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  Protocolos  para  uso  


racional  de  antimicrobianos  
em  adultos  
 
Volume  I    

Ginecologia  e  Obstetrícia  

José  Eduilton  Girão  


Leonardo  R.  P.  S.  Bezerra  
Manoel  Martins  Neto  
José  Ananias  Vasconcelos  Neto  
2  

PROTOCOLOS PARA USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS


EM ADULTOS-VOLUME I-GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
© 2013 Copyright by José Eduilton Girão, Leonardo R. P. S. Bezerra,
Manoel amrtins Neto, José Ananias Vasconcelos Neto
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Efetuado depósito legal na Biblioteca Nacional
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Capa
Wescley Jorge Barbosa - Assessor de Comunicação HGCC/SESA
Revisão de Texto
José Eduilton Santana Girão
José Ananias Vascomcelos Neto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
ISBN:---------
1. PROTOCOLOS PARA USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS
EM ADULTOS-VOLUME I-GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
.

Girão,  Eduilton  José;  Bezerra,  Leonardo  R.  P.  S.;  Neto,  Manoel  Martins;  Neto,  José  
Ananias  Vasconcelos  

           PROTOCOLOS PARA USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS EM


ADULTOS - VOLUME I - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA  

/    José  Eduilton  Girão,  Leonardo  R.  P.  S.  Bezerra,  Manoel  Amrtins  Neto,  José  
Ananias  Vasconcelos  Neto  Fortaleza  

RDS,  2013.  

                     xxxp.  

                     ISBN  xxx.xx.xxxx-­‐xxx-­‐x  

                     1.  Ginecologia  e  Obstetrícia.  I.  Título  

                 

               CDDxxxx.x  
3  

 
Protocolos  para  uso  racional  
de  antimicrobianos  em  
adultos  
 
Volume  I    
Ginecologia  e  Obstetrícia  
E
D
I

José  Eduilton  Girão  


Leonardo  R.  P.  S.  Bezerra  
Manoel  Martins  Neto  
José  Ananias  Vasconcelos  Neto  
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EDITORES / ORGANIZADORES:

JOSÉ EDUILTON GIRÃO


LEONARDO R. P. S. BEZERRA
MANOEL MARTINS NETO
JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO
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APRESENTAÇÃO

Os protocolos foram elaborados por médicos do HGCC e de outras instituições,


os quais se basearam: na sua própria experiência clínica, em evidências científicas, no
perfil da microbiota e na padronização de antimicrobianos do HGCC.

Os casos mais complexos, não contemplados pelos protocolos, em razão da


gravidade ou da existência de microrganismos multirresistentes, devem ser sempre,
discutidos com profissionais mais experientes e/ou com os médicos da CCIH.

Antes de fazer a prescrição, o médico deve se comunicar com a farmácia


hospitalar, sobre a disponibilidade de estoque suficiente do(s) antimicrobiano(s)
escolhido(s), a fim de evitar eventual descontinuidade do esquema terapêutico.

Por outro lado, não se deve abrir mão da terapêutica racional, em razão de
restrição de estoque, salvo por motivo excepcional. Nesta situação, cabe à equipe
assistencial atuar, com firmeza, junto à farmácia e, se necessário, à administração do
hospital, no sentindo de assegurar a provisão do (s) produto(s) prescrito(s). Ou seja, é
inadequada a prescrição baseada no
“antibiótico de plantão”...

Para a liberação, pela Farmácia, do(s) antimicrobiano(s), continuará a ser


exigido o receituário, cabível para, até, três produtos, com todos os campos
devidamente preenchidos. Esta exigência se justifica pela grande importância que
o referido documento tem para os seguintes fins: auxiliar na vigilância
epimidemiológica das infecções; contribuir para as ações de consultoria e controle
quanto ao uso racional dos antimicrobianos, visando a favorecer o paciente e a
reduzir a resistência microbiana e permitir, quando necessário, levantamento
sobre o consumo daqueles importantes medicamentos.

Assim, solicita-se que os colegas médicos assistentes perseverem no


preenchimento do mencionado receituário, tanto na indicação terapêutica, como
na profilaxia (clínica ou cirúrgica).

É oportuno lembrar que, além da observância dos protocolos que se seguem,


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evitemos cursos prolongados de antimicrobianos, exceto quando tal foi com uma
indicação precisa. Há recomendação, bem fundamentada, que muitas infecções, até
mesmo pneumonias adquiridas em hospital, podem ser adequadamente tratadas em 07
(sete) dias. Por outro lado há muitos outros processos infecciosos que, por
características do agente etiológico ou do hospedeiro, requerem cursos terapêuticos
prolongados, alguns com associação de antimicrobianos.

Para paciente vindo da comunidade ou de outra instituição (hospital, UPA, etc.)


sem o diagnóstico etiológico da infecção, o médico do HGCC, mesmo antes do
isolamento do patógeno, adotará o esquema antimicrobiano, com base nos dados
epidemiológicos, clínicos (e de outros exames complementares), além de considerar
peculiaridades do paciente (idade, peso, estado nutricional e imunitário, eventuais
disfunções orgânicas, alergia à droga etc).

Concernente ao paciente oriundo de outro hospital, o médico do HGCC exigirá o


relatório da instituição de origem, com ênfase a dados de exames microbiológicos,
procedimentos invasivos e tratamentos antimicrobianos, que, lá, tenham sido feitos. Na
ausência – injustificável - de tais informações, o médico do HGCC, cobrará, pelo meio
mais eficaz, com o medico que, no hospital de origem, assistiu o paciente, tentando
obter, dele, os referidos dados, ou, pelo menos, indagando do perfil da microbiota
daquele hospital, como auxílio para o estabelecido do esquema, no HGCC.

Com relação, ainda, ao paciente que veio transferido, o médico do HGCC,


independentemente das informações que tenha obtido, poderá solicitar novos exames
microbiológicos, em face da crescente prevalência de microrganismos resistentes
(enterococos resistentes a vancomicina - VRE, bacilos Gram-negativos resistentes a
carbapenêmicos e, até, a polimixina, C. difficile e fungos) e de tuberculose,
principalmente em imunodeprimidos.

Imperioso é, também se considerar a gravidade, presente ou potencial, de cada


caso, ou seja, se a doença é localizada, potencialmente septicêmica ou septicêmica.
Alguns estados, como pneumonias graves, sepses, síndromes meníngeas, especialmente
com suspeita de etiologia meningocócica e outras, requerem terapêutica sempre
precoce, o que não implica em conduta de afogadilho (dispensando a realização de,
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pelo menos, um par de hemoculturas e de exames microbiológicos que possam ser


feitos, de início).

Embora tais infecções ameaçadoras à vida possam exigir, como se verá adiante,
associação de antimicrobianos, às vezes incluindo os mais recentes e avançados, há
algumas situações, em que um só antimicrobiano, até mesmo um dos antigos, pode ser
eficaz. Exemplos dessas últimas são: meningite meningocócica, responsiva a
ceftriaxona; infecção estafilocócica comunitária, com possibilidade de resposta a
oxacilina, cefalotina ou sulfametaxozol+trimetoprim; erisipela, responsiva a penicilina
etc.

Uma vez identificado e caracterizado o padrão de sensibilidade do agente, o


esquema inicial poderá, obviamente, ser modificado, conforme tais dados. Cumpre
lembrar, a propósito, que não se deixará de fazer o descalonamento, quando indicado,
para um esquema mais simples ou de espectro antimicrobiano mais estreito, não deve
deixar de ser feito, apenas porque o paciente esteja evoluindo bem com o esquema
inicial, de amplo espectro.

Cabe lembrar, também:

* Todo paciente grave ou potencialmente grave requer vigilância clínica


continuada e adequada e, em muitos casos, suporte de vida em terapia intensiva.

* Em muitos casos, se deve cogitar da existência de um foco infeccioso, a ser


removido, sem o qual o tratamento antimicrobiano não funcionará.

* Acessos vasculares e outros devices podem ser a fonte de uma infecção,,


devendo ser abordados e, geralmente, retirados.

* Em todas as circunstâncias, o esquema terapêutico deve ser objeto de reavaliação


clínica e, se necessário, com imagens e outros exames, incluindo os
microbiológicos.

* Os médicos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)/ Serviço de


Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Geral Cesar Cals se colocam à
disposição para discussão do que for necessário.
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* Solicita-se, assim, que condutas, fora do que consta nos protocolos, só devem ser
adotadas, após discussão com os médicos da CCIH/SCIH ou seus representantes,
designados em cada serviço do hospital, conforme relação já estabelecida.

JOSÉ EDUILTON GIRÃO

Especialista em Clínica Médica pela Associação Médica Brasileira/CFM/SBCM


Membro do Comitê de Clínica Médica e do Comitê estadual para normatização do uso racional
de antimicrobianos
Membro do Serviço e da Comissão de controle de infecção hospitalar do HGCC/SES/CE
Membro da Academia Cearense de Medicina
Fellow of American College of Physicians
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APRESENTAÇÃO DO VOLUME I – GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

Tendo em vista a prevalência elevada das enfermidades tocogonecológicas em


nosso meio resolvemos publicar esta edição inicial em separado. Os leitos de
Ginecologia mas sobretudo os de Obsterícia, as taxas de atendimento ambulatorial e
emergenciais demandaram a emergente necessidade de protocolarmos a
antibioticoterapia e profilaxia, especificamente no âmbito da tocoginecologia do
HGCC. As infecções puerperais, as infecções de sítio cirúrgico em ginecologia,
intercorrências infecciosas após procedimentos, dentre outras, nos sensibilizaram para a
necessidade de discutirmos com a CCIH a padronização de medicamentos para serem
rapidamente prescritos e utilizados. Para isto um manual, um referencial simples e
direto se faz mister.
A nossa proposta, modesta e bem intencionada, seria de criar para médicos de
plantão, médicos residentes, internos, cirurgiões ginecologistas, dentre outros, um
manual de acesso fácil e de conduta rápida. Tendo em vista que a intervenção em
antibioticoterapia pode determinar prognósticos. A necessidade de um referencial
prático pode ser o grande diferencial entre a tomar ou não tomar a conduta certa.
Não pretendemos estabelecer padrões absolutos. O discernimento clínico
baseado em anamnese e propedêutica clínica serão superiores sempre. desejamos
fornecer mais um útil instrumento de pesquisa e referência clínica para a profilaxia e o
tratamento das infecções em tocoginecologia

LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA


Tocoginecologista
Supervisor da residência médica em ginecologia e obstetriccia do Hospital
Geral Dr. César Cals (HGCC)
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AUTORES DO VOLUME I –
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

CAMILA TEIXEIRA MOREIRA VASCONCELOS


Professora Adjunto I do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do
Ceará (UFC).
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará/Bolsista CAPES.
Mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará, (UFC).
Especialista em Enfermagem Obstétrica e em Saúde da Família.
Graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará, (UECE).

JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO


Médico formado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA)
Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo HGF/ESPCE
Título de Especialista pela FEBRASGO/AMB
Mestre em Tocoginecologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Supervisor da Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia do HGF
Professor de Práticas Médicas da UECE
Preceptor de Práticas em Ginecologia da Faculdade Christus

JOSÉ EDUILTON GIRÃO


Médico formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Residência de Clínica Médica do Hospital dos Servidores do Estado- Rio de Janeiro RJ
Especialista em Clínica Médica pela Associação Médica Brasileira/CFM/SBCM
Médico Perito do INSS
Membro do Comitê de Clínica Médica e do comitê estadual para normatização do uso
racional de antimicrobianos
Membro do Serviço e da Comissão de controle de infecção hospitalar do
HGCC/SES/CE
Membro da Academia Cearense de Medicina
Fellow of American College of Physicians
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KATHIANE LUSTOSA AUGUSTO


Médica formada pela Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Residente em Ginecologia e Obstetrícia pelo HGF/ESPCE

LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA


Médico formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo MEAC/UFC
Título de Especialista em ginecologia e obstetrician pela FEBRASGO/AMB
Doutorado e Mestrado em Ciências (Ginecologia) pela Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP)
Professor de Práticas Médicas da UECE
Coordenador do Setor de Uroginecologia e Disfunção do Assoalho
Pélvico do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC)
Supervisor da residência médica em ginecologia e obstetriccia do Hospital Geral Dr.
César Cals (HGCC)
Membro da Comissão de Ensino e Avaliação (CEA) da Federação Brasileira
das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)

LIDUINA DE ALBUQUERQUE ROCHA E SOUZA


Médica formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Preceptor da Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Geral Dr
César Cals
Preceptora da Escola de Saúde Pública do Ceará SESA/CE
Especialista em Ginecologia e Obstetrícia – FBRASGO/AMB
Habilitação em Medicina Fetal – FEBRASGO/AMB

MANOEL MARTINS NETO


Médico formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Preceptor da Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Geral Dr
César Cals
Mestrado em Tocoginecolgia -Universidade Federal do Ceará
Doutorando em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Ceará
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Especialista em Ginecologia e Obstetrícia – FBRASGO/AMB


Habilitação em Medicina Fetal – FEBRASGO/AMB

MARCOS FLÁVIO ROCHA


Médico formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Mestrado em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará, UFC
Residência médica. em Urologia no Hospital Geral de Fortaleza, HGF, Brasil.
Especialização em D'Université Chirurgie Endoscopique Viscerale. Université de
Bordeaux 2.
Especialização em DIU Chirurgie Endoscopique en Urologie. Universite D'Auvergne,
França..

