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O QUE PODE UMA GEOGRAFIA COMO CORPO Antonio Carlos Queiroz Filho

Doutor em Geografia – UNI-


QUE DANÇA? CAMP. Professor Adjunto IV
do Departamento de Geografia
linguagem-experiencia 'gesto -movimento' (fragmentos) – UFES e Professor Permanente
do Programa de Pós-Graduação
em Geografia e do do Programa
What can a geography as dancing body? de Pós-Graduação em Arquite-
language-experience 'gesture-movement-affection' (fragments) tura e Urbanismo – UFES; Lí-
der do Grupo de Pesquisa RA-
Qué puede hacer una Geografía como cuerpo que baila? SURAS – Geografias Marginais
(Linguagem, Poética, Movimen-
lenguaje-experience 'gesto- movimiento-afecto' (fragmentos) to); Coordenador do GRAFIAS
– Laboratório de Geografia
Criativa – UFES.
RESUMO queiroz.ufes@gmail.com

Feito de fragmentos, esse texto propõe pensar sobre relações e rebatimentos possíveis
existentes entre linguagem e experiência na perspectiva de alguns autores pós-estrutura-
listas. Busquei na reflexão sobre o corpo e a dança um meio de problematizar essa questão
e, ao mesmo tempo, lidar com uma Geografia como gesto que se estabelece nos afetos que
fazem movimentar em nós, intensidades, potências e devires. “O que pode uma Geografia
como corpo que dança?” é, para além de uma pergunta, um convite, uma proposição: por uma
Geografia bailarina.
Palavras-chave: Corpo – Dança – Geografia

RESUMEN
Hecha de fragmentos, este documento propone que pensar en las relaciones y las po-
sibles repercusiones existentes entre el lenguaje y la experiencia desde la perspectiva de
algunos autores postestructuralistas. Busqué en la reflexión sobre el cuerpo y bailar una
manera de hablar de este tema y, al mismo tiempo, haciendo una geografía como algo que
produce en nosotros los afectos. "¿Qué puede hacer una geografía como cuerpo de baile?"
Está más allá de una pregunta, una invitación, una proposición: una geografía bailarina.
Palabras clave: Cuerpo - Danza - Geografía

ABSTRACT
Made of fragments, this paper proposes to think about relations and possible repercus-
sions existing between language and experience from the perspective of some post-struc-
turalist authors. I sought in reflection about body and dance a way to discuss this issue and
at the same time, making a geography as something that produces in us affections. “What
can a Geography as dancing body?” is beyond a question, an invitation, a proposition: a
ballerina geography.
Keywords: Body – Dance – Geography

“o fragmento é uma máquina de produzir inícios,


uma máquina da linguagem,
das formas de utilizar linguagem,
que produz começos”
Revista do Programa de Pós-
Gonçalo Tavares Graduação em Geografia e do
Departamento de Geografia da
UFES
Julho - Dezembro, 2016 11
Nº 22 - Volume II
ISSN 2175 -3709
dade das ideias quando lentas e experi-
1. Fragmento: Nowhere - A mentalmente anunciadas. Tentei mobi-
escrita como gesto lizar olhares e imaginações. As palavras
Revista do Programa de Pós- que aqui articulo são, se assim quiserem,
Graduação em Geografia e do
como a apresentação feita por Dimitris
Departamento de Geografia da Esse texto é um gesto. Na verdade,
UFES Papaioannou, em homenagem à diretora
uma mistura deles. Tentei dizer, por vezes,
Julho - Dezembro, 2016 e coreografa alemã, Pina Bausch1:
Nº 22 - Volume II com movimentos, outras, com a intensi-
ISSN 2175 -3709
1 - Intitulada “Nowhere”, foi re-
alizada em 2009, na ocasião da
reinauguração do Greek National
Theatre. Cf.: https://www.youtu-
be.com/watch?v=aXDNoB5q9ik

2 - NOWHERE explora a natu-


reza do próprio palco teatral, um
mecanismo espacial continuamente
transformados e redefinidos pela
presença humana para designar
qualquer lugar e ainda projetado
para ser um não-lugar. 26 artistas
medem e marcam o espaço usando
seus corpos, colocando-se contra as
suas dimensões e capacidades téc-
nicas, em uma performance “site-
-specific” que pode ser apresentada
em qualquer outro não-lugar.
Cf.:https://www.youtube.com/
watch?v=aXDNoB5q9ik

