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Atividade – 1º bimestre Disciplina: História Série: 3º Turma:

Professor: Rodrigo Rosselini Data: Valor: 4,0


Alunos: Nota:

TRABALHO DE HISTÓRIA
01. Este trabalho tem o objetivo de trazer uma reflexão sobre a formação do Brasil e do brasileiro. Ou seja, tanto a
formação política relacionada ao território e ao Estado, como a questão de uma identidade nacional. Tendo em
mente este objetivo, produzam um texto (máximo de 8 páginas), abordando a crise da colonização mercantilista e
a crise do colonialismo luso; a transferência da sede do Império Colonial Português para a América e a
transformação nas relações entre metrópole e colônia; e os diferentes interesses, tanto das elites “brasileiras”
quanto das autoridades portuguesas, que resultaram no processo de independência do Brasil.
Neste texto devem-se considerar:
a. A contradição entre o desenvolvimento colonial e a crise metropolitana (expansão da colônia, urbanização,
integração, tratado de Madri 1750).
b. As reformas pombalinas e seus reflexos.
c. A tomada de consciência colonial ou do “viver em colônias” (identidades nacionais, a diferença entre revoltas
coloniais e movimentos sediciosos, a circulação de ideias).
d. O Rio de Janeiro como centro do império colonial português (problematizar a ideia de “fuga” da Corte e da
imagem de D. João VI como “devorador de frangos”, considerando a complexa conjuntura política da virada
do século XVIII / XIX).
e. A Revolução do Porto e as tendências políticas no Brasil.
f. Conclusão: Retomar a reflexão central sobre a formação do brasil e do brasileiro, levando em consideração
os embates e os interesses que resultaram na formação de um Estado monárquico na América.

Para o trabalho será necessário utilizar os quatro textos de referência que seguem ao final, além de outros que
poderão buscar em livros ou na internet, desde que citados corretamente, como se pede nas orientações abaixo:

Orientações para o trabalho:


O trabalho será em dupla.
Valor: 4,0.
O trabalho será todo feito em fonte Times New Roman, tamanho 12, com alinhamento justificado.
Títulos tamanho 14.
Formatar o parágrafo da seguinte maneira:
Espaçamento 6pt antes e 6pt depois; entrelinhas 1,5

Em hipótese alguma será aceito plágio (ou seja, cópia da internet). O objetivo é avaliar um texto da autoria de vocês.
Certamente será permitida a citação de outros textos, seja do livro didático de vocês, outros livros, ou demais textos

coletados na internet. Porém, ao fazer a citação, deve-se utilizar aspas duplas no início e no final da citação. Após
fechar aspas, deve-se colocar entre parêntesis o autor e o ano da publicação do texto, como no exemplo a seguir:

Na revolução inglesa, após a guerra civil, formaram-se dois grupos. Um deles, formado por “artesãos e soldados
liderados por John Lilburne apresentaram um programa exigindo liberdade de consciência religiosa e participação
política. Ficaram conhecidos como niveladores” (VAINFAS, FARIA, FERREIRA & SANTOS, 2010). Quando há mais
de 3 autores, pode-se colocar o sobrenome apenas do primeiro, seguido da inscrição latina et. al. Neste caso seria
assim: (VAINFAS, et. al., 2010). Mas nas referências, ao final do trabalho, devem constar todos os nomes.
Ao final do trabalho, deve haver a lista das referências, onde todo o material utilizado deverá estar listado, seguindo
a seguinte regra:
Deve-se colocar o sobrenome do autor em letras maiúsculas, seguido de vírgula. Após a vírgula colocar o nome e
tudo o que vier antes do sobrenome, seguido de ponto. Após o ponto, o nome do livro ou título do texto. Em seguida
o nome da cidade onde foi publicado o texto, vírgula, a editora, vírgula, o ano de publicação.

No caso do exemplo anterior, seria:

Referências
VAINFAS, Ronaldo; FARIA, Scheila Siqueira de Castro; FERREIRA, Jorge Luiz & SANTOS, Georgina Silva dos.
História: das sociedades sem Estado às monarquias absolutistas, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2010.

Quaisquer dúvidas sobre citações e referências, há um vídeo aqui neste link explicando como fazer. Se ainda assim
houver dúvidas, procure no google sobre citações e referências ABNT.

Prazos:
Assim que estiver pronto podem enviar, pelo e-mail de vocês, para uma primeira avaliação, até o dia 09/08. Enviarei
de volta até o dia 12/08. A entrega final será dia 15/08, impresso.

Quaisquer dúvidas, entrem em contato por e-mail.

Bom trabalho!

