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ACIDENTES
2 – Introdução.................................................................................................03
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1 – MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DE
ACIDENTES
Numa investigação de acidentes é importante não buscar culpados, pois existe
grande probabilidade de o mesmo tipo de acidente se repetir e ser ainda mais grave. Desse
modo é muito importante que, na investigação, o acidentado não seja identificado (pode ser
qualquer um) e que se trabalhe com a função do trabalhador, sem fazer nenhuma referência
ao nome do acidentado. Partindo deste ponto de vista escolhemos o Método do Diagrama
de Causas e Efeitos. É um método um tanto diferente do tradicional, mas com ele podemos
ter uma idéia do todo e não apenas de um fato isolado.
2 – INTRODUÇÃO
A maior dificuldade nos processos de investigação de acidentes é que, na maioria
dos casos, o levantamento dos fatos é insuficiente para chegarmos às causas básicas. Nessa
tarefa qualquer detalhe é fundamental. Obter informações sobre o acidentado, tais como:
treinamentos realizados, presenças em palestras, horas extras, tempo de Empresa, etc.,
podem ser importantes. Conhecendo esses dados poderemos estabelecer alguns parâmetros.
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a disseminação do conhecimento do método, em decorrência de cursos de
capacitação para certificação ISO ou para a adoção dos fundamentos da
Qualidade Total nas empresas;
à necessidade de que os profissionais do SESMT e membros de CIPA,
busquem compatibilizar suas ações com a linguagem usual nos diversos
organismos empresariais, como instrumento para a eficácia em matéria de
Segurança e Medicina do Trabalho.
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5 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DO
MÉTODO
5.1 – VANTAGENS
Entre as vantagens do método podemos citar:
5.2 – DESVANTAGENS
Entre as desvantagens do método podemos citar:
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7 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO
A denominação do Método - 6M é indicativa de sua constituição ao referir-
se aos elementos básicos de apoio, para as análises das causas e efeitos, dos
eventos indesejáveis que se queira analisar.
O desenho esquemático da "espinha de peixe" é inicialmente suprido com
as indicações básicas, geralmente presentes nos mais variados processos
produtivos ou de serviços, quais sejam:
1.2 Mão-de-obra
1.3 Método
1.4 Material
1.5 Máquina
1.6 Maio ambiente
1.7 "Management " (=gerenciamento)
Ao aceitar esta premissa proposta pelo Método 6M, tem-se que o seu uso
para a investigação de acidentes, permite:
a) Analisar profundamente as causas de determinados fenômenos
negativos (resultados indesejáveis), procurando identificar todos os fatos causais
determinantes;
b) Explorar em profundidade as causas identificadas;
c) Utilizar o resultado das análises, para deduzir medidas técnicas e
administrativas corretas e completas para eliminar, neutralizar ou minimizar as
causas de insegurança detectadas;
d) Evitar a abordagem uni causal, que pode ensejar a adoção de
medida que não necessariamente resolva o problema, podendo inclusive, torná-lo
crônico, comprometendo a qualidade de vida das pessoas envolvidas no
processo, de máquinas, de equipamentos, de edificações, de materiais, etc., e, por
conseguinte da qualidade e da produtividade.
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8 – APLICAÇÃO DO MÉTODO
8.1 – DESENHO ESQUEMÁTICO
Faz-se um desenho que simule a forma de um peixe (ANEXO 1), em folha
comum, cartolina ou papel cartaz, de acordo com a característica (gerencial ou
participativa) da análise, fazendo constar na cabeça do mesmo, o resultado
indesejado, objeto da análise, indicando:
a) O que é;
b) Onde ocorre;
c) Quando ocorre;
d) Como ocorre; e
e) Sua extensão.
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Pode-se distribuir folhas com o desenho esquemático do diagrama,
solicitando que indiquem para cada M as causas que acreditem que contribuíram
para o problema, pode-se fazer uma reunião com a mesma finalidade ou pode-se
afixar um cartaz solicitando ao pessoal que informem sobre o tipo de problema
que entendem que em cada M contribuiu para a ocorrência indesejada, indicada
na "cabeça do peixe".
Naturalmente que a característica de cada problema de processo ou de
gerenciamento levará o aplicador a adotar a alternativa (gerencial 2 ou participativa)
que entender mais correta ou conveniente.
É importante que em quaisquer situações, seja pré-determinado um tempo
para que os analistas contribuam com suas informações.
A adoção do método deve ocorrer da forma mais rápida possível, a partir da
ocorrência do evento, com o objetivo de não se perder detalhes do evento, que
normalmente se tornam dispersos, quando não presente a caracterização da
atualidade.