NOWHERE explores the nature of the a-significantes. Para o autor:


theatrical stage itself, a spatial mechanism O não-lugar é diametralmente opos-
continually transformed and redefined by to ao lar, à residência, ao espaço perso-
the human presence to denote any place, and nalizado. É representado pelos espaços
yet designed to be a non-place. 26 performers públicos de rápida circulação - como ae-
roportos, estações de metrô e pelas gran-
measure and mark out the space using their des cadeias de hotéis e supermercados.
bodies, pitting themselves against its dimen- Só, mas junto com outros, o habitante do
sions and technical capabilities in a site- não-lugar mantém com este uma relação
-specific performance that can be presented contratual representada por símbolos da
supermodernidade; cartões de crédito,
nowhere else2. cartão telefônico, passaporte, carteira de
Pensado em outros termos, esse tex- motorista, enfim, por símbolos que per-
to é, portanto, como o palco de Dimitris: mitem o acesso, comprovam a identida-
de, autorizam deslocamentos impessoais
um lugar de não-lugares. Por ser assim,
(AUGÉ, 1994, s/p).
peço que o ocupem com suas desmedi-
das, que façam dele outra coisa, que usem Os não-lugares seriam, por-
seus corpos semânticos para dizê-lo em tanto, aqueles que contemplassem
performance, em movimento, em nudez. adjetivações do tipo: lugares de
Peço que dancem com minhas palavras. passagem, de impessoalidade, de
Façam delas seu abraço. Deixem-nas des- indiferença, de solidão, não rela-
lizarem lentamente por seus pensamentos cional, a-histórico, dentro outros.
duvidosos e permitam que o lugar de ser Há, porém, dois autores que pro-
sensível conduza, em improviso, cada to- blematizam, não especificamente
que, como uma variação contínua do pos- essa questão, mas aquilo que, de
sível: e que ele possa ser outro. certa forma, me parece ser pano de
Antes de continuar, abro aqui dois fundo. Prefiro pensar, por exem-
breves parênteses: um para dizer sobre o plo, como Rogério Haesbaert, que
sentido de não-lugar que estou me apro- amparado por Deleuze e Guattari,
priando e outro para pontuar algumas fala de um território constituído
coisas sobre que quero dizer com impro- “no interior da própria mobilida-
viso. de”, na “repetição do movimento”
- (Não-Lugar) (HAESBAERT, 2007, p. 236).
Nesse sentido, um personagem tra-
Quando Marc Augé (1994) pro- dicionalmente caracterizado como
pôs este termo, ele o fez na pers- aquele que usufrui de fluxos impes-
12 pectiva de tentar explicar “lugares” soais, dada sua perene “moperma-

O que pode uma geografia como corpo que dança? linguagem-experiencia 'gesto -movimento' (fragmentos) Antonio Carlos Queiroz Filho
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nece mais tempo em contato com põe do exterior uma deslocação ao corpo;
não-lugares. Porém, Haesbaert pelo contrário, no gesto dançado, o mo-
vimento, vindo do interior, leva consigo o
pondera e diz que:
braço (GIL, 2001, p. 14).
A elite dos grandes businessmen que
aparentemente circulam livremente pe-
los quatro cantos do planeta parece ser o Essa é a escrita como gesto que me
exemplo mais evidente de que constante interessa. Como tal, ela tem início num
ou frequente mobilidade física não impli- “impulso interior” e se finda numa abertu-
ca, obrigatoriamente, desterritorialização,
podendo representar mesmo uma reterrito-
ra ao infinito como possibilidade concreta
rialização através da mobilidade (HAES- (GIL, 2001). Então, escrever é como dan-
BAERT, 2007, P. 253). çar. Por isso me apego ao que diz Marina
Elias sobre o movimento improvisado na
Também me soa de modo
dança e no teatro:
muito mais acolhedor a ideia do
lugar como eventualidade espaço- O movimento espontâneo e impro-
-temporal, de Doreen Massey. Ela visado acontece somente enquanto está
acontecendo. E neste contexto, interessa
diz que os lugares não são “como
menos o movimento, do que quem (ou o
pontos ou áreas em mapas, mas quê) motiva o movimento, menos a técni-
como integrações de espaço e ca mecânica do que a possibilidade de um
tempo” (MASSEY, 2008, p. 191). movimento expressivo (ELIAS, 2011, p.
25-26).
Nesse sentido, penso que o não-
-lugar de Dimitri está mais para Escrita expressiva que é, nesse sentido,
esse lugar de encontros que ainda um perene estado de latência, um não-lu-
não ocorreram. Não-lugar como gar, nos termos apontados nos parênteses.
um aqui e agora, como um instante Repouso e equilíbrio dos fluxos intensivos
espaço-temporal que nos convida que criam, verdadeiramente, as condições
a ocupá-lo com nossos movimen- de sua existência. Penso que seria algo
tos intensivos. Portanto, é algo mais próximo daquilo que Deleuze define
que funciona mais como potência como plano de imanência. Ao diferenciá-
e devir, que fechamento e estase. -lo do plano de transcendência, ele afirma
Não-lugar como condição, como que:
positivação do vir-a-ser. Um plano de imanência não dispõe de
uma dimensão suplementar: o processo de
composição deve ser captado por si mesmo,
- (Improviso) mediante aquilo que ele dá, naquilo que ele
dá. É um plano de composição, e não de
organização nem de desenvolvimento (...)
O que você entende quando
Não há mais sujeito, mas apenas estados
digo que este texto é improviso? afetivos individuantes da força anônima
Para Marina Elias, improviso é um (DELEUZE, 2002, p. 132).
modo como o movimento acon-
tece e que só pode ser definido na A escrita como composição é, por-
medida em que está acontecendo tanto, o meio pelo qual eu habito com
(ELIAS, 2011). Nesse sentido, intimidade o mundo. Gesto expressivo e
minha escrita está muito próxima intensivo com o qual meu corpo desliza
daquilo que a autora define como o pelo mundo faz dessa experiência de con-
“território de criação do improvisa- tato e movimento uma dança, onde pa-
dor”, que seria composto por cinco lavras são lugares e lugares são palavras.
forças, a saber, pensamento, memó- Talvez, por isso, Gil afirme que “o espaço
ria, imaginação, movimento e téc- do corpo é o corpo tornado espaço” (2001,
nica. Escrita, portanto, como fluxo p. 19): ambos são, por assim dizer, estados
de forças que faz circular intensi- afetivos.

