham
assistir as suas obras artísticas, seja para que
financiem o seu projeto. Então é hora de pensar
quais serão as formas de contato para que essas
pessoas saibam de seus projetos e possam estar
envolvidas com seus objetivos. A Comunicação é uma
constante! Para ser mais didático, vou dividila em três
momentos:
Conhecimento
Aqui se dá todo o contato estabelecido desde o
momento em que público e cliente são apresentados aos
seus projetos até o momento em que eles decidem
consumir ou financiar seu projeto cultural.
Ao pensar em seus clientes, defina como será sua
abordagem para chegar aos financiadores do seu projeto.
Não é necessário esperar seu projeto estar pronto, com lei
de incentivo, ficha técnica e tudo mais para começar uma
aproximação. Se você já atua na área, tem uma noção do
tempo que demora entre o momento em que você inicia
uma conversa até a hora em que se confirma um patrocínio
ou um financiamento diverso. Por isso é fundamental
aquecer a conversa desde o princípio, demonstrando seus
objetivos, como seu projeto está sendo concretizado, quais
os parceiros que você já está fechando e quais os
resultados que você busca atingir ao longo de sua
realização. Mapeie quais os momentos chaves para entrar
em contato, se existem datas para editais, datas para o
recebimento de propostas, encontros onde você possa já
iniciar uma conversa e obter o máximo de informações.
Dessa forma, pouco a pouco, seu cliente está participando
da construção do seu projeto.
Já o seu público funciona da mesma forma. Muito mais
difícil é tentar lotar uma plateia do zero faltando uma
semana para seu evento. Busque divulgar, sempre que
possível, informações sobre o seu projeto tanto na
imprensa quanto nas redes sociais. A divulgação de
Entrega
As vezes nos esquecemos que a entrega é um ponto
fundamental na comunicação com o nosso público e com
nossos clientes. Mais do que a realização do projeto, tudo o
que envolve o momento de encontro entre o público e seu
projeto é experiência e comunica diretamente com as
expectativas geradas na fase anterior.
Por isso que, por definição, devemos sempre entregar
mais do que ele está aguardando (público ou cliente). No
caso do cliente, mesmo que contratualmente esteja tudo de
acordo, tenha clareza de que cumprir com o combinado é
só o mínimo que se espera. Se você quer ter uma relação
de longo prazo, busque valorizar esses momentos de
relacionamento, na qualidade das contrapartidas, nos
números apresentados, no cumprimento do cronograma, no
cuidado com a marca e na comunicação de sua parceria.
Da mesma forma com o público, não se limite a
execução do projeto. Lembrese que para estar ali ele
precisa se locomover, muitas vezes se alimentar, e
principalmente ter um mínimo de conforto e segurança para
melhor usufruir da experiência artística. Garanta que ele se
surpreenda com todos os detalhes.
Relacionamento
Entendendo que você obteve sucesso nas duas etapas
anteriores de comunicação, agora não faz sentido você
desaparecer, não é mesmo? Afinal, uma vez que você
adquiriu a confiança desse público e do seu cliente, é
preciso manter alimentada essa relação.
Construir a estrutura necessária é apenas
garantir que aquilo que é necessário para realizar
o seu projeto, aquilo que seu público espera para
poder consumir a arte que você desenvolve seja
realizado
Agora chegou a hora de abrir seu bloco de
notas e começar a levantar tudo o que é
necessário para colocar seus projetos na rua.
Entender como e onde ele acontece, quais são os
meios de comunicação e os materiais
necessários para que seus projetos aconteçam.
Quando pensamos em estrutura necessária estamos
buscando o mínimo necessário para que o projeto ocorra
em sua plenitude. Nada a mais, nada a menos.
A partir do que entendemos que é necessário,
começamos a levantar quais os recursos físicos e humanos
que dispomos para a realização do projeto: se já temos um
espaço para a realização, equipamentos, canais nas redes
sociais, materiais de consumo, veículos de transporte, entre
tantos outros.
Depois, dentre o que é necessário, mas que não
dispomos, levantamos quais são as parcerias que podem
ser desenvolvidas a fim de garantir a execução do projeto.
Parceria é mais uma palavra chave na vida do produtor
cultural. E não confunda parceria com apoio. Parceiro é
aquele que se beneficia tanto quanto você com a realização
do projeto cultural. Apoio é um financiamento em material,
que assim como qualquer outro investimento, deve ser
considerado um cliente.
Parceria também não significa gratuidade nos serviços.
As vezes ter um equipamento cultural como parceiro, ainda
que seja pago sua locação, pode ser fundamental no
momento de se garantir um financiamento e sem ele
possivelmente seu projeto não irá acontecer. Portanto, é
importante verificar o quanto antes a disponibilidade e
firmar um acordo de intenção com seus parceiros.
Outro ponto pouco utilizado por produtores no geral é a
parceria da própria rede de produtores culturais. Muitos
produtores passam pelas mesmas necessidades e se
conseguirem se organizar de forma conjunta, conseguem
bons acordos comerciais e podem minimizar drasticamente
seus custos ou, ainda, gerar mais interesse de possíveis
investidores (tanto público quanto privado).
É muito simples para qualquer outro
empreendedor de qualquer segmento ou indústria
compreender que seu projeto é viável, ou não,
tendo como base a simples palavra lucro. Mas
essa não é a realidade da cultura hoje.
Precisamos nos acostumar a olhar para
nossos projetos como empreendimentos
arriscados, mas sempre tendo em mente que na
sua melhor hipótese o projeto tem que se
estruturar de forma lucrativa.
Lucro é o resultado de tudo o que você ganha menos
aquilo que você gasta. Simples assim. Não dá para ser
diferente. Para você ter um lucro maior você precisa ganhar
mais, ou gastar menos.
Se você está fazendo um projeto agora, depois que você
entendeu o que é o seu projeto, com quem ele fala, como
você chega até seu público e cliente e qual a estrutura que
você tem que desenvolver para que esse encontro
aconteça, chegou a hora de calcular a viabilidade financeira
do seu projeto.
Então detalhe as formas possíveis de se ganhar mais
com o seu projeto e busque estabelecer gatilhos com seus
clientes para acelerar esse processo de vendas. Saiba que
o quanto antes você receber o dinheiro, mais ele vale.
Guarde essa informação: um dinheiro hoje vale mais do
que esse mesmo dinheiro amanhã.
Estabeleça também na hora de definir o seu projeto que
o seu valor não é só o valor do produto, mas também toda
a autoria e a experiência proporcionada. A economia
criativa trabalha a experiência e a autoria, pois cada
produto é único. É claro que você tem um valor médio de
mercado: se você faz espetáculo, o seu cliente vai olhar
para o seu projeto e ter uma percepção de valor. Mas não
sacrifique a saúde financeira do seu projeto por padrões de
mercado: se você proporciona algo único e seu público e
seu cliente querem isso, saiba valorizar e garantir que o
valor recebido está de acordo com aquilo que você
realmente custa, somado o seu lucro. Isso não quer dizer
superfaturar projetos isso nunca deu certo. Projetos
superfaturados não são aprovados.
Embora seja importante nunca realizar um projeto que
traga prejuízos, estamos analisando de maneira geral toda
Meu nome é Vitor Souza, sou formado em Artes Cênicas
pela Escola de Comunicações e Artes da USP em São
Paulo, Pósgraduado em Gestão de Políticas Públicas
Enfoque à Cultura pela Universidade Mogi das Cruzes e
com MBA em Gestão Empresarial e Estratégia pela
Business School São Paulo.
Iniciei minha carreira como ator, mas desde o início já
atuava como produtor em meu primeiro grupo de teatro
amador ainda em Ribeirão PretoSP. Aos 15 anos de idade
já percorria os escritórios das empresas e os balcões da
prefeitura buscando viabilizar meus projetos e de lá pra cá
muita coisa já aconteceu: fui gestor de equipamentos
culturais como o Teatro Arthur Azevedo e o Denoy de
Oliveira, Diretor de Programação da Prefeitura de São
Paulo, Assessor para projetos culturais no Museu Brasileiro
da Escultura o MuBE, gerente de contas responsável pela
seleção e gestão de projetos patrocinados de grandes
empresas do país, entre tantos outros projetos
desenvolvidos nesses 20 anos.
Depois de atuar diretamente nos diversos segmentos da
produção cultural, seja no governo, na gestão de
equipamentos culturais e na estruturação e gestão de
políticas de patrocínio, tive a oportunidade de conhecer
diversos projetos incríveis. Pude acompanhar a batalha de
diversos produtores no desenvolvimento de um cenário
cultural e, principalmente, a dificuldade que existia em
transformar seus projetos em realidade. Pude observar
também que muitas vezes as propostas traziam ideias
realmente relevantes, mas que não conseguiam seus
financiamentos por falhas básicas em seus projetos ou por
uma inadequação total dos seus objetivos com as diretrizes
de patrocínio.
Em 2016, decidi criar a Ativo Cultural com o objetivo de
ajudar produtores de todo o país a encontrar a melhor
maneira de desenvolver seus projetos culturais.
Além do conteúdo que disponibilizo gratuitamente para
produtores de todo o país, também realizo consultoria para
projetos culturais contribuindo de forma mais dedicada a
todos que buscam desenvolver suas ideias.
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Consultoria para
Projetos
Culturais
www.ativocultural.com.br