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Ginecologia e Obstetrícia
Girão,
Eduilton
José;
Bezerra,
Leonardo
R.
P.
S.;
Neto,
Manoel
Martins;
Neto,
José
Ananias
Vasconcelos
/
José
Eduilton
Girão,
Leonardo
R.
P.
S.
Bezerra,
Manoel
Amrtins
Neto,
José
Ananias
Vasconcelos
Neto
Fortaleza
RDS, 2013.
xxxp.
ISBN xxx.xx.xxxx-‐xxx-‐x
CDDxxxx.x
3
Protocolos
para
uso
racional
de
antimicrobianos
em
adultos
Volume
I
Ginecologia
e
Obstetrícia
E
D
I
EDITORES / ORGANIZADORES:
APRESENTAÇÃO
Por outro lado, não se deve abrir mão da terapêutica racional, em razão de
restrição de estoque, salvo por motivo excepcional. Nesta situação, cabe à equipe
assistencial atuar, com firmeza, junto à farmácia e, se necessário, à administração do
hospital, no sentindo de assegurar a provisão do (s) produto(s) prescrito(s). Ou seja, é
inadequada a prescrição baseada no
“antibiótico de plantão”...
evitemos cursos prolongados de antimicrobianos, exceto quando tal foi com uma
indicação precisa. Há recomendação, bem fundamentada, que muitas infecções, até
mesmo pneumonias adquiridas em hospital, podem ser adequadamente tratadas em 07
(sete) dias. Por outro lado há muitos outros processos infecciosos que, por
características do agente etiológico ou do hospedeiro, requerem cursos terapêuticos
prolongados, alguns com associação de antimicrobianos.
Embora tais infecções ameaçadoras à vida possam exigir, como se verá adiante,
associação de antimicrobianos, às vezes incluindo os mais recentes e avançados, há
algumas situações, em que um só antimicrobiano, até mesmo um dos antigos, pode ser
eficaz. Exemplos dessas últimas são: meningite meningocócica, responsiva a
ceftriaxona; infecção estafilocócica comunitária, com possibilidade de resposta a
oxacilina, cefalotina ou sulfametaxozol+trimetoprim; erisipela, responsiva a penicilina
etc.
* Solicita-se, assim, que condutas, fora do que consta nos protocolos, só devem ser
adotadas, após discussão com os médicos da CCIH/SCIH ou seus representantes,
designados em cada serviço do hospital, conforme relação já estabelecida.
AUTORES DO VOLUME I –
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
COLABORADORES
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
1.1.2 Estolato de eritromicina: pode causar colestase. Deve ser evitado durante a
gravidez (e ser substituído pelo estearato).
1.2 CLINDAMICINA
1.3 GLICOPEPTÍDEOS
18
1.4 TETRACICLINAS
1.6 FLUOROQUINOLONAS
19
1.7 METRONIDAZOL
O uso em grávidas não tem sido acompanhado de aumento de defeitos congênitos.
Atravessa a placenta e penetra, eficazmente, na circulação fetal; seu uso durante a
gestação deve ter indicação precisa, não sendo recomendável no primeiro trimestre.
INFECÇÕES EM OBSTETRÍCIA
Infecções necrotizantes
Tipos
• Celulite por Clostridium
Causada por Clostridium perfringens (trauma local ou cirurgia); apresenta
crepitação (gás subcutâeneo), fáscia poupada, pouca repercussão sistêmica.
• Gangrena gasosa
Causada ppor C. perfringens, C. histolyticum ou C.septicum; ocorre por trauma
local, injeções de adrenalina ou neutropenia. Há mionecrose, formação de gás,
toxicidade sistêmicas, choque.