SARA ARCANJO LINO KARBAGE


Médica formada na Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo HGF/ESPCE
Especialista em Uroginecologia e Disfunção do assoalho pélvico feminino
Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO/AMB
Mestranda da UNIFOR (Universidade de Fortaleza)
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AUTORES DE TODOS OS VOLUMES

ANDRÉ LUÍS MACEDO


ANTONIO GEORGE MATOS CAVALCANTE
CAMILA TEIXEIRA MOREIRA VASCONCELOS
EVELYNE SANTANA GIRÃO
JORGE LUIZ NOBRE RODRIGUES
JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO
JOSÉ EDUILTON GIRÃO
JOSÉ GERARDO DE ARAÚJO PAIVA
JOSÉ IRAN DE CARVALHO RABELO
JOSÉ WALTER CORREIA
KATHIANE LUSTOSA AUGUSTO
LÉO PIRES CORTEZ
LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA
LIDUINA DE ALBUQUERQUE ROCHA E SOUZA
MANOEL MARTINS NETO
MANOEL PEDRO GUEDES GUIMARÃES
MARCOS FLÁVIO ROCHA
MILENA SANTANA GIRÃO
OTHO LEAL NOGUEIRA
PAULO HENRIQUE DE MOURA REIS
RAPHAEL FELIPE
ROBÉRIO DIAS LEITE
SARA ARCANJO LINO KARBAGE
SEBASTIÃO DIÓGENES PINHEIRO
SUZANA TAVARES
THAÍS GUIMARÃES
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COLABORADORES

ANTONIO ELIEZER ARRAIS MOTA FILHO


ANTONIO LUIZ JERÔNIMO
FERNANDO HOLANDA
FRANCISCA DAMASCENO
FRANCISCO NEY LEMOS
HERIVALDO FERREIRA DA SILVA
LÉO PIRES CORTEZ
MARCO ANTÔNIO C.C.MUNIZ,
PAULO MARCOS LOPES
OSMAR ARRUDA
RICARDO RANGEL DE PAULA PESSOA
SILVIANE PRACIANO BANDEIRA
VLADIMIR TÁVORA DA FONTOURA CRUZ
WEBER CLÁUDIO MOURÃO
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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS ANTIMICROBIANOS, EM OBSTERÍCIA XX


CAPÍTULO 2: USO DE ANTIBIÓTICOS EM OBSTETRICIA XX
CAPÍTULO 3: ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM OBSTETRICIA XX
CAPÍTULO 4: INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS, NA GRAVIDEZ E PUÉRPERIO XX
CAPÍTULO 5: ANTIBIOTICOTERAPIA EM CIRURGIA GINECOLÓGICA XX
CAPÍTULO 6: INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO (ISC) XX
CAPÍTULO 7: VULVOVAGINITES XX
CAPÍTULO 8: DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) XX
CAPÍTULO 9: INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO XX
REFERÊNCIAS CONSULTADAS XX
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CAPÍTULO 1

CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS


ANTIMICROBIANOS EM
OBSTETRÍCIA

JOSÉ EDUILTON GIRÃO

MANOEL MARTINS NETO

LIDUINA DE ALBUQUERQUE ROCHA E SOUZA


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1.1 MACROLÍDEOS (Eritromicina, Azitromicina, Claritromicina e Roxitromicina)

1.1.1 Estearato de eritromicina: tem sido administrado sem restrições a gestantes


alérgicas à penicilina, no tratamento da sífilis. Com as doses terapêuticas usuais,
concentrações séricas muito baixas são encontradas na circulação fetal.

1.1.2 Estolato de eritromicina: pode causar colestase. Deve ser evitado durante a
gravidez (e ser substituído pelo estearato).

Recém-nascido de mãe tratada de sífilis com eritromicina, durante a


gravidez, deve receber benzilpenicilina.

A excreção da eritromicina no leite materno é relativamente elevada, sem


proporcionar, no entanto, uma concentração que exija suspensão da amamentação.

1.1.3 A Azitromicina é mais segura que a Claritromicina durante a gestação.


Estudos em animais não mostraram risco de teratogênese com o uso da
Azitromicina. A Claritromicina mostrou toxicidade em animais, entretanto o
benefício do uso pode exceder o risco em algumas situações.

1.2 CLINDAMICINA

Atravessa, rapidamente, a placenta e alcança níveis terapêuticos no feto. Até o


presente, não se relatou efeito teratogênico atribuível à Clindamicina. A colite associada
com o uso desse antimicrobiano não é mais comum durante a gravidez. No entanto, a
administração de Lincomicina ou Clindamicina durante a gravidez deve ser limitada a
indicações especiais, considerando-se a pequena experiência com seu uso em gestantes.

1.3 GLICOPEPTÍDEOS
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Atravessam a barreira placentária e provocam concentrações terapêuticas no


feto, mas sua experiência clínica em gestantes é pequena. O emprego da Vancomicina e
da Teicoplanina, na gestante, justifica-se, nos casos de indicação precisa, como nas
infecções por estafilococos resistentes à Oxacilina.

A Vancomicina é uma droga tóxica e seu uso na gestante é acompanhado do risco


de neurotoxicidade, que pode provocar alterações auditivas e nefrotoxicidade fetal.
O mesmo ocorre com a Teicoplanina.

1.4 TETRACICLINAS

Estão demonstradas desde alterações da coloração dos dentes até hipoplasia da


dentina. Outra importante justificativa para evitar seu uso durante a gravidez relaciona-
se ao risco de determinados efeitos tóxicos, tais como necrose gordurosa aguda do
fígado, pancreatite e lesão renal. As concentrações das tetraciclinas no leite materno são
semelhantes às concentrações séricas, com ingestão de quantidades significativamente
altas pelo lactente. Contudo, esses antimicrobianos são quelados pelo cálcio contido no
leite materno e, provavelmente, não são absorvidos no tubo digestivo da criança que
está recebendo aleitamento materno. Apesar disso, é preferível contra-indicar a
administração de tetraciclina a mulheres que estão amamentando.

1.5 SULFAMETOXAZOL + TRIMETROPRINA

Trimetoprina, no início da gestação, traz o risco potencial de teratogênese.


Sulfametoxazol apresenta os mesmos riscos de efeitos nocivos fetais das demais sulfas,
sobretudo no final da gravidez; pode provocar defeitos congênitos, especialmente fenda
palatina. É recomendável evitar o emprego da associação, durante a gravidez, sobretudo
durante o primeiro e o terceiro trimestres. São exceções as situações clínicas nas quais o
benefício do uso ultrapassa o risco potencial dos efeitos adversos para o feto, tais como
a pneumocistose.

1.6 FLUOROQUINOLONAS
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Embora tenham sido relatados casos esporádicos de artralgias em pacientes


tratados com todas as quinolonas, esse efeito é transitório, e não foram observadas
alterações articulares permanentes em adultos. A preocupação, quanto à possível lesão
articular induzida pelas fluoroquinolonas, constitui a razão de contra-indicar esses
antimicrobianos a gestantes e a crianças.

1.7 METRONIDAZOL
O uso em grávidas não tem sido acompanhado de aumento de defeitos congênitos.
Atravessa a placenta e penetra, eficazmente, na circulação fetal; seu uso durante a
gestação deve ter indicação precisa, não sendo recomendável no primeiro trimestre.

INFECÇÕES EM OBSTETRÍCIA

Infecção do Sítio Cirúrgico


Avaliação inicial:
Ultrassonografia de partes moles e pélvica
Coleta de material (se exsudação) , para bacterioscopia e cultura
Avalição clínica e exames complementares
Terapêutica:
Casos leves (SÓ flogose local, s/ comprometimento sistêmico): DISPENSA
ANTIBIÓTICO
Acometimento difuso e acentuado do TCSC sem comprometimento sistêmico:
Amoxiclina/clavulanato OU Clindamicina 300 cada 6 h ou 600 mg cada 8 h
(ambos VO)
Se comprometimento sistêmico:
Clindamicina 600 mg 6/6 h + Gentamicina 3-5 mg/kg/dia parenterais
Abordagem cirúrgica, c/ remoção do tec. necrótico, e envio para bacterioscopia
e cultura
.Forma exsudativa/purulenta: Esquema anterior. CONSIDERAR antibioticoterapia
HOSPITALAR
Celulite/fasciíte necrotizante: Penicilina 2.000.000 cada 4 h+Clindamicina 600
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mg cada 6 h, podendo se associar Gentamicina OU Ceftriaxona ou ATM mais


largo espectro

Infecções necrotizantes
Tipos
• Celulite por Clostridium
Causada por Clostridium perfringens (trauma local ou cirurgia); apresenta
crepitação (gás subcutâeneo), fáscia poupada, pouca repercussão sistêmica.

• Gangrena gasosa
Causada ppor C. perfringens, C. histolyticum ou C.septicum; ocorre por trauma
local, injeções de adrenalina ou neutropenia. Há mionecrose, formação de gás,
toxicidade sistêmicas, choque.

• Celulite anaeróbica, não clostrídica.


Microbiota aeróbica e anaeróbica.Ocorre em diabético.Gás nos tecidos.

• Fasciíte necrotizante tipo 1


Flora mista, Gram-negativos e Enterococos. Ocorre em cirurgia, diabestes e DAOP.
Síndrome de Fournier (área perineal , gordura e fáscia.

• Fascicíte necrotizante tipo 2


Streptococcus do grupo A.: ocorre em feridas penetrantes, cirurgia, queimaduras e
traumas. Toxicidade sistêmica, dor local intensa. Gangrena, choque, falência de
múltiplos órgãos.
Tratamento
• Coleta de material p/punção (ou 2 swabs) + hemoculturas + antibioticoterapia+
drenagem ampla através de incisões p/ exposição da fáscia e/ou músculos.
Considerear oxigenioterapia hiperbárica.
• Esquema antibiótico
- Comunitária:
- Clidamicina 900 mg, EV, 88/8 h+ Pen.Cristalina 3 mi,EV,4/4h. - Se flora mista
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ou Sd.Fournier: Clindamicina 900 mg,EV,8/8+Gentamicina 240mg/dia, EV.


