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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA-INSS

EXMO. SR. RELATOR DA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


FEDERAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS,


Autarquia Federal vinculada ao Ministério da Previdência Social, criada pela Lei nº 8.029/90
e regulamentada pelo Decreto nº 99.350/90, por intermédio deste Procurador Federal,
representante judicial na forma do art. 12, inc. I, do CPC, por força do art. 17, inc. I, da LC nº
73/93, c/c. art. 9º da Lei nº 9.469/97 e art. 10 da Lei nº 10.480/02, vem, respeitosamente,
perante V. Exa, apresentar suas CONTRARRAZÕES ao Agravo para apreciação do
Pedido de Uniformização da parte autora pela Turma Nacional de Uniformização – TNU,
requerendo remessa das razões anexas, nos termos da Resolução n. 390 do Conselho da
Justiça Federal.

Nestes Termos,
Pede-se Deferimento.

ROSÂNGELA FAÇANHA BRAGA


Procuradora Federal – Matrícula 1216050
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CONTRARRAZÕES AO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO

I - HIPÓTESES DE CABIMENTO DO PEDIDO DE REMESSA DE AUTOS AO


PRESIDENTE DA TNU

A parte recorrente formulou pleito visando submeter o exame da


admissibilidade do pedido de uniformização ao Presidente da Turma Nacional de
Uniformização.

No caso, o pedido prévio de remessa dos autos ao Presidente da TNU, na


hipótese de inadmissão preliminar do incidente, nos termos do que dispõe o art. 15, § 4º da
Resolução nº. 22 do CJF, deve obedecer às alterações introduzidas pelo art. 4º da Resolução
nº. 163, de 9 de novembro de 2011, que dispõe o seguinte:

“Art. 4º O parágrafo 4º do art. 15 da Resolução n. 22, de 4 de setembro de 2008,


passou a vigorar com a seguinte redação, acrescido do parágrafo 5º:
Art. 15 ....................................................
(...)
§ 4º Em caso de inadmissão preliminar do incidente nacional de uniformização, a
parte poderá interpor agravo nos próprios autos, no prazo de dez dias, a contar da
publicação da decisão recorrida, devendo fundamentar o pleito, demonstrando o
equívoco da decisão recorrida e a circunstância de se encontrar em confronto com
súmula e jurisprudência dominante da TNU, do STJ e do STF.
§ 5º Após a interposição do agravo e ante os fundamentos colacionados, poderá o
Presidente da Turma Recursal ou o Presidente da Turma Regional reconsiderar a
decisão. Não havendo reconsideração, os autos serão encaminhados à TNU.”

O Regulamento passou a exigir, para possibilitar a reforma da decisão que


inadmitiu o incidente, a interposição de agravo, no prazo de 10 dias, a contar da intimação da
decisão, em peça fundamentada em que o recorrente demonstre o equívoco da decisão
recorrida e a circunstância de se encontrar em confronto com súmula e jurisprudência
dominante da TNU, do STJ e do STF, a fim de viabilizar o juízo de admissibilidade pela
Presidência da Turma Nacional.

Assim, para que ocorra o exame da admissibilidade de PU pelo Presidente da TNU


faz-se necessária a interposição de agravo, observando o prazo de 10 dias, nos termos do
dispositivo regimental atualmente em vigor, sendo incabível o mero pedido de remessa.

II- DA IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA


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Inicialmente, calha registrarmos que a jurisprudência trazida aos autos


pela parte recorrente diz respeito à própria questão de mérito, na medida em que retoma os
fundamentos do Acórdão impugnado para adentrar na valoração da documentação que
instruiu o processo. O recurso possui, nitidamente, pedido de reexame de mérito, o que não é
permitido, consoante já decidido pela TNU:

EMENTA. PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFOMIZAÇÃO. REEXAME


DE PROVAS. INADMISSIBILIDADE DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.
VIA RECURSAL INADEQUADA. PRECEDENTES DO STJ E DA TNU. 1. A
parte requerente aponta como divergência a valoração conferida pela Turma
Recursal de origem às provas apresentadas quanto à caracterização da
atividade rural. 2. A jurisprudência do STJ (Súmula 07), acolhida
analogicamente por esta Turma Nacional, afasta o reexame da prova como
hipótese permissiva à interposição do Pedido de Uniformização. 5. Incidente
não conhecido. (TNU, PEDILEF 200584005039885, Rela. ROSANA NOYA
WEIBEL KAUFMANN, DJ 19.08.2009).

O enunciado 98 do FONAJEF ratifica o entendimento da Turma Nacional de


Uniformização: “É inadmissível o reexame da matéria fática em pedido de uniformização de
jurisprudência.”

III – DA NECESSIDADE DE COTEJO ANALÍTICO A EVIDENCIAR DISSÍDIO


JURISPRUDENCIAL

A parte recorrente interpôs o pedido dirigido à Turma Nacional de


Uniformização sem, contudo, realizar cotejo analítico a evidenciar dissídio jurisprudencial.

IV - DA INEXISTÊNCIA DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL

Trata-se de ação de conhecimento proposta consoante procedimento dos


Juizados Especiais Federais, criado de acordo com a Constituição Federal, art. 98, inc. I e §§
(E.C n.45/2004), e Leis nº 10.259/2001 e 9.099/1995, pleiteando a condenação do INSS na
concessão/revisão do benefício previdenciário, na forma da legislação previdenciária
pertinente.

A parte autora apresentou Pedido de Uniformização de Jurisprudência,


apresentando acórdãos que NÃO VERSAM SOBRE OS MOTIVOS DA IMPROCEDÊNCIA
DA PRESENTE AÇÃO.

Da análise da decisão recorrida e dos acórdãos paradigmas, vemos que


as circunstâncias em que foram proferidas ambas as decisões são DIVERSAS.

V- DA EXIGÊNCIA QUANTO À JUNTADA DE PARADIGMA


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A d. TNU já firmou posicionamento no sentido de que “a mera


transcrição do julgado paradigma no corpo do recurso, mesmo que na sua integralidade, só
tem validade quando acompanhada da indicação do repositório de jurisprudência ou fonte da
qual foi extraído, de forma a conferir autenticidade ao texto reproduzido”.
(PEDIDO200833007095126;PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL; Relator JUIZ
Deve também ser apresentada a url de onde
FEDERAL PAULO RICARDO ARENA FILHO; DJ 23/11/2012).
foi retirada a decisão. Da mesma forma, não tendo a parte recorrente apresentado cópia do
acórdão paradigma, impõe-se o não conhecimento do Incidente de Uniformização.

Com efeito, o recorrente deve apresentar a cópia da decisão apontada


como paradigma, a fim viabilizar o exercício do contraditório e da ampla defesa pelo
recorrido, o que atrai a incidência mutatis mutandis da Questão de Ordem nº. 3 da TNU: “A
cópia do acórdão paradigma somente é obrigatória quando se tratar de divergência entre
Turmas Recursais de diferentes Regiões”.

Registre-se ainda, que o pedido de uniformização nacional deverá ser


fundado no dissídio jurisprudencial entre turmas de diferentes regiões ou com súmula ou
jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça – STJ (art. 14, caput, § 2º, da Lei nº.
10.259/2001), não se admitindo paradigmas oriundas de outras cortes.

Por essas razões, o Instituto Nacional do Seguro Social requer que o


pedido da autora seja INADMITIDO.

Nestes Termos,
Pede-se Deferimento.

ROSÂNGELA FAÇANHA BRAGA


Procuradora Federal – Matrícula 1216050

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