Infecção puerperal
Ampicilina (1-2 g cada 4 h) OU Penicilina( 3 milhões cada 4 h) + Gentamicina
(3-5 mg/kg/dia) + Metronidazol (500 mg cada 8 h OU Clidamicina( 3-5
mg/kg/dia )+ Gentamicina
Observações: Se função renal comprometida, trocar Gentamicina por
Ceftriaxona
Persistência de febre, após 48 h, s/ foco extragenitalàabordagem cirúrgica
Abortamento clandestino
Ampicilina (ou Penicilina) + Gentamicina + Metronidazol OU
Clindamicina+ Gentamicina
Mastite puerperal
Oxacilina 2 g cada 4h+Metronidazol 500 mg cada 8 hs -7 a 10 dias OU
Clindamicina 600 mg cada 6 h – 7 a 10 dias. Tratamento ambulatorial:
Cefalexina 1 6/6h OU Clindamicina 600 mg cada 6 h (ambos via oral, por 7
dias). Drenagem de coleção
22
23
CAPÍTULO 2
USO DE ANTIBIÓTICOS EM
OBSTETRÍCIA
Quadro I
Classificação dos antibióticos de acordo com o grau de risco na gravidez (FDA)
Quadro II
Antibióticos Uso na Uso na Comentários
gestação lactação
(categoria (OMS)**
FDA*)
hepatotoxicidade
- Compatível com amamentação
Espiramicina • Espiramicina:
- Difusão pela placenta é
incomum, entretanto se
concentra na placenta e alcança
concentrações suficientes para
diminuir a transmissão de
toxoplasmose
- Não trata o feto infectado
- Ausência de relatos de
alterações fetais
- Excretado no leite materno em
concentrações bacteriostáticas
Claritromicina C • Claritromicina
- Poucos estudos e resultados
contraditórios:
- Passagem pela placenta em
grandes quantidades
- Base fraca, com concentração
no leite materno podendo ter
efeitos no TGI do RN
Metronidazol B E • Incompatível com aleitamento
materno
Nitrofurantoína B S • Ausência de relatos de efeitos
teratogênicos
• Seguro mesmo no 1º trimestre
• Evitar uso próximo ao parto (risco
de anemia hemolítica em RN com
deficiência de G6PD)
• Compatível com a lactação, mas a
OMS recomenda evitar uso no 1º
mês de lactação, em prematuros,
deficiência de G6PD e icterícia
Polimixinas C
Quinolonas C E • Alta concentração em líquido
Ciprofloxacino, Ofloxacino, amniótico e sangue do cordão
Levofloxacino, umbilical
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QUADRO 3
Antiparasitários Comentários
Gestação Lactação
( (OMS)**
FDA*)
Albendazol C S
Atovaquone C S
Cloroquina C S
Ivermectina C
Mebendazol C S
Mefloquina C E
Pentamidina C ND
Pirimetamina C
Praziquantel B S
Quinidina C
Quinino X S Monitorar hemólise, icterícia
especialmente em prematuros e em
<1 mês
CAPÍTULO 3
ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM
OBSTETRÍCIA
Esquema 2: Cefazolina (1 g, EV, 8/8h por 48h) e depois Cefalexina (500 mg,
VO, 6/6h por cinco dias).
• Paciente, com cultura retovaginal positiva para GBS, se for submetida a parto
cesariano planejado, sem trabalho de parto e sem rotura das membranas. De qualquer
forma, deve ser realizada a cultura entre a 35ª e a 37ª semanas, em face da possibilidade,
inesperada, do início do trabalho de parto ou da rotura das membranas, circunstância em
que está indicada a antibioticoprovilaxia contra GBS.
• Grávidas com cultura negativa para GBS entre a 35ª e a 37ª semanas
Os resultados da cultura não são preditivos do estado GBS após cinco semanas
após a obtenção da amostra, por isso, se o parto prematuro ocorre mais do que cinco
semanas após a cultura negativa, a abordagem é a mesma que para grávida com estado
de colonização desconhecido.
O esquema antibiótico é:
4/4h;
• Outra alternativa: Ampicilina, EV, 2 g inicialmente e depois 1 g de 4/4 h (tem
maior potencial de induzir resistência microbiana);
• Em alérgicas de
o “Baixo risco”: usar cefalosporina;
o “Alto risco”: Vancomicina (1g, 12/12 h).
A duração da profilaxia deve começar 4 horas antes do parto ou, já na admissão das
pacientes, continuando até o parto. Se, depois de um período de observação, o trabalho
de parto prematuro não evoluir, a profilaxia para GBS deve ser interrompida.
CAPÍTULO 4
INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS, NA
GRAVIDEZ E PUERPÉRIO
4.2 PNEUMOMIA
• Azitromicina ou
• Azitromicina mais ceftriaxona (casos graves).
• Outros antibióticos com bom perfil de segurança incluem:
o Penicilinas,
o Beta-lactâmicos,
o Clindamicina e
o Aminoglicosídeos.
