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Ilma.Sra.

Rosângela Monteiro

Diretora do DEAS

SenhoraDiretora,

Sirvo-me do presente instrumento, baseada emreunião ocorrida no dia


25 de junho de 2019, nas dependências da SESMA – DEAS, com a Sra.
Jumara, para apresentar a V.S.a. a proposta de inserção da Terapia
Ocupacional na atenção a clientela daUnidade de Referência Especializada em
Atenção à Saúde da Mulher.

1. Introdução

A Terapia Ocupacional é definidapelo Conselho Federal de Fisioterapia e


Terapia Ocupacional – COFFITO, como:

“Profissão nível superiorvoltada aos estudos, à prevenção e ao


tratamento de indivíduos portadores de alterações cognitivas,
afetivas, perceptivas e psico-motoras, decorrentes ou não de
distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas,
através da sistematização e utilização da atividade humana como
base de desenvolvimento de projetos terapêuticos específicos, na
atenção básica, média complexidade e alta complexidade.”

Nasceu do reconhecimento das profissões através do Decreto Lei nº 938,de 13


de outubrode 1969. O sistema COFFITO/ CREFITOs foi estabelecida através
da Lei nº 6.316/75 e o primeiro código de ética das profissões foi dado pela
Resolução COFFITO nº 10,de 3 de julho de 1978. O atual código de ética da
Terapia Ocupacional, está registrado através da Resolução COFFITO nº 425
de 08 de julho de 2013.
As especialidades da Terapia Ocupacional nasceram do desejo de
profundar os conhecimentos em clientelas que exigiam expertise para seu
atendimento.
Assimem 18 de agosto de 2011 foi disciplinada a especialidade Terapia
Ocupacional em Saúde da Família pela Resolução COFFITO nº 407/2011 que
traça o perfil do especialista em Terapia Ocupacional na Saúde da Família.
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Considerando que o projeto inicial do Centro de Referência em


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Atenção e Diagnóstico à Saúde da Mulher teve por objetivo:


“ampliação da oferta de ações e serviços de saúde e
fortalecimento do diagnóstico na atenção à saúde da mulher,
garantido os direitos humanos das mulheres, acesso às ações
de promoção, prevenção e recuperação da saúde, promovendo
a redução da morbimortalidade e melhoria da qualidade de vida
da população feminina no município de Belém-PA”
(ProjetoCRADSM/ SESMA).

Nesse contexto a Terapia Ocupacional Gerale especialmente a Terapia


Ocupacional em Saúde da Família poderão favorecer as mulheres que
receberão atendimento na Unidade de Referência Especializada em Atenção à
Saúde da Mulher.
Tem-se através da Resolução COFFITO nº 401/2011, alguns exemplos
de atuação do Terapeuta Ocupacional nesta especialidade:

Art. 3º Para o exercício da Especialidade Profissional do Terapeuta


Ocupacional em Saúde da Família é necessário o domínio das
seguintes Grandes Áreas de Competência:
I – Realizar consulta terapêutica ocupacional, triagem, entrevista e
anamnese, solicitar e realizar interconsulta e encaminhamento;
II – Identificar potencialidades e habilidades do desempenho
ocupacional, atribuir diagnósticos e prognósticos terapêuticos
ocupacionais por meio de testes e protocolos utilizados pela
Terapia Ocupacional específicos ao ciclo de vida e às
necessidades dos pacientes;
III – Planejar, coordenar, desenvolver, prescrever, acompanhar,
avaliar e reavaliar as estratégias de intervenção terapêuticas
ocupacionais a fim de prevenir doenças, promover a saúde, a
independência e autonomia no cotidiano quanto ao desempenho
ocupacional, atividades de vida diária e instrumentais de vida
diária, trabalho e lazer, acessibilidade, desmonte de processos
de segregação e exclusão social, justiça ocupacional,
emancipação social, desenvolvimento socioambiental,
econômico e cultural e estimular a participação e inclusão social
da pessoa, família, grupos e comunidade em atividades
culturais, expressivas, econômicas, corporais, lúdicas e de
convivência;
IV – Traçar plano terapêutico, acompanhar a evolução e planejar
alta;
V – Utilizar diferentes atividades como recurso de intervenção entre
as quais: tecnologias de comunicação, informação, tecnologia
assistiva, acessibilidade, ludicidade, criatividade, horizontalidade,
participação e apoio matricial, reabilitação baseada na
comunidade, ações intersetoriais, além de favorecer o acesso à
inclusão digital como ferramenta de empoderamento para
pessoas, famílias, grupos e comunidades;
VIII – Prestar assistência na atenção terapêutica ocupacional
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primária de forma a garantir resolutividade nas ações,


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promovendo saúde, prevenindo agravos e articulando, quando


necessário, intervenções nos níveis secundários e terciários do
SUS;

XII – Determinar as condições de alta terapêutica ocupacional;


XIII – Prescrever a alta terapêutica ocupacional;
XIV – Registrar em prontuário a consulta, avaliação, diagnóstico,
prognóstico, tratamento, evolução, interconsulta, intercorrências
e alta terapêutica ocupacional;
XV – Elaborar relatórios, laudos, atestados e pareceres.

Art. 6º O terapeuta ocupacional Especialista Profissional em Saúde


da Família pode exercer as seguintes atribuições, entre outras:
I – Coordenação, supervisão e responsabilidade técnica;
II – Gestão;
III – Direção;
IV – Chefia;
V – Consultoria;
VI – Auditoria;
VII – Perícia.

Art. 7º – O Terapeuta Ocupacional Especialista Profissional em


Saúde da Família pode exercer suas atividades profissionais em
todos os níveis de atenção à saúde e nos seguintes locais,
estabelecimentos ou ambientes, entre outros:
I) Hospitalar;
II) Ambulatorial (clínicas, consultórios, centros de saúde);
III)Domiciliar e Home Care;
IV) Públicos;
V) Filantrópicos;
VI) Militares;
VII)Privados;
VIII) Terceiro Setor.

2. Público - Alvo
1. Mulheres expostas àdiversos tipos de violência
2. Homenstrans(são nascidos mulheres, no entanto sentem-se
homens, mas continuam a possuir a fisiologia feminina.)
3. Mulheres Trans(são nascidos homens, mas as características
fenotípicas são femininas)
4. Mulheres grávidas
5. Mulheres com DST
6. Mulheres Puérperas
7. Mulheres climatéricas
8. Mulheres com distúrbios alimentares nervosos
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9. Mulheres obesas
3. Objetivos

- Promover melhora da qualidade de vida para a mulherdurante todo o


ciclo de vida.
- Prevenir e reduzir doenças crônicas e degenerativas decorrentes do
climatério e do envelhecimento.
- Prevenir, acompanhar e intervir terapeuticamente nas situações que
estão expostas as mulheres trans.
- Planejar, coordenar e desenvolver estratégias para maior participação
das mulheres no período pré-natal.
- Orientar e conscientizar as mulheres sobre as Doenças sexualmente
Transmissíveis (DST) e seus agravantes para os bebês.
- Preparar a gestante para o parto e puerpério.
- Desenvolver atividades para o fortalecimento do vinculo mãe-filho no
puerpério.
- Prevenir e acompanhar as mulheres com disfunções mamárias.
- Estimular práticas saudáveis;
- Elucidar mitos.

4. Justificativa

A saúde da mulher abrange vários aspectos, desde a relação com o


meio ambiente até condições socioeconômicas e culturais, segundo a
Organização Mundial da Saúde(ONU), um dos objetivos do milênio é a atenção
a saúde feminina para o desenvolvimento mundial (BRASIL,2014).

No século XX, o Brasil incorpora políticas nacionais voltadas para a


saúde da mulher com enfoque limitado nas demandas relativas à gravidez e ao
parto. Os programas materno-infantis das décadas de 30, 50 e 70, baseavam-
se no papel social de mulher-doméstica e mulher-mãe, traduzidos em uma
visão restrita sobre a gênero feminino (BRASIL,2004).

Os programas foram duramente criticados. As mulheres organizadas


reivindicaram, por seus direitos e por uma atenção à saúde que extrapolasse o
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momento gravidico-puerperal. Ações que proporcionassem a melhoria das


condições de saúde em todos os ciclos de vida (BRASIL,2004).
O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM)
elaborado em 1984 pelo Ministério da Saúde marcou uma quebra conceitual
com os princípiosda política de saúde das mulheres e os critérios para eleição
de prioridades neste campo (BRASIL, 1984).

Em contexto mundial, a ONU, no ano 2000, propôs os “Objetivos de


Desenvolvimento do Milênio até 2015”. Dentre as 18 metas elencadas, a meta
6 reflete a preocupação com a saúde da mulher, reduzir em 70%, entre 1990 e
2015, a taxa de mortalidade materna, visto que os países em desenvolvimento
apresentavam altas taxas dessa mortalidade (SILVA et al.,2011).

No Brasil, ainda que existissem o PAISM e os objetivos trançados pela


ONU, em 2003 identifica-se a necessidade de articulação com outras áreas
técnicas e da proposição de novas ações. Além disso, dados de 2004 mostram
que, no Brasil, a mortalidade materna estava em 110 mulheres para cada 100
mil bebês.Ainda em 2004, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher - PNAISM foi elaborada tendo como base a PAISM, abrangendo novas
populações e reiterando a importância do cuidado integral (SILVA et al.,2011).

Segundo a regulamentação do Conselho Federal de Fisioterapia e


Terapia Ocupacional (COFFITO), a Terapia Ocupacional na Saúde da familia
foi reconhecida como especialidade no ano de 20011(CONSELHO FEDERAL
DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2011), podendo promover
espaços de educação permanente, facilitando processos de aprendizagem
significativa, a partir do cotidiano da prática do profissionais, abordando temas
gerais na prática em saúde, bem como temas específicos da terapia
ocupacional. Garantindo resolutividade nas ações, promovendo saúde,
prevenindo agravos e diminuindo comprometimentos nas habilidades e
potencialidades dessa mulher.

A terapia ocupacional é a profissão que melhor lida com a Práxis


Humana, intervindo diretamente no cotidiano do individuo ( mulheres exposta
aos mais diversos tipos de doenças e de violências), promovendo qualidade de
vida e bem-estar, por meio de atividades direcionadas e significativas.
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A Atenção à saúde da mulher hoje no Brasil busca integrar atenção à
saúde com várias atividades preventivas em vários períodos da vida da mulher
(Rev. Bras. Psiquiatria,2005).

Observa-se hoje que as mulheres sofrem diversas situações conflitivas


que geram os mais diversos tipos de doenças psicoemocionais gerando
quadros psicossomáticos agravantes, a terapia ocupacional vem colaborar para
a diminuição dessa situações promovendo uma melhor a significativa na
qualidade de vida delas(medicina, RP-SP,2006).

Outro enfoque importante da terapia ocupacional para o atendimento de


mulheres expostas a situações de risco, doenças, pré-natal, puerpério,
climatério, distúrbios alimentares, obesidade, entre outros aspectos, é a
realização de grupos terapêuticos, essa intervenção proporciona o
compartilhamento de experiências, aceitação, acolhimento e diminuição dos
sofrimentos causados pelo contexto em que se encontram(Rosa e
Brançam,2012).

Com base nesse contexto, entende-se que a assistência a mulher deve


ser dada por uma equipe multiprofissional, pois assim reúne profissionais de
diversas áreas para uma atuação conjunta, sendo que esta conjugação de
diferentes saberes leva a um caráter complementador.

5.Recursos necessários

5.1 Pessoas

Conforme reunião ocorrida na SESMA-DEAS, coloco-me a disposição


para atuar na Casa da Mulher .
Possuo graduação em Terapia Ocupacional/ UEPA em 2006, com mais
de 12 anos de experiência em Terapia Ocupacional Geral. Atuo em Terapia
Ocupacional, desde então, passando pelos diversos setores que a profissão
proporciona. Já fui coordenadora de Projetos Especiais da SEJEL_PMB em
2012, sendo a coordenadora dos Programas do Governo Federal PELC-
PRONASCI, 2012. Sou especialista em Saúde Pública com ênfase em saúde
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da família, pela UNINTER-PR,2011. Pós-Graduanda em Transtorno do


Espectro Autista – TEA, pela FINAMA. Realizei atendimento de Home Care
pela Unimed Oeste do Pará via Unimed Belém de 2016 a 2017.
Sou concursada na PMB através da SESMA desde 2019.Concurso
002/2018.

5.2 Espaço físico

Para atendimento de qualidade e com aspectos exclusivos da


Especialidade Terapia Ocupacional na Saúde da Mulher, será necessário sala
de avaliação e atendimento individualizadocontendo pia para higienização das
mãos conforme especificações da ANVISA.
Ainda será necessária área para execução de atividades em grupos, se
possível.

5.3 Material permanente


Nº Material QTD Especificação
1 Armário com chave 2 Em MDF ou aço
Pequeno porte, para acondicionamento de
equipamentos e material de escritório
2 Bola de Vinil e Comum 1 Bolas usada para exercícios
com peso
3 Cadeiras 3 Estofadas
4 Cesto de lixo 2 Em plástico, um para uso na sala outro para
uso no banheiro
5 Recursos Terapêuticos vário Jogos diversos para estimular a memoria,
s atenção, concentração, reconhecimento
corporal, pula corda, elástico, cones,
abotoadores, canetinhas, lápis de cor, entre
outros.
6 Maca para atendimento 1 Em metal ou madeira
13 Mesa de apoio 2 Em metal ou madeira para
acondicionamento de material e
equipamentos
14 Mesa de escritório 1 Em MDF. Mesa escritório 120x60 com 2
gavetas

5.4. Material de consumo


Nº Material QTD Especificação
1 Álcool em gel 3 Para higienização da mãos
2 Canetas 2 Uso do escritório Pacote.
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3 Livro Ata 1 Para fins de registro


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4 Papel higiênico 6 Uso do banheiroPacote.


5 Papel Toalha 3 Higienização das mãos Pacote
6 Pastas 15 Em plástico, para armazenar prontuários
7 Resma de Papel 3 Uso do escritório
8 Rolo de Papel Lençol hospitalar 3 Para uso na maca
9 Sacos Pretos para Lixo 4 Pacote. Uso nos cestos de lixo

6.Referências

BRASIL, Ministério da Saúde.CadernosHumanizaSUS : Humanização do


parto e do nascimento. Universidade Estadual do Ceará; Brasília; v. 4; 465 p
;2014.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à
saúde da mulher: princípios e diretrizes – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL.
RESOLUÇÃO Nº 407, DE 18 DE AGOSTO DE 2011 .Disciplina a Saúde
da Família como especialidade do profissional Terapeuta Ocupacional. e dá
outras providências.

MARQUES, Keila Simone Frade; DE FREITAS, Patrícia Antônia Corrêa. A


cinesioterapia como tratamento da incontinência urinária na unidade básica de
saúde. Fisioterapia em Movimento, v. 18, n. 4, 2017.

SILVA, Lucia Cristina Florentino Pereira da; SANTINON, Evelyn Priscila;


TRINTINáLIA, Maryam Michelle Jarrouge; ARAúJO, Natalúcia Matos; OCHIAI,
Ângela Megumi; PARENTI, Patrícia Woltrich; ALBUQUERQUE, Rosemeire
Sartori de. Direitos humanos e a assistência à saúde da mulher no Brasil.
In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 84, jan 2011.

ROSA, Soraya Diniz; BRANÇAM, GisleineScatena. A Intervenção grupal da


Terapia Ocupacional, São Paulo –SP, 2012

MORAIS, Luciene V.. A assistência do terapeuta ocupacional para pessoas


com distúrbios alimentares, Ribeirão Perto – SP, 2006.

Saúde mental da Mulher no Brasil: desafios clínicos e perspectivas em


pesquisa, Revista Brasileira de Psiquiatria,2005.
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