Retorno com uma questão: o que im- 2. Fragmento: O que


plica um gesto como esse ser-outro-da-
-escrita que mencionei antes? A resposta a Pode – Formas de Utilizar
essa pergunta pode ser a mesma que o fi- a Linguagem
lósofo José Gil dá quando indaga: “Como
constrói o bailarino o seu gesto”? A escrita A palavra “pode”, flexão do verbo “po-
como dança e o escritor como bailarino der”, está aqui não como forma impera- Revista do Programa de Pós-
passa, primeiramente, pela diferenciação tiva do exercício de autoridade de algo/ Graduação em Geografia e do
do gesto comum. Gil explica que: alguém sobre algo/alguém. Interesso-me Departamento de Geografia da
UFES
No gesto comum, o braço entra em mais pelo poder como potência, como Julho - Dezembro, 2016 13
movimento no espaço porque a acção im- capacidade. Na matemática, esse concei- Nº 22 - Volume II
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to foi criado por Arquimedes (3 a.C), que Chamamos de potência de sofrer o
poder de ser afetado, enquanto estiver atu-
correspondia ao número de vezes que o almente preenchido por afecções passivas.
número (base, diferente de zero) deve ser A potência de sofrer do corpo tem como
Revista do Programa de Pós-
Graduação em Geografia e do
multiplicado por ele mesmo (exponencia- equivalente na alma a potência de imaginar
ção). Já na física, potência é a grandeza e experimentar sentimentos passivos (...)
Departamento de Geografia da
Se conseguirmos produzir afecções ativas,
UFES que mede a velocidade com que o traba- nossas afecções passivas diminuirão na
Julho - Dezembro, 2016 lho é realizado ou uma energia é trans- mesma proporção. Enquanto permanecer-
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formada. Portanto, em ambas, potência é mos em afecções passivas, nossa potência
capacidade de transformação. de agir é “impedida” na mesma proporção
3- Título da mesa de abertura do I (DELEUZE, s/d, p. 150).
Seminário Rasuras – imagem, lin-
Então, se fizermos a pergunta: o que
guagem e sensibilidade no contexto pode a linguagem enquanto experiência? Dito de outro modo, o que de fato in-
contemporâneo. Cf.: http://semina- A resposta estaria mais no sentido da- teressa é o que pode quando aquilo que
riorasuras2016.weebly.com/ quilo que a torna capaz, ou seja, estaria nos acontece é “afecção ativa”: agir ade-
mais na capacidade de transformação, de quadamente.
ampliação, de proliferação dos afetos. “O
que pode” encontra resposta quando com- Uma ideia adequada em nós seria defi-
nida formalmente preenchido por afecções
preende o encontro como potência, o que passivas. A potência de sofrer do corpo
pressupõe, pelo menos, duas partes. Não tem como equivalente na alma a potência
há encontros no isolamento, diz Tavares de imaginar e experimentar sentimentos
(2013 p. 156). passivos (...) Se conseguirmos produzir
afecções ativas, nossas afecções passivas di-
Porém, Tavares diz que sem lingua- minuirão na mesma proporção. Enquanto
gem, a experiência seria algo “imparti- permanecermos em afecções passivas, nos-
lhável”, “puramente individual”, “fora do sa potência de agir é “impedida” na mesma
mundo” (TAVARES, 2013, p. 174). Ao proporção (DELEUZE, s/d, p. 150).
pensar numa condição inseparável entre
É por isso que sempre falamos a partir
linguagem e experiência, ele nos alerta
daquilo que nos afeta e daquilo que nos é
para um certo tipo de perigo que pode-
afeto. A questão é: afetos ativos ou passi-
mos incorrer, que seria o de lidar com uma
vos? E eu não poderia falar a linguagem da
espécie de correspondência direta entre
experiência e a experiência da linguagem3 –
ambas. Seria um equívoco, por exemplo,
de outro modo, senão a partir daquilo que
pensar que “palavras raras” são a garan-
tem configurado, em mim, uma afecção
tia de uma “experiência rara” ou, como se
ativa: a dança.
uma vida entediante não pudesse produzir
pensamento excitante. Por esse motivo,