TEXTO I
“Entre os anos de 1789 e 1801 as autoridades de Lisboa viram-se diante de problemas sem precedentes. De várias
regiões da sua colônia americana chegavam notícias de desafeição ao Trono, o que era sobremaneira grave. A
preocupante novidade residia no fato de que o objeto das manifestações de desagrado, frequentes desde os primeiros
séculos da colonização, deslocava-se, nitidamente, de aspectos particulares de ações de governo para o plano mais
geral da organização do Estado. (...) Algo de novo despontava, para além de motins de soldados em razão do atraso
no pagamento do soldo, dos saques aos armazéns por motivo de abastecimento insuficiente de gêneros, de revoltas
contestando os excessos fiscais ou, até, redefinindo hegemonias de abrangência local (...).
O que se percebe, agora, nos transbordamentos da fronteira da legalidade estrita, coisa que está presente nos
distúrbios, saques, motins, sublevações e revoltas do período anterior, todos eles se propondo à correção de
disfunções de um sistema tido por bom e justo mas localmente mal exercido, é que a própria forma de organização
do poder se torna o alvo das críticas, e a sua substituição por outra afirma-se como o objetivo que move os homens”.

TEXTO II
Os bastidores de uma revolta:
A conjuração baiana, que completará 217 anos em novembro, contou com ampla e secreta rede de
contatos

Como se inicia uma revolta? Como homens de diferentes grupos sociais e interesses diversos resolvem se unir,
dispostos até a pegar em armas para reivindicar direitos? Um ingrediente fundamental para que isso aconteça é a
circulação de ideias. Com a conjuração baiana (1798) – que lutou por mudanças, como a liberdade de comércio e o
fim da ordem escravista na Colônia – não foi diferente.
Conhecida pela mobilização dos sapateiros, militares, alfaiates e escravos, a revolta foi articulada em encontros
clandestinos que ajudaram a espalhar os ideais que levaram à sedição.
Em conversas e reuniões secretas na periferia de Salvador, ecoaram os princípios da Revolução Francesa
(1789) que desestruturaram o Antigo Regime. Em 1793 começaram a aparecer os sinais de simpatia pela França e
por seu regime republicano. Traduções, cópias e trechos de livros e documentos franceses passavam de mão em
mão na cidade.
(...) A movimentação desagradava ao governo colonial, que sentia a sombra de uma ameaça. Cartas enviadas
a Lisboa denunciaram o presbítero e rico comerciante Francisco Agostinho Gomes por crime de “francesia”, isto é,
divulgação das ideias revolucionárias francesas. Outro alvo de denúncias foi Cipriano Barata (1762-1838), recém-
chegado de Lisboa, onde se formara em medicina.
A denúncia mais grave ocorreu em julho de 1797: dizia respeito à existência de “ajuntamentos”, ou seja,
encontros para a preparação de uma revolta. Quando recebeu a informação, o próprio governador da Bahia, D.
Fernando José de Portugal e Castro (1788-1801), ordenou uma surra de pau no soldado Manoel de Santana por seus
discursos contra a Igreja Católica, e exigiu a subordinação ao rei de Portugal e às leis.
(...) Um dos marcos iniciais da Conjuração Baiana aconteceu na madrugada de 12 de agosto de 1798, quando
foram divulgados onze boletins manuscritos com as principais resoluções dos revoltosos. Vários deles reclamavam
do pagamento dos militares e da injustiça da hierarquia militar: “Cada hum soldado receba de soldo dois tostões cada
dia” / “Os oficiais augmento de soldo e posto”. A corrupção das autoridades também era denunciada. Além disso, os
boletins afirmavam que a capitania da Bahia “sofria latrocínios, furtos com os títulos de impostura, tributos e direitos
que são elaborados por ordem da rainha”.
A ordem colonial parecia estar em perigo, e o governo não hesitou em tomar medidas enérgicas.
Desembargadores do Tribunal da Relação da Bahia imediatamente seguiram ordens para conduzir devassas
(inquéritos). Eles concluíram que os boletins configuravam uma sedição que desafiava o regime monárquico
absolutista de Portugal.
(...) O escrevente Domingos da Silva Lisboa, o primeiro acusado como autor dos boletins, chegou a ser preso.
Contudo, depois de uma análise da caligrafia nos dois bilhetes, foi libertado. As suspeitas se voltaram, então, para o
soldado Luiz Gonzaga das Virgens, que foi detido no dia 24 de agosto.
Sua prisão foi o estopim do segundo episódio que marca a Conjuração Baiana. Um grupo de quatorze pessoas,
depois de uma reunião na oficina do ourives Luiz Pires, decidiu realizar um encontro no campo do Dique do Desterro
na noite de 25 de agosto. Lá, discutiram a possibilidade de um levante armado para a vitória da revolução. O ourives
Luiz Pires era o único que portava uma arma de fogo.
Mas a dura repressão do governo da Bahia em pouco tempo tornou impossível o sonho dos conjurados. Quem
se arriscou foi impiedosamente punido. Na manhã de 26 de agosto de 1798, começaram as prisões. Quarenta e uma
pessoas foram detidas, mas somente 33, entre as quais onze escravos, chegaram ao final da devassa.
Ficou a cargo do advogado José Barbosa de Oliveira tentar inocentar os sediciosos, mas a defesa foi rejeitada.
O Tribunal da Relação condenou à morte Lucas Dantas de Amorim Torres, Luiz Gonzaga das Virgens, o aprendiz de
alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira e o mestre-alfaiate e dono de alfaiataria João de Deus do Nascimento. No
dia 8 de novembro de 1799, eles foram enforcados e esquartejados. Este mês, aquela execução completa 210 anos.
Uma data a ser lembrada pela memória nacional.