4.3.2 ENDOMETRITE
4.3.3 CORIOAMNIONITE
Cerca de 20% por cento das falhas do tratamento são devidas a organismos
resistentes, como os enterococos.
• Na ausência de dados microbiológicos, fazer Ampicilina, outra
Penicilina ou Ampicilina-Sulbactam;
• Paras as alérgicas, usar Vancomicina.
Exame físico completo deve ser realizado, seguido de culturas (sangue, urina e
exsudatos) e estudos de imagem, como ultrassonografia (abscesso pélvico e coleções de
fluidos); TC OU RNM (tromboflebite pélvica séptica ou trombose da veia ovariana).
CAPÍTULO 5
ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM
CIRURGIAS DO TRATO
UROGENITAL
CAMILA VASCONCELOS
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o Pacientes imunocomprometidos
o Desvios importantes do estado nutricional (desnutrição acentuada
ou obesidade)
o Cirurgias de urgência
o Procedimento com extensa dissecção tecidual
o Procedimento em órgão desvitalizado ou com circulação
comprometida
o Pacientes com idade avançada
o Diabetes mellitus não compensado ou importante complicação
o Hérnia recidivada
o Reoperação (os primeiros dias depois da primeira cirurgia)
o Valvopatia cardíaca
Não usar, como profilático, o mesmo antibiótico que vinha sendo usado antes.
Exceto em: se tratamento de profilaxia para um processo infeccioso existente, estiver
baseado, na sensibilidade do patógeno isolado.
• Início do antibiótico
Os níveis plasmáticos protetores devem ser mantidos durante toda a cirurgia, fato
frequentemente esquecido nas intervenções de longa duração. Recomenda-se que as
doses sejam repetidas no decorrer do ato operatório, respeitando a meia-vida do
fármaco e considerando o aumento das perdas sangüíneas inerentes ao procedimento.
• Duração da profilaxia
QUADRO 1:
PROCEDIMENTO ANTIMICROBIANO PROPOSTO
Histerectomia Cefazolina 1 a 2g IV
de escolha
Remoção
de
Tracto
GUf
Se
fator
-‐
Fluoroquinolonab
-‐
Aminoglicosídeo
≤24hb
cateter
urinário
de
riscoa
(az-‐treonam)
±
externo
-‐
TMP-‐SMXb
ampicilinab
Amoxacilina/clavu
lana-‐tob
Amoxacilina/clavu
lanato
Amoxacilina/clavu
lanato
Amoxacilina/clavu
lanato
Amoxacilina/clavu
lanato
Cirurgia
vaginal
Tracto
GU,
Sempre
-‐Cefalosporina
de
1ª
Ampicilina/sulbac ≤24h
(inclusive
pele
e
Strep.
ou
2ª
geração
tam
colocação
de
Grupo
Bf
sling)
-‐Aminoglicosídeo
-‐
Fluoroquinolona
(aztreonamc)+metro
nidazol
ou
clindamicina
Cirurgia
aberta
Pelef
Se
fator
-‐Cefalosporina
de
1ª
-‐
Clindamicina
Dose
ou
laparoscópica
de
risco
geração
única
sem
entrar
no
trato
urinário
-‐ Fluoroquinolona
Piperacilina/tazob
47
actam
-‐ Fluoroquinolona
a
Se a urinocultura não demonstrar crescimento bacteriano, a profilaxia antibiótica não será
recomendada.
b
Ou curso completo de antibiótico guiado por cultura para infecção documentada (trata-se de
terapia e não profilaxia).
c
Aztreonam pode ser substituído por aminoglicosídeo em paciente com insuficiência renal.
d
Inclui ressecção transuretral de tumor vesical e de próstata, e qualquer bióspia, ressecção,
fulguração, remoção de corpo estranho, dilatação uretral ou uretrotomia, ou manipulação
ureteral, incluindo cateterização, colocação ou retirada de stent.
e
Clindamicina ou aminoglicosídeo+clindamicina são alternativas gerais para penicilinas ou
cefalosporinas em pacientes com alergia a estes mesmo que não especificada.
f
Intestino: Organismos intestinais comuns são E. coli, Klebsiella sp, Enterobacter, Serratia sp,
Proteus sp, Enterococcus e anaeróbios.
Trato genitourinário: Organismos do trato urinário comum são E. coli, Klebsiella sp, Proteus
sp e Enterococcus.