Quando um corpo “encontra” um


3. Fragmento: Movimento
corpo, uma idéia outra idéia, tanto aconte- e afeto – A Dança Como
ce que as duas relações se compõem para
formar um todo mais potente, quanto que Encontro
um decompõe o outro e destrói a coesão de
suas partes. Eis o que é prodigioso tanto
Quando Tavares diz que “Experi-
no corpo como no espírito (DELEUZE,
mentar palavras, experimentar frases é
2002, p. 25)
como experimentar correr a determinada
Mas o que substantiva isso que está se velocidade, é como experimentar saltar”,
chamando de experiência? Se para Jorge quando ele diz que “falar e escrever são
Larrosa a experiência é algo que nos acon- atos físicos” e que “a linguagem é uma
tece, para Fernando Savater, experiência experiência física”, então, finalmente, pos-
“é a capacidade de recusar e escolher que so dizer que fui tirado para dançar. Nessa
se vai forjando em cada um, apesar das dança, Tavares me ensinou que a palavra
rotinas impostas” (In: TAVARES, 2013, tem peso e contrapeso, ritmo e musicali-
p. 174). No fim das contas, Tavares con- dade. Sim, fui seduzido por ele.
clui que experiência é a capacidade que Por isso, aprendi, por assim dizer, que
temos para dizer sim ou não e, podería- a palavra é um corpo em movimento que
mos completar, capacidade de dizer sim provoca a experiência com e no mundo,
ou não, em face daquilo que nos acontece. com e no outro: experiência com e no
Por esse motivo, o que de fato importa é, contato. Dela surge a cena, o frame. Sur-
nem tanto naquilo que nos acontece, que ge a matéria sonora, a musicalidade como
nos afeta, mas sim, na nossa capacidade, uma maneira de vi-ver em ritmo: “Cada
ou melhor, nossa “força ou potência de língua pode ser entendida como sendo
agir” ao invés de uma “potência de sofrer”, determinada por um ritmo corporal, uma
14 como explica Deleuze: inteligência física. O som também faz
pensar, promove associações, ligações, etc”

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(TAVARES, 2013, p. 40). cênico como reprodução simbólica do es-


Não é apenas uma questão de música, paço exterior e reprodução mimética das
mas de maneira de viver: é pela velocidade emoções, do seu espaço interior. Portanto,
e lentidão que a gente desliza entre as coi- ocupar o espaço reverbera também em
sas, que a gente se conjuga com outra coisa:
qual a concepção de espaço com a qual se
a gente nunca começa, nunca se recomeça
tudo novamente, a gente desliza por entre, está lidando:
se introduz no meio, abraça-se ou se impõe
ritmos (DELEUZE, 2002, p. 128).
Cunningham (in: Gil, 2001, p. 32)

