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Aberta e a Distância
HISTÓRIA DA ÁFRICA
E CULTURA AFRO-
BRASILEIRA
Heloísa Maria Teixeira
Universidade
Federal
de Viçosa
Coordenadoria de Educação
Aberta e a Distância
Reitora
Nilda de Fátima Ferreira Soares
Vice-Reitor
Demetrius David da Silva
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CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Diretor
Frederico Vieira Passos
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4 Capítulo HISTÓRIA DA ÁFRICA
A diáspora africana
(séculos XVI ao XIX)
1. A aliança entre portugueses e africanos
No final do século XIV, os portugueses desembarcaram no continente africano,
navegando pelo Atlântico. A grande motivação era a expectativa de encontrar
um caminho mais curto para as minas de ouro da África ocidental. Sabemos
que essa região fora uma fonte de ouro para os países mediterrâneos durante
séculos. Muitos mapas dessa época mostram o “Rio do Ouro”, provavelmente
numa referência ao rio Senegal. Além disso, buscavam um caminho para as
Índias que permitisse quebrar o controle que alguns comerciantes - em sua
maioria, italianos - tinham sobre o Mediterrâneo.
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Contornando lentamente a costa africana, aprendendo a navegar
em mares onde nenhum homem havia estado antes, com novas
embarcações, novos instrumentos de navegação e conhecimentos,
os portugueses foram os pioneiros entre os europeus no contato com
povos da África ocidental e central. Além de chegar ao ouro e encontrar
outro caminho para as Índias, ainda queriam cumprir sua missão de
propagadores do cristianismo.
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Guerras Justas: O rei de Portugal considerava que uma guerra era justa quando realizada
em legítima defesa, para garantir a liberdade na pregação do evangelho ou para assegurar
a liberdade de comércio. Os prisioneiros capturados em uma “guerra justa” poderiam ser
legalmente escravizados.
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adaptou perfeitamente.
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Apesar de no momento da chegada dos europeus a escravidão ser muito
antiga na África, o tráfico atlântico representou uma mudança drástica.
A prática da escravização se alastrou por vastas regiões do continente,
atingindo grupos étnicos e sociais de forma devastadora. Muitos
povoados empobreceram e muitas famílias foram desmanteladas.
O tráfico aprofundou divisões entre grupos locais e rivalidades se
intensificaram.
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de cativos do forte de Cape Coast, na Costa do Ouro, comprova que podiam ser
guardados até 15 mil indivíduos. Muitas vezes, a espera do embarque poderia
demorar meses.
Cape Coast: foi um importante forte de tráfico de negros para a Europa na antiga Costa
do Ouro, atual Gana. Desse lugar, milhares de africanos partiram para a “viagem sem
retorno” rumo à Europa e à América.
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Os estudos do tráfico comprovam uma constante predisposição a favor
dos homens. As mulheres representavam de um terço a um quarto dos
africanos forçados a migrarem, e as crianças representavam uma média
de 10% ou menos. O desequilíbrio numérico entre os sexos deve-se,
sobretudo, ao fato de os africanos colocarem menos mulheres à venda
em seus mercados de escravos no litoral do que homens. Na África, havia
grande demanda local por mulheres tanto livres quanto escravas, e é
esta contrademanda que explica porque menos mulheres entravam no
tráfico negreiro do Atlântico.
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Parece também que as crianças eram mais estimadas que adultos no mercado
escravo interno e poderiam não ter aparecido no litoral em grandes números,
devido a considerações locais de abastecimento.
Todos estes vieses de idade e sexo dos africanos que migraram tinham
impacto direto no crescimento e declínio da população escrava no Brasil. A baixa
proporção de mulheres que chegavam nos navios negreiros, o fato de a maioria
delas serem adultas de meia idade, que já haviam passado vários de seus anos
fecundos na África, além de poucas crianças serem trazidas para o Brasil, foram de
fundamental importância na subsequente história do crescimento demográfico
da população negra. Isso significava que os escravos africanos que chegavam ao
Brasil não podiam se reproduzir. As mulheres que vinham à América portuguesa
haviam perdido um pouco de seu potencial dos anos reprodutivos, eram menos
férteis e não poderiam propiciar uma geração maior do que a que chegava
da África. Aquelas regiões que experimentavam um pesado e constante fluxo
de escravos teriam dificuldades em manter suas populações escravas, quanto
menos aumentá-las, sem recorrer ao comércio transatlântico.
É este constante crescimento negativo da primeira geração de escravos
africanos que explica a intensidade do crescimento do tráfico negreiro para o
Brasil, nos séculos XVIII e XIX. À medida que a demanda de produtos brasileiros
crescia no mercado europeu, devido ao cada vez mais popular consumo de
açúcar, algodão e café, a necessidade de mão de obra aumentou e poderia ser
suprida apenas com a vinda de mais africanos.
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