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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAÍRI


ATENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM CARDIOLOGIA E PNEUMOLOGIA
DOCENTE: LUCIEN PERONI GUALDI

JOÃO VICTOR DE ARAÚJO SOUZA

USO DO CPAP E BIPAP EM PACIENTES COM DOENÇAS NEUROMUSCULARES

Santa Cruz-RN
2019
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USO DO CPAP E BIPAP EM PACIENTES COM DOENÇAS NEUROMUSCULARES


João Victor de Araújo Souza

Palavras-chave: CPAP. BIPAP. VNIPP. DOENÇAS NEUROMUSCULARES.

1 INTRODUÇÃO

Doenças neuromusculares como a esclerose lateral amiotrófica e algumas


distrofias musculares podem causar insuficiência respiratória (IR) através de
mecanismos que alteram as trocas de ar nos pulmões, podendo causar insuficiência
respiratória aguda, ou crônica. Além disso, a IR também pode acometer a eficiência
da tosse, deixando o paciente suscetível as infecções das vias aéreas superiores, e
ineficiente para eliminar secreções.
Um dos achados clínicos mais comuns em pessoas com distúrbios
neuromusculares é a fraqueza de musculatura respiratória, uma vez que esse
envolvimento pode aparecer cedo ou tarde. O comprometimento progressivo produz
alterações como hipoxemia e hipercapnia decorrentes da baixa ventilação. Nesses
pacientes, há a necessidade de manter os alvéolos abertos durante todo o ciclo
respiratório, uma vez que há uma maior probabilidade para se colapsarem em
resposta a diminuição dos fluxos de ar nos pulmões. Ademais, a depender do grau
de insuficiência respiratória, é necessário a aplicação de ventilação suporte, para
estabelecer o oxigênio necessário para esses pacientes.
Dada a necessidade de tratamentos não invasivos para complicações
respiratórias, alguns procedimentos foram descritos e hoje são utilizados, como a
pressão positiva continua nas vias aéreas (CPAP), que utiliza uma máscara nasal ou
oronasal para manter as vias aéreas abertas, no entanto, esta modalidade
terapêutica não consegue fornecer suporte ventilatório. E o ventilador bi-nível de
pressão positiva nas vias aéreas (BiPAP), que faz uso de pressão positiva
intermitente e fornece estímulos à respiração permitindo uma ventilação com uma
pressão média das vias aéreas mais elevadas, o que resulta em melhor
recrutamento alveolar e permite a eliminação de CO₂ das vias aéreas superiores e
diminuição do espaço morto anatômico. ¹
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2 DIFERENÇAS ENTRE BIPAP E CPAP

Ambas as modalidades terapêuticas são eficazes para tratar alguns quadros


clínicos, como: apneia obstrutiva do sono, apneia central do sono, dificuldade
respiratória, doenças neuromusculares e doenças cardíacas. O BIPAP facilita o
trabalho por utilizar diferentes níveis de pressão, por isso é tratado como um
aparelho binível, que oferece recursos tanto na inspiração (IPAP) quanto na
expiração (EPAP), facilitando principalmente a expiração através da redução do
trabalho expiratório, no entanto, o aparelho possui custo mais elevado se comparado
ao CPAP.
Já o CPAP promove um fluxo contínuo de ar pressurizado para os pacientes,
que só pode ser adaptado para única pressão (inspiratória), que permanece
constante na tentativa de evitar que seus alvéolos entrem em colapso. Entretanto,
não fornece estímulos durante a expiração.