Então, essa é a experiência que me in- Ballet Clássico “mantinha a forma


teressa. Aquela que toma a palavra como linear do espaço”
corpo que dança, que faz dançar, que Dança Moderna “raízes no expres-
brinca com os ritmos e silêncios, que afeta Americana sionismo alemão”;
e é afetado. Por esse motivo, seja o corpo “quebrou o espaço
ou o corpus, deles exijo algo para além da em vários pedaços”;
execução de passos. Explicando: no cor- “divisão da cena,
po há duas formas de ligação: aquela que sem qualquer relação
diminui a capacidade de agir; e aquela de com o espaço mais
que resulta em alegria – aumento da capa- vasto da área cénica”
cidade de agir (TAVARES, 2013, p.157).
Não me interessa, portanto, pensar num O espaço cunningheano objetivava
corpo como anatomia, por exemplo, mas problematizar essas concepções tradicio-
sim, pensar no sentido da pergunta espi- nais. Em face dessa teleologia represen-
nosana sobre corpo e que eu coloco nesse tacional do corpo enquanto espaço, foi
contexto: na introdução do acaso como método
coreográfico que aconteceu a efetiva li-
O que pode um corpo que dança? bertação dos cógicos que operavam sobre
as possibilidades de movimentação do
Deleuze esclarece que “Cada leitor de corpo. Desconexão e desencaixe passam a
Espinosa sabe que os corpos e as almas compor novos gestos, que seriam a escrita
não são para ele nem substâncias nem su- de um corpo-espaço verdadeiramente li-
jeitos, mas modos” (DELEUZE, 2002, p. vre: corpo de pensamento, corpo múltiplo,
128-129). Ser um modo implica em fazer corpo virtual.
movimentar afetos. Isso porque “os cor-
Resumamos: virtual, a unidade de mo-
pos não se definem por seu gênero ou sua vimento (“metrainfralinguística”) é o que
espécie, por seus órgãos e suas funções, resta como “movimento puro” quando se
mas por aquilo que podem, pelos afetos retiram do corpo as motivações emocio-
nais, representativas e expressivas (...) per-
dos quais são capazes, tanto na paixão
mite também reognização dos movimentos
quanto na ação” (DELEUZE; PARNET, corporais sem ter de recorrer a elementos
1998, p. 49). exteriores: porque os movimentos actuais
Um corpo que dança é, portanto, ca- do corpo do bailarino têm a sua origem no
plano virtual e nas tensões que aí nascem
paz, em paixão e em ação, de promover (...) O plano virtual do movimento é o pla-
encontros criativos, de fluir na imanência, no de imanência (GIL, 2001, p. 49).
como aponta Gil (2001). Então, o que
estamos tentando fazer encontrar, nesses Eis então o processo de composição
termos, seria Linguagem e Experiência, de uma Geografia que dança. Parafrase-
produzindo assim, aquilo que Tavares ando Gil (2001), não é uma Geografia
(2013) chama de “energia criativa”. Ele emotiva, nem perceptiva. Sendo o mun-
explica que na Teoria dos Passos, de Bal- do um grande palco, ela é, por assim di-
zac, a imaginação, a energia criativa, ou zer, experimentação e agenciamento de
seja, algo da ordem do interno, “necessita possíveis. Esse plano de possíveis, ao ser
ocupar espaço, necessita se exteriorizar” pensado como plano de desejo, provoca
(p. 208). uma abertura naquilo que Massey (2008)
É exatamente sobre o sentido dessa intitula como sendo nossas cosmologias
ocupação, ou melhor, o modo como ela estruturantes. Segundo ela, o pensamen-
ocorre, que o movimento dançado convida to espacial realiza uma espécie de “mo-
a Geografia para ser seu par. Ao explicar dulação” sobre nossos “entendimentos de
mundo”, que seriam, por sua vez, “nossa Revista do Programa de Pós-
sobre os processos de criação do coreógra- Graduação em Geografia e do
fo norte americano Merce Cunningham, política”, ou seja, nosso modo de pensar Departamento de Geografia da
Gil (2011) aponta para aquilo que se de- implica em nosso modo de agir. UFES
nomina como o combate ao mimetismo Ao argumentar sobre essa indissocia- Julho - Dezembro, 2016 15
bilidade, vi, tanto em Massey, quanto em Nº 22 - Volume II
dos gestos e das figuras, a saber, o espaço ISSN 2175 -3709
Cunningham, concepções de espaço mui- ciado, mas exprime a pura determinação de
to semelhantes. A perspectiva cunninghe- intensidade, a diferença intensiva. O artigo
indefinido é o condutor do desejo. Não se
ana sobre o acaso do movimento dança- trata absolutamente de um corpo despeda-
Revista do Programa de Pós- do pode ser lida em diálogo direto com çado, esfacelado, ou de órgãos sem corpos
Graduação em Geografia e do
Departamento de Geografia da
a proposta de espaço de que fala Massey: (OsC). O CsO é exatamente o contrário.
