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1* não encontramos negros capacitados

Esse é o número 1. É incrível! Muitas empresas dizem que não estamos qualificados, que não temos todos
os requisitos das vagas sendo que, discriminam o profissional negro no recrutamento. Excluem currículos
pelo bairro que moram, pelo tipo de faculdade que cursam, quem não fez faculdade…

2* nunca nem percebi que não tinham negros aqui

É “comum” ver a maioria dos funcionários brancos enquanto a maioria da população é negra? Se nós
somos mais de 50% da população brasileira deveríamos ter números compatíveis no mercado de trabalho
não? Como é que não percebem que faltam negros nas empresas? Nas 500 maiores e melhores, segundo
pesquisa do Instituto Ethos, somos 31,1% e os brancos 67,3%. As mulheres negras são as que mais
sofrem por terem menos oportunidades e quando tem ganham menores salários. Mesmo assim, das que
conseguem ascender nesse cenário apenas 0,5% de mulheres negras estão entre os executivos brasileiros.

3* não existe racismo aqui na empresa, temos negros como seguranças

Essa é do “mito da democracia racial” se hoje, temos qualificação profissional, experiência, currículo,
porque não contratar mais negros além da área de segurança, recepção, limpeza? Porque não inserir mais
negros no nível tático e estratégico?

4*para trabalhar numa empresa grande, só com cabelo alisado

Nós mulheres negras temos mesmo a falsa ideia de que o cabelo liso é mais aceito, mais formal, mais
comportado! Mito! Nosso cabelo pode estar alinhado a qualquer tipo de empresa com o penteado, a
trança, o acessório e o que mais você quiser usar no seu cabelo! Respeite o dress code (regras de
vestimentas) da empresa e todos respeitarão o seu cabelo!

5* meu estilo não é aceito pela empresa

Essa é complemento da anterior. Cada empresa tem seu dress code, sua forma de se vestir, suas regras,
seu estilo. Alguns detalhados no regulamento interno, no código de ética, alguns são direcionados pelo
tipo de mercado que a empresa está inserida, outros pelo tipo de produto que comercializa. Independente
do tipo de empresa, você tem que saber ler esse código e estar formal, esportivo, se é casual. Na verdade,
suas roupas vendem a imagem profissional de quem você é.

6* os programas de diversidade não aceitam negros

Já é uma prática, oriunda das empresas multinacionais a inclusão de profissionais da diversidade, entre
eles, estão pessoas com deficiência, mulheres, melhor idade, jovem aprendiz, LGBT e negros. A
estratégia das empresas é diversificar o quadro de profissionais, na maioria branca e masculina. Assim,
empresas que trabalham com programas de diversidade, incluem negros sim! Aliás, é até uma porta de
entrada, mas, a maioria exige o conhecimento em inglês!

Portanto, qualifique-se!

* Patrícia Santos de Jesus é pedagoga, especialista em Recursos Humanos. É idealizadora do


EmpregueAfro – ação afirmativa que desde 2005 luta pela inclusão do negro no mercado de trabalho.
Dia do Índio: descubra os mitos sobre os povos
indígenas

Pernambuco é o 2º estado do Nordeste em número total de índios e o 4º do País Foto: Hélia


Scheppa/Acervo JC Imagem

Há 73 anos o Dia do Índio é celebrado, no Brasil, em 19 de abril. Mas além dos festejos realizados por
órgãos ligados às populações indígenas, ou as festas nas escolas infantis, pouco é debatido sobre o tema
no nosso dia a dia. O desconhecimento, inclusive, faz com que alguns mitos em torno dos primeiros
habitantes dos continentes permaneçam por gerações.

Confira alguns enganos popularizados sobre a população indígena e esclarecidos pelo doutorando em
antropologia Marcondes Secundino, especilista no assunto que presta consultoria nas áreas de etnicidade,
etnodesenvolvimento e avaliação de impacto socioambiental em Terras Indígenas e Quilombolas.:

"EXISTEM POUCOS ÍNDIOS NO ESTADO (E NO BRASIL)"

 Comunidades indígenas aderem às redes sociais e novas tecnologias


 Um em cada quatro indígenas latino-americanos vive na pobreza
 ONU alerta Brasil sobre retrocessos na proteção dos direitos indígenas
 Brasília terá projeto para dar visibilidade aos povos indígenas

Resposta do estudioso: No Brasil contemporâneo a presença indígena é relevante. O Censo do IBGE de


2010 aponta 817.963 indígenas, mas, ressalte-se, o resultado alcançado é por amostragem. O que indica
um resultado subestimado. Eles estão presentes em mais de 80% dos municípios brasileiros, em todos os
estados da federação e no Distrito Federal. Na distribuição por região, e levando em consideração a
política indigenista oficial e os próprios movimentos indígenas, o Norte e Nordeste sofrem uma pequena
alteração.