3 DOENÇAS NEUROMUSCULARES ESPECÍFICAS

As doenças do sistema nervoso mais frequentes que dão origem a


insuficiência respiratória são a esclerose lateral amiotrófica (ELA), que acomete os
neurônios motores, e a distrofia muscular de Duchenne, que afeta o músculo.
A perda do neurônio motor na ELA causa hipotrofia da musculatura
respiratória, onde a IR geralmente se manifesta tardiamente, porém, quando
presente, a dispneia é facilmente percebida em consequência de acentuada
disfunção do diafragma. Os distúrbios do sono também podem ser encontrados, e
esses, precisam ser avaliados para determinar se as mudanças nas trocas gasosas
durante o sono são referentes as apneias obstrutivas e se irão precisar de
tratamento com pressão positiva nas vias aéreas (CPAP), ou episódios de
hipoventilação, que requerem suporte de VNI.
Na distrofia muscular de Duchenne, o comprometimento respiratório chega a
diminuir a capacidade vital forçada, sua progressão leva à retenção diurna de CO₂,
que pode levar à morte por insuficiência respiratória. Alguns pacientes podem
apresentar apneias obstrutivas do sono antes de desenvolver hipoventilação, e neles
o CPAP ou BIPAP pode ser temporariamente efetivo. ².
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4 PARAMETROS INICIAIS E EFEITOS CLÍNICOS

Inicialmente, os aspectos fisiológicos e fisiopatológicos são considerados, a


gasometria e os exames de imagem também serão fundamentais para a utilização
da VNIPP. A escolha da modalidade dependerá da doença de base, da resistência
ventilatória, e do drive ventilatório.
Os benefícios durante e após a aplicação do CPAP e BIPAP são:
estabilização das vias aéreas, melhora nas trocas gasosas, diminuição da apneia,
diminuição da obstrução das vias aéreas, diminuição do esforço muscular
respiratório, desvio da respiração para uma curva mais complacente de
pressão/volume, auxilio na drenagem e retirada de líquido pulmonar, melhora da
reexpansão pulmonar, aumento da capacidade física e respiratória. Além de que, o
BIPAP, pode evitar o aumento da pressão transdiafragmatica e esofágica, que
normalmente pode ser ocasionada por altos níveis de CPAP, além de possibilitar a
melhora do volume corrente (VC), e volume minuto, reduzindo também o espaço
morto e oferecendo melhor recrutamento alveolar. ³

5 CONCLUSÃO

O CPAP E BIPAP são equipamentos utilizados para a reabilitação pulmonar,


que utilizam fluxos de ar controláveis aos quais auxiliam a inspiração e expiração,
onde o ar deve sair por uma mangueira, e essa, é encaixada em uma máscara que
se encaixa no rosto do paciente, no nariz, boca, ou rosto inteiro, sendo esses
aparelhos indicados e prescritos pelo Fisioterapeuta ou pelo médico presente na
localidade, sendo responsável pela sua aplicação, o Fisioterapeuta.
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REFERÊNCIAS

1 - Garpestad E, Brennan J, Hill NS. Noninvasive ventilation for critical care.


Chest 2007;132(2):711- 20.

2 - Khan Y, Heckmatt JZ. Obstructive apnoeas in Duchenne muscular dystrophy.


Thorax, 49 (1994), pp. 157-61

3 - Davis PG, Morley CJ, Owen LS. Non-invasive respiratory support of preterm
neonates with respiratory distress:continuous positive airway pressure and
nasal intermittent positive pressure ventilation. Semin Fetal Neonatal Med
2009;14(1):14-20.

4 - Hill NS, Brennan J, Garpestad E et al. Noninvasive ventilation in acute


respiratory failure. Crit Care Med 2007;35(10):2402-7.

5 - Naughton MT, Rahman MA, Hara K et al. Effect of continuous positive airway
pressure on intrathoracic and left ventricular transmural pressures in patients
with congestive heart failure. Circulation 1995 ;91(6):1725-31.

6 - Hill NS, Braman SS. Ventilação não invasiva na doença neuromuscular.


Reabilitação do paciente com doença respiratória. New York: McGraw-Hill,
(1999), pp. 587-604

7 - Kerby GR, Mayer LS, Pingleton SK. Ventilação pressurizada noturna via
máscara nasal. Am Rev Respir Dis, 135 (1987), pp. 738-40

8 - Ellis ER, tchau PT.P, Bruderer JW, Sullivan CE. Tratamento da insuficiência
respiratória durante o sono em pacientes com doença
neuromuscular. Ventilação com pressão positiva através de uma máscara
nasal. Am Rev Respir Dis, 135 (1987), pp. 148-52

9 - Vianello A, Bevilacqua M, Salvador V, Cardaioli C, Vincenti E. Ventilação nasal


intermitente com pressão positiva a longo prazo na distrofia muscular
avançada de Duchenne. Peito, 105 (1994), pp. 445-8

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