TAVARES, Luís Henrique Dias. Os bastidores de uma revolta: A conjuração baiana, que completa 210 anos este mês, contou
com ampla e secreta rede de contatos. In: Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 5, nº 50. Rio de Janeiro, Fundação
Amigos da Biblioteca Nacional, novembro de 2009.

TEXTO III
Querendo ser livre e feliz

(...) Ainda no século XVII, o poeta Gregório de Matos diria:


[...] os brasileiros são bestas
E estão sempre a trabalhar
Toda a vida por manterem
Maganos1 de Portugal
Quem seriam os “brasileiros” a que o poeta fazia referência? Seriam ainda os traficantes de pau-brasil? Quem seriam
os “maganos de Portugal”?
Durante o período colonial, em diferentes oportunidades os colonos demonstraram os seus pontos de atrito com a
Metrópole. Na Revolta de Beckman, no Maranhão, em 1684, eles lutaram contra o monopólio do comércio exercido
abusivamente pela Companhia de Comércio do Estado do Maranhão. Na Guerra dos Mascates, ocorrida em
Pernambuco no início do século XVIII, reagiram contra o comerciante reinol 2, agente da política centralizadora
metropolitana. Todavia, naquelas oportunidades eles ainda não pensavam em romper o pacto que mantinham com
os colonizadores.
Mas as tensões e os conflitos da sociedade colonial não se resumiam aos movimentos contra os comerciantes reinóis.
Nas áreas em que não havia recursos para a compra de escravos africanos, como o Maranhão e São Vicente, os
colonos entravam em conflito com os elementos religiosos, contrários à escravização do gentio3. Em diversos pontos
da Colônia e em muitas ocasiões, os escravos se revoltaram, realizando atentados contra feitores e senhores, fugindo
e formando quilombos. A presença daqueles que “não têm modo certo de vida”, sobretudo nas vilas e cidades, deixava
inseguros e intranquilos colonizadores e colonos.
Por toda parte existiam barreiras sociais e raciais, expressando o caráter fortemente hierarquizado da sociedade. Em
seu depoimento, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, diria:
[...] o fato de ser alferes4 influiu para transformar-me em conspirador, levado a tanto que fui
pelas injustiças que sofri, preterido sempre nas promoções a que tinha direito. Uni as minhas
amarguras às do povo, que eram maiores, e foi assim que a ideia de libertação tomou conta
de mim [...].
O mesmo pode ser observado no depoimento de João de Deus, pardo, alfaiate, que procurava conseguir adeptos
para a Conjuração Baiana, proclamando que, com a vitória do movimento, seriam todos
[...] tirados da miséria em que se achavam, extinta a diferença de cor branca, preta e parda,
porque uns e outros seriam sem diferenças chamados e admitidos a todos os ministérios e
cargos [...].
Entre a Revolta de Beckman e a Guerra dos Mascates, de um lado, e as conjurações Mineira e Baiana, de outro,
havia uma diferença fundamental. Os participantes dessas últimas falavam de Liberdade. Falavam de Felicidade.
Alguns, como João de Deus, falavam mesmo de Igualdade.
O mundo das pessoas que viviam na Colônia estava sendo mudado.
A utilização de novas palavras por algumas dessas pessoas, a partir do final do século XVIII, caracterizava essa
mudança. Cada vez mais falava-se em colônia, decadência, ricos, pobres, plebe, opulência, posse, miséria, classe,
casta, restauração, felicidade, história, independência, revolução, liberdade, república... Os colonizadores não
desconheciam tal fato, e por isso ordenavam o fechamento das sociedades literárias, proibiam a existência de
sociedades secretas, obstavam a entrada de livros e publicações estrangeiras.
(...) Nos primeiros anos do século XIX, os colonos queriam ser livres e felizes. Eles acreditavam que a liberdade residia
no rompimento do pacto colonial e a felicidade, na manutenção da escravidão.
A repressão violenta que as autoridades portuguesas tinham desencadeado sobre os conjurados tornava-os
cautelosos. Além do mais, eles temiam a participação da “plebe” urbana.
Um acontecimento inesperado imprimiria um sentido original às mudanças que eles imaginavam para as suas vidas.

