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Escola de Saúde

Curso de Psicologia
Disciplina: ADIR 1 - 1.2018

Profa. Dra. Jéssica Vaz Malaquias

Referência do artigo

MADUREIRA, Alexandra Bittencourt et al. Perfil de autores de violência contra mulheres


detidas em flagrante: apoios para o enfrentamento. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 18, n.
4, p. 600-606, dezembro de 2014. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=81452014000400600&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 de Set. de 2018.
http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20140085.

Objetivo geral

Avaliar o perfil de homens autores de violência contra mulheres detidos em


flagrante, em um município da região central do estado do Paraná.

Objetivo específico
Delinear os agressores detidos em flagrante delito e da violência que perpetraram contra
mulheres no período de implantação e consolidação da lei Maria da Penha.
Introdução
A violência contra a mulher engloba atos cometidos tanto em ambiente público
quanto privado, porem, é o ambiente doméstico que prevalece o acontecimento de tal
ato, sendo a maioria praticada por homens da própria família que aproveitam da
vulnerabilidade das vítimas
Segundo uma pesquisa feita pela organização mundial de saúde (OMS), uma
entre cada seis mulheres já sofrem violência doméstica.
A ocasião de violências contra mulheres em relações familiares volta a
acontecer com a conivência com o agressor e quando não é reprimida, pode evoluir e
causar maiores danos a vitima.
A gravidade da violência praticada contra as mulheres pode ser observada na
quantidade de registro de óbito em todo o mundo, e apesar dessa gravidade, grande
parte das mulheres que vivenciam a violência decide por continuar com os agressores,
contudo, a atenção e prevenção devem incluir não somente as vitimas, mas os autores
dessa violência, visando evitar a ocorrência das agressões.
A inclusão dos agressores é de extrema importância como objeto de estudo
para que se possa mapear o perfil e o discurso tanto das vitimas quanto dos agressores.
Contudo, essa pesquisa teve por objetivo mapear o perfil dos agressores em
flagrante delito e o da violência que praticaram contra mulheres no período de
implantação da lei Maria da Penha, em um município da região central do estado do
paraná.
Método

Número de participantes
Foram analisados 130 autos de prisão em flagrante (APFs).

Delineamento

Os dados foram coletados em delegacia especial da mulher (DEM), de um


município da região central do estado do Paraná. A fonte de captação de dados foram
os Autos de Prisão em Flagrante (APFs), registrados no período de implantação e
consolidação da lei nº 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha (anos de 2006-
2007) e, que se encontravam arquivados e disponibilizados para consulta.

Instrumentos
Analisou-se 133 APFs, dos quais, três foram excluídos em razão de conterem
informações repetidas sobre o mesmo evento de violência. Assim, o universo desta
pesquisa constituiu-se por 130 APFs.

A coleta dos dados ocorreu no período de junho de 2011 a maio de 2012, na


Delegacia da Mulher, mediante aplicação de instrumento fechado elaborado com fim
próprio, considerando-se para isso os itens constantes nos formulários dos Autos de
Prisão em Flagrante.

A inclusão dos dados se deu em planilha eletrônica por dupla digitação que
resultou em um banco eletrônico de dados. As análises descritivas, para o cálculo das
frequências absolutas e porcentagens que caracterizaram o perfil dos agressores e da
violência praticada, foram realizadas por meio do pacote estatístico Epi Info versão
3.5.1.
Resultados
Ao analisar o perfil dos agressores, pode ser percebido que a idade dos
mesmos varia entre 18 e 66 anos, sendo a maioria na faixa etária de 20 a 29 anos,
sendo a maioria casada ou vivendo em união estável.
Durante os estudos dos agressores detidos, demostrou – se que a maioria eram
alfabetizados, porém, prevaleceu a baixa escolaridade.
Os agressores possuíam algum tipo de trabalho remunerado e a minoria era
aposentada, desempregados ou estudantes e não possuíam renda própria.
Observou – se que a maior parte dos agressores não tinha registros policiais
anteriores.
O local onde os homens mais cometeram a violência foi em suas residências,
sendo a violência física a mais ocorrida seguida de agressões psicológicas. Verificou –
se que as agressões ocorreram em primeiro lugar com marido/companheiro, em
segundo lugar com ex. marido/companheiro e em terceiro os filhos.
Foi observado ainda que a maioria dos agressores fizeram o uso de alguma
substancia licita ou ilícita, sendo o álcool o prevalente, associado a outras drogas como:
maconha, cocaína e crack.
As mulheres vítimas eram em sua maioria entre 9 a 77 anos, com maior
incidência entre adultas jovens de 20 a 59 anos. Grande parte alfabetizada, porém, a
baixa escolaridade e dependência financeira do agressor prevalece. Pode ser notado
ainda que, a denúncia foi feita em sua maioria pela própria vitima.

Discussão

Concluiu se que os agressores detidos em flagrante delito por violência contra


mulheres em sua totalidade do sexo masculino, sendo em sua maioria adulto jovens,
casados, com baixa escolaridade e trabalho remunerado.
Os agressores detidos eram em sua totalidade maridos ou companheiros que
cometeram principalmente violência física contra suas companheiras no espaço
domestico.
Grande parte desses homens é reincidente por violência contra mulher.
Dessa forma as denuncias por si só relevaram –se insuficientes para o não
acontecimento de violência contra as mulheres, uma vez que os comportamentos
violentos não foram reduzidos diante das denúncias, razão pela qual houveram novas
denúncias.
È importante ressaltar que os profissionais atuantes na atenção a essa
população, precisam aumentar seu olhar sobre o problema, tratando não apenas os
traumas físicos e da denúncia dos agressores. È de suma importância a criação e
implantação de ações de enfrentamento vinculadas tanto Inter setorial quanto
interdisciplinar.
Quanto a limitação da pesquisa, ficou evidente por ser em apenas um estado
brasileiro. Contudo, devido a reduzida produção cientifica com homens autores de
violência, fica claro a necessidade da produção de mais estudos, a fim de aprofundar o
conhecimento, permitindo maior visibilidade a este fenômeno.

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