Não há órgãos despedaçados em relação a
UFES Imaginar o espaço como sempre em uma unidade perdida, nem retorno ao in-
Julho - Dezembro, 2016 processo, nunca como um sistema fecha- diferenciado em relação a uma totalidade
Nº 22 - Volume II do, implica insistência constante, cada vez diferenciável. Existe, isto sim, distribuição
ISSN 2175 -3709 maior dentro dos discursos políticos, sobre das razões intensivas de órgãos, com seus
a genuína abertura do futuro. É uma in- artigos positivos indefinidos, no interior
sistência baseada em tentativa de escapar de um coletivo ou de uma multiplicidade,
da inexorabilidade que, tão freqüentemen- num agenciamento e segundo conexões
te, caracteriza as grandes narrativas da maquínicas operando sobre um CsO.
modernidade (...) Apenas se o futuro for (DELEUZE; GUATTARI, 1996, s/p).
aberto haverá campo para uma política que
possa fazer a diferença (MASSEY, 2008,
p. 31-32). Assumir isso é, imediatamente, lança-
Dito de outro modo, temos no termo -se à uma questão que passa por aquilo
plano de possíveis a ideia de uma efetiva que talvez possamos chamar de ganho de
abertura à outros entendimentos sobre autonomia e, também, de método:
a relação corpo-espaço. Azevedo (2009)
afirma como a Geografia fez exatamente O que fazer com os afetos de que
o contrário disso. Ela explica que o co- somos capazes?
nhecimento geográfico escolhe se descor-
porizar na medida em que incorpora, ou Existe uma diferença entre dançar e
seja, traz para dentro de seu corpus, um re- executar passos, como apontei anterior-
gime de verdade centrado em duas bases: mente e talvez reconheçamos no movi-
primeiro, na ideia de um olho que tudo vê, mento dançado aquilo que para Balzac
que por sua vez, alimenta a ideologia do considera é “a acção mais pura do ser hu-
ver para crer. Um regime de verdade que mano” (p. 207), um “pensamento que age”
produz um regime de poder: (p. 209).
Essa ideia de um pensamento que age
Corpo do território, corpo do sujeito
e corpo do conhecimento viram-se unidos
também está no método desenvolvido por
por uma peculiar construção de espaço, a Pina Bausch. Tavares explica que Pina de-
qual opera sob o efeito mediador de uma senvolveu uma “géstica do pensamento”,
superfície de visualização disposta como ou seja, ao fazer uma pergunta aos seus
modo de acender “com distância” à experi-
ência de lugar” (AZEVEDO, 2009, p. 34).
bailarinos, a resposta deveria se dar com
gestos diferentes. Portanto, “a criatividade
Por esse motivo, ao proposição de uma da pergunta é avaliada pela criatividade
Geografia como um corpo que dança pas- das respostas”, conclui o autor. (TAVA-
sa, necessariamente, pelo vislumbre de um RES, 2013, p. 277):
corpo que é, ao mesmo tempo, inteiro e
desorganizado. Dito de outro modo, intei- Ora, este método de composição joga
com dois elementos essenciais (outros são-
ro, no sentido de reconhecer que a cen- -no também – a música, os cenários os
tralidade do olhar é uma produção polí- adereções – que aqui não podemos anali-
tico-ideológica que tem suas implicações sar): a fala e o gesto (...) A “hipótese” só se
diretas no modo como se constituem cer- tornará uma ideia (de movimento) quando
se desenvolver em associações de sentido,
tas espacialidades contemporâneas, vide quando se ligar a gestos, quando os gestos
Azevedo (2009) e Massey (2008). Desor- e o movimento se exprimirem desde o co-
ganizado, no sentido que propõe Deleuze meço em emoções (GIL, 2001, p. 216-217)
e Guattari (1996) ao tratar do “corpo sem
Portanto, estamos diante daquilo que
órgãos” (CsO):
nos acontece, não como passividade, mas
Assim, o corpo sem órgãos nunca é o
seu, o meu... É sempre um corpo. Ele não
como ação deliberadamente trabalhada
é mais projetivo do que regressivo. É uma por um método. É isso que irá garantir
involução, mas uma involução criativa e capacidade de decisão sobre o que fazer
sempre contemporânea. Os órgãos se dis- com os afetos de que somos capazes. En-
tribuem sobre o CsO; mas, justamente, eles
se distribuem nele independentemente da
contro “abraço” em Pina e em Balzac, em
forma do organismo; as formas tornam-se Azevedo, Massey e Cunnigham, em Gil
contingentes, os órgãos não são mais do e Deleuze. Eles convertem pensamento
que intensidades produzidas, fluxos, limia- em afeto que se movimenta (movimento-
res e gradientes. "Um" ventre, "um" olho,
16 "uma" boca: Ao artigo indefinido nada fal-
-afeto), que seria aquele, posso dizer, que
ta, ele não é indeterminado ou indiferen- escapa da “linguagem comum” e, por-