Reavaliar esquema conforme microbiologia e evolução.
Hospitalar:Vancomicina, EV 12 h+ Amicacina 1 g 24/24 h+Metronidazol 500
mg, EV, 8/8 .
Reavaliar conforme microbiologia e evolução

Pele escaldada infectada(S. aureus)


Oxacilina ou Cefalosporina de 1ª. G ou Vancomicina

Infecção das membranas ovulares (Corioaminionite)


Ampicilina 1-2 g cada 4 h+Gentamicina 3-5mg/kg/dia+Metronidazol 500 mg
8/8h OU Clindamicina + Gentamicina. No ambulatório:
Amoxiclina/Clavulanato 500/125 cada 8 h
Conduta obstétrica por via vaginal ou por via abdominal

Infecção puerperal
Ampicilina (1-2 g cada 4 h) OU Penicilina( 3 milhões cada 4 h) + Gentamicina
(3-5 mg/kg/dia) + Metronidazol (500 mg cada 8 h OU Clidamicina( 3-5
mg/kg/dia )+ Gentamicina
Observações: Se função renal comprometida, trocar Gentamicina por
Ceftriaxona
Persistência de febre, após 48 h, s/ foco extragenitalàabordagem cirúrgica

Abortamento clandestino
Ampicilina (ou Penicilina) + Gentamicina + Metronidazol OU
Clindamicina+ Gentamicina

Mastite puerperal
Oxacilina 2 g cada 4h+Metronidazol 500 mg cada 8 hs -7 a 10 dias OU
Clindamicina 600 mg cada 6 h – 7 a 10 dias. Tratamento ambulatorial:
Cefalexina 1 6/6h OU Clindamicina 600 mg cada 6 h (ambos via oral, por 7
dias). Drenagem de coleção
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23  

CAPÍTULO 2

USO DE ANTIBIÓTICOS EM
OBSTETRÍCIA

JOSÉ EDUILTON GIRÃO

MANOEL MARTINS NETO

LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA

SARA ARCANJO LINO KARBAGE


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Quadro I
Classificação dos antibióticos de acordo com o grau de risco na gravidez (FDA)

Categoria Descrição Exemplos


A Sem risco fetal humano
B Sem evidência de risco fetal Becta-lactâmicos e inibidores beta-
humano; possível evidência de lactâmicos, cefalos-porinas, monobactans,
toxicidade fetal animal eritromicina, azitromicina, acido nalidixico,
clindamicina, metronidazol, sulfonamidas,
anfotericina B
C Risco fetal humano desconhecido Carbapenems, gentamicina, claritromicina,
ou evidência definitiva de fluorquinolonas, trimetoprim, vancomicina
toxicidade fetal animal
D Risco fetal verificado; benefícios Aminoglicosidos, tetraciclinas,
potenciais justificam o uso quando estreptomicina
não há alternativa disponível mais
segura

X O risco fetal humano sobrepõe-se


aos potenciais benefícios
Contraindicado para uso na
gravidez

Quadro II
Antibióticos Uso na Uso na Comentários
gestação lactação
(categoria (OMS)**
FDA*)

Aminoglicosídeos D S • Se uso inevitável preferencial


Amicacina, Gentamicina, gentamicina, pois há mais estudos
Netilmicina, Tobramicina, de seu uso durante a gestação,
Estreptomicina sem relatos de teratogenicidade
• Compatível com aleitamento
materno
ß-lactâmicos B S • Reação alérgica é o principal
Penicilinas, penicilina com problema: indução de parto
inibidor de ß-lactamase, prematuro por liberação de
cefalosporinas, aztreonam histamina
• Pequena excreção no leite
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materno: possíveis efeitos para o


neonato como modificação na flora
intestinal e reações alérgicas
• Ticarcilina: pode ser teratogênica
para roedores, devendo ser
evitadas em gestantes
• Piperacilina: usada entre 24 e 35
semanas em ruptura prematura de
membranas: não foram observados
efeitos adversos maternos ou
fetais. Pouco excretada no leite e
considerada compatível com
amamentação
• Em estudo com grande número de
pacientes, o uso de amoxacilina-
clavulato foi associado com uma
taxa significativamente alta de
enterocolite necrotizante neonatal
• Aztreonam: estudos inconclusivos
no 1º trimestre da gestação:
potencial teratogênico não
estabelecido
Imipenem-cilastatina C ND • Carbapenens: estudos animais não
Meropenem B ? demonstraram teratogenicidade,
mas aumento de abortos
espontâneos
• Não encontramos na literatura
estudos que expliquem a diferença
na categorização entre meropenem
e imipenem
Cloranfenicol C E • • Sd do bebê cinzento: Fígado do
RN não faz a conjugação da droga:
altas concentrações de droga livre
Clindamicina B E
Linezolida C
Macrolídeos B • Eritomicicina:
Eritromicina, Azitromicina - Não utilizar a formulação
estolato devido ao riso de
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hepatotoxicidade
- Compatível com amamentação

Espiramicina • Espiramicina:
- Difusão pela placenta é
incomum, entretanto se
concentra na placenta e alcança
concentrações suficientes para
diminuir a transmissão de
toxoplasmose
- Não trata o feto infectado
- Ausência de relatos de
alterações fetais
- Excretado no leite materno em
concentrações bacteriostáticas
Claritromicina C • Claritromicina
- Poucos estudos e resultados
contraditórios:
- Passagem pela placenta em
grandes quantidades
- Base fraca, com concentração
no leite materno podendo ter
efeitos no TGI do RN
Metronidazol B E • Incompatível com aleitamento
materno
Nitrofurantoína B S • Ausência de relatos de efeitos
teratogênicos
• Seguro mesmo no 1º trimestre
• Evitar uso próximo ao parto (risco
de anemia hemolítica em RN com
deficiência de G6PD)
• Compatível com a lactação, mas a
OMS recomenda evitar uso no 1º
mês de lactação, em prematuros,
deficiência de G6PD e icterícia
Polimixinas C
Quinolonas C E • Alta concentração em líquido
Ciprofloxacino, Ofloxacino, amniótico e sangue do cordão
Levofloxacino, umbilical
27  

Moxifloxacino, Norfloxacino • Segurança do uso na gravidez é


controverso:
- Estudos em animais:
desenvolvimento de artropatias

e alterações ósseas e de peso


em roedores.
- Estudos em humanos: não
houve demonstração de
alterações articulares e estudos
incluindo RN de mulheres
expostas no 1º trimestre não
mostraram aumento no risco de
mal-formações
• Concentrações menores passam
para o leite materno. Ofloxacino e
norfloxacino: menor concentração
no leite materno
Ácido nalidíxico E • Não passa a placenta
• Sem efeitos teratogênicos
(animais/humanos)
• Ação sobre ácidos nucleicos: evitar
1º trimestre da gestação
• Não é recomendado na lactação
• Indução de anemia hemolítica e
depressão medular
• Evitar em RN com deficiência de
G6PD
Sulfonamidas/Trimetropin C Ver • Pode competir com a bilirrubina
comentários nos sítios de ligação de albumina,
quando administrado no final da
gestação: aumenta o risco de
kernicterus
• Pode causar anemia no RN devido
à deficiência de G6PD
• Sulfadiazina: evitar na
amamentação, especialmente em <
1 mês
• Cotrimoxazol: Compatível, evitar
28  

em prematuros e em <1 mês e


deficiência de G6PD
Tetraciclinas D
Teicoplanina ? Droga não aprovada pelo FDA
Vancomicina C ND • Potencial risco para ototoxicidade e
nefrotoxicidade fetal .
* Síndrome do homem vermelho: grande
liberação de histamina pode levar a
contração uterina intensa podendo levar
a parto prematuro

QUADRO 3
Antiparasitários Comentários
Gestação Lactação
( (OMS)**
FDA*)

Albendazol C S
Atovaquone C S
Cloroquina C S
Ivermectina C
Mebendazol C S
Mefloquina C E
Pentamidina C ND
Pirimetamina C
Praziquantel B S
Quinidina C
Quinino X S Monitorar hemólise, icterícia
especialmente em prematuros e em
<1 mês

** S: compatível com amamentação


E: evitar durante amamentação
ND: sem dados disponíveis
29  

CAPÍTULO 3

ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM
OBSTETRÍCIA

JOSÉ EDUILTON GIRÃO

MANOEL MARTINS NETO

LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA

KATHIANNE LUSTOSA AUGUSTO


30  

3.1 ROTURA PREMATURA DAS MEMBRANAS

Tem o objetivo de reduzir a frequência de infecção materna (corioamnionite) e


feta (infecção neonatal). Recomenda-se administração de um curso de sete dias de
antibioticoprofilaxia antibiótica, de preferência:

Esquema 1: Ampicilina (2g, EV de 6/6 h, por 48 horas), seguido de Amoxicilina


(500mg, VO, 8/8h, por cinco dias). É recomendável também uma dose de Azitromicina
(1g, VO), no momento da admissão.

Em pacientes com alergia de baixo risco para a anafilaxia (exantema


maculopapular isolado sem urticária ou prurido), usar:

Esquema 2: Cefazolina (1 g, EV, 8/8h por 48h) e depois Cefalexina (500 mg,
VO, 6/6h por cinco dias).

Se paciente sugere um "alto risco" para anafilaxia (ex.: anafilaxia, angioedema,


dificuldade respiratória, urticária), recomenda-se:

Esquema 3: Clindamicina (600 mg, EV, 6/6h) mais Gentamicina (7 mg/kg de


peso, 24/24h, por dois dias), seguido de Clindamicina (600mg, 8/8h, por 5 dias), mais
Azitromicina (1g, dose única).

3.2 QUIMIOPROFILAXIA PARA DOENÇA ESTREPTOCÓCICA DO GRUPO


B (GBS)

Certas características clínicas da gestante/parturiente predizem riscos de ocorrência


de sepse no neonato, tais dados podem chegar a substsituir a cultura:
• Febre intraparto ≥ 38ºC,
• Parto antes de 37 semanas de gestação,
• Rotura das membranas ≥ 18 horas,
31  

• Parto anterior de uma criança portadora do GBS,


• Bacteriúria por GBS (≥104 ufc/ml) na gravidez atual.

As indicações para antibioticoprofilaxia são:

• Cultura de vagina ou reto positiva para GBS,


• Recém-nascido com doença por GBS, de início precoce, em gravidez anterior,
• Bacteriúria por GBS durante a gravidez atual,
• Febre intraparto ≥ 38º C,
• Trabalho de parto prematuro (< 37 semanas de gestação) e
• Rotura prolongada das membranas (≥ 18 horas);

Não há indicação da antibioticoprofilaxia contra GBS quando:

• Paciente, com cultura retovaginal positiva para GBS, se for submetida a parto
cesariano planejado, sem trabalho de parto e sem rotura das membranas. De qualquer
forma, deve ser realizada a cultura entre a 35ª e a 37ª semanas, em face da possibilidade,
inesperada, do início do trabalho de parto ou da rotura das membranas, circunstância em
que está indicada a antibioticoprovilaxia contra GBS.
• Grávidas com cultura negativa para GBS entre a 35ª e a 37ª semanas

Os resultados da cultura não são preditivos do estado GBS após cinco semanas
após a obtenção da amostra, por isso, se o parto prematuro ocorre mais do que cinco
semanas após a cultura negativa, a abordagem é a mesma que para grávida com estado
de colonização desconhecido.

Algumas mulheres colonizadas no momento do parto não são identificadas, apesar da


triagem. Cerca de 4% das mulheres com teste negativo entre 35 e 37 semanas tem um
resultado falso negativo, e cerca de 60% dos casos de sepse de início precoce por GBS
ocorrem nestas mulheres.

O esquema antibiótico é:

• Penicilina G, dose inicial de 5 milhões de UI, EV, seguida de 2,5 a 3 milhões,


32  

4/4h;
• Outra alternativa: Ampicilina, EV, 2 g inicialmente e depois 1 g de 4/4 h (tem
maior potencial de induzir resistência microbiana);

• Em alérgicas de
o “Baixo risco”: usar cefalosporina;
o “Alto risco”: Vancomicina (1g, 12/12 h).

A duração da profilaxia deve começar 4 horas antes do parto ou, já na admissão das
pacientes, continuando até o parto. Se, depois de um período de observação, o trabalho
de parto prematuro não evoluir, a profilaxia para GBS deve ser interrompida.

3.3 TRABALHO DE PARTO PREMATURO

Ver seção anterior: 3.2 Quimioprofilaxia para doença estreptocócica do grupo B

3.4 MULHERES COM CORIOAMNIONITE

Normalmente recebem antibióticos de amplo espectro. Esta terapia deve incluir um


agente conhecido por ser ativo contra GBS.
Nas mulheres com rotura prematura das membranas, submetidas à conduta
expectante, o esquema deve incluir um agente para profilaxia, após obtenção de
amostras para culturas de GBS.

3.5 PARTO ABDOMINAL

Usa-se Cefazolina (Paciente <70Kg: 1 g, EV, dose única; paciente >70kg: 2 g,


EV, dose única), no momento da indução anestésica.
Ampicilina pode ser uma alternativa para as alérgicas às penicilinas, usa-se, em
associação com Gentamicina e Clindamicina. Este esquema pode não ser necessário, se
a paciente já vinha em tratamento adequado para GBS, sendo preferível usar
Ampicilina-sulbactam.
33  

3.6 ABORTO SÉPTICO

Clindamicina 600 mg,EV, 6/6 h e Gentamicina 5mg/kg, 1 x ao dia.

Dependendo da evolução, a antibioticoterapia pode ser continuada por via oral


(Clindamicina ou Metronidazol), até se completar o curso de 14 dias.