9 – CUIDADOS ESPECIAIS
As causas básicas é que devem ser combatidas num primeiro momento;
Dependendo do tipo de acidente, às vezes é conveniente usar 4 e não 6 “M”.
Esse método possibilita outras variações; o importante é adotar o critério mais
adequado para investigar o acidente;
Não fixar uma única metodologia para a investigação de acidentes. É preciso
sim fazer um levantamento detalhado de todo o processo e, a partir dos dados
obtidos, escolher a metodologia mais adequada.
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Gerencial: situações em que, visivelmente, o efeito indesejado está associado à uma questão de gerência
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10 – EXEMPLOS PRÁTICOS
10.1 – QUATRO FATORES
DECLARAÇÃO DO ACIDENTE:
CONCENTRAÇÃO ELEVADA
INTOXICAÇÃO
USO INADEQUADO COMUNICAÇÃO
DO RESPIRADOR INADEQUADA
DESCONHECIMENTO FALTA DE
DO RISCO TREINAMENTO
FALTA DE
PLANEJAMENTO
IMPRUDÊNCIA NO
SERVIÇO AUSÊNCIA DE PROCEDIMENTOS
ESPECÍFICOS
CARACTERÍSTICAS ORGANIZAÇÃO
PESSOAIS
ANÁLISE DO ACIDENTE:
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ESPINHA TÓPICOS AÇÕES
CORRETIVAS
Afixar Normas de
Local sem ventilação Procedimento para ventilar o
local
Ambiente Alertar para a importância de
Concentração elevada de
De estar atento aos odores
contaminante químico
Trabalho exalados no ambiente
Estabelecer pausas
Exposição direta a agente
programadas durante a
químico
execução da atividade
Orientar sobre a necessidade
de se manterem latas de
tinta e solvente fechadas,
Agentes
Uso de tintas e solventes bem como do uso de luvas de
materiais
proteção. Alertar sobre os
riscos resultantes da não-
adoção dessas medidas.
Uso inadequado do Realizar um programa de
respirador treinamento
Estabelecer um tempo
Características Ansiedade estimado para execução de
Pessoais serviços
Estabelecer um Programa de
Desconhecimento do
conscientização de riscos de
risco
exposição a solventes e tintas
Comunicação Promover Curso de
inadequada reciclagem para supervisor
Reforçar a importância de
Falta de treinamento
adoção de práticas seguras
Organização
Estabelecer padrões
Ausência de Normas de operacionais para cada
Procedimento atividade com ênfase em
Segurança
10.2 – 6 “M”
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Para o exercício teórico do método, buscamos na obra "ACIDENTES DO
TRABALHO - Prevenção e Reparação, de José Dias Campos e Adelina Bitelli Dias
Campos, Editora LTR, 2ª Edição, 1993), a descrição de acidente de trabalho fatal.
Através das diversas descrições contidas no ritual jurídico para o caso e dos
diversos destaques feitos por nós, em negrito no relato transcrito a seguir, buscarmos
identificar, a série de questionamentos e recomendações inseridas no item 8.4, anterior, com
o objetivo de elaborar o Diagrama correspondente.
A DESCRIÇÃO DO ACIDENTE
Apelação Cível n. 58.182 - 1 - São Paulo- Apelantes: Antônia Marques Pereira, por
si representando seus filhos menores - Apelada: TPA Engenharia e Comércio Ltda.
ACÓRDÃO
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Na realidade, o que interessa é que a apda. Permitiu, sem correta
fiscalização, que seu falecido empregado realizasse serviço altamente perigoso sem
estar usando o cinto.
Para evidenciar a intensa culpa da ré, basta assentar que, no inquérito policial,
várias testemunhas, companheiros da vítima, esclareceram que, no dia dos fatos, não
apanharam os cintos, de vez que realizavam um serviço não perigoso, mas que, ao
depois, receberam ordens para desmontar o andaime, sem que preposto da ré
diligenciasse para que os mesmos usassem os cintos de segurança (fls. 37, 37v., 38 e
38v.).
Inegável, pois, a culpa grave da ré, à qual, como responsável por construção de
grande vulto, tinha o dever de zelar pelo cumprimento das normas de segurança. E de
culpa concorrente, data vênia, não há como cogitar.
