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Revolta da Vacina
Profª Msc. Eliara Adelino da Silva
• Os higienistas foram os primeiros a formular
um discurso sobre as condições de vida na
cidade, propondo intervenções mais ou
menos drásticas para restaurar o equilíbrio
daquele "organismo" doente.
• O primeiro plano urbanístico para o Rio de
Janeiro foi elaborado entre duas epidemias
muito violentas (1873 e 1876), mas foi
somente no governo de Rodrigues Alves, entre
1903 e 1906, que houve uma reforma urbana
e sanitária na capital.
Sobre a Febre Amarela
• Agente causador: Vírus;
• Sintomas:
Vírus da Varíola
Osvaldo Cruz
• O problema maior foi o controle da varíola,
com a vacina obrigatória.
Motivos de oposição à vacina
• Os opositores alegavam que os métodos de
aplicação do decreto de vacinação eram
truculentos, os soros e sobretudo os aplicadores
eram pouco confiáveis e os funcionários,
enfermeiros, fiscais e policiais encarregados da
campanha manifestavam instintos brutais e
moralidade discutível;
• Liberdade de consciência, deixando a cada
indivíduo a liberdade de decidir ou não pela
vacina, escolhendo as condições da sua aplicação;
• Horror de uma sociedade de moral
extremamente recatada (lembremos do
erotismo de Machado de Assis se concentrava
nos tornozelos e nos pulsos de suas
personagens femininas) de ver suas mulheres
terem expostas e manipuladas por estranhos
partes do corpo, cuja simples menção em
público vexava e constrangia a todos: braços,
coxas, nádegas.
• “lei obscena”
• Rui Barbosa (jurista, político, diplomata), culto
e informado, respeitado pelo público e por
seus pares, afirmava o seguinte:
• “Não tem nome, na categoria de crimes do
poder, a temeridade e violência, a tirania a
que ele se aventura, expondo-se,
voluntariamente, obstinadamente, a me
envenenar, com a introdução no meu sangue,
de um vírus cuja influência existem mais bem
fundados receios de que seja condutor da
moléstia ou da morte”.
• Apesar da revolta, Osvaldo Cruz obteve
sucesso na sua missão.
• Em 1904, 3.500 pessoas haviam morrido de
varíola no Rio de Janeiro.
• Dois anos depois, apenas 9 óbitos foram
constatados.
• Osvaldo Cruz tornou-se cientista renomado e
conhecido em todo o mundo.
• Por trás da luta popular contra a vacinação
obrigatória, estava o repúdio aos planos de
saneamento e embelezamento do Rio de
Janeiro que resultaram na demolição de
bairros populares e na remoção de seus
moradores para áreas distantes.
• A revolta não visava o poder, não pretendia
vencer, não podia ganhar nada.
• Era somente um grito, uma convulsão de dor,
uma vertigem de horror e indignação.
• Até que ponto um homem suporta ser
espezinhado, desprezado e assustado?
Quanto sofrimento é preciso para que um
homem se atreva a encarar a morte sem
medo?
Bibliografia
• BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos: um
Haussmann tropical: a renovação urbana da
cidade do Rio de Janeiro no início do século XX.
Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,
Turismo e Esportes, Departamento Geral de
Documentação e Informação Cultural, Divisão de
Editoração, 1990.
• SEVCENKO, Nicolau. A revolta da vacina: mentes
insanas em corpos rebeldes. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1984.
Questões desafio
1. (Unicamp 2008 - adaptada)
Texto 3. Com 800 mil habitantes, o Rio de Janeiro
era uma cidade perigosa. Espreitando a vida dos
cariocas estavam diversos tipos de doenças, bem
como autoridades capazes de promover sem
qualquer cerimônia uma invasão de privacidade. A
capital da jovem República era uma vergonha para a
nação. As políticas de saneamento de Oswaldo Cruz
mexeram com a vida de todo mundo. Sobretudo
dos pobres. A lei que tornou obrigatória a vacinação
foi aprovada pelo governo em 31 de outubro de
1904; sua regulamentação exigia comprovantes de
vacinação para matrículas em escolas, empregos,
viagens, hospedagens e casamentos.
A reação popular, conhecida como Revolta da Vacina,
se distinguiu pelo trágico desencontro de boas
intenções: as de Oswaldo Cruz e as da população.
Mas em nenhum momento podemos acusar o povo
de falta de clareza sobre o que acontecia à sua volta.
Ele tinha noção clara dos limites da ação do Estado.
(Adaptado de José Murilo de Carvalho, "Abaixo a vacina!". Revista Nossa
História, ano 2, nº- 13, novembro de 2004, p. 74.)
A partir da leitura do texto 3 da coletânea e de seus
conhecimentos, responda às questões abaixo:
a) Explique de que maneira as medidas sanitárias, no
Rio de Janeiro do início do século XX, "mexeram com
a vida de todo mundo, sobretudo dos pobres"?
2. (FUVEST 2009)
• No início do século XX, focos de varíola e febre
amarela fizeram milhares de vítimas na cidade
do Rio de Janeiro.
• Nesse mesmo período, a atuação das Brigadas
Mata-Mosquitos, a obrigatoriedade da vacina
contra a varíola e a remodelação da região
portuária e do centro da cidade geraram
insatisfações entre as camadas populares e entre
alguns políticos.
• Rui Barbosa, escritor, jurista e político, assim
opinou sobre a vacina contra a varíola:
• “…não tem nome, na categoria dos crimes do
poder, a temeridade, a violência, a tirania a
que ele se aventura (…) com a introdução, no
meu sangue, de um vírus sobre cuja influência
existem os mais bem fundados receios de que
seja condutor da moléstia ou da morte.”