3.7 MASTITE PUERPERAL

Drenagem da coleção associado a:


• Oxacilina 2 g, EV, 4/4h e Metronidazol 500 mg, VO, 8/8 h; ou
Clindamicina 600 mg, EV;
• Cefalexina 1g 6/6h, VO ou Clindamicina 600 mg,VO, 8/8 h;
.
34  

CAPÍTULO 4

INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS, NA
GRAVIDEZ E PUERPÉRIO

JOSÉ EDUILTON GIRÃO

MANOEL MARTINS NETO

LIDUINA DE ALBUQUERQUE ROCHA E SOUZA

SARA ARCANJO LINO KARBAGE


35  

4.1 INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO – ver capítulo 9.

4.2 PNEUMOMIA

A antibioticoterapia é direcionada, em geral, para:

4.2.1 Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC):

• Azitromicina ou
• Azitromicina mais ceftriaxona (casos graves).
• Outros antibióticos com bom perfil de segurança incluem:

o Penicilinas,
o Beta-lactâmicos,
o Clindamicina e
o Aminoglicosídeos.

Os antibióticos a serem evitados na gravidez incluem:


• Doxiciclina
• Claritromicina
• Fluoroquinolonas

4.2.2 Pneumonia Nosocominal (PN)

As grávidas são propensas à aspiração durante o trabalho de parto e esta deve


ser sempre uma consideração importante. Bastonetes Gram negativos, incluindo
Pseudomonas, também se tornam mais prováveis neste cenário.

Puérperas em tratamento para infecção respiratória raramente precisam ser


separadas de seus recém-nascidos, mas devem usar máscara para minimizar a
transmissão da doença e lavar sempre as mãos. A tuberculose ativa é uma exceção e
requer pelo menos separação temporária entre a mãe e o recém-nascido.

Em geral, a amamentação não deve ser desencorajada por causa de infecção


respiratória materna; quanto aos antibióticos, atentar para as restrições já citadas,
devendo ser evitados quinolonas e tetraciclinas.
36  

4.3 INTERCORRÊNCIAS OBSTÉTRICAS

4.3.1 INFECÇÕES EVIDENTES

Gestantes com infecção evidente (gonorreia, infecção de Clamídia, vaginose


bacterina) devem receber tratamento, se possível antes do parto (ver tratamento em
outra secção).

4.3.2 ENDOMETRITE

Independentemente do tipo de parto, o tratamento é indicado para o alívio dos


sintomas e para evitar sequelas, como peritonite, salpingite, ooforite, abcesso e
tromboflebite pélvica séptica. Antibióticos de largo espectro, via parenteral devem ter
cobertura, também, contra anaeróbicos produtores de beta-lactamase. Antibióticos orais
são uma opção para endometrite leve, especialmente no pós-parto vaginal (Para
detalhes sobre os antibióticos utilizados, posologia e duração, consulte o capítulo de
DIP).
A duração do tratamento deve ser até, pelo menos, 24 horas depois da apirexia e
estabilização do quadro clínico, não devendo ser inferior a sete dias, quando tiver
havido bacteriemia (hemocultura positiva) ou sepse clínica. Em outros casos, os
antimicrobianos orais podem completar o esquema.

4.3.3 CORIOAMNIONITE

Antibióticos devem ser instituídos imediatamente após o diagnóstico de


corioamnionite e devem continuar após o parto:

Ampicilina 2g, EV, 6/6h e Gentamicina 1,5mg/kg/dose, 8/8h (ou Gentamicina


5mg/kg dose única diária).
Esquema alternativo: Ampicilina-sulbactam (3g, EV, 6/6 h).
37  

4.3.4 FEBRE PERSISTENTE NO PÓS-PARTO

Cerca de 20% por cento das falhas do tratamento são devidas a organismos
resistentes, como os enterococos.
• Na ausência de dados microbiológicos, fazer Ampicilina, outra
Penicilina ou Ampicilina-Sulbactam;
• Paras as alérgicas, usar Vancomicina.

Outras causas de febre persistente:


• Hematoma infectado,
• Celulite pélvica ou abcesso,
• Infecção de sítio cirúrgico,
• Tromboflebite pélvica séptica,
• Trombose venosa,
• Necrose miometrial.

Exame físico completo deve ser realizado, seguido de culturas (sangue, urina e
exsudatos) e estudos de imagem, como ultrassonografia (abscesso pélvico e coleções de
fluidos); TC OU RNM (tromboflebite pélvica séptica ou trombose da veia ovariana).

4.3.5 ENDOMETRITE PÓS-PARTO DE INÍCIO TARDIO (de uma a seis


semanas depois do parto)

Representa 15% dos casos de endometrite (mais comum após cesariana).


Normalmente se manifesta como hemorragia, outros sintomas e sinais podem ser leves.
O tratamento pode ser por via oral:

Amoxicilina-Clavulanato 875mg (BD) 12/12h ou 500mg 8/8h.


Na antibioticoprofilaxia faz-se dose única. No parto vaginal, tal profilaxia não é
rotineira (exceto em gestantes portadoras de HIV), havendo tendência ao uso quando é
feita remoção manual da placenta: Cefoxitina 2g, intra-parto
38  

CAPÍTULO 5

ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM
CIRURGIAS DO TRATO
UROGENITAL

JOSÉ EDUILTON GIRÃO

LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA

MARCOS FLÁVIO HOLANDA ROCHA

CAMILA VASCONCELOS
39  

5.1 Tipos de cirurgia, conforme o seu pontencial de contaminação.


CATEGORIA CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO

Limpa Sem abertura do trato respiratório, digestivo, genital ou urinário;


Não são detectados processos inflamatórios;
Não ocorrem quebras da técnica asséptica
Cirurgia eletiva.

Potencialmente Abertura do trato respiratório, digestivo, genital ou urinário;


Contaminada Não são detectados processos inflamatórios;
Ocorre pequena quebra da técnica asséptica.

Contaminada Extravasamento de secreções do trato digestivo;


Abertura do trato urogenital ou biliar em vigência de infecção;
Processo inflamatório presente;
Grande quebra da técnica asséptica;
Traumas penetrantes.
Infectada Extravasamento importante e não controlado de secreções viscerais;
Presença de secreção purulenta com contaminação da cavidade;
Traumas penetrantes com mais de4h de evolução;
Feridas traumáticas com tecidos desvitalizados e/ou corpo estranho

5.2 Etiologia microbiana:


Varia conforme o potencial de contaminação da operação, o sítio/órgão
manipulado, a profundidade da infecção e a natureza do processo infeccioso.
Nas operações limpas, pressupondo-se correta esterilidade do material, sem
quebra da técnica, se houver infecção de sítio cirúrgico (ISC) o agente causal
prevalente é S. aureus, geralmente oriundo da pele do paciente ou da equipe
cirúrgica.
Quando há perfuração dos tratos digestivo, urinário ou genital, predominam
bacilos Gram-negativos, Enterococo ou anaeróbicos. Estes últimos ocorrem se
houver, pela doença de base ou pelo procedimento, compromentimento da irrigação
do órgão ou tecido operado, o que pode levar a um componente necrotizante, com
presença de gás ou odor fétido (germens anaeróbicos).
Em operações com prótese ou corpo estranho, além do S. aureus, outro
agente comum é o S. epidermidis.
40  

5.3 Preceitos essenciais para o uso de antibiótico profilático em Cirurgia

A utilização de antibiótico é apenas uma medida, muitas vezes desnecessária, para a


prevenção da infecção do sítio cirúrgico, não substituindo as demais, estas, quase
sempre, de maior importância, sendo a principal delas a boa técnica cirúrgica.

5.3.1 Outras medidas essenciais:


• Evitar internações pré-operatórias prolongadas
• Corrigir, sempre que possível, antes da operação, disfunções orgânicas, a
partir do estado nutricional.
• Erradicar, no paciente, infecções à distância
• Tricotomia a ser realizada imediatamente antes da operação
• Técnica asséptica apropriada
• Mínimo traumatismo tecidual
• Mínimo tempo cirúrgico, necessário, sem prejudicar a
técnica
• Evitar materiais estranhos
• Oxigenação tecidual adequada
• Hemostasia adequada
• Drenagem de sangue e secreções, se necessário com drenos
• Não colocação dos drenos pela incisão cirúrgica

5.3.2 CRITÉRIOS PARA ANTIBIÓTICO PROFILAXIA RACIONAL:


• Nas cirurgias contaminadas (risco de infecção: 20 a 30%): há indicação
formal da antibioticoprofilaxia.
• Cirurgia limpa ou potencialmente contaminada não há, em geral
indicação de antibioticoprofilaxia, com as seguintes exceções:
o Em uma situação particular, com risco óbvio e significativo de
infecção
o Implante de próteses
41  

o Pacientes imunocomprometidos
o Desvios importantes do estado nutricional (desnutrição acentuada
ou obesidade)
o Cirurgias de urgência
o Procedimento com extensa dissecção tecidual
o Procedimento em órgão desvitalizado ou com circulação
comprometida
o Pacientes com idade avançada
o Diabetes mellitus não compensado ou importante complicação
o Hérnia recidivada
o Reoperação (os primeiros dias depois da primeira cirurgia)
o Valvopatia cardíaca

Não usar, como profilático, o mesmo antibiótico que vinha sendo usado antes.
Exceto em: se tratamento de profilaxia para um processo infeccioso existente, estiver
baseado, na sensibilidade do patógeno isolado.

Se durante a operação, for detectado um sítio infectado, o uso de antimicrobiano deixa


de ser considerado profilático e, como terapêutico, deve seguir critérios clínicos,
sempre que possível, microbiológicos.

5.3.3 ORIENTAÇÕES SOBRE ANTIBIÓTICOS:


• Conhecimento do produto (aspectos farmacológicos e toxicidade) e sua eficácia,
considerando o agente causal provável da infecção a ser prevenida.

• Início do antibiótico

É fundamental garantir nível sérico adequado do antibiótico no momento da


agressão tissular, seguindo um importante princípio de prevenção da infecção cirúrgica
que é a aplicação do antibiótico cerca de 30 - 60 minutos antes do início da cirurgia,
geralmente coincidindo com o momento da indução anestésica.
42  

• Posologia do antibiótico durante cirurgia.

Os níveis plasmáticos protetores devem ser mantidos durante toda a cirurgia, fato
frequentemente esquecido nas intervenções de longa duração. Recomenda-se que as
doses sejam repetidas no decorrer do ato operatório, respeitando a meia-vida do
fármaco e considerando o aumento das perdas sangüíneas inerentes ao procedimento.

• Duração da profilaxia

Para a maioria dos pacientes não há vantagens em prolongar a profilaxia além do


tempo cirúrgico. Grande parte dos procedimentos com duração inferior a 3 horas
necessita de uma única dose de antibiótico na indução anestésica; outros, mais
demorados, podem receber 2 a 3 doses adicionais. Em poucos pacientes recomendamos
manter a profilaxia por 24 horas e excepcionalmente por 48 horas.

A conduta de manter a antibioticoprofilaxia, até a retirada dos


drenos e/ou de cateteres, é incorreta, pois além de não reduzir o percentual
de infecção, aumenta a possibilidade de colonização por microrganismos
resistentes aos fármacos utilizados.

• Pacientes portadores de MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina) e


que necessitam submeter-se a tratamento cirúrgico, recomenda-se a
descolonização tópica prévia do MRSA; se tal for possível, e quando a profilaxia
está indicada, o esquema deverá incluir o uso de glicopeptídeo.

5.3.4 PROCEDIMENTOS EM QUE É DESNECESSÁRIA


ANTIBIOTICOPROFILAXIA
• Abscessos localizados
• Uso de sonda vesical
43  

5.3.5 PRINCIPAIS ANTIMICROBIANOS UTILIZADOS:


• Dose inicial e intervalo para repetição
o Cefazolina: inicial: 2 g (>120 kg: 3 g; intervalo para nova dose: 4h)
o Vancomicina: 15 mg/kg
o Ampicilina/sulbactam: 3g (nova dose: após 2h)
o Ampiciliina 2 g(repetição após 2h)
o Ciprofloxacino: 400mg
o Metronidazol: 500mg
o Gentamicina: 5mg/kg
o Ertapenem: 1g
o Clindamicina: 900 mg (repetição após 6h)
o Piperacilina-Tazobactam: 3,375 (repetição após 2h)
o Ceftriaxona : 2g;
o Cefoxitina: 2g (repetição após2 h)
o Fluconazol: 400mg

5.3.6 Cirurgias na mastologia

Mastectomia, nodulectomia, quadrantectomia e cirurgia estética:


Cefazolina: 1 a 2 g na indução 1 gq4h penas no transoperatório.

