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Salvador, 23 de outubro de 2018

Universidade Federal da Bahia (UFBA)


Bacharelado em Serviço Social
Disciplina: Serviço Social e a Questão Social
Docente: Joyce Souza Lopes
Discente: Micaela Massena Bastos Stabile

AVALIAÇÃO – UNIDADE I

1. As cinco notas a respeito da questão social de José Paulo Netto utiliza-se de uma
cronologia histórica para elucidar a questão social, iniciando durante o período de
industrialização da Europa, com o fenômeno da pauperização em massa da população
trabalhadora.
Pela primeira vez na história, a desigualdade já existente entre as classes sociais ganhara
uma dinâmica de pobreza que crescia proporcionalmente à capacidade social de
produzir riquezas, com a consolidação da ordem burguesa, o que desencadeou protestos
de diversas formas oriundos da classe trabalhadora, tendo como um dos maiores
exemplos a constituição das trade unions.
Já na segunda metade do século XIX, tendo como divisor de águas o evento da
Revolução de 1848, a questão social passa a surtir efeito no pensamento conservador,
tendo duas vertentes: laica e confessional, que cessa o ciclo progressista da ação de
classe burguesa.
Entre os conservadores laicos as formas de manifestação da questão social são objeto de
uma intervenção política limitada, sendo possível a sua minimalização através de um
ideário reformista. Já no pensamento conservador confessional, se reconhece a questão
social e tem por solução medidas sócio-políticas. Em ambos os casos, os pensadores
conservadores prezavam para estabelecer medidas de conter a questão social de modo
que não interferissem nos fundamentos da sociedade burguesa. Netto se refere à essa
complementariedade político-prática como ‘’uma reforma moral do homem e da
sociedade’’
Em 1867 Karl Marx publica o’Capital, onde esclareceu a dinâmica da questão social, e
afirmava que a questão social estava diretamente ligada à relação capital/trabalho, por
meio da exploração.
Com o acontecimento da Segunda Guerra Mundial o capitalismo desfrutou das ‘’três
décadas luminosas’’, gerando um grande crescimento econômico com a construção do
Estado de Bem Estar Social. Com a redução das taxas de lucro, ocorre o surgimento de
um Estado Neoliberal, mostrando que o capitalismo não tem nenhum compromisso
social.
Por último, Netto sustenta que inexiste qualquer nova questão social, e sim o que vemos
são apenas novas expressões da mesma, onde se consideram as peculiaridades históricas
e nacionais, afirmando que a ordem social vai além do comando do capital e que, não
havendo questão social, não há Serviço Social, visto que são esses os profissionais que
interferem nas relações sociais cotidianas através de serviços sócio assistenciais diante
as diversas expressões da questão social.

2. A gênese da questão social é explicada pelo processo de acumulação ou reprodução


ampliada do capital, onde sempre irá ser gerado uma população trabalhadora supérflua
que ultrapassa as necessidades da expansão do capital, se tornando excedente (Exército
Industrial Reserva). Apesar do progresso tecnológico proporcionar a diminuição da
quantidade de horas de trabalho necessários por dia, o processo capitalista de produção
não se satisfaz com o tempo de trabalho socialmente necessário, realizando sempre a
busca da mais-valia. Isso faz com que a produção de respostas as necessidades humanas
seja subordinada ao processo de valorização do capital. As condições de produção em
que se move a burguesia tem um caráter duplo, visto que nas mesma condições em que
se produz a riqueza, produz-se a miséria (pauperismo). A questão social se designa a
desigualdade e a pobreza oriundas do modo de produção capitalista, vindos de uma
existência socialmente produzida, tendo como exemplo o escravismo e o sistema feudal.
A pobreza existe antes do capitalismo e era determinada socialmente pela divisão entre
classes e se devia ao baixo desenvolvimento das forças produtivas.
A descoberta de recursos cientificamente produzidos ocorreu de maneira progressiva, e
ao longo do desenvolvimento capitalista tem sido essenciais no desvendamento de
mecanismos de funcionamento da natureza, servindo como força produtiva para ampliar
a rentabilidade do capital e introduziu amplas conquistas nos setores da vida social, o
denominado ‘’recuo das barreiras naturais’’.
A escassez que gera o pauperismo e que se propaga com o capitalismo resulta da forma
como estão estabelecidas as relações sociais de produção. Logo, a solução para essa
superação seria justamente a superação das formas de exploração do trabalho. É aí que
acontecem as lutas de classe, que atingem as relações de antagonismo entre capitalistas
e trabalhadores.

3. A modernização das empresas vem trazendo o desenvolvimento dos países, juntamente


com a produção em larga escala, facilidade na criação de novos produtos, entre diversas
outras vantagens. Mas junto com essa tecnologia, notamos que já um grande
crescimento do desemprego. Isso se dá porque estamos diante de uma nova revolução
industrial, onde a tecnologia vem substituindo as funções do trabalhador e também de
empresas, como por exemplo a empresa de fotografia Kodak, que com mais de 100.000
funcionários e lucro de bilhões foi substituída pelo uso do Instagram e Facebook, onde
as pessoas efetuam papeis de trabalhadores gratuitos, uma vez que estão movimentando
e promovendo os aplicativos. Essa mesma tecnologia permitiu uma globalização
financeira onde notícias geram grande impacto imediato nos títulos negociáveis em
mercados de toda parte do mundo, o que ocasiona uma migração de investimentos
constante. Desse modo, na atualidade é impossível questionar a questão social sem levar
em pauta a sua acentuação não só pelas razões já conhecidas desde o seu início, mas
também pelos novos fatores, com a inclusão de novos sujeitos e novas necessidades.

4. Alejandra Pastorini assume que a questão social sofreu alterações, porém manteve a sua
essência original. Ela afirma também que não se trata de uma nova questão social, visto
que os traços da questão social do século XIX ainda estão presentes. Assim, a questão
social capitalista segue tendo fundamento em um conjunto de problemas que tem
relação com a forma como os homens se organizam a fim de produzir e reproduzir, que
tem suas expressões diante da reprodução social. O capitalismo atual, associado às
novas tecnologias atribui um acréscimo à questão social já existente.
5.

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