48
CAPÍTULO 6
CAMILA VASCONCELOS
49
6.1 Definição:
É a infecção que ocorre como complicação de uma cirurgia, comprometendo a
incisão, tecidos ou órgão/cavidade manipulados. É assim considerada se ocorrer até 30
dias depois da operação (ou até um ano, em caso de implante de prótese ou corpo
estranho).
6.2 Tipos:
6.2.1 Incisional superficial:
Envolve pele ou o tecido subcutâneo (TSC) da incisão. Pressupõe a
existência de, pelo menos, um dos critérios:
1. Drenagem purulenta pela incisão, com ou sem confirmação laboratorial;
2. Microorganismo isolado, de maneira asséptica, a partir da secreção ou tecido
da incisão;
3. Abertura deliberada dos pontos, pelo cirurgião (este critério não é válido na
inexistência de pus ou microorganismo isolado);
4. Existência de dor, edema, eritema ou calor local;
5. Diagnóstico da ISC pelo médico cirurgião ou assistente.
Caso a ISC afete mais de um dos níveis acima citados, considera-se a de nível mais
profundo.
o Vancomicina ou Teicoplanina.
• Operação envolvendo tratos GI ou GU e/ou com febre e/ou
neutrofilia:
o Cefepima e Metronidazol ou
o Piperacilina-Tazobactam e Vancomicina ou Teicoplanina.
CAPÍTULO 7
VULVOVAGINITES INFECCIOSAS
KATHIANE LUSTOSA
7.1 Definição:
Manifestações inflamatórias e/ou infecciosas do epitélio estratificado da vulva
e/ou vagina. Deve-se sempre tentar diferenciar da descarga vaginal fisiológica.
7.2.1 Candidíase:
Candida albicans ( 87%) ou espécies de C. glabrata, C. tropicalis e C. parapsilosis).
75% das mulheres terá pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal na
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• Fatores predisponentes:
o Gestação
o Diabete mellitus
o Uso de antibiótico de largo espectro
o Uso de imunossupressores
o Doenças crônicas, neoplasias, infecção pelo HIV
o Hábitos alimentares e de vestimentas
o Alterações imunológicas e reações alérgicas
• Diagnóstico:
o Sintomas:
o Secreção vaginal branca, espessa, sem odor (tipo “leite
coalhado”)
o Prurido intenso
o Ardência vaginal
o Disúria externa
o Dispareunia Superficial
Lembrar que o auto diagnóstico não é eficaz, pois sintomas são inespecíficos,
incorrendo muito comumente em supertratamento, mesmo em mulheres com
história de recorrência.
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• Exame ginecológico:
o Corrimento grumoso, aderido às paredes vaginais
o Hiperemia da vagina e vulva
o Edema
o Escoriações na vulva
• Exames complementares:
o pH vaginal normal (< 4,5) – não é teste adequado, portanto
o Exame, a fresco, com KOH 10%, para visualizar hifas e pseudo-
hifas ramificadas e brotamentos. O KOH melhora a visualização de
levedura/micélio pois rompe o material celular que possa obscurecer a
levedura ou pseudohifa
o Bacterioscopia / Gram
o Cultura em meio de Sabouraud ou de Nickerson
§ Considerar a cultura: Mulheres sintomáticas, com exames
a fresco negativos
§ Considerar tratamento empírico: Mulheres sintomáticas,
exame físico sugestivo de vaginite, com exames a fresco
negativos e culturas negativas (ou se não puderem ser
realizadas)
§ Não tratar: cultura positiva para cândida em pacientes sem
sintomas
Portanto: O diagnóstico pode ser feito em uma mulher que tem sinais e sintomas de
vaginite quando
1) uma preparação húmida (salina, KOH a 10%), ou a coloração de Gram
de corrimento vaginal demonstra leveduras, hifas, ou pseudohifas
OU
2) uma cultura, ou outro teste produz uma espécie de levedura
• Tratamento:
o Mudanças de hábitos:
§ Evitar roupas sintéticas, apertadas e molhadas;
§ Evitar sabonetes e cremes vulvovaginais que não respeitam o pH
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Observações:
Não é uma DST, portanto é dispensável o tratamento do parceiro. Aqueles que
apresentam sintomas de balanite, (áreas eritematosas sobre a glande com prurido ou
irritação) se beneficiam com o tratamento.