5.3.7 CIRURGIAS GINECOLÓGICAS

Em geral, usa-se cefalosporina de 1ª. Geração (Cefazolina, dose única, na


indução anestésica. Dose suplementar, se cirurgia ultrapassar duas vezes a meia-
vida da droga ou sangramento acima de 1,5L).
44  

QUADRO 1:
PROCEDIMENTO ANTIMICROBIANO PROPOSTO

Histerectomia Cefazolina 1 a 2g IV

Histerossalpingografia Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 5dias

Abortamento/Curetagem Doxiciclina 100mg VO 1h antes e 200mg após

Conização Sem recomendações claras.


Alguns autores sugerem doxiciclina
Colporrafia Sem recomendações claras
Alguns autores recomendam cefalosporinas
Nenhuma
Laparoscopia (limpa) Se houver fator de risco: Cefalosporina de 1ª geração
Cirurgia aberta ou
Laparoscopia entrando no trato urinário
Cefalosporina 1ª ou 2ª geração
Cirurgia aberta ou
Laparoscopia envolvendo trato intestinal
Cefalosporina 2ª ou 3ª geração
Cirurgia aberta ou
Laparoscopia envolvendo colocação de
prótese Cefalosporina 1ª ou 2ª geração e Aminoglicosídeo
(Aztreonam)
Histeroscopia Nenhuma

Cirurgia vaginal (inclusive com colocação de


Sling)
Cefalosporina de 1ª ou 2ª geração
45  

 ANTIBIOTICOPROFILAXIA  EM  PROCEDIMENTOS  UROLOGICOS  E  


UROGINECOLÓGICOS  

Procedimento   Organismos   Profilaxia   Antimicrobiano   Alternativa   Duração    

de  escolha  

Remoção  de   Tracto  GUf   Se   fator   -­‐  Fluoroquinolonab   -­‐  Aminoglicosídeo   ≤24hb  
cateter  urinário   de  riscoa   (az-­‐treonam)  ±  
externo   -­‐  TMP-­‐SMXb   ampicilinab  

-­‐  Cefalosporina  1ª  


ou  2ª  geraçãob  

Amoxacilina/clavu
lana-­‐tob  

Cistografia,   Tracto  GUf   Se   fator   -­‐  Fluoroquinolona   -­‐  Aminoglicosídeo   ≤24h  


urodinâmica  e   de  riscoa   (az-­‐treonamc)  ±  
cistouretrografia   -­‐  TMP-­‐SMX   ampicilina  
simples  
-­‐  Cefalosporina  1ª  
ou  2ª  geração  

Amoxacilina/clavu
lanato  

Cistouretrografia   Tracto  GUf   Sempre   -­‐  Fluoroquinolona   -­‐  Aminoglicosídeo   ≤24h  


com   (az-­‐treonamc)  ±  
manipulaçãod   -­‐  TMP-­‐SMX   ampicilina  

-­‐  Cefalosporina  1ª  


ou  2ª  geração  

Amoxacilina/clavu
lanato  

Litotripsia   Tracto  GUf   Sempre   -­‐  Fluoroquinolona   -­‐  Aminoglicosídeo   ≤24h  


extracorpórea   (az-­‐treonamc)  ±  
com  ondas  de   -­‐  TMP-­‐SMX   ampicilina  
choque  
-­‐  Cefalosporina  1ª  
ou  2ª  geração  

Amoxacilina/clavu
lanato  

Ureteroscopia   Tracto  GUf   Sempre   -­‐  Fluoroquinolona   -­‐  Aminoglicosídeo   ≤24h  


46  

-­‐  TMP-­‐SMX   (az-­‐treonamc)  ±  


ampicilina  

-­‐  Cefalosporina  1ª  


ou  2ª  geração  

Amoxacilina/clavu
lanato  

Cirurgia  vaginal   Tracto   GU,   Sempre   -­‐Cefalosporina  de  1ª   Ampicilina/sulbac ≤24h  
(inclusive   pele   e   Strep.   ou  2ª  geração   tam  
colocação  de   Grupo  Bf  
sling)   -­‐Aminoglicosídeo   -­‐  Fluoroquinolona  
(aztreonamc)+metro
nidazol  ou  
clindamicina  

Cirurgia  aberta   Pelef   Se   fator   -­‐Cefalosporina  de  1ª   -­‐  Clindamicina   Dose  
ou  laparoscópica   de  risco   geração   única  
sem  entrar  no  
trato  urinário  

Cirurgia  aberta   Tracto   GU   e   Sempre   -­‐Cefalosporina  de  1ª   Ampicilina/sulbac ≤24h  


ou  laparoscópica   pele   ou  2ª  geração   tam  
entrando  no  
trato  urinário   -­‐Aminoglicosídeo   -­‐  Fluoroquinolona  
(az-­‐
treonamc)+metronid
azol  ou  clindamicina  

Cirurgia  aberta   Tracto   GU   e   Sempre   -­‐Cefalosporina  de  2ª   Ampicilina/sulbac ≤24h  


ou  laparoscópica   pele   e   ou  3ª  geração   tam  
envolvendo  o   intestino  
intestino   -­‐Aminoglicosídeo   Ticarcilina/clavula
(az-­‐ nato  
treonam )+metronid
c

azol  ou  clindamicina   Piperacilina/tazob


actam  

-­‐  Fluoroquinolona  

Cirurgia  aberta   Tracto   GU   e   Sempre   -­‐Aminoglicosídeo   Ampicilina/sulbac ≤24h  


ou  laparoscópica   pele   (aztreonamc)+Cefalo tam  
envolvento   sporina  de  1ª  ou  2ª  
colocação  de   geração  ou   Ticarcilina/clavula
prótese   vancomicina   nato  

Piperacilina/tazob
47  

actam  

-­‐  Fluoroquinolona  

 
a
Se a urinocultura não demonstrar crescimento bacteriano, a profilaxia antibiótica não será
recomendada.
b
Ou curso completo de antibiótico guiado por cultura para infecção documentada (trata-se de
terapia e não profilaxia).
c
Aztreonam pode ser substituído por aminoglicosídeo em paciente com insuficiência renal.
d
Inclui ressecção transuretral de tumor vesical e de próstata, e qualquer bióspia, ressecção,
fulguração, remoção de corpo estranho, dilatação uretral ou uretrotomia, ou manipulação
ureteral, incluindo cateterização, colocação ou retirada de stent.
e
Clindamicina ou aminoglicosídeo+clindamicina são alternativas gerais para penicilinas ou
cefalosporinas em pacientes com alergia a estes mesmo que não especificada.
f
Intestino: Organismos intestinais comuns são E. coli, Klebsiella sp, Enterobacter, Serratia sp,
Proteus sp, Enterococcus e anaeróbios.

Pele: Organismos cutâneos comuns são S.aureus, Staphylococcus sp coagulase negativos e


Streptococcus sp.

Trato genitourinário: Organismos do trato urinário comum são E. coli, Klebsiella sp, Proteus
sp e Enterococcus.
48  

CAPÍTULO 6

INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO


(ISC)

JOSÉ EDUILTON GIRÃO

JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO

MARCOS FLÁVIO HOLANDA ROCHA

CAMILA VASCONCELOS
49  

6.1 Definição:
É a infecção que ocorre como complicação de uma cirurgia, comprometendo a
incisão, tecidos ou órgão/cavidade manipulados. É assim considerada se ocorrer até 30
dias depois da operação (ou até um ano, em caso de implante de prótese ou corpo
estranho).

Não é considerada ISC, se: a) a inflamação é mínima e a drenagem é limitada aos


pontos de sutura e b) infecção de episiotomia ou ferida de queimadura infectada.

6.2 Tipos:
6.2.1 Incisional superficial:
Envolve pele ou o tecido subcutâneo (TSC) da incisão. Pressupõe a
existência de, pelo menos, um dos critérios:
1. Drenagem purulenta pela incisão, com ou sem confirmação laboratorial;
2. Microorganismo isolado, de maneira asséptica, a partir da secreção ou tecido
da incisão;
3. Abertura deliberada dos pontos, pelo cirurgião (este critério não é válido na
inexistência de pus ou microorganismo isolado);
4. Existência de dor, edema, eritema ou calor local;
5. Diagnóstico da ISC pelo médico cirurgião ou assistente.

6.2.2 Incisional profunda:


Envolve músculo e fáscia. Critérios:
1. Drenagem purulenta;
2. Deiscência espontânea ou deliberada pelo cirurgião,
3. Além de, pelo menos, mais um dos seguintes:
a. Febre (>38ºC),
b. Dor localizada, edema e rubor;
c. Abscesso ou outro sinal de infecção, envolvendo fáscia ou
músculo, através de reabordagem cirúrgica,
d. Exame histopatológico ou por imagem;
e. Diagnósco, pelo médico cirurgião ou assistente
50  

6.2.3 Infecção de órgão/espaço:


Envolve qualquer outra região anatômica manipulada no procedimento
cirúrgico (órgão ou espaço), que não a incisão. Critérios:
1. Processo infeccioso, na reabordagem cirúrgica,
2. Exame histopatológico ou por imagem;
3. Drenagem purulenta através de dreno colocado entre órgão/espaço;
4. Diagnóstico da infecção pelo cirurgião ou assistente.

Caso a ISC afete mais de um dos níveis acima citados, considera-se a de nível mais
profundo.

6.3 Conduta quanto à infecção de sítio cirúrgico


• Superficial e sem risco presente ou potencial:

Drenar a ferida e coletar material para microbiologia (Gram e cultura)

• Superficial com risco ou profunda/orgão-espaço:


Drenar e colher material p/ microbiologia e
Terapia empírica (até que se caracterize o agente causal)

6.3.1 Esquema antimicrobiano inicial:


• Operação não envolvendo tratos Gastro-intestinal (GI) ou Genito-
urinário (GU):

o Vancomicina ou Teicoplanina.
• Operação envolvendo tratos GI ou GU e/ou com febre e/ou
neutrofilia:

o Cefepima e Metronidazol ou
o Piperacilina-Tazobactam e Vancomicina ou Teicoplanina.

A antibioticoterapia de continuação dependerá do agente isolado, seu


perfil de sensibilidade, características do pacientes e outros dados
inerentes a cada caso.
51  

CAPÍTULO 7

VULVOVAGINITES INFECCIOSAS

LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA

JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO

KATHIANE LUSTOSA

SARA ARCANJO LINO KARBAGE


52  

7.1 Definição:
Manifestações inflamatórias e/ou infecciosas do epitélio estratificado da vulva
e/ou vagina. Deve-se sempre tentar diferenciar da descarga vaginal fisiológica.

7.2 Agentes Etiológicos:


o Infecciosos: fungos, bactérias anaeróbicas e Trichomonas
o Não Infecciosos: vaginite descamativa inflamatória, vaginite citolítica,
vaginite por corpo estranho, vaginite alérgica, vaginite traumática, vaginite atrófica e
vaginite actínica.
Na paciente que se apresenta com queixas de corrimento vaginal a tomada de
decisão somente com a obtenção da história clínica demonstrou ser insuficiente para o
diagnóstico preciso de vaginite. Pode ainda conduzir à administração de medicação
inadequada. Portanto, além da coleta de uma história cuidadosa, exame e testes de
laboratório para determinar a etiologia das queixas vaginais são importantes.
Informações sobre comportamentos e práticas sexuais, gênero da parceria sexual,
informações sobre a menstruação, as práticas de higiene vaginal (como uso de duchas
vaginais), e outros medicamentos devem ser obtidas.
Três afecções mais comumente causam corrimento vaginal
• Candidíase (ou monilíase, vaginite por cândida)
• Vaginose bacteriana
• Tricomoníase
Alguns exames podem complementar a avaliação e determinar a causa dos sintomas
vaginais
• pH do conteúdo vaginal
• teste do hidróxido de potássio (KOH a 10%)
• exame microscópico a fresco de amostra do conteúdo vaginal em solução de
soro fisiológico a 0,9%.

7.2.1 Candidíase:
Candida albicans ( 87%) ou espécies de C. glabrata, C. tropicalis e C. parapsilosis).
75% das mulheres terá pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal na
53  

vida, sendo que 40-45% terão dois ou mais episódios.


São classificadas, portanto, em complicada ou não complicada, com base na suas
apresentação clínica, microbiologia e resposta às terapias. Cerca de 10-20% das
mulheres terão a forma complicada
Candidíase não complicada:
esporádica ou infrequente, sintomas leves a moderados, C, albicans como agente
etiológico, mulher imunocompetente
Candidíase complicada:
Casos recorrentes, sintomas severos, etiologia não albicans, diabetes não
controlado, ou imunodepressão.

