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O Plano Real

Frente de uma cédula de cem reais, lançada em 1994.

Plano Real[1] foi um programa brasileiro com o objetivo de estabilização e


reformas econômicas, iniciado em 27 de fevereiro de 1994 com a publicação
da medida provisórianúmero 434, implantado no governo Itamar Franco. Tal
medida provisória instituiu a Unidade Real de Valor (URV), estabeleceu regras
de conversão e uso de valores monetários, iniciou a desindexação da economia,
e determinou o lançamento de uma nova moeda, o real.[2]
O programa foi a mais ampla medida econômica já realizada no Brasil e tinha
como objetivo principal o controle da hiperinflaçãoque assolava o país. Utilizou-
se de diversos instrumentos econômicos e políticos para a redução da inflação
que chegou a 46,58% ao mês em junho de 1994, época do lançamento da
nova moeda. A idealização do projeto, a elaboração das medidas do governo e
a execução das reformas econômica e monetária contaram com a contribuição
de vários economistas, reunidos pelo então Ministro da Fazenda Fernando
Henrique Cardoso.[3]
O presidente Itamar Franco autorizou que os trabalhos se dessem de maneira
irrestrita e na máxima extensão necessária para o êxito do plano, o que tornou
o Ministro da Fazenda no homem mais forte e poderoso de seu governo, e o
candidato natural à sua sucessão. Assim, Fernando Henrique, que estivera à
frente do Ministério entre maio de 1993 e março de 1994, elegeu-se Presidente
do Brasil em outubro do mesmo ano.[3]
O Plano Real mostrou-se nos meses e anos seguintes o plano de estabilização
econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação (objetivo principal),
ampliando o poder de compra da população, e remodelando os setores
econômicos nacionais.[4]
Aqui jaz a moeda que acumulou, de julho de 1965 a junho de 1994, uma inflação de
“ 1,1 quatrilhão por cento. Sim, inflação de 16 dígitos, em três décadas. Ou
precisamente, um IGP-DI de 1.142.332.741.811.850%. Dá para decorar? Perdemos
a noção disso porque realizamos quatro reformas monetárias no período e em cada
uma delas deletamos três dígitos da moeda nacional. Um descarte de 12 dígitos no
período. Caso único no mundo, desde a hiperinflação alemã dos anos 1920.
O programa brasileiro de estabilização econômica seguiu as seguintes linhas
mestras (com efeito sinérgico):[3]

Desindexação da economia
Medida adotada: O ajuste e reajuste de preços e valores passaram a ser
anualizados e obedeceriam às planilhas de custo de produção.
Justificativa: Era necessário interromper o círculo vicioso de corrigir valores
futuros pela inflação passada, em curtos períodos de tempo. Essa atitude agravava
a inflação, tornando-a cada vez maior. Era comum acontecer remarcação de preços
várias vezes num mesmo dia.

Privatizações
Medida adotada: A troca na propriedade de grandes empresas brasileiras eliminou
a obrigação pública de financiar investimentos (que causam inflação se for feito
pelo governo através da emissão de moeda sem lastro) e possibilitou a
modernização de tais empresas (sob controle estatal havia barreiras impeditivas
para tal progresso, como burocracia e falta de recursos).
Justificativa: A iniciativa privada tem meios próprios de financiar os investimentos
das empresas, e isto não produz inflação, e sim, desenvolvimento, porque não
envolve o orçamento do governo. Este deve alocar recursos para outras áreas
importantes. E ainda, na iniciativa privada não há as regras administrativas
orçamentárias e licitatórias, que prejudicam a produção das empresas e a
concorrência perante o mercado.

Equilíbrio fiscal
Medida adotada: Corte de despesas e aumento de cinco pontos percentuais em
todos os impostos federais.
Justificativa: A máquina administrativa brasileira era muito grande e consumia
muito dinheiro para funcionar. Havia somente no âmbito federal cem autarquias,
quarenta fundações, vinte empresas públicas (sem contar as empresas estatais),
além de dois mil cargos públicos com denominações imprecisas, atribuições mal
definidas e remunerações díspares.[16]Como o país não produzia o suficiente,
decidiu-se pelo ajuste fiscal, o que incluiu cortes em investimentos, gastos públicos
e demissões. Durante o governo FHC, aproximadamente vinte mil funcionários
foram demitidos do governo federal.

Abertura econômica
Medida adotada: Redução gradual de tarifas de importação e facilitação da
prestação de serviços internacionais.
Justificativa: Havia temor de que o excesso de demanda por produtos e serviços
causasse o desabastecimento e a remarcação de preços, pressionando a inflação
(fato ocorrido durante o Plano Cruzado, em 1986). Existia também a necessidade
de forçar o aperfeiçoamento da indústria nacional, expondo-a a concorrência, o
que permitiria o aumento da produção no longo prazo, e essa oferta maior de
produtos tenderia a acarretar uma baixa nos preços.

Contingenciamento
Medida adotada: Manutenção do câmbio artificialmente valorizado.
Justificativa: Como efeito da valorização do real, esperava-se um aumento das
importações, com aumento da oferta de produtos e aperfeiçoamento da indústria
nacional via concorrência com produtos estrangeiros.
Políticas monetárias restritiva
Medida adotada: Aumento da taxa básica de juros que chegou a 45% ao ano[18] e
da alíquota do depósito compulsório[19] dos bancos.
Justificativa: A taxa de juros teve inicialmente dois propósitos: financiar os gastos
públicos excedentes até que se atingisse o equilíbrio fiscal, e reduzir a oferta de
crédito (promovendo assim o esfriamento da economia), considerados agentes
inflacionários . Os financiamentos chegaram a ter o prazo de quitação regulado
pelo governo.[20]
O aumento do depósito compulsório dos bancos teve o propósito de reduzir a
quantidade de dinheiro disponível para empréstimos e financiamentos dos bancos,
uma vez que estes são obrigados a recolher compulsoriamente uma parte dos
valores ao Banco Central.

Não fazê-lo (o plano) ou é incapacidade ou, o que é pior, imoralidade pela


“ conivência com a exploração do povo e a injustiça social. ”

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