"OS ÍNDIOS ESTÃO PERDENDO SUA CULTURA"

Resposta do estudioso: A idéia de que os índios estão perdendo sua cultura é resultado de uma tradição
de pensamento – senso comum e escolas científicas – superada desde o século passado, mas ainda
presente na sociedade. Essa perspectiva parte do princípio de que os grupos e povos indígenas seriam um
cadinho de cultura a ser mensurado pelo nível de aproximação ou distanciamento da “cultura original” –
selvagem – em relação à “cultura ocidental”. Nessa lógica, quanto mais próxima do ocidente, menos
autêntica a identidade coletiva e mais aculturada, destituída de sua originalidade. Geralmente folcloriza-se
essas identidades, congela-se o indígena no tempo, e sempre que se refere a ele remete a um passado
glorioso, um paraíso terrenal perdido. O fato de se utilizarem de roupas e novas tecnologias não os
destituem da sua condição de índio e membro de uma comunidade étnica. Ao contrário, pode
potencializar sua inserção na sociedade de forma mais qualificada, dinâmica e democrática.

"ÍNDIO NÃO VAI PRESO, POR ISSO FICA IMPUNE A TUDO"

Resposta do estudioso: Esta afirmação é mais um preconceito destilado contra os indígenas e não
corresponde a realidade jurídica do Estado brasileiro. Foi derrubado, com a Constituição de 1988, o
princípio da tutela exercido pelo Estado em relação aos índios, por meio do Ministério da Justiça,
Fundação Nacional do Índio. Com isso, os índios tornaram-se juridicamente capaz e civilmente
responsável pelos seus atos, semelhante aos demais cidadãos brasileiros. A exceção, previsto na
Constituição, é quando uma liderança indígena participa de movimentos sociais em defesa de direitos
coletivos. Direito extensivo aos demais movimentos sociais no Brasil.

"OS INDÍGENAS FORMAM UM POVO PREGUIÇOSO"

Resposta do estudioso: Esse é outro preconceito que vem do período colonial e se atualiza de forma
violenta na contemporaneidade. Em função do índio se rebelar da condição de escravo, ficou com essa
etiqueta. Rebelou-se também contra os coronéis que os proibiam de praticarem sua cultura, de falarem sua
língua, de realizarem seus rituais, de viverem em coletividade e de acordo com o seu modo de vida. E
mais contemporaneamente por reclamarem seus direitos constitucionais, sobretudo o direito ao território.
Aqui se abre a caixa de ressonância da intolerância e da incapacidade de reconhecer diferentes modos de
vida, diferentes formas de se relacionar com práticas consideradas produtivas e com o próprio território.

Cerca de 37% índios com mais de 5 anos de idade sabem falar dialetos indígenas Foto: Hélia
Scheppa/Acervo JC Imagem

DIA DO ÍNDIO - A data do dia 19 de abril foi marcada em 1943 pelo então presidente Getúlio Vargas,
que usou como referência o dia em que foi realizado o primeiro Congresso Indigenista Interamericano,
realizado no México, em 1940. No restante do mundo, no entanto, os povos indígenas são homenageados
no dia 9 de agosto. A data foi estabelecida em 1995, a partir de uma determinação das Organizações das
Nações Unidas (ONU).

O último Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE),
aponta que, em 2010, cerca de 817 mil pessoas se declaram indígena no País. Desse total, 63,8% viviam
na área rural (sendo 57,7 em terras reconhecidas como indígenas) e 36,2% em centros urbanos.

Em Pernambuco, estudiosos apontam que pelo menos 11 etnias indígenas sobrevivam ao tempo, são elas:
Fulni-Ô, Kapinawá, Pipipã, Kambiwá, Atikum, Truká, Pankararu, Pankaiucá, Pankará, Tuxá e Xucuru.
Elas estariam espalhadas no município do interior do Estado, como: Águas Belas, Ouricuri, Pesqueira,
Floresta, Ibimirim, Inajá, Carnaubeira da Penha, Cabrobó, Tacaratu, Jatobá e Petrolândia.

ONDE ESTÃO OS ÍNDIOS BRASILEIROS? - Em relação à população indígena, a divisão regional


brasileira é diferente do território geográfico convencional. Trata-se um mapa geopoliticamente pensado
na história da população indígena. A região Nordeste (chamada também de Nordeste-Leste) exclui o
estado do Maranhão (que integra o Norte) e inclui os estados do Espírito Santo e Minas Gerais.

A região Nordeste (ou Nordeste-Leste) abriga cerca de 80 povos indígenas. De acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, em termos de contingente populacional, a
Bahia é o terceiro estado em população indígena no Brasil e primeiro no Nordeste, com 56.381 índios.
Pernambuco é o segundo da região e o 4º do País, com 53.284.

LÍNGUA DOS ÍNDIOS - O Censo do IBGE de 2010 revela que 274 línguas indígenas são faladas por
indivíduos pertencentes a 305 etnias diferentes no Brasil. Cerca de 37% índios com mais de 5 anos de
idade falam esses dialetos, sendo que 6 mil deles falam mais de duas línguas. O português não é falado
por 17,5% do total, cerca de 130 mil pessoas.

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