• Fatores predisponentes:
o Gestação
o Diabete mellitus
o Uso de antibiótico de largo espectro
o Uso de imunossupressores
o Doenças crônicas, neoplasias, infecção pelo HIV
o Hábitos alimentares e de vestimentas
o Alterações imunológicas e reações alérgicas

• Diagnóstico:

o Sintomas:
o Secreção vaginal branca, espessa, sem odor (tipo “leite
coalhado”)
o Prurido intenso
o Ardência vaginal
o Disúria externa
o Dispareunia Superficial
Lembrar que o auto diagnóstico não é eficaz, pois sintomas são inespecíficos,
incorrendo muito comumente em supertratamento, mesmo em mulheres com
história de recorrência.
54  

• Exame ginecológico:
o Corrimento grumoso, aderido às paredes vaginais
o Hiperemia da vagina e vulva
o Edema
o Escoriações na vulva

• Exames complementares:
o pH vaginal normal (< 4,5) – não é teste adequado, portanto
o Exame, a fresco, com KOH 10%, para visualizar hifas e pseudo-
hifas ramificadas e brotamentos. O KOH melhora a visualização de
levedura/micélio pois rompe o material celular que possa obscurecer a
levedura ou pseudohifa
o Bacterioscopia / Gram
o Cultura em meio de Sabouraud ou de Nickerson
§ Considerar a cultura: Mulheres sintomáticas, com exames
a fresco negativos
§ Considerar tratamento empírico: Mulheres sintomáticas,
exame físico sugestivo de vaginite, com exames a fresco
negativos e culturas negativas (ou se não puderem ser
realizadas)
§ Não tratar: cultura positiva para cândida em pacientes sem
sintomas

Portanto: O diagnóstico pode ser feito em uma mulher que tem sinais e sintomas de
vaginite quando
1) uma preparação húmida (salina, KOH a 10%), ou a coloração de Gram
de corrimento vaginal demonstra leveduras, hifas, ou pseudohifas
OU
2) uma cultura, ou outro teste produz uma espécie de levedura

• Tratamento:

o Mudanças de hábitos:
§ Evitar roupas sintéticas, apertadas e molhadas;
§ Evitar sabonetes e cremes vulvovaginais que não respeitam o pH
55  

fisiológico, perfumados ou irritantes;


§ Evitar substâncias cítricas, laticínios e açúcar.
§ Asseio vaginal com bicarbonato de sódio na proporção de uma
colher para cada 500ml de água.
Inicialmente: curso de 1 a 3 dias de agentes tópicos pode ser o suficiente
em casos não complicados. Derivados azólicos tópicos são superiores à
nistatina
Opções de medicamentos por via oral (CDC, Atlanta, 2010):

§ Cetoconazol 200mg VO 12/12h por 5 dias


§ Itraconazol 200mg VO 12/12h por 1 dia
§ Fluconazol 150mg VO em dose única

Opções por via vaginal (CDC, Atlanta, 2010)


Cremes vaginais:
Butoconazol 2% creme 5 g intravaginal por 3 dias
Clotrimazol 1% creme 5 g intravaginal para 7-14 dias
Clotrimazol 2% creme 5 g intravaginal por 3 dias
Miconazol 2% creme 5 g intravaginal por 7 dias
Miconazol 4% creme 5 g intravaginal por 3 dias
Supositórios vaginais:
Miconazol 100 mg um supositório, durante 7 dias
Miconazol 200 mg um supositório durante 3 dias
Miconazol 1.200 mg um supositório durante 1 dia
Pomada vaginal
Tioconazole 6,5% pomada 5 g intravaginal em uma única aplicação
outras opções (nos EUA somente com prescrição médica)
Terconazole 0,4% creme 5 g intravaginal por 7 dias
Terconazole 0,8% creme 5 g intravaginal por 3 dias
Terconazole 80 mg supositório vaginal, um supositório durante 3 dias

Gestantes (ou com suspeita de acometimento por espécies não-albicans)


56  

Nistatina, 100.000 unidades vaginal tablet, um comprimido por 10 a 14


dias (escolha para pacientes gestantes

Observações:
Não é uma DST, portanto é dispensável o tratamento do parceiro. Aqueles que
apresentam sintomas de balanite, (áreas eritematosas sobre a glande com prurido ou
irritação) se beneficiam com o tratamento.
Pacientes assintomáticas não necessitam de tratamento. Casos complicados são
definidos por sintomas severos ou recorrentes, por outras espécies de Candida ou
hospedeiro com resposta imunobiológica inadequada. Não há necessidade de tratar o
parceiro, a não ser que o mesmo apresente queixas.
• Para quadros não complicados: usar tratamentos, em dose única, ou
por curtos períodos. Não há superioridade entre as vias oral e vaginal.

• Para quadros complicados: com sintomas mais graves (extenso eritema


vulvar, fissuras) usar esquemas mais prolongados, como:
o Creme vaginal, por, no mínimo, sete dias, ou
o Múltiplas doses de Fluconazol (150mg a cada 72h, 3 doses).

• Vulvovaginite clinicamente grave (ie, extensa eritema vulvar, edema,


escoriação, e a formação da fissura) taxas de resposta clínica inferiores em
pacientes tratados com curta cursos de terapia tópica ou oral.
o 7-14 dias da aplicação tópica azol
o 150 mg de fluconazol em duas doses sequenciais (segunda dose de
72 horas após a dose inicial).

• Casos persistentes: geralmente são causados por outras espécies e


acometem hospedeiras imunocoprometidas ou na perimenopausa.

• Casos recorrentes: quatro ou mais episódios sintomáticos, em um ano, e


geralmente se devem à C. albicans. (5% dos caso). Geralmente mulheres
57  

sem aparente predisposição.


Culturas vaginais deve ser obtida
o confirmar o diagnóstico clínico
o identificar espécies incomuns (incluindo espécies nonalbicans:
Candida glabrata. (10% -20% somente) não formar pseudo ou hifas e
não é facilmente reconhecido em microscopia.
• Tratamento dos casos recorrentes: Cada episódio individual responde aos
tratamentos de curso rápido oral ou tópico
• Entretanto, para melhorar remissão:
o Agentes tópicos: controle do quadro agudo, por 10 a 14 dias,
o Orais 100 mg, 150 mg, ou 200 mg em dose oral de fluconazol a
cada três dias para um total de 3 Doses [dia 1, 4 e 7])
• Seguido de regime supressivo:
o Inicialmente por 4 a 6 semanas, persistindo, seis meses, com
Fluconazol 150mg/semana (preferido por menor hepatotoxidade)
ou Itraconazol 400mg/semana.

Nos casos de cândidas não-albicans:

Tratamento ideal ainda incerto.


Opção inicial: tratamento de longa duração 7-14 dias com azol não fluconazol
(itraconazol, cetoconazol).
Se recorrência:  Ácido bórico, 600 mg numa cápsula de gelatina por via vaginal
uma vez por dia durante 2 semanas.

7.2.2 Vaginose Bacteriana

A desordem mais frequente do trato genital inferior está associada à perda da


flora vaginal normal (Lactobacilos), em detrimento de bactérias vaginais patogênicas,
principalmente as anaeróbicas (Gardnerella vaginalis, Mycoplasmasp, Mobiluncus sp,
Bacteroides sp e Prevotella sp). Podem ser transitórias ou de longa duração.
58  

• Fatores predisponentes:
o Uso indiscriminado de antibióticos,
o Diafragma,
o Espermicidas,
o Anel vaginal,
o Tampões retidos,
o Duchas constantes,
o “Adereçossexuais”
o Coito

• Diagnóstico:
• Critérios diagnósticos de Amsel, 1983 – Para diagnóstico deve-se encontrar 3
destes critérios:
o Corrimento vaginal, homogêneo, branco-acinzentado, com odor fétido
(especialmente após a relação sexual ou após o período menstrual)
o pH > 4,5
o Teste do KOH10% (ou teste das aminas ou Whifftest) positivo
o Exame a fresco com visualização de clue cells

A coloração pelo Gram é considerado o método laboratorial padrão-ouro para


diagnosticar BV. Determina-se a concentração relativa de lactobacilos (Gram-
positivos), Gram-negativos e bacilos Gram-variáveis, cocos (ou seja, G. vaginalis,
Prevotella, Porphyromonas, e peptostreptococci) e Mobiluncus (Gram negativos) do
BV.
Como se tratam de bactérias da flora vaginal fisiológica a cultura destas se
mostra de baixa especificidade. O exame de colpocitologia oncótica (papanicilau)
mostra baixa sensibilidade.

• Opções terapêuticas:
Nas mulheres sintomáticas para alívio dos sintomas

(CDC, Atlanta, 2010)


Metronidazol 500 mg oral 2 x ao dia por 7 dias*
OU
Metronidazol gel 0.75%, uma aplicação (5 g) intravaginal, uma vez ao dia por 5 dias
OU
Clindamicina creme 2%, uma aplicação (5 g) intravaginal, uma vez ao dia por 7 dias
Outras opções:
59  

o Por via oral:


§ Tinidazol 2g VO em dose única
§ Secnidazol 2g VO em dose única
§ Tianfenicol 2,5g VO em dose única
§ Clindamicina 300mg VO 12/12h por 7 dias
§ Metronidazol 400mg VO 8/8h por 7 dias

o Por via vaginal:


§ Asseio vaginal, ácido acético a 1 ou 2% (vinagre)

Observações:
Pacientes gestantes assintomáticas devem ser tratadas, a partir do 2° trimestre
(metronidazol, clindamicina ou tinidazol, por 7dias), para prevenção de parto
prematuro, sobretudo aquelas de maior risco, apesar de ainda não haver evidências
definitivas. Nas pacientes de baixo risco para parto prematuro não se orienta tratar os
casos assintomáticos.
Durante a lactação, pode-se tratar, com dose única, com o cuidado de suspender a
amamentação por 24h.
Não é necessário tratar os parceiros, exceto em casos recidivantes. Nesses casos,
para as pacientes, prefere-se a combinação das vias vaginal e oral.

Antes de cirurgias ginecológicas, recomenda-se tratar as mulheres, mesmo que


assintomáticas.

7.2.3 Tricomoníase:
Causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, é sexualmente transmissível.
Pode acometer o colo do útero, causando uma cervicocolpite e dando um aspecto de
colo em morango ou framboesa. Há reação inflamatória intensa, podendo haver,
inclusive, alterações nucleares, evidenciadas na citologia oncótica. Casos
assintomáticos existem a despeito da presença do protozoário.
O CDC de Atlanta em 2010, recomenda rastreamento de T. vaginalis em
mulheres consideradas de alto risco de infestação: mulheres que têm novos parceiros ou
múltipla, tem um histórico de doenças sexualmente transmissíveis, sexo em troca de
pagamento, e usuárias de drogas injetáveis.
60  

• Diagnóstico:
Exame microscópico do conteúdo vaginal:
(avaliação imediata de lâmina a seco).
Possui entretanto baixa sensibilidade: 60-70%

A cultura do conteúdo vaginal


é outro método sensível e altamente específico.
Nas mulheres, em quem tricomoníase é suspeita, mas não confirmada por
microscopia, o conteúdo vaginal deve ser cultivados para T. vaginalis.

Ons: A sensibilidade de um teste de Papanicolau para diagnóstico T. vaginalis é


pobre, porem o uso de um teste em base líquida demonstrou maior sensibilidade,
mas requer confirmação pela microscopia.

• Sintomas:
• Secreção vaginal intensa, amarelo-esverdeada, fétida, bolhosa
• Prurido/irritação vaginal
• Dispareunia e sinusiorragia
• Disúria e Sintomas urinários

• Exame ginecológico:

• Hiperemia multifocal e edema da mucosa cervico-vaginal (aspecto de


framboesa)

• pH > 5,0

• Exame a fresco, com visualização do parasita Bacterioscopia: Gram


negativo e numerosos PMNs Cultura em meio de Diamond

• Presença do parasita, no exame corado (Giemsa)

• Tratamento (CDC, Atlanta,2010):


Opções por via oral:

o Secnidazol 2g, VO, em dose única


o Tinidazol 2g, VO, em dose única
o Metronidazol 2g VO, dose única ou 250mg,
§ ou 2 comp, VO 8/8h , por 7 dias
§ ou 400mg VO 12/12h por 7 dias.

