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DIREITO TRIBUTÁRIO II

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL


Prof. Alexandre Fadel.
2018.2
Introdução
O processo administrativo fiscal (PAF) ou tributário (PAT)
é regido pelo Decreto n° 70.235/1972, norma
recepcionada pela Constituição da República de 1988 como
lei em caráter material.
Destacam-se duas fases no processo administrativo fiscal:
a fase não contenciosa e a fase contenciosa.
Decreto nº 70.235/1972:
Art. 1° Este Decreto rege o processo administrativo de
determinação e exigência dos créditos tributários da União
e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária
federal.
Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase
litigiosa do procedimento. (“Embora a impugnação de um
lançamento seja a forma mais comum de início de um
processo administrativo tributário contencioso, este se
pode instaurar, também, p. ex., em face do indeferimento
de um pedido de restituição ou compensação feito pelo
contribuinte...”)
Processo e Procedimento (competência)
A competência para legislar sobre direito processual é
privativa da União, enquanto que em relação ao
direito tributário e procedimentos em matéria
processual a competência é concorrente, nos termos
do inc. I do art. 22 e dos inc. I e XI do art. 24 da
CR/88, respectivamente, os quais estabelecem:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre:
I — direito tributário, financeiro, penitenciário,
econômico e urbanístico; (...)
XI — procedimentos em matéria processual;
Processo e Procedimento
Hugo de Brito Machado Segundo faz a seguinte
sistematização:
Processo e Procedimento
“As normas que regulam os atos de fiscalização, o modo
como deve ser feita a apuração do montante do tributo
devido (lançamento do tributo), o prazo para o
contribuinte impugná-lo, a interposição de recursos
administrativos, a competência da autoridade julgadora
etc. são normas de direito processual em sentido
amplo, disciplinando o processo administrativo tributário,
que se desenvolve ainda no âmbito da Administração
Tributária, inicialmente de forma não contenciosa,
em mero procedimento verificado antes da prática do
ato de lançamento, e, depois, de modo contencioso,
como uma forma de controle interno da legalidade deste,
consubstanciando esta última etapa o processo
administrativo tributário propriamente dito. Por
fim, as normas que tratam da execução do crédito apurado
pelo Fisco, da penhora de bens, da interposição de
embargos pelo contribuinte, ou da propositura de ação
para anular o lançamento, para obter a restituição de
tributos pagos indevidamente etc., são normas de
direito processual em sentido estrito, e tratam do
processo judicial tributário.” (HBMS)
Processo e Procedimento
Para James Marins (Direito Processual Tributário
Brasileiro), “pode haver participação do contribuinte
na atividade formalizadora do tributo e isso se dá, por
exemplo, quando este junta documentos contábeis
que lhe foram solicitados ou quando comparece ao
procedimento para esclarecer esta ou aquela conduta
ou procedimento fiscal que tenha adotado na sua
atividade privada. Até esse ponto não se fala em
litigiosidade ou em conflito de interesse, até porque o
Estado ainda não formalizou sua pretensão
tributária. Há mero procedimento que apenas se
encaminha para a formalização de determinada
obrigação tributária (ato de lançamento). (continua)
Processo e Procedimento
“Após essa etapa, que se pode mostrar mais ou menos
complexa, praticado o ato de lançamento e portanto,
formalizada a pretensão fiscal do Estado, abre-se ao
contribuinte a oportunidade de insurgência, momento
em que, no prazo legalmente fixado, pode manifestar
seu inconformismo com o ato exacional (execução)
oferecendo sua impugnação, que é o ato formal do
contribuinte em que este resiste administrativamente
à pretensão tributária do fisco. A partir daí
instaura-se verdadeiro processo informado por
seus peculiares princípios (que são desdobramentos
do due process of law) e delimita-se o instante, o
momento em que se dá a alomorfia (metamorfose)
procedimento-processo modificando a natureza
jurídica do atuar administrativo.”
Processo e Procedimento
“É de se ressaltar que o Fisco, em regra, não se pode
utilizar de ações de conhecimento, no âmbito do
processo judicial tributário, mas somente da execução
fiscal e da cautelar fiscal. Às ações de conhecimento
só recorrem os contribuintes, e a razão é simples. O
Fisco, como a Administração Pública de uma maneira
geral, constitui seus próprios títulos executivos,
unilateralmente. É desnecessário, portanto, buscar o
Poder Judiciário para constituí-los, em uma ação de
conhecimento. A decisão proferida no âmbito do
processo administrativo fiscal, por seu turno, é
sempre do próprio Fisco, razão pela qual este não
pode recorrer ao Judiciário para pugnar pelo seu
desfazimento”. (HBMS)
Princípios
“A relação processual é uma relação jurídica,
submetida a uma série de princípios, em sua maioria
constitucionais, que estabelecem diretrizes a serem
seguidas pelas partes e especialmente pelo julgador
no exercício da função de aplicar o direito na
resolução de conflitos, quer na esfera judicial, no
exercício da atividade jurisdicional propriamente
dita; quer na esfera administrativa, na qual a
resolução de conflitos por meio de um processo
contraditório se submete aos praticamente mesmos
princípios do processo judicial. E mesmo os meros
procedimentos administrativos não contenciosos, nos
quais é exercida a atividade administrativa própria,
ou típica (...) submetem-se a princípios inerentes ao
Direito como um todo, e especialmente ao Direito
Público.” (HBMS)
Princípios
Os princípios elencados a seguir, assim como todos os
demais princípios e regras inerentes à atividade
estatal, aplicam-se naturalmente a todas as fases
do processo tributário em sentido amplo:
- Justiça

- Segurança jurídica

- Isonomia

- Legalidade

- Razoabilidade

- Proporcionalidade

- Publicidade
Princípios Vetores do Mero Procedimento
O mero procedimento “não têm por fim resolver um
conflito de interesses. Pelo contrário, constituem
mera sequência de atos logicamente encadeada, mas
cujo fim não é resolver um conflito, nem viabilizar a
participação dos interessados, mas apenas
operacionalizar a prática de atos administrativos
típicos, atos inerentes à atividade do Poder
Executivo” (HBMS):
- Oficialidade

- Inquisitoriedade

- Cientificação

- Busca pela verdade real

- Subordinação hierárquica

- Dever de fundamentação
Princípios Inerentes aos Processos
Administrativo e Judicial
- Devido processo legal
- Ampla defesa e contraditório
- Instrumentalidade e economia processuais
- Duplo grau de jurisdição
- Necessária fundamentação das decisões
Princípios Peculiares ao Processo
Administrativo
- Utilidade do processo administrativo
- Não submissão do órgão julgador ao poder
hierárquico
- Verdade material
- Oficialidade
Princípios Peculiares ao Processo Judicial
- Inafastabilidade da jurisdição
- Efetividade da tutela jurisdicional
- Imparcialidade, inércia e “verdade formal”

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