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SCHOPENHAUER:
(1788-1860)

"O Mundo como Vontade e Representação":

>>> Sempre os mesmos personasgens que aparecem; têm as mesmas


paixões e a mesma sorte;
>>> Os motivos e os acontecimentos variam, mas o espírito dos
acontecimentos é o mesmo.

A história não apenas na sua forma, mas na sua própria matéria é uma
mentira: com o pretexto de que nos fala de simples indivíduos e de factos
isolados, pretende contar-nos de cada vez coisas fiferentes, enquanto que
desde o começo ao fim é a repetição do mesmo drama, com outros
personagens e sob diferentes costumes.

"O mundo é apenas uma peça de teatro sinistra" >>> universalidade da


intuição de Schopenhauer.

"É o nosso mundo actual, esse mundo tão real, com todos os seus sóis e
todas as suas vias lácteas, que é o nada."
(A sua doutrina é uma "contra-utopia", uma doutrina pessimista.)

EM DIRECÇÃO À REPRESENTAÇÃO:

Influência do sistema Kantiano: tirou dele os elentos susceptíveis de


contribuir para a sua concepção do mundo: um puro teatro.

>>> O mundo e os seus objectos , que o compõem não são mais do que
representações.

Princípio da Razão Suficiente: aplica-se apenas às representações.

1. Se se trata de representações intuitivas, completas e empíricas >>>


aplica-se enquanto lei da causalidade; (necessidade física - relação entre
causa e efeito.)
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2. Se se trata de conceitos e representações abstractas: princípio de


razão do conhecimento; (necessidade lógica - não há nenhum juízo sem
uma razão.)

3. Se se trata do que constitui as formas das representações, o tempo e o


espaço : como razão de ser; (necessidade matemática - relações do
espaço.)

4. Se se trata do sujeito do querer >>> lei da motivação; (necessidade


moral - não há nenhuma vontade sem motivo.)

O princípio de razão suficiente é para Schopenhauer a síntese entre o


princípio de homogeneidade e de especificação.
Princípio de homogeneidade: é aquele, pelo qual nós apreendemos as
semelhanças das coisas.
Princípio de especificação: princípio pelo qual apreendemos as diferenças
das coisas.

"Nada existe como objecto fora da minha representação".

Tempo + Espaço : orgãos da percepção que não nos dão as


coisas em si, pela razão de que um orgão também é um
obstáculo;
Estruturas fisiológicas , propriedades do cérebro.

Schopenhauer mostrou que o mundo é uma aparência.

" O MUNDO COMO VONTADE E REPRESENTAÇÃO" :

1. O mundo como representação:


a) Submetido ao princípio de razão suficiente;
b) Relação do sujeito com o objecto ;
c) Logo é uma teoria do Conhecimento.
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2. O mundo como vontade:


a) Sujeito e Objectos vistos em si mesmos;
b) Sujeito e objectos vistos em si mesmos: fenómenos da vontade =
objectivos da vontade;
c) Logo é uma Metafísica: porque ultrapassa o mundo sensível, a
experiência sensível.

3. O mundo como representação:


a) Não sujeito ao princípio de razão suficiente;
b) Intuição da Ideia platónica (a pessoa quer ver, sentir...);
c) A lógica da pessoa é substituída pela lógica do sentimento.
d)Logo é uma Estética (na Arte as coisas mais absurdas são possíveis).

4. O mundo como vontade: como afirmação e negação de querer viver.


a) O homem colocado diante da vida;
b) Lógica do Desespero;
c) É uma Ética e seus problemas.

Vontade e Representação :

A) A VONTADE:

"A vontade : é o conhecimento "a priori" do corpo; o corpo é o


conhecimento "a posteriori" da vontade".

À Totalidade do real, Schopenhauer estende o que se refere ao corpo,


enquanto ele é representação da expressão e da vontade.

Vontade: é o "em si" universal da representação dos fenómenos;


essência íntima de todas as coisas; força, impulso cego;
> contudo não é apreendida pelo entendimento, nem pela razão.

Vontade: é atingida pela intuição/ abrange tudo no mundo: flores,


animais, minerais,...
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Vontade: torna-se consciente de si mesma, no homem superior, e


compreende-se a si mesma, por uma clara intuição a que a reflexão
ajudará se necessário; leva-a a compreender-se , compreendendo-a...

Homem Superior: (aquele que compreende ? ) >>> o mundo é um teatro


e a vontade , precisamente porque não conhece nem lógico, nem cálculo, é
uma vontade absurda de existir.

A vontade é uma finalidade sem fim.