Opções por via vaginal:


o Metronidazol gel é consideravelmente menos eficaz (<50%) do que as suas
preparações orais. Antimicrobianos aplicados topicamente (por exemplo, o
61  

metronidazol gel) provavelmente não obtém níveis terapêuticos na uretra ou


glândulas perivaginais e, portanto, a utilização deste gel não está recomendado.

o Óvulos ou cremes de imidazólicos: coadjuvante no alívio dos sintomas.

Tratamento adequado de parceiros sexuais:


Sempre devemos tratar os parceiros e orientar a suspender a atividade sexual
durante o tratamento
Pode aumentar as taxas de cura. gerando maior no alívio dos sintomas,

cura microbiológica, e redução da transmissão

Ensaios clínicos randomizados que comparam doses de 2 g de metronidazol e


tinidazol individuais sugerem tinidazol que seja equivalente ou superior ao
metronidazol em alcançar a cura parasitológica e resolução dos sintomas

Observações:
Pacientes gestantes sintomáticas devem ser tratadas a partir do 2° trimestre,
também com a preferência pela via oral. Durante a lactação, pode-se tratar com dose
única, com o cuidado de suspender a amamentação por 24h.
62  

CAPÍTULO 8

DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA


(DIP)

LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA

JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO

KATHIANE LUSTOSA

SARA ARCANJO LINO KARBAGE


63  

8.1 Definição: Espectro de distúrbios inflamatórios do trato genital feminino alto,


incluindo qualquer combinação de: Endometrite, Salpingite, Abcesso tubo-ovariano e
peritonite pélvica. É uma síndrome clínica aguda, de disseminação ascendente dos
microorganismos (da vagina e endocérvice para endométrio, tubas uterinas e estruturas
contíguas).
Inclui: situações relacionadas ao ciclo gravídicopuerperal ou à manipulação do trato
genital
8.2 Epidemiologia/Fatores de risco
• Idade <25 anos
• Início precoce da atividade sexual
• Múltiplos parceiros sexuais
• Parceiro sexual com uretrite
• Estado socioeconomico
• Tabagismo/uso de drogas
• História prévia de DST ou DIP
• Vaginose bacteriana
• Uso de DIU? – Actinomices israelli

8.3 Etiologia: 90% são agentes sexualmente transmissíveis

Agentes primários
• Microorganismos de transmissão sexual:
o Neisseria gonorrhoeae e Clamydia trachomatis

• Microorganismos mais raros:

o M. hominis e U. urealyticum

Agentes secundários: Aeróbios facultativos e anaeróbios


• Microorganismos da flora vagina:
o Anaeróbicos, G. vaginalis, H. influenzae, Gram negativos intestinais
e Streptococcus agalactiae
OBS: em quadros mais graves ocorre maior prevalência de Haemophilus
influenzae, Streptococcus pyogenes e anaeróbios

Fisiopatogenia
Ascensão de micro-organismos pelo trato genital
Período perimenstrual e pós-menstrual imediato
64  

Endometrite - Salpingite - aderências - oclusão


do lúmen tubário - infertilidade
Abscesso tubo-ovariano - peritonite; Sd de Fitz- Hugh-Curtis

8.4 Diagnóstico diferencial:


• Causas ginecológicas
o Aborto séptico
o Gravidez ectópica
o Rotura ou torção de cisto de ovário
o Sangramento do corpo lúteo
o Endometriose
o Degeneração de miomas

• Causas não ginecológicas


o Apendicite
o Diverticulite
o Linfadenite mesentérica
o Obstrução intestinal
o ITU
o Litíase renal

8.5 Estadiamento
o ESTÁGIO 0: infecção ginecológica baixa , associada a
endometrite
o ESTÁGIO 1: salpingite, sem peritonite
o ESTÁGIO2: salpingite, com peritonite
§ Infecção monoetiológica
§ Infecção polimicrobiana
o ESTÁGIO 3: salpingite aguda, com:
§ Ooforite,
§ Oclusão tubária ou
§ Complexo tubo-ovariana
o ESTÁGIO 4: ruptura do complexo tubo ovariano
65  

8.5 Manifestações comuns (tríade):


o 15-30% dos casos com tríade clássica
o 50% inicialmente afebril, sem leucocitose
o 75% com infecção endocervical e corrimento purulento
o Náuseas e vômitos
o Sangramento vaginal: 40%
o Dor em baixo ventre (hipogástrio): mais comum (90% no início); dor constante,
piora com coito e início recente (< 7 dias)
o Hipersensibilidade à mobilização cervical
o Hipersensibilidade anexial
o Febre
o Descarga vaginal (corrimento amarelado).

8.6 Manifestações incomuns:


o Perihepatite gonoóccica – Sindrome de Fitz-Hugh-Curtis (1-10%)
o Disseminação vascular ou transperitoneal (dor no QSD, dor pleurítica)

8.7 Exames Laboratoriais (sensibilidade e especificidade baixas)


o Leucocitose: nem sempre presente na DIP aguda e sem relação com
gravidade
o VHS: não específico; fraco indicador de severidade; 50% elevado em
dor pélvica sem DIP
o Proteína C reativa: mais sensível e específica
o Exame da endocérvice para:
§ Leucócitos
§ coloração por gram
§ cultura para gonococo e clamídia (se
negativos não descartam)

8.8. DIP aguda

• Diagnóstico clínico de DIP aguda:


66  

o Critérios mínimos:
§ Dor em hipogástrio
§ Dor à mobilização uterina
§ Dor à palpação dos anexos
o Critérios adicionais:
§ Temperatura > 38 °C
§ Corrimento vaginal ou cervical mucopurulento Leucócitos no conteúdo
vaginal
§ VHS elevado
§ Proteína C reativa elevada
§ Comprovação laboratorial de infecção cervical, com N. gonorreia ou C.
Trachomatis
o Critérios elaborados:
§ Biopsia endometrial com evidência histopatológica de endometrite
§ USG transvaginal mostrando: líquido livre ou massa anexial tubo-
ovariana
§ Achados laparoscópicos consistentes com DIP.

Considerar o diagnóstico de DIP:


a. Três critérios mínimos e, pelo menos um, critério adicional ou
b. Apenas um critério elaborado

Atualmente observamos tentativa de simplificar o diagnóstico para aumentar


sensibilidade (CDC, Atlanta, 2010)
Pensar em DIP:
Mulheres sexualmente ativas ou em risco de desenvolver DST
+
dor pélvica/abdominal baixa (sem outras causas)
+
1 ou mais critérios mínimos no exame pélvico

8.8.1 Diagnóstico clínico x Laparoscopia


• Clínica sugestiva de DIP
§ 65% com evidência visual de DIP
§ 23% com achados normais (Fase inicial da DIP ?)
§ 12% outra doença

• Achados mais importantes, à laparoscopia:


67  

§ Eritema, endurecimento, edema de tubas


§ Lojas de pus
§ Extensa piossalpinge e abscesso tubo-ovariano

• Desvantagens:
§ Nem sempre disponível
§ Pode não detectar endometrite e algumas salpingites agudas

8.9 Tratamento da DIP


Aspectos a se ponderar inicialmente:
1) Disponibilidade
2) Custo
3) Aceitação da paciente
4) Susceptibilidade antimicrobiana
5) Tratamento empírico em população de risco
6) Cobertura do antimicrobiano: gonococo, Clamídia, anaeróbios, vaginose
bacteriana, gram-negativas, bactérias facultativas e estreptococos
7) Ambulatorial, hospitalar ou cirúrgico?

• Quando iniciar?
Assim que se faça o diagnóstico presuntivo; quanto mais cedo, maior a
prevenção das sequelas.

• Critérios de internação

• Suspeita de abscesso

• Quadro geral grave

• Peritonite ou sepse

• Dúvidas diagnósticas

• Falha do tratamento ambulatorial (após 48-72 h)


68  

• Imunossuprimidos

• Tratamento Ambulatorial
Tratamento Ambulatorial:
Pacientes com bom estado geral, sem evidências de gravidade

Observar resposta ao tratamento após 72 horas:


–Se Presente: Manter esquema terapêutico
- Ausente: Reavaliar. Confirmar diagnóstico, considerar terapia
parenteral/cirúrgico

§ Ceftriaxona 250mg IM, dose única e


§ Doxiciclina 100mg, 12/12h, VO, por 14 dias e
§ Metronidazol 500mg, 12/12h (ou 250mg 8/8h), VO, por 14 dias
Obs: O uso de Quinolonas é limitado devido às altastaxas de resistência (só usar se
forte evidência de cultura positiva)    
A ceftriaxona ou cefoxitina podem ser substituídas por outras cefalosporinas parenterais
de terceira geração (Ex: cefotaxima)
Não há criterios claros para determinar a cefalosporina de escolha
- Ceftriaxona: melhor cobertura para gonococo
69  

- Cefoxitina: melhor cobertura para anaeróbios

Esquemas alternativos:
1. Amoxicilina + ácido clavulânico e doxiciclina
2. Ceftriaxona 250mg IM e azitromicina 1g/ semana por 2 semanas
Considerar associar metronidazol ao esquema

Reavaliar tratamento oral em 48-72h; se não houver melhora clínica deve-se


iniciar a terapia parenteral (Internação).

Tratamento parenteral (se houver melhora clínica, continuar com tratamento VO, por
14 dias: Doxiciclina 100mg, VO, 12/12):

§ Primeira linha:
Clindamicina 900 mg EV 8/8h
+
Gentamicina EV ou IM (2mg/kg de peso), seguido por dose de manutenção de 1,5
mg/kg de peso, 8/8 h, ou, em dose única, 3 – 5mg/kg/dia

§ Segunda Linha:
Ampicilina/Sulbactam, 3g EV de 6/6h
+
Doxiciclina 100mg vo 12/12h ou combinada (curso de 12 dias de Metronidazol 500
mg, EV 1 ou 2 doses, seguida por 250 mg oral por 5–6 dias)

Se abscesso tubo-ovariano: Clindamicina ou Metronidazol + Doxiciclina (14 dias)

Casos especiais:
• Gestantes: Tratamento parenteral
• Mulheres que convivem com o vírus HIV: Não foi determinado se há
necessidade de abordagem mais agressiva
70  

• DIU: Não há consenso sobre a retirada, redobrar cuidados

• Conduta com parceiros


Se contato sexual nos 60 dias precedendo sintomas: convocar, examinar e tratar
parceiros:
o Azitromicina 1g vo dose única
o Ciprofloxacina 500mg vo dose única

• Paciente deve ter melhora clínica em 3 dias:


o Diminuição na dor à palpação
o Diminuição na hipersensibilidade uterina, anexial e cervical

• Se persistirem os sintomas, proceder assim:

o Exames diagnósticos adicionais


o Intervenção cirúrgica?

• Critérios para tratamento cirúrgico

• Falta de resposta ao tratamento clínico

• Massa pélvica que persiste ou aumenta apesar do ATB

• Piora da paciente

• Suspeita de rotura do abscesso

• Abscesso de fundo de saco


71  

CAPÍTULO 9

INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO


(ITU)

LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA

JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO

MARCOS FLÁVIO HOLANDA ROCHA

AUTORES DO CONSENSO DA SECRETARIA DA SAÚDE CE:


José Iran de Carvalho Rabelo, Cristina Ferreira Rabelo, Melissa Soares Medeiros
Lia Fernandes Alves de Lima, Glaydson Assunção Ponte,
Regina Cláudia Furtado Maia, Waldélia Maria Santos Monteiro, Vera Bento Ferreira,
Filomena Inês Serpa Maia, Maria Núbia Cavalcante Salviano, Helena Carmen Guerra Pinheiro,
Christianne Fernandes Valente Takeda, Ana Paula Rodrigues Costa, Kelma Maria Maia, Luana Duarte Wanderley
Cavalcante, Filipe Castro de Andrade, Thaís Lobo Herzer, José Valdir Ximenes Filho, Michel Reis Abdalla, Herbert A.
Magalhães, Marcus Vinicius Dantas da Nobréga
72  

9.1 DEFINIÇÃO
A ITU é caracterizada pela presença de bactérias na urina. Anteriormente,
bacteriúria igual ou acima de 100.000 unidades formadoras de colônias/ml (ufc/ml)
constituía-se em critério diagnóstico.