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tanto, do “lugar comum da experiência” nos tornamos mais decadentes, mais impo-
(TAVARES, 2013, p. 179) e promove a tentes, mais pesados”.
“ligação como força, como encontro”,
como sensação (TAVARES, 2013, 156): E como estava num evento de dança,
“Os afectos não são sensações paradas, disse:
são sensações que se movem, aliás, são - Fuganti: “nós perdemos o dançarino em
movimentos que sentem; movimentos: nós”.
isto é, alterações corporais, modificações Aqui, porque:
do corpo no espaço” (TAVARES, 2013, - Fuganti: “Só dança quem tem pista
156). ou quem tem superfície”
O termo afeto (affectus) exprime a E qualifica isso quando continua:
transição (transitio) de um estado a outro, - Fuganti: “Quem desliza, quem tá em
tanto no corpo afetado, como no corpo
afetante. Essa transição pode ser benéfica
movimento, em devir, quem tá em fluxo,
ou maléfica para o corpo afetado, o que se quem tá em acontecimento”
define pelo aumento, no primeiro caso, ou
diminuição, no segundo, da potência de
agir do corpo (MARQUES, 2012, p. 15). 4. Fragmento: Grafias de
Mundo – Geografias em
É importante dizer o quanto essas al-
terações corporais, essas transições de po-
devir
tência, passam longe de serem formaliza-
ções, normatizações. Elas estão mais para Retomo à escrita como gesto. Precisa-
uma grafia de mundo que é “pura matéria mente, aquele que faz deslizar, faz movi-
sonora”, “corpo saturante” (DELEUZE; mentar fluxos e potências, faz variar, faz...
GUATTARI, 2002), causa-efeito daqui-
lo que Elias (2011) chama de “buscação”, Uma palavra vem sempre rodeada de
emoções não-definidas, de tecidos esfiapa-
que seria o processo rizomático de treina- dos de afectos, de esboços de movimentos
mento do improvisador. Em suas palavras, corporais, de vibrações mudas de espaço.
“treinar não é adestrar, e sim, potenciali- Forma-se uma atmosfera não verbal que
zar” (p. 24). rodeia toda a linguagem (GIL, 2001, p.
218).
Do mesmo modo, Deleuze levanta
uma questão importante ao pensar nas De algum modo, a coreografia feita
proposições de Espinosa sobre o corpo. com a música Slip (Eliot Moss, 2013)
Na verdade, ele faz um alerta sobre a ne- provocou isso. Interpretada por Phillip
cessidade de não ficarmos apenas no âm- Chbeeb (PacMan) e Renee Kester4, essa
bito teórico da questão e propõe um cor- dança mobilizou em mim afetos como
po e pensamento como potência de afetar aqueles da “cartografia do improviso”
e ser afetado. Nesse sentido, faço coro (pensamento, imaginação, movimento,
com os gritos espinosanos: “Eis porque técnica). Slip quer dizer, dentre outras
Espinosa lança verdadeiros gritos: não sa- coisas, deslizar, escorregar. Foi isso que
beis do que sois capazes, no bom como no aconteceu com cada uma dessas forças/
mau, não sabeis antecipadamente o que afetos. Elas escorregaram para uma “zona
pode um corpo ou alma, num encontro, de indiscernibilidade”. Instauraram, umas
num agenciamento, numa combinação” com as outras, “zonas de vizinhança” e,
(DELEUZE, 2002, p. 130). com isso, grafaram (escreveram) em de-
Sabemos, pois, em e no movimento. vir: “Escrever não é certamente impor
Por esse motivo, para além da teorização, uma forma (de expressão) a uma matéria
compreendo a fala do filósofo Luiz Fu- vivida (...) Escrever é um caso de devir,
ganti como um bom estímulo para nos sempre inacabado”. (DELEUZE, 2011,
ajudar a compreender que o decidir (gésti- p. 11). Inacabado não por pertencer à um
ca do pensamento) que falei a pouco, pas- futuro incerto, mas por ser “processo, ou
sa pelo reconhecimento do modo como seja, uma passagem de Vida que atravessa 4 - Cf.: https://www.youtube.com/
o vivível e o vivido” (DELEUZE, 2011, watch?v=qk00gbDwGqM
um aqui e um agora tem se desenvolvido.
Em suas palavras, Fuganti diz que: p. 11).
No vídeo, há o Homem, “ forma
Agora, porque: de expressão dominante que pretende
impor-se a toda matéria” (DELEUZE, Revista do Programa de Pós-
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- Fuganti: “A nossa realidade perde 2011, p. 11) e há o devir-mulher, “com-
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energia na medida em que o tempo passa. Na ponente de fuga que se furta à sua pró- UFES
medida em que o tempo se move em nós, nós pria formalização” (DELEUZE, 2011, p. Julho - Dezembro, 2016 17
11). Há a força estabilizadora, que tenta a Nº 22 - Volume II
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todo instante capturar, criar impedimento pulsar, criam-se meios e modos de ser-
ou modular os movimentos intensivos e -outro, fluidos, diluídos, moventes: fluxo
afetivos dos corpos que ali estão em mo- de estabilização que separa, e fluxo de de-
Revista do Programa de Pós- vimento e contato. A cada passo, a cada rivação que mistura, que desfaz a forma, a
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identificação, a singularização.
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5 - Tradução Livre: “Todo mun-
do vai dizer que é difícil deixar a
dor ir ... E é. Uma vez que somos
crianças, temos dito para abraçar o
melhor de nossas experiências e des-
considerar o pior. Mas o que acon-
tece quando as mais belas memórias
do nosso passado acabam fazendo o
maior dano para o nosso futuro”?