O Mundo é manifestação da vontade que quer ser - ser por ser - ; é o que
não tem sentido, e que se renova sem cessar, como se vê na história.

A existência é teatral, sem fim; e esse teatro é de toda evidência sinistra


e lúgubre.

B) REPRESENTAÇÃO:

- é a vontade individualizada, portanto limitada. A natureza é limitação.


A representação tem de ser essa vontade constrangida, insatisfeita. É a
posição do infinito num espaço de tempo finito.
(Contradição: se a vontade é infinita, absolutamente livre, causa de tudo,
quem é que a limita ? É ela que se limita. Logo já não é totalmente livre.)

A representação, enquanto vontade insatisfeita, procura regressar à fonte


de onde proveio, que é a sua essência infinita. Daí o recalcamento da
natureza que já está alienada.

Uma vez que tudo é representação , o sujeito não se distingue do


objecto.

>>> A forma mais geral da representação >>> "distinção" em "eu" e "não-


eu".
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>>> A disjunção do sujeito e do objecto só tem sentido no interior da
representação -...- mas também reconhecer que a representação como
uma totalidade, não falando apenas do sujeito e do objecto, mas do
conjunto que eles constituem.

Corpo: > "representação como um outro, um objecto entre os objectos";


> vontade , sujeito real, que se exprime, age, quer, deseja.

A TEORIA DAS IDEIAS E DA ARTE :

Teoria das Ideias :segundo Cassirer tem a ver com Fichte e Schelling.

Schopenhauer chama ideia >>> diferentes graus de objectivação da


vontade.

Vontade: tendência para o acto de existir.

Vontade : tem graus medidos ( formas eternas das coisas, prototipos das
coisas), pela sua visibilidade na representação, para sua objectivação.
// Ideias de Platão

Kant: nem tudo está submetido ao tempo, há formas eternas, e o


conhecimento destas traz o consolo e a salvação, arrancando o homem à
loucura que habita a existência e o tempo.

A existência não tem sentido, a vida não é mais do que um teatro, mas há
um conhecimento do eterno.

O conhecimento das Ideias: será essencialmente um conhecimento


estético e é próprio do génio penetrar as formas externas do existente na
sua pureza.

"O objecto da arte, o objecto que o artista se esforça por representar, o


objecto cujo conhecimento deve preceder e engendrar a obra, como o
germen precede e engendra aplanta, esse objecto é uma ideia, no sentido
platónico da palavra, e não é mais nada."
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A ideia não é um conceito, e no mundo schopenhaueriano das ideias, os


conceitos físicos e matemáticos não têm lugar.

A ARTE e a ESTÉTICA:
(Les Philosophes et l'Art, Ed. Bruno Huisman, Paris, 1984, pp.28 e ss)

"A Arte é uma libertação do espaço e do tempo."

"Não é apenas a filosofia , mas também e ainda as Belas-Artes, que


trabalham afincadamente para resolver o problema da existência. Pois em
todos os espíritos, uma vez dados à contemplação verdadeira, puramente
objectiva do mundo, acorda uma tendência , ainda que possa estar
escondida e ser inconsciente. É efectivamente a essência que interessa ao
intelecto enquanto tal, quer dizer, o sujeito puro da consciência franqueia
os fins da vontade;(...) Também o resultado de toda a concepção
puramente objectiva, ou seja, toda concepção artística das coisas, é uma
nova expressão da natureza da vida e da existência, uma resposta à questão
: "O que é a vida ?" - (...)
Mas as artes só falam a linguagem ingénua da intuição , e não a
abstracta e séria da reflexão: a resposta que dão é uma imagem
passageira, e não uma ideia geral e duradoira. É portanto por intuição
que, toda obra de arte, quadro ou estátua, poema ou cena dramática,
responde a essa questão; a música fornece também a sua resposta, mesmo
mais profunda do que a das outras, pois numa linguagem imediatamente
inteligível, ainda que intraduzível para a linguagem da razão, ela exprime
a essência íntima de toda a vida e existência.(..)
A resposta das outras artes, por muito justa que possa ser,não poderá
contudo procurar mais, sempre, do que uma satisfação provisória, e não
completa e definitiva. Pois só dão apenas um fragmento, um exemplo em
vez da regra; nunca é essa resposta inteira que só pode ser fornecida pela
universalidade do conceito.(...)"

"Toda obra de arte tende portanto, verdadeiramente, a mostrar-nos a vida


e as coisas tal como são na sua realidade, mais tais como, também,
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ninguém as pode apreender imediatamente através do véu dos acidentes
objectivos e subjectivos. É este véu que a arte rasga."

"As obras da poesia, da escultura e das artes plásticas em geral, contêm


o "que se sabe", tesouros de profunda sabedoria; pois nelas fala justamente
a sabedoria da natureza mesma das coisas(...)"

"Devemo-nos colocar diante de um quadro, como perante um príncipe,


esperar que ele nos queira falar e dizer-nos o que bem entender;(...)"

"Resulta de tudo o que foi dito, que as obras de arte plásticas contêm na
verdade toda a sabedoria, mas apenas no estado virtual ou implícito; a
filosofia tem por tarefa dar-nos a forma actual e explícita, e nesse sentido
ela está para as artes, como o vinho para a vinha.O que ela se empenha em
fornecer é, de algum modo, um ganho já realizado e claro, um bem
firme e durável; o proveito que resulta das criações e dos trabalhos da
arte é pelo contrário uma aquisição que é preciso renovar sempre."

"Esse concurso do espectador , necessário à fruição estética, repousa em


parte no facto de que toda obra de arte tem necessidade , para agir do
intermediário da imaginação, que deve seguidamente estimular, sem
nunca negligenciar ou deixar inactiva. É uma condição da impressão
estética, e consequentemente uma lei fundamental de todas as belas-artes.
Daí resulta que a obra de arte não deve levar directamente aos sentidos,
mas apenas o necessário, para pôr a imaginação a actuar; a imaginação
deve ter sempre algo a acrescentar, é ela que deve ter a última palavra."

"O que há de melhor na arte é demasiado espiritual para ser dado


directamente aos sentidos: é a imaginação que o deve pôr a claro, ainda
que a obra de arte o deva engendrar.Eis porque frequentemente, os
esboços de grandes mestres façam mais efeito do que os seus quadros
acabados; o que contribui, sem dúvida, é que estas obras nascem
integralmente de um jacto, no momento da concepção, enquanto o quadro
perfeito, saído da inspiração que só se pode manifestar quando terminado,
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só pode ser executado, a preço de um esforço contido, de uma reflexão
sempre prudente e de uma constante tensão da vontade."

"A escultura apenas dá a forma, mas não a cor; a pintura dá a cor, mas
só a simples aparência da forma: ambas recorrem assim à imaginação
do espectador. A figura de cera, pelo contrário dá tudo, cor e forma ao
mesmo tempo; resulta assim a aparência da realidade, e a imaginação
não tem aqui lugar. A poesia, pelo contrário apenas se dirige à
imaginação, que activa por meio de simples palavras."

"Toda a minha teoria da arte tem por objectivo ajudar ao conhecimento


das Ideias do mundo (no sentido platónico, o único que reconheço à
palavra ideia). Ora, as Ideias são essencialmente um objecto de intuição,
e assim, são inesgotáveis nas suas mais íntimas determinações. Para as
comunicar, é necessária a via mais intuitiva, que é a da arte. Qualquer
homem que tenha a plena concepção da ideia e a queira comunicar está
portanto autorizado a escolher a arte como intermediária. - O simples
conceito, pelo contrário, é uma coisa, que basta ao pensamento apreender,
determinar, esgotar, e portanto, todo o conteúdo se pode exprimir, por
palavras, seca e friamente. Querer exprimir, através da obra de arte, é
fazer um desvio bem inútil, é cair nesse hábito, que nós criticávamos
acima, de jogar sem nenhum objectivo com os recursos da arte. Também a
obra , cuja concepção nasce de simples noções claras e precisas não
merece o nome de obra de arte."
(...)
"A impressão produzida por uma obra de arte não nos satisfaz
inteiramente, excepto se não ficar uma parte que nenhuma reflexão pode
rebaixar à precisão de um simples conceito. A concepção será de origem
híbrida, quer dizer, de puras noções, quando o autor duma obra de arte,
antes de passar à execução, pode indicar exactamente por palavras aquilo
que se propõe representar; pois ele poderia também atingir o seu objectivo
com essas simples palavras."
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"Todas essas produções (conseguidas de um único jacto, de um momento
único), têm certamente a grande vantagem de ser obra pura do
entusiasmo do momento, da inspiração, da livre excitação do génio, sem
mistura nenhuma da reflexão nem de intenção."(...)

"As artes utéis nasceram da necessidade; as belas-artes, do superfúlo.


As primeiras são mera inteligência; as segundas são engendradas pelo
génio..."

"... A "essência" da vida, a vontade, a própria existência é uma dor


constante, lamentável e terrível; e contudo, tudo isto, por um lado,
encarado na representação pura ou nas obras de arte, está liberto de toda
dor e apresenta um espectáculo imponente. Este lado puramente
cognoscível do mundo, a sua reprodução pela arte sob uma qualquer
forma, é a matéria sobre a qual o artista trabalha.(...) é ele mesmo essa
vontade que se objectiva e que permanece sózinha na sua dor eterna.
Esse conhecimento puro, profundo e verdadeiro do mundo torna-se o
próprio objectivo do artista de génio: ele não vaimais longe >>>
resignação do santo, espécie de um "calmante" da vontade; ela não se
liberta definitivamente da vida, só se solta apenas por instantes bem
curtos: ainda não é a via que leva para além da vida. É apenas uma
consolação provisória durante a vida,..."

"A ARTE; CLARO ESPELHO DO SER NO MUNDO"


(Michel Piclin, Schopenhauer, Madrid, EDAF, 1975,p.97))

O Caminho da salvação: duas etapas:

1. contemplação do artista;
2. abnegação do santo.

1. Contemplação do artista: não passa de um calmante momentâneo, uma


espécie de "sedativo" das dores da existência (M 324, 341, 390, 481).
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A teoria da contemplação artística , parece estar marcada por um
paradoxo. Esta contemplação artística está fora do "princípio de razão".

É um conhecimento que ultrapassa o entendimento. (M239)

Surge de uma forma privilegiada no génio, por "um profundo silêncio da


vontade"(M 919).

A Arte oferece-nos assim uma espécie de "claro espelho do ser sobre o


mundo".

Mas como poderá a arte ser autêntica se esse espelho


escapa ao entendimento, à lei do mundo dos fenómenos
e à vontade, sua essência íntima ?

Para poder representar claramente o ser do mundo, o génio deve


libertar-se da escravidão da vontade, já que esta turvaria o espelho; mas
não é a vontade o ser do mundo ? Assim, o espelho da realidade só é
"claro" com a condição de não poder representar a realidade.(98)

"A Arte define-se como a contemplação das coisas ,


independentemente do princípio de razão." Opõe-se
assim à "forma de conhecimento...que conduz à
experiència e à ciência"(M 239): "A essência do génio
consiste numa aptidão eminente para esta
contemplação"(M 240), impossível num animal.(M
382).

Schopenhauer opõe conhecimento científico e contemplação artística,


como o conhecimento segundo Aristóteles e o conhecimento segundo
Platão (M 240).

"O primeiro semeia uma violenta tempestade que passa, sem


que se conheça a sua origem, nem a sua finalidade e que
dobra, remexe, arranca tudo o que encontra pelo caminho; a
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segunda é o aprazível raio de sol, que corta o caminho a essa
tempestade e desafia a sua violência...O primeiro é como uma
cascata...que não conhece um momento de repouso; o
segundo é o arco-íris que domina aprazivelmente este tumulto
desencadeado."(M 240)

Génio: perante a serenidade do sujeito, é muitas vezes "o espectáculo da


vontade na sua agitação e violência" o que desfila. Se se compara o génio
com a infância, e a infância com o "sonho dos sentidos", sugere
Schopenhauer, é então essencialmente dos tormentos da sexualidade, do
que nos livra momentaneamente a visão artística.

A visão estética liberta o sujeito da sua individualidade, e portanto, das


pressões urgentes do corpo e do carácter numenal que, é próprio no
homem, de todos os indivíduos.
"Puro sujeito cognoscente", "único olho do mundo", "sujeito eterno" >>>
somos aptos a captar as ideias que são o correlativo desse sujeito puro.

A visão artística tende a libertar-se de todas as formas de individuação e


mesmo, para além das pressões do nosso carácter numenal individual, não
deixa, por isso, de ter como objecto próprio as ideias, e estas, como
objectivações primordiais da vontade, expressam os projectos
fundamentais do querer-viver, os caracteres inteligíveis específicos , e não
estão, portanto, libertos totalmente da sede de viver.

Se a arte nos oferece, portanto, uma visão objectiva do mundo, neste


sentido,a visão fica liberta das limitações da nossa própria individuação,
mas não nos evita, eventualmente, as lutas da vontade tal como elas são.

Schopenhauer como Kant distingue entre o sublime


dinâmico. e o sublime matemático, que se opõem como
ponto de vista qualitativo e quantitativo, mas que
correspondem ambos ao contraste, segundo Schopenhauer, da
perspectiva externa, onde se manifesta a pequenez do nosso
ser, e da perspectiva interna, onde se manifesta a imensidão
da nossa essência íntima.
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"A representação da essência do homem é a finalidade mais elevada da
arte."