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1. Meu voto, com a maior vênia, acompanha aquele do Sr. Segundo Juiz
por ter como configurada a culpa grave da reclamadada., TPA Engenharia e
Comércio Ltda. No acidente fatal sofrido por Miguel Anorato Pereira Neto, 43
anos, cearense, junto à construção existente na R. Henrique Monteiro, 169, proposta
a ação pela viúva Antônia Marques Pereira, que está a representar também os filhos
menores, ocorrida a queda da vítima do 19o andar ou 23o pavimento, e atribuído o
evento à culpa dela própria, por não estar na ocasião do fato a usar o cinto de
segurança.
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Talvez para o trabalhador em construção civil na Alemanha, nos Estados
Unidos no Canadá, na Suíça, na Suécia, na Inglaterra, etc.., pudesse existir culpa se
fosse encontrado a trabalhar sem o cinto de segurança. Aqui o ônus é todo do
empregador de compelir o empregado a realizar esse trabalho, com todos os
cuidados que possam ser exigíveis, e se um supervisor apenas é pouco, um
supervisor para 450 trabalhadores (fls. 39 v.), coloquem-se 50 supervisores se
necessário for, ainda que com isso venha a se reduzir o lucro da construtora.
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Até parece que o construtor pode ser negligente sem agir com culpa grave neste
nosso pobre Brasil, mas o operário da construção jamais poderá deixar de se acautelar,
cuidando de sua rica vida, sem qualquer protesto, sob pena de deixar a família apenas a
lamentar sua tão grande irresponsabilidade.
Observe-se bem que 35% desses acidentes foram fatais. A outra atividade na
Baixada com maior número de acidentes foi a portuária que ficou bem distante, na
percentagem de 15,61%. Em Cubatão, em 1982, os acidentes na Construção Civil
alcançaram 42,63% dos totais. Seguida pela Siderurgia com 13,58%, existentes 50% de
óbitos na Construção. Na Baixada em janeiro de 1983 (janeiro a novembro) continuou a
Construção à frente com 21,87%, e 30% dos óbitos por acidente. Em Cubatão, no mesmo
período, a Construção Civil era responsável por 25% dosóbi5tos, com igual percentual o
transporte de carga.
O acidente sobre que versa este recurso ocorreu nesta cidade, no bairro de
Pinheiros. As diferenças não podem ser estatisticamente elevadas, se se observar que os
acidentes - tipo no Estado de São Paulo entre 1978 e 1983 foram em número de 430.466
num total de 455.250. Nesses acidentes-tipo a vanguarda em geral se encontra com a
Construção Civil.
Esses dados são relevantes para ajustar os conceitos jurídicos à triste realidade
subjacente que denota o descaso com a segurança e a vida dos obreiros.
Onde existe excesso de acidentes, impõe-se uma especial cautela, que nunca é
excessiva, e, inexistente, há de isso implicar em configuração de culpa grave.
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São essas as razões aparentemente anômalas, que me levam a acompanhar o voto
do 2º Juiz, para que as categorias jurídicas não sejam dissociadas dos fatos que acarretam a
incidência de normas disciplinadoras e reguladoras da vida, em sociedade."
ANÁLISE DO ACIDENTE
CONCLUSÃO
A análise, pelo Método 6M, do acidente fatal descrito, ao tomar como base as
informações da ação cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, já demonstra a
sua eficiência na medida em que caracteriza a origem pluricausal -- um de seus
pressupostos de aplicação, do acidente.
A rápida análise visual das causas elencadas nas espinhas do Diagrama de Causas
e Efeitos, permite que se conclua que as ações (todas) exigidas para garantir a execução das
atividades, com os salvaguardos de prevenção da integridade física dos operários, estão
vinculadas ao "Management" (gerenciamento), que em conseqüência indica que o acidente
e, sua vitima, foram produzidas por falhas na administração do empreendimento.
Deve ser lembrado ainda, que o Diagrama de Causa e Efeito não se esgota nas
indicações efetuadas; questionamentos aplicáveis sobre as diversas causas ali enumeradas
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podem produzir outros diagramas, dependendo da situação organizacional da empresa, de
sua cultura, do inventário de seus acidentes, de sua situação no mercado, etc.
MÉTODO 6 M
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DIAGRAMA DE CAUSAS E EFEITOS
--------------------------------------------.------------------------------------------------------------- - Queda 19 º
andar
Falha supervisão
Previsibilidade
Negligência supervisão - Falta cinto
Acidente segurança
Quadro deficiente
Falta de Treinamento
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AÇÃO EXECUÇÃO PRAZO
NOTA: As ações previstas deverão produzir competente documentação formal, a ser reconhecida
pela construtora, como indispensável à manutenção da segurança da integridade física
dos empregados.
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ANEXO 1