MATTOS, Ilmar Rohloff de; ALBUQUERQUE, Luis Affonso Seigneur de. Independência ou morte: a emancipação política do
Brasil. São Paulo, Atual, 1991.

TEXTO IV
Adeus, Europa
1
Malicioso, que sabe enganar, pouco escrupuloso.
2
Pessoa natural do reino. Nascido na metrópole.
3
Considerado não civilizado. Referência aos indígenas.
4
Antigo posto militar, equivalente a segundo-tenente.
Fugindo da invasão napoleônica e tentando manter unido seu império, a Corte portuguesa escapou para o
Novo Mundo, passando a ser vista como exótica pelas outras coroas

Em novembro de 1807, Lisboa foi palco de um dos mais notáveis episódios das Guerras Napoleônicas. Enquanto a
força invasora francesa rompia a fronteira entre Portugal e Espanha, nas docas da cidade imperava o caos. Multidões
em pânico abriram caminho entre enormes engradados de carga, barris de água potável, mobiliário, embrulhos com
documentos e pilhas de livros que começavam a se acumular no ancoradouro. Sob uma chuva torrencial, oficiais da
Corte lutavam pra supervisionar o embarque de passageiros e carga na frota portuguesa.
Espremido no comboio estava um microcosmo da elite portuguesa – da realeza a cortesãos e advogados – junto com
suas famílias e exércitos de servos e secretários. O príncipe regente d. João (1767 – 1826), a rainha louca Maria I
(1734-1816) e os herdeiros masculinos, d. Pedro, de nove anos, e d. Miguel, de cinco, embarcaram na capitânia
Príncipe Real, uma sala do trono flutuante contendo toda a linha sucessória da Casa de Bragança. A nave Alfonso de
Albuquerque levava a princesa regente Carlota Joaquina (1775-1830) e quatro de suas seis filhas, uma das quais
cruzaria o Atlântico nos braços de uma ama-de-leite. Segundo algumas estimativas, cerca de 10 mil pessoas se
espalharam por mais de trinta navios, incluindo a escolta de quatro embarcações militares inglesas, preparando-se
para a jornada de 7,2 mil quilômetros até o Rio de Janeiro.
Uma rápida olhada na carga que a frota levava é o bastante para concluir que o Brasil não era visto como um mero
refúgio temporário. O plano de transferir a Corte para o Brasil fora, de fato, discutido em diversas ocasiões desde o
século XVII, como forma de resguardar o império diante de uma agressão europeia. Não era possível prever os
desdobramentos das guerras na Europa, mas os portugueses se preparavam para qualquer eventualidade. Os
documentos a bordo surpreendiam pela quantidade e pela abrangência. Havia manuscritos, mapas, e um registro
detalhado da correspondência oficial entre cortes europeias; obras de arte, equipamento de gráficas, parafernália
religiosa e o tesouro real, contendo a metade de todo o dinheiro que circulava em Portugal na época.
A frota portuguesa finalmente zarpou na manhã de 27 de novembro. No dia seguinte, tropas francesas entraram na
cidade, tomando o controle da capital. Antes de partir, d. João, que governava em nome da mãe enlouquecida,
nomeou um conselho de governadores para receber os franceses em sua ausência, dizendo que voltaria tão logo a
situação política permitisse.
Mas passaram-se 13 anos antes que os migrantes portugueses pisassem novamente sua terra natal. Neste período
as regras do colonialismo foram viradas de cabeça pra baixo. De uma hora pra outra, antigas rotas marítimas foram
invertidas, com decretos cruzando o Atlântico em direção à Europa, e previsões, funcionários e tropas viajando para
o Novo Mundo a fim de abastecer a Corte. Lisboa, a venerável metrópole, fora transformada em posto avançado de
sua antiga colônia; a nova sede da Corte, o Rio de Janeiro, assumiu o papel de capital imperial (...).

WILCKEN, Patrick. Adeus, Europa. In: Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 3, nº 35. Rio de Janeiro, Editora Vera
Cruz, setembro de 2006.

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