"A beleza humana ultrapassa qualquer outra beleza".

"A arte tem um valor propedêutico, já que o conhecimento perfeito do


mundo (trata-se da tragédia), ao actuar como calmante da vontade, traz
consigo a resignação, e mesmo (numa etapa posterior), a abdicação da
vontade de viver."

Arquitectura:
(Hist. Philo. , op. cit.,p.59)

- É a arte mais inferior aos nossos olhos;


- A arte que torna sensíveis as ideias que
"constituem os graus inferiores de objectivação da vontade; quero falar da
'gravidade', da coesão, da resistência, da dureza, das propriedades gerais
das pedras, das representações mais rudimentares e mais simples da
vontade, das bases profundas da natureza..."

Arquitectura >>> conhecimento "ideativo" da luta dos elementos


inorgânicos; o templo ou o edifício desvendam a 'gravidade' e a
resistência, enquanto se eleva na luz a "mais deleitável das coisas".

No "Mundo como vontade e representação" >>> explica a arte através


das diferentes artes (pintura, poesia, etc).

Música é diferente das outras artes; "não objectiva a vontade...por meio


das ideias", mas sim, vai realmente "para além das ideias".(Michel Piclin,
op.cit.,pp.103-104)

"A melodia oferece-nos uma história íntima da vontade, que alcança até
à consciência dos mistérios da vida, do desejo, do sofrimento e da
felicidade, do fluir e refluir do coração humano."(Idem)
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A música, que se expressa fora do tempo, da causalidade e quase da


representação, percebe-se de facto, no e pelo tempo.(105)

Música: como arte suprema; uma arte diferente das outras.


(Hist. Philo., op. cit.,p.60)

Todas as artes reproduzem as ideias pela produção duma cópia: as


obras de arte. Ora a música não representa nenhuma ideia.(...)

Apesar do mundo ser apenas um teatro - é possível aspirar à salvação


pela arte: uma espécie de consolação pela arte.

A ARTE COMO CONSOLAÇÃO MOMENTÂNEA:


(209)

Se surge uma ocasião exterior ou um impulso interior, que nos arrasta


para além da torrente do querer, e que liberta o conhecimento da servidão
da vontade, então a nossa atenção ficará desviada dos motivos do querer.
Conceberá as coisas independentemente da sua relação com a vontade,
ou seja, considerá-las-á com desinteresse, sem subjectividade,
objectivamente. Dar-se-á totalmente às coisas, enquanto estas são simples
representações, não enquanto motivos.(...) Seremos então felizes.(...) este
estado... é a contemplação pura, o arroubamento da intuição, a
confusão do sujeito e do objecto, o esquecimento de toda
individualidade, a supressão desse conhecimento que obedece ao
princípio da razão e não concebe mais do que relações. É o momento em
que, uma só e idêntica transformação faz da coisa particular
contemplada a ideia da sua espécie, do indivíduo cognoscente faz o puro
sujeito de um conhecimento liberto da vontade. A partir desse
momento, sujeito e objecto escapam, em virtude da sua nova qualidade,
ao torvelinho do tempo e das demais relações. "("O Mundo como vontade
e representação", citado in Schopenhauer, por Michel Piclin, p.210)
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A CONSOLAÇÃO FUNDAMENTAL:
(Hist. Philo., op. cit.,p.60)

(Ref. Morte e ao Amor)

Amor: instinto determinado pela vontade; produção de fenómenos; e ao


nível do homem: querer-viver...

>>> No homem capaz de filosofar: a vontade conhece-se a si mesma na


sua afirmação. Ela percebe que quis o mundo, tal como é, teatro de
aparências sempre diferentes e sempre parecidas, sem razão, mas pela
sua pura e profunda liberdade.

>>> A afirmação da vontade é a afirmação do corpo humano na sua


mais alta forma.

Morte: momento de transposição duma individualidade estreita e


uniforme , que longe de constituir a substância íntima do nosso ser,
representa antes uma espécie de aberração.

(63) Tentar uma decifração compreensiva do mundo, como se se


tratasse duma linguagem desconhecida, de hieróglifos.

(64) MORAL E PIEDADE:

Egoísmo : problema moral por excelência;


>>> diferente de : Piedade >>> tanto do homem como do animal.

"A individuação é uma pura aparência, nascida do espaço e do tempo,


que não são mais do que as formas impostas pela minha faculdade de
conhecer, através do meu cérebro, todos os objectos do meu
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conhecimento; a partir daí, a multiplicidade e a diversidade não são
mais do que a aparência também, quer dizer, apenas existem na minha
representação."

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