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FACULDADE DE DIREITO
CUIABÁ
2019
I. O FGTS na história
Por mais que a Era Vargas seja notória pelo seu enfoque na questão trabalhista, que culminou,
por exemplo, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943, as primeiras situações tuteladas
pelo nosso ordenamento jurídico acerca do sistema estabilitário despontam no panorama normativo
brasileiro em momento anterior ao do período supracitado.
Foi com a promulgação da Lei Elóy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682/1923) que os
trabalhadores ferroviários conseguiram o direito à estabilidade empregatícia (contanto que tenha
transcorrido dez anos de prestação de serviço), em consequência da formação da Caixa de
Aposentadoria e Pensões agregado a cada empresa ferroviária. Subsequentemente, com o advento da
Lei nº 5.109/1926, este direito também foi assegurado aos trabalhadores portuários e marítimos.
Contudo, ainda que a estabilidade tenha sido estruturada por uma norma de caráter
previdenciário, este regimento priva-se de tal atributo, passando suas implicações a estarem
associadas à dissolução de um contrato de trabalho.
Isto posto, na indenização por tempo de serviço, o empregado só teria direito a tal benefício,
se não houvesse realizado a causa ensejadora da cessação da relação empregatícia e tivesse
permanecido por no mínimo um ano trabalhando para o mesmo empregador. Logo, os empregados
que pedissem demissão ou fossem despedidos antes do transcurso de um ano na empresa não seriam
agraciados com esta verba de natureza ressarcitória. Não haveria também a possibilidade de
beneficiação dos herdeiros (ou dependentes) do de cujus e dos aposentados que precedentemente
tivessem trabalhado na sociedade empresária.
1
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 10 de JUL de 2019.
2
BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8036consol.htm>. Acesso em: 10 de JUL de 2019.
3
Ibidem.
4
BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 10 de JUL de 2019.
Além disso, é indubitável que o empregado é hipossuficiente perante o seu empregador, tanto
no quesito econômico quanto técnico e jurídico. Nessa perspectiva, a criação de normas para proteger,
de fato, os trabalhadores são essenciais para manter um equilíbrio entre os polos.
Diante disso, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço auxilia nesta proteção, uma vez que
o trabalhador, ao ser demitido sem justa causa, consegue a subsistência familiar por meio do FGTS.
Assim, observa-se a extrema importância deste fundo para a sociedade como um todo, haja vista que,
com a população tendo recursos, o consumo mantém-se elevado e crescendo, concomitantemente, a
economia nacional.
Com efeito, além das legislações supramencionadas, existem outras normas esparsas, as
quais estão dispostas em Decreto, Resoluções, Instruções Normativas, Circular da Caixa Econômica
Federal e normas do Banco Nacional de Habilitação.
Nos casos dos domésticos, além do padrão dos 8% de alíquota, o empregador também deverá
depositar mensalmente a importância de 3,2% sobre a remuneração devida, no mês anterior, a cada
empregado, destinada ao pagamento da indenização compensatória da perda do emprego, sem justa
causa ou por culpa do empregador (art. 22, LC nº 150/15).
Por conseguinte, enquanto subsistir o contrato de trabalho, os depósitos do FGTS
deverão ser inarredavelmente efetuados até o dia 7 de cada mês, ao tempo que o montante arrecadado
será utilizado pelo Poder Executivo, até o momento do saque, com vistas à promoção de políticas
públicas, como as de habitação e de saneamento básico.
Por sua vez, o montante arrecadado relativo ao trabalhador em específico, nos termos da
legislação trabalhista, poderá ser total ou parcialmente retirado nos seguintes casos previstos na
Consolidação das Leis Trabalhistas: