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II Seminário de Avaliação do Pibid/UEM

IV Fórum das Licenciaturas da UEM


30/11 e 01/12 de 2015
Maringá - Paraná

Emeline Calloi Palosi¹; Rosa Cruz dos Santos Kruse²; Tatiane Ananias Fernandes Freitas³; Sirlei Maria Siofre´
¹Bolsista PIBID-UEM (emeline_palosi@hotmail.com); ²Bolsista PIBID-UEM (rosa@mkruse.com.br); ³Bolsista PIBID-UEM (tatiane_freitas1@hotmail.com);
´ Orientadora bolsista PIBID-UEM (sirleisiofre@bol.com.br).

 Introdução Resultados
À luz das constantes manifestações de racismo que ocorrem na Iniciamos a atividade apresentando um trecho do texto da lei 12.288/2012
internet, na rua ou em casa, torna-se necessária a discussão do tema em que apresenta as definições de discriminação racial ou étnico-racial e de
diversas frentes, dentre elas, a escola. Neste sentido, a disciplina de desigualdade racial. Em seguida exemplificamos formas de racismo que estão
história apresenta-se como um solo fértil para a abordagem sobre este presentes na sociedade e após a manifestação de um aluno que achou graça de
um dos exemplos, explicamos o caráter racista de comentários que são
assunto tão atual, mas que possui raízes antigas.
considerados “piada” por parte da sociedade. Explicamos que algumas teorias
O desenvolvimento da atividade se deu por meio de um bate papo
utilizadas no século XIX para justificar a escravidão ainda “fundamentam”
onde os alunos apresentaram suas experiências ou observações enquanto
comentários racistas de hoje. Os alunos demonstraram grande curiosidade
as estagiárias do PIBID apresentavam dados sobre a temática. sobre perpetuação destas teorias e reconheceram que muitas “piadas” já foram
Ao longo do desenvolvimento da atividade, os alunos começaram a ouvidas de pessoas de seu convívio.
reconhecer e relatar situações de seu dia-a-dia onde se deparavam com No segundo dia de intervenção conversamos com os alunos sobre os
alguma forma de racismo e começaram a demonstrar um olhar mais critico casos de racismo ocorreram no Facebook contra artistas e trouxemos alguns
sobre a temática. Apesar de estar longe de resolver o real problema, a dos comentários feitos na foto da atriz Taís Araújo e os alunos relataram ter visto
abordagem do assunto em sala de aula se faz de fundamental importância, a repercussão dos casos e ficaram chocados com o teor de alguns comentários.
pois as crianças apresentam-se abertas para discutir tal tema. Perguntamos então se havia racismo na mídia e depois de uma negativa dos
alunos apresentamos um apanhado de propagandas do inicio do século XX que
 Objetivo eram abertamente racistas e algumas propagandas atuais onde a presença do
Este estudo tem por objetivo realizar um relato de experiência sobre a negro aparece de modo inferiorizado ou secundário. Durante a apresentação do
abordagem do racismo em uma turma de 8º ano do ensino fundamental, segundo grupo de propagandas uma aluna comentou que já havia reparado que,
geralmente, há apenas uma personagem negra nas propagandas e esta
onde um aluno constantemente hostilizava uma colega por sua cor.
raramente tem algum papel de destaque.
Na sequência, suscitamos uma discussão sobre as personagens negras
Metodologia da televisão brasileira e os papeis sociais que estas representam e como
O presente estudo foi realizado em uma turma de 8º ano do ensino raramente são papeis de protagonistas. Como atividade para casa, pedimos que
fundamental do Colégio Alfredo Moisés Maluf na cidade de Maringá (PR) eles observassem mais atentamente a televisão e as redes sociais a fim de
em 2015. Como metodologia de trabalho, optamos por realizar um bate- identificar algum aspecto apresentado na aula. No ultimo dia de trabalho
papo com a turma, onde guiamos a conversa a partir da apresentação de iniciamos ouvindo os relatos das observações feitas pela turma sobre as mídias
informações pré-selecionadas de acordo com o dia. que entraram em contato e perguntamos se eles concordavam com a recorrente
A distribuição da temática por dia e os tópicos a serem seguidos foi a afirmativa de que não existe racismo no Brasil e a discordância foi geral. Frente
ao reconhecimento da existência do racismo e da diferença de oportunidades,
seguinte:
apresentamos aos alunos o que eram as cotas e alguns dados do IBGE sobre a
Dia 1: O racismo no nosso dia-a-dia: 1.Trecho da Lei 12.288/2012 que
renda do maringaense de acordo com sua cor auto declarada.
apresenta as descrições de: discriminação racial ou étnico-racial e
Após observarmos diferença entre renda média das pessoas auto
desigualdade racial; 2. O racismo da fala cotidiana; 3. As justificativas do declaradas brancas e das pessoas auto declaradas negras e perguntarmos aos
século XIX para a escravidão que ainda ouvimos. alunos quem eles achavam que teria mais chances de entrar na universidade,
Dia 2: O racismo na mídia: 1. Os casos das redes sociais; 2.O um aluno respondeu que do primeiro porque era só ver o número de médicos
racismo nas propagandas do inicio do século XX e as propagandas do negros que existem e após uma espécie de consenso, eles alegaram que, pela
século XXI; 3.As personagens negras da programação. renda maior, a pessoa do primeiro grupo poderia pagar um cursinho e assim
Dia 3: Cotas: 1. O que são as cotas; 2. Dados do IBGE sobre a renda teria mais chances. Explicamos que o objetivo da política de cotas raciais é
do maringaense de acordo com sua cor auto declarada; 3. Por que as cotas fornecer mecanismos para que as populações negras que sofreram com a
existem e qual sua importância. escravidão e sofreram uma marginalização com o fim dela, tenham as mesmas
chances que aqueles que sempre tiveram boas oportunidades durante toda a
história do país.

Conclusão
O racismo no Brasil foi constantemente jogado para baixo do tapete,
Referências Bibliográficas porém, o século XXI apresenta um forte movimento de resistência. Neste
BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da sentido, é possível destacar ações afirmativas como a lei 10.639/2003 que
Igualdade Racial. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, institui o ensino de História da África e cultura afro-brasileira e finalmente
Brasília, DF, 20 jul. 2010. deu vez a toda uma população que faz parte do processo de formação
COSTA, Luciano Gonsalves. História e cultura afro-brasileira: subsídios sócio-cultural brasileiro e que havia sido reduzido a condição de escrava.
para a prática da educação sobre relações étnico-raciais. Maringá: Trabalhos como este se fazem importantes, pois os alunos encontram-se
EDUEM, 2010. abertos a discutir esta temática e repensar alguns conceitos.

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