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RESENHA CRÍTICA
RESENHA CRÍTICA
Vitória da Conquista - Ba
2019
RESENHA CRÍTICA DA OBRA “O PRÍNCIPE” DE NICCOLO MAQUIAVEL
Diante disso, resta claro que para o autor, não havendo a possibilidade de o
príncipe conjugar as duas qualidades, é melhor que seja temido. Ressalte-se, que ser
temido, para ele, não significa o mesmo que ser odiado.
O capítulo XVIII dá conta de explicar “de que modo os príncipes devem manter
a fé da palavra dada”. Segundo discorre o autor (2002, p.102 -104) existem dois modos:
O primeiro deles a partir das leis e o segundo, pela força, sendo que o segundo modo
deve ser utilizado quando o primeiro não é suficiente para alcançar os fins almejados.
Maquiavel (2002, p. 105) evidencia, ainda, que um príncipe prudente não pode
nem deve guardar sua palavra, quando isso for prejudicial aos seus interesses e quando
desapareceram as causas que o levaram a empenhá-la. Além disso, para ele (p.106) o
príncipe não precisa de fato ter todas as virtudes (piedade, integridade, lealdade,
humanidade e religião), porém deve agir como se as possuísse.
É importante salientar que a idéia de que “os fins justificam os meios”, embora
não tenha sido defendida expressamente por ele como faz crer as diversas
interpretações da obra, parte desta lição do autor.
No capítulo seguinte (cap. XIX), Maquiavel ( 2002, p.107) aborda “o porquê se
deve evitar ser desprezado e odiado”. Para ele, o que leva um príncipe a ser odiado é
um comportamento de usurpador dos bens e mulheres de seus súditos enquanto que o
príncipe que consegue criar uma boa imagem ganha boa reputação, o que lhe confere
certa segurança, pois não se conspira ou ataca um homem de reputação.
Ainda para Maquiavel, (p.108) quando um príncipe é amado pelo povo, as
conspirações passam a não ser tão importantes. De modo contrário, quando odiado
pelo povo, deve temer a tudo e a todos.
No capitulo XX ele questiona “se as fortalezas e muitas outras coisas que a cada
dia são feitas pelos príncipes são úteis ou não”. Na interpretação de Maquiavel (p.122),
alguns príncipes têm o hábito de construir fortalezas que lhes sirvam de esconderijo e
refúgio em casos de ataque inesperados. Segundo o autor, apenas o príncipe que teme
mais seu povo do que os estrangeiros devem levantar fortalezas, porque aqueles que
têm mais temor pelos estrangeiros não precisam de fortificações, sendo sua melhor
forma de proteção não ser odiado pelo povo.
No capítulo XXI, Maquiavel (p.129) esclarece “o que a um príncipe convém
realizar para ser estimado”. Para ele, grandes empreendimentos são a melhor maneira
de estima para um príncipe e este deve batalhar para alcançar a fama e não se manter
em posição de neutralidade. Segundo o cientista político e historiador, a neutralidade
não gera estima, muito embora ele chame atenção para o fato de que um príncipe em
hipótese alguma deve fazer aliança com um aliado mais poderoso pois que ficaria a
mercê deste alcançando a vitória ( MAQUIAVEL, 2002, p. 131).
No Capítulo XXII o autor (p.135) discorre sobre “os ministros dos príncipes.”
Consoante o que expõe, para que se possa avaliar a inteligência de um príncipe
quando este é novo no trono, devem-se avaliar os homens que possui ao seu redor,
pelo simples fato de que bons príncipes escolhem bons ministros e vice-versa. Assim,
um bom ministro deve pensar mais no príncipe do que em si próprio e todas as suas
ações buscam o proveito coletivo e não individual. (MAQUIAVEL, 2002, p. 136).
Já no Capítulo XXIII, o autor escreve (p. 138) sobre “como se devem evitar os
aduladores”. Segundo aponta, nem todos podem ter livre acesso ao príncipe, pois isso
daria abertura para os bajuladores. Explica Maquiavel que, o príncipe deve ter em seu
Estado homens sábios e só estes tem a liberdade de lhe dizer a verdade e tão somente
das coisas que lhe perguntar. Ao consultá-los e ouvi-los o príncipe deve deliberar
como bem entender, porém nunca deve voltar atrás nesta deliberação ou será
arruinado (2002, p. 139)
Vejamos o que ele aduz:
[...] Nem se vê no presente em quem possa ela confiar a não ser na vossa
ilustre casa, a qual, com a sua fortuna e virtude, favorecida por Deus e pela
Igreja, da qual é agora príncipe, poderá tornar-se chefe desta redenção (
MAQUIAVEL, 2002, p.152).