Pacientes assintomáticas não necessitam de tratamento. Casos complicados são
definidos por sintomas severos ou recorrentes, por outras espécies de Candida ou
hospedeiro com resposta imunobiológica inadequada. Não há necessidade de tratar o
parceiro, a não ser que o mesmo apresente queixas.
• Para quadros não complicados: usar tratamentos, em dose única, ou
por curtos períodos. Não há superioridade entre as vias oral e vaginal.
• Fatores predisponentes:
o Uso indiscriminado de antibióticos,
o Diafragma,
o Espermicidas,
o Anel vaginal,
o Tampões retidos,
o Duchas constantes,
o “Adereçossexuais”
o Coito
• Diagnóstico:
• Critérios diagnósticos de Amsel, 1983 – Para diagnóstico deve-se encontrar 3
destes critérios:
o Corrimento vaginal, homogêneo, branco-acinzentado, com odor fétido
(especialmente após a relação sexual ou após o período menstrual)
o pH > 4,5
o Teste do KOH10% (ou teste das aminas ou Whifftest) positivo
o Exame a fresco com visualização de clue cells
• Opções terapêuticas:
Nas mulheres sintomáticas para alívio dos sintomas
Observações:
Pacientes gestantes assintomáticas devem ser tratadas, a partir do 2° trimestre
(metronidazol, clindamicina ou tinidazol, por 7dias), para prevenção de parto
prematuro, sobretudo aquelas de maior risco, apesar de ainda não haver evidências
definitivas. Nas pacientes de baixo risco para parto prematuro não se orienta tratar os
casos assintomáticos.
Durante a lactação, pode-se tratar, com dose única, com o cuidado de suspender a
amamentação por 24h.
Não é necessário tratar os parceiros, exceto em casos recidivantes. Nesses casos,
para as pacientes, prefere-se a combinação das vias vaginal e oral.
7.2.3 Tricomoníase:
Causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, é sexualmente transmissível.
Pode acometer o colo do útero, causando uma cervicocolpite e dando um aspecto de
colo em morango ou framboesa. Há reação inflamatória intensa, podendo haver,
inclusive, alterações nucleares, evidenciadas na citologia oncótica. Casos
assintomáticos existem a despeito da presença do protozoário.
O CDC de Atlanta em 2010, recomenda rastreamento de T. vaginalis em
mulheres consideradas de alto risco de infestação: mulheres que têm novos parceiros ou
múltipla, tem um histórico de doenças sexualmente transmissíveis, sexo em troca de
pagamento, e usuárias de drogas injetáveis.
60
• Diagnóstico:
Exame microscópico do conteúdo vaginal:
(avaliação imediata de lâmina a seco).
Possui entretanto baixa sensibilidade: 60-70%
• Sintomas:
• Secreção vaginal intensa, amarelo-esverdeada, fétida, bolhosa
• Prurido/irritação vaginal
• Dispareunia e sinusiorragia
• Disúria e Sintomas urinários
• Exame ginecológico:
• pH > 5,0
Observações:
Pacientes gestantes sintomáticas devem ser tratadas a partir do 2° trimestre,
também com a preferência pela via oral. Durante a lactação, pode-se tratar com dose
única, com o cuidado de suspender a amamentação por 24h.
62
CAPÍTULO 8
KATHIANE LUSTOSA
Agentes primários
• Microorganismos de transmissão sexual:
o Neisseria gonorrhoeae e Clamydia trachomatis
o M. hominis e U. urealyticum
Fisiopatogenia
Ascensão de micro-organismos pelo trato genital
Período perimenstrual e pós-menstrual imediato
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8.5 Estadiamento
o ESTÁGIO 0: infecção ginecológica baixa , associada a
endometrite
o ESTÁGIO 1: salpingite, sem peritonite
o ESTÁGIO2: salpingite, com peritonite
§ Infecção monoetiológica
§ Infecção polimicrobiana
o ESTÁGIO 3: salpingite aguda, com:
§ Ooforite,
§ Oclusão tubária ou
§ Complexo tubo-ovariana
o ESTÁGIO 4: ruptura do complexo tubo ovariano
65
o Critérios mínimos:
§ Dor em hipogástrio
§ Dor à mobilização uterina
§ Dor à palpação dos anexos
o Critérios adicionais:
§ Temperatura > 38 °C
§ Corrimento vaginal ou cervical mucopurulento Leucócitos no conteúdo
vaginal
§ VHS elevado
§ Proteína C reativa elevada
§ Comprovação laboratorial de infecção cervical, com N. gonorreia ou C.