• Pode ser classificada em:


o Baixa
§ Uretrite
§ Cistite
o Alta
§ Pielonefrite aguda
§ Pielonefrite crônica

• Infecção urinária não complicada


Geralmente são cistites em mulheres jovens, não grávidas, sem
anormalidades estruturais ou disfunções neurogênicas. São de fácil tratamento.

• Infecção urinária complicada


São infecções de tratamento difícil e que necessitam de investigação
urológica. Apresentam bacteriúria persistente ou não resolvida em virtude de
fatores predisponentes:
§ Diabetes
§ Gestação
§ Obstrução do trato urinário (cálculo, hipertrofia prostática, tumores
da bexiga, estenose uretral)
§ Corpo estranho (cateter de uso prolongado)
§ Divertículo uretral
§ Imunossupressão
§ Bexiga neurogênica
§ Anormalidades congênitas – refluxo vesico-ureteral
§ Transplantados
§ Anemia falciforme
73  

§ Infecção por microrganismo (MO) multirresistente


§ Fístulas: vésico-enteral e vésico-vaginal

• Infecção Urinária Recorrente


o Reinfecção
Novos episódios causados por novos microrganismos (MOs). Tendem a
ocorrer depois de duas semanas ou meses após o tratamento anterior bem
sucedido, sendo mais frequente após cistite não complicada.
o Recidiva
É a recrudescência do processo infeccioso, causado pelo mesmo germe,
geralmente após o término do tratamento (dias ou até um mês).
o Bacteriúria assintomática
Presença de MO de forma homogênea no SU sem sintomatologia
clínica.

9.2 ETIOLOGIA
Os germes que mais frequentemente causam I.T.U. não complicada são os
Gram negativos entéricos: E. coli (>90%), Klebsiella. Enterobacter, Proteus,
Providencia e S. saprophyticus. Nas ITUs complicadas Pseudomonas e Enterococcus
representam 5 a 10% principalmente quando há instrumentação do trato urinário.

9.3 DIAGNÓSTICO
• Manifestações clínicas:
o ITU alta: febre, calafrios, dor lombar
o ITU baixa: disúria, polaciúria, dor suprapública ou perineal.
Geralmente sem febre.
• Laboratório:
o Sedimento Urinário: piúria, bacteriúria homogênia e graus
variáveis de hematúria.
o Urinocultura (UC) - é o “padrão ouro” para o diagnóstico, com
a presença de 100.000ufc/ml ou mais. Destaque-se ainda o relevante papel da
74  

sensibilidade bacteriana ao AM avaliado pelo MIC.


o Leucograma: leucocitose pode estar ou não presente.
o Hemoculturas: positivas em 30 – 40% das pielonefrites.
o Diagnóstico por Imagens: na suspeita de anormalidades
anatômicas ou complicações: RX simples de abdome, US vias
urinárias, cistografia, urografia excretora e TC.

9.4 TRATAMENTO:

• Medidas gerais: hidratação, analgésicos e antieméticos, conforme quadro


clínico.

• Princípios gerais para a escolha do antimicrobiano:

o Idade
o Presença ou não de sintomas e da topografia (alta ou baixa),
o Se é episódio isolado ou recorrente,
o Hospitalar ou comunitário,
o Condições da paciente.

Deve-se ecolher antibióticos de largo espectro, com boa distribuição no


sistema coletor. Na presença de insuficiência renal, fazer ajuste da dose, conforme o
Clearance de creatinina.

As quinolonas (norfloxacina, ciprofloxacina, levofloxacina) não devem ser


usadas indiscriminadamente em face da crescente resistência microbiana. Não devem
ser prescritas para grávidas, nutrizes ou crianças.
75  

 
76  

ESQUEMAS TERAPEUTICOS
DIAGNÓSTICO ANTIBIÓTICO VIA DURAÇÃO
PIELONONEFRITE Ciprofloxacina 500mg de 12/12 h ou
AGUDA NÃO Amoxicilina + Clavulanato 500/125mg de Oral 14 dias
COMPLICADA 8/8h
PIELONEFRITE Ciprofloxacina 400mg de 12/12h, após 48- 14 dias
AGUDA 72h com melhora clínica poderá ser
COMPLICADA substituído por medicação oral ou

Ampicilina/Sulbactam 3g de 6/6h, após 48- EV 14 dias


72h com melhora clínica poderá ser
substituído por medicação oral (Amoxicilina
+ Clavulanato)
Alternativa:
Ceftriaxone 2g de 24/24h

PIELONEFRITE Ciprofloxacina 500mg de 12/12 h ou Oral 3 – 6 meses


CRÔNICA Amoxicilina + Clavulanato 500/125mg de
8/8h
CISTITE AGUDA Cotrimoxazol, 160/800mg, de 12/12 h ou Oral 3-5 dias
Nitrofurantoina, 100mg de 6/6 h ou Oral 5-7 dias
Nitrofurantoínamonohidratada/macrocristais
100 mg 12/12h h ou
Cefalexina, 500mg de 6/6 h ou Oral 5-7 dias
Norfloxacina, 400mg de 12 /12 h ou Oral 3-5 dias
Fosfomicina 3g Oral Dose única

   
77  

• BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA

O tratamento deverá ser realizado apenas nas seguintes situações:

o Mulheres grávidas: nitrofurantoina, ampicilina, amoxicilina,


cefalosporina de 1ªG, cotrimoxazol (proscrito no 3º trimestre)

o Presença de obstrução urinária

o Antes de instrumentação urogenital (cistoscopia diagnóstica e demais


procedimentos endoscópicos)

o Pré-operatório, nos sete dias que precedem a intervenção nas cirurgias


eletivas e, em casos de urgências, iniciar o tratamento de imediato,
continuando no pós-operatório, particularmente nas cirurgias com
implantes de próteses e em imunossuprimidos. A duração do tratamento
dependerá da evolução de cada caso.

o Diabetes mellitus: na ausência de anormalidade anatômica óbvia,


deverá, segundo alguns autores, ser tratada, pois se associa com maior
frequência a pielonefrite.

9.5 PROFILAXIA DE ITU RECORRENTE

• Medidas gerais:
o Hidratação adequada,
o Intervalo entre as micções de no máximo 4 h,
o Urinar após o coito,
o Terapia tópica com estrógenos, quando indicada.

• ITU com nítida relação com atividade sexual, utilizar antibiótico pós-
78  

coital: Nitrofurantoina100mg ou Cefalexina 500mg ou Cotrimoxazol 80/400 ou


Amoxicilina 500 mg – dose única.
• Nas ITU sem relação com atividade sexual ou na falha terapêutica do
item anterior: usar dose noturna, diária, ou em dias alternados, pelo período de 3 a 6
meses: Nitrofurantoina 100mg ou Cefalexina 500mg ou Cotrimoxazol 80/400mg ou
Ciprofloxacino 500mg.

• Outras opções citadas:

o Lisado bacteriano de E. coli, 6 mg (imunoprofilaxia), 1cp em jejum,


durante 3 meses com doses de reforço nos dez primeiros dias no sétimo,
oitavo e nono meses da profilaxia.
o Probióticos e Cranberry tem sido utilizados ainda sem resultados
científicos definitivos.
o Nas mulheres grávidas, com um episódio de pielonefrite ou dois
episódios de cistite, na mesma gestação, manter profilaxia até o parto:
Nitrofurantoina 100mg ou Cefalexina 500mg ou Amoxicilina 500 mg.

9.6 INFECÇÃO TRATO URINÁRIO HOSPITALAR – (ITU H)

A ITU H é relacionada à manipulação do trato urinário, principalmente à


cateterização urinária, em cerca de 80% dos casos.
Observações:
o No cateterismo vesical utilizar técnica asséptica rigorosa, assim como
cuidados de fixação do cateter e de manutenção do sistema fechado de drenagem
vesical.
o Nunca elevar a bolsa coletora de urina acima do nível da bexiga, para
evitar refluxo.
o Rastreamento bacteriológico não é recomendado, como medida de
rotina, para paciente cateterizado. É indicada urinocultura, na suspeita de infecção do
trato urinário, através de dados clínicos e epidemiológicos.
o O risco de adquirir ITU H associada ao uso de sonda vesical está
79  

relacionado ao método e duração do cateterismo, à qualidade do cuidado na sua


manutenção e à susceptibilidade do paciente.
o Uma das principais medidas de controle de infecção do trato urinário
hospitalar é a limitação da utilização da sonda vesical de demora (SVD), a qual
deve ter indicação precisa, técnica asséptica de realização, utilização de sistema
coletor fechado, manutenção adequada e retirada, tão logo possível.
o No paciente sondado há muitos dias, a urina para realizar urinocultura
deve ser colhida através um sonda recém-colocada.

Algumas opções para tratamento empírico de ITU hospitalar, enquanto se


aguarda a caracterização do agente etiológico (com o respectivo padrão de
sensibilidade):

Drogas Doses Via Duração


Ampicilina/Sulbactam 3g de 6/6 h EV 7 A 14 dias
Ciprofloxacina 500 mg de 12/12 H EV 7 A 14 dias
PipercilinaTazobactam 4,5 g de 8/8h EV 7 a 14 dias
Imipenem 0,5 A 1 g de 6/6h EV 7 a 14 dias
Meropenem 1 A 2 g de 8/8h
Fluconazol 400 mg no 1º dia, seguindo-se de 100 a EV 7 a 14 dias
Anfotericina B 200mg/dia
Caspofungina EV
Micafungina 0,5 a 1,5mg/kg/dia EV
Anidulafungina 70mg de ataque/dia e 50mg a cada 24h EV
100 mg a cada 24h EV
100 mg no 1º dia, seguindo-se de 50
mg/dia
80  

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

ANVISA - Ajuste da dose - USO DE ANTIMICROBIANOS EM


POPULAÇÕES ESPECIAIS www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/.../ajuste
Bratzler,DW et al:Clinical practice guidelines for antimicrobial prophylaxis in
surgery.ASHP REPORT.Am J Hea lth-Syst Pharm.2013,70:195-283 Cunha,BA:
MD & Bronze, MS – Nosocomial Pneumonia - Updated: Jul 27, 2011
Chauvet,P et al : Pneumaonia adquirida na comunidade Disciplina de
Pneumologia e Tisiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto .
revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=158. RIO DE JANEIRO.2010
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Antimicrobial Therapy in Papadakis, MA & McPhee,, SJ: CURRENT Medical
Diagnosis & Treatment 2013 – Mc Graw Hill LANGE
Chesnutt,MS & all. Pulmonary Disorders, in: Papadakis, MA & McPhee,, SJ:
CURRENT Medical Diagnosis & Treatment 2013 – Mc Graw Hill LANGE
Colégio Brasileiro de Cirurgiões - Uso de Antibióticos em Cirurgia-
www.cbc.org.br/.../Antibioticoprofilaxia%20em%20cirurgia.pdf
Dias, MBGS: Profilaxia Cirurgica Prevenção de Infecção do Sítio
Cirúrgico. 3ª. Ed, revisada e ampliada. APECIH – 2008 -2011. São
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Fauci,AS & Lane,HC: Human Immunodeficiency Virus Disease: AIDS and
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INTERNAL MEDICINE. 17a ed.2008, N. York
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Jardim,JR et al: Manual Pneumo atual de terapeutica respiratória. 2010/2011Juiz


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Levin, ASS (coord) et al: Guia de utilização de anti-infecciosos e
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edição. São Paulo. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
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Lócio, ACB; Gadelha, FR;Carlos, LMB; Martins, N; Lopes, PM; Oliveira, SLC;
Furlanai, SMT e Soares, VM: Protocolo de Pré-Operatório da Clínica Cirúrgica
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Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias. Guia de bolso. 8ª.
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abordagem do agente infeccioso - controle do foco infeccioso e tratamento
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2011Santa Casa de Goiania – Protocolo de Antibioticoterapia em Cirurgia.
http://www.santacasago.org.br/rotinas/ccih_antibiotico_-_pro
Turcato Jr, G & Lewi, DS: Infecções Oportunistas na Aids: Profilaxia e
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http//www.unifesp.br/hsp/Protocolo final de tratamento anti...E-MAIL:
82  

hsp.ccih@epm.br. PROTOCOLO DE TRATAMENTO


ANTIMICROBIANO.
EMPÍRICO DA SEPSE GRAVE E CHOQUE SÉPTICO. HOSPITAL SÃO
PAULO ...
Zolopa AR & Latz,MH: HIV Infection & AIDS, in Papadakis, MA &
McPhee,, SJ: CURRENT Medical Diagnosis & Treatment 2013 – Mc Graw Hill
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83  

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