6 - Teoria que pontua a relação de


forças que conectam os dois parcei-
ros de uma dança. Ela é definida
pela relação entre “posture, tone,
tension, energy, and the direction”.
Ver mais em: http://www.joeand-
nelle.com/assets/frame_matching_
and_pted_by_joe_demers.pdf

A língua tem de alcançar desvios fe-


Descrição do Vídeo5 mininos, animais, moleculares, e todo
desvio é um devir mortal. Não há linha
Everyone will tell you it is hard to let go reta, nem nas coisas nem na linguagem. A
of pain... and it is. sintaxe é o conjunto de desvios necessá-
Since we are children we have been told rios criados a cada vez para revelar a vida
to embrace the best of our experiences & nas coisas. (DELEUZE, 2011, p. 12)
disregard the worst... Portanto, aqui e agora são essa sintaxe,
But what happens when the most beau- conjunto de desvios necessários, o frame
tiful memories matching6 perfeito para pensarmos na se-
from our past end up doing the most guinte questão:
damage to our future? - Fuganti: “O uso que fazemos com aqui-
Apesar da descrição do vídeo apontar lo que nos acontece pode ser um peso ou uma
para uma espécie de ressentimento, não impulsão, uma fonte de criação”
é com essa perspectiva que eu me apro- - Fuganti: “Aqui se decide se investimos
prio dele. O prefiro como “revelação da no poder ou na potencia, no eu (corpo organi-
vida”, nos termos deleuzianos, em espe- zado) ou na diferença/pensamento que cria e
cial, quando diz que “escrever não é con- de um corpo que é um corpo de intensidade”.
tar as próprias lembranças, suas viagens, Se preferirmos: é no aqui e no agora
seus amores, e lutos, sonhos e fantasmas” que decidimos se queremos ou não dan-
18 (DELEUZE, 2011, p. 12) e quando argu- çar, se queremos ou não – com nossas gra-
menta que: fias, nossos gestos – realizar movimentos

O que pode uma geografia como corpo que dança? linguagem-experiencia 'gesto -movimento' (fragmentos) Antonio Carlos Queiroz Filho
Páginas 11 a 20
O que pode uma geografia como corpo que dança? linguagem-experiencia 'gesto -movimento' (fragmentos) Antonio Carlos Queiroz Filho
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intensivos, imaginativos, desadestrados.


E só poderemos responder isso quando
conseguirmos responder à outra pergunta
fundamental. No aqui e no agora:

- Fuganti: “onde nosso desejo está”?

Incorporo essa questão no seio da ge-


ografia (grafia de mundo, gesto) que me
proponho a fazer e penso:

O que pode uma geografia como


corpo que dança?

(Suspiro, Pausa, Respiração... Tempo)


Um corpo pode ser qualquer coisa,
pode ser um animal,
pode ser um corpo sonoro,
pode ser uma alma ou uma idéia,
pode ser um corpus linguístico,
pode ser um corpo social, uma coletividade

(DELEUZE, 2002, p. 132).

Corpo como acontecimento


Como algo da ordem do indiscernível
Como cruzamento linguagem-expe-
riência
Corpo que dança
Gestos (Geografias) do imprevisível e
do criativo
Que então se decida
Investir
Numa Geografia
Que é, também, corpo de intensidades
Onde meu desejo está?
Numa Geografia fabuladora
Criadora de devires e potências
...
Por uma grafia (geografia) desviante,
aquela que hesita, que se lança ao chão
e faz dele um novo começo, que se abre 7 - Simplificadamente, Contra-
-tempo e 5, 6, 7 são comandos uti-
intensivamente ao infinito. Geografia lizados para enfatizar as marcações
aberta e processual. Aquela que faz do seu do compasso musical, que definem o
corpo (corpus) um movimento dançado. tempo, ritmo da música. É muito
Uma geografia bailarina, que faz do im- utilizado nas aulas de dança e pre-
cede o início do movimento. É tam-
pulso interior sua força vital: bém utilizado para a composição de
coreografias, onde cada movimento
Contra... Tempo... se realiza nas “cabeças” de tempo ou
...5, 6, 7! 7 no seu intervalo, contra-tempo.

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20 Artigo recebido em: 31/08/2016


Artigo aceito em: 05/12/2016

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