Trachomatis
o Critérios elaborados:
§ Biopsia endometrial com evidência histopatológica de endometrite
§ USG transvaginal mostrando: líquido livre ou massa anexial tubo-
ovariana
§ Achados laparoscópicos consistentes com DIP.
• Desvantagens:
§ Nem sempre disponível
§ Pode não detectar endometrite e algumas salpingites agudas
• Quando iniciar?
Assim que se faça o diagnóstico presuntivo; quanto mais cedo, maior a
prevenção das sequelas.
• Critérios de internação
• Suspeita de abscesso
• Peritonite ou sepse
• Dúvidas diagnósticas
• Imunossuprimidos
• Tratamento Ambulatorial
Tratamento Ambulatorial:
Pacientes com bom estado geral, sem evidências de gravidade
Esquemas alternativos:
1. Amoxicilina + ácido clavulânico e doxiciclina
2. Ceftriaxona 250mg IM e azitromicina 1g/ semana por 2 semanas
Considerar associar metronidazol ao esquema
Tratamento parenteral (se houver melhora clínica, continuar com tratamento VO, por
14 dias: Doxiciclina 100mg, VO, 12/12):
§ Primeira linha:
Clindamicina 900 mg EV 8/8h
+
Gentamicina EV ou IM (2mg/kg de peso), seguido por dose de manutenção de 1,5
mg/kg de peso, 8/8 h, ou, em dose única, 3 – 5mg/kg/dia
§ Segunda Linha:
Ampicilina/Sulbactam, 3g EV de 6/6h
+
Doxiciclina 100mg vo 12/12h ou combinada (curso de 12 dias de Metronidazol 500
mg, EV 1 ou 2 doses, seguida por 250 mg oral por 5–6 dias)
Casos especiais:
• Gestantes: Tratamento parenteral
• Mulheres que convivem com o vírus HIV: Não foi determinado se há
necessidade de abordagem mais agressiva
70
• Piora da paciente
CAPÍTULO 9
9.1 DEFINIÇÃO
A ITU é caracterizada pela presença de bactérias na urina. Anteriormente,
bacteriúria igual ou acima de 100.000 unidades formadoras de colônias/ml (ufc/ml)
constituía-se em critério diagnóstico.
9.2 ETIOLOGIA
Os germes que mais frequentemente causam I.T.U. não complicada são os
Gram negativos entéricos: E. coli (>90%), Klebsiella. Enterobacter, Proteus,
Providencia e S. saprophyticus. Nas ITUs complicadas Pseudomonas e Enterococcus
representam 5 a 10% principalmente quando há instrumentação do trato urinário.
9.3 DIAGNÓSTICO
• Manifestações clínicas:
o ITU alta: febre, calafrios, dor lombar
o ITU baixa: disúria, polaciúria, dor suprapública ou perineal.
Geralmente sem febre.
• Laboratório:
o Sedimento Urinário: piúria, bacteriúria homogênia e graus
variáveis de hematúria.
o Urinocultura (UC) - é o “padrão ouro” para o diagnóstico, com
a presença de 100.000ufc/ml ou mais. Destaque-se ainda o relevante papel da
74
9.4 TRATAMENTO:
o Idade
o Presença ou não de sintomas e da topografia (alta ou baixa),
o Se é episódio isolado ou recorrente,
o Hospitalar ou comunitário,
o Condições da paciente.
76
ESQUEMAS TERAPEUTICOS
DIAGNÓSTICO ANTIBIÓTICO VIA DURAÇÃO
PIELONONEFRITE Ciprofloxacina 500mg de 12/12 h ou
AGUDA NÃO Amoxicilina + Clavulanato 500/125mg de Oral 14 dias
COMPLICADA 8/8h
PIELONEFRITE Ciprofloxacina 400mg de 12/12h, após 48- 14 dias
AGUDA 72h com melhora clínica poderá ser
COMPLICADA substituído por medicação oral ou
77
• BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
• Medidas gerais:
o Hidratação adequada,
o Intervalo entre as micções de no máximo 4 h,
o Urinar após o coito,
o Terapia tópica com estrógenos, quando indicada.
• ITU com nítida relação com atividade sexual, utilizar antibiótico pós-
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REFERÊNCIAS CONSULTADAS