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30/07/2019 Burguesia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Burguesia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Burguesia é um termo com vários significados históricos, sociais e culturais. A
palavra se origina do latim burgus, significando "cidade", adaptada para várias
línguas europeias. Burgueses, por extensão, eram os habitantes dos burgos, em
oposição aos habitantes do campo. Na Idade Média o conceito se limitou a uma
específica classe social formada nos burgos, conhecida como a burguesia
propriamente dita, que detinha o direito de cidadania, o qual acarretava vários
privilégios sociais, políticos e econômicos. Com o passar do tempo esta classe
tomou o poder nas cidades, excluiu a nobreza feudal de todas as funções públicas
e ainda mais tarde, em muitas das cidades mais importantes e ricas, seu estrato
superior passou a ser considerado nobre em seu próprio direito.

A partir de fins do século XVIII o conceito de burguesia foi redefinido por


sociólogos, economistas e historiadores, referindo-se a uma classe detentora de
uma cultura particular, meios econômicos baseados em capitais e uma visão
materialista do mundo. Na difundida teoria de Karl Marx, o termo passou a
denotar a classe social que detém os meios de produção de riqueza, e cujas
preocupações são a preservação da propriedade e do capital privados, a fim de
garantir a sua supremacia econômica na sociedade em detrimento do proletariado.
Na teoria social contemporânea o termo denomina a classe dominante das
O estereótipo do burguês no
sociedades capitalistas. Para muitos autores a diversidade de significados e
Monsieur Jourdain, personagem
atributos ao longo do tempo e nas várias regiões assinala o caráter polimorfo da
principal da comédia Le Bourgeois
burguesia e a controvérsia acadêmica que a cerca atesta a dificuldade de defini-la gentilhomme, de Molière
com precisão. Na contemporaneidade o termo é atribuído a um grande espectro de
grupos sociais que nutrem ideologias e interesses muito diversos e se originam de
condicionantes e contextos igualmente diferenciados.

Índice
Origens
Ascensão
A grande burguesia
Idade Moderna
Idade Contemporânea
A visão marxista
Atualidade
Ver também
Referências

Origens

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O termo burguês deriva do latim burgus através de adaptações germânicas burga, baúrgs ou bürg, que na Alta Idade Média
designavam uma pequena fortificação, um castelo ou uma vila murada. Seus habitantes, por extensão, se denominaram
primitivamente burgensis, burgari — burgueses —, termo atestado pela primeira vez no século VIII. Com a conquista normanda
da Inglaterra o termo bürg foi importado e aparece no século XII como bury, borough, burgh, denominando uma cidade. Aparece
na mesma época também no norte do Reino da França.[1] O conceito original está intimamente associado ao de cidadania, cujas
origens estão na Antiguidade. Tanto a Grécia como Roma organizaram suas sociedades urbanas de maneira a integrar um corpo de
"cidadãos", que viviam em um espaço físico definido, eram regidos por leis específicas e detinham relevantes direitos políticos,
não atribuídos a outras classes.[2]

No entanto, após a queda do Império Romano as cidades entraram em declínio e a


população se ruralizou em larga proporção. A nobreza passou a dominar
praticamente todos os espaços, rebaixando a população rural à condição servil,
formando-se uma sociedade eminentemente agrária. Contudo, obviamente nem
todas as cidades desapareceram, em torno dos castelos formaram-se novas vilas ou
burgos, que com o passar do tempo ganharam da nobreza feudal um significativo
grau de autonomia e diversos privilégios, como os de manter feiras e mercados,
associações civis, milícias, tribunais, conselhos e um corpo de oficiais. No Um típico burgo formado ao pé de
processo de crescimento dos burgos o estatuto de cidadão adquiriu uma base um castelo

jurídica diferenciada e passou a ser exclusivo dos habitantes livres e capazes de


exercer direitos especiais, particularmente os de natureza política, econômica e associativa, recuperando parte da concepção
clássica de cidadania. A este grupo, apenas, ficou restrito o uso do termo burguês, então um sinônimo de cidadão. Os outros
residentes dos burgos passaram a ser chamados de "vilãos" ou simplesmente "habitantes", onde se incluíam servos, mercenários e
artistas itinerantes, aventureiros, trabalhadores não especializados e outros componentes da classe mais baixa, que praticamente
não possuíam nenhum direito.[2][3][4]

As igrejas da Idade Média, além de dar o conhecimento religioso aos cristãos, tomaram conta do ensinamento nas escolas, que
ficavam anexas aos mosteiros. Com o surgimento da burguesia, parte das novas escolas passaram a ser administradas por esta
classe que passou a ensinar novas matérias, além do conhecimento religioso.

Ascensão
Na Idade Média os direitos eram diferentes para cada classe social. A burguesia evoluiu paralelamente ao sistema feudal mas
manteve-se muito à parte dele. Enquanto que a nobreza se concentrava no campo, governava e dominava a população rural
impondo-lhe pesados impostos e múltiplas obrigações e privando-a de uma série de direitos, não raro tratando-a de forma brutal, a
burguesia, protegida pelos privilégios concedidos às cidades, passou a governar a si mesma e a administrar as funções públicas e
produtivas, ao mesmo tempo controlando a vida e atividades da população urbana não-burguesa.[2]

A proporção da burguesia em relação à população urbana total, as características deste


sistema e os atributos do estatuto de burguês variaram muito ao longo do tempo e de acordo
com usos locais. Em geral os burgueses formavam uma classe minoritária nas cidades
medievais, e o critério mais decisivo para a obtenção e preservação do estatuto era
econômico, exigindo-se a posse de um patrimônio substancial. Podia ser comprado
mediante o pagamento de uma taxa, que nas cidades maiores era muito elevada, e para a
Registro de admissão de
admissão formal em geral exigia-se provas de boa conduta e idoneidade moral para o
Ernst Volraat na burguesia
de Breda, 1º de abril de requerente e sua família, além de um compromisso de dedicação aos interesses públicos.
1734. Detalhe do Breda Também podia ser adquirido por casamento, mas usualmente o estatuto era transmitido
Poorterboek (Livro dos hereditariamente. Dava direito de acesso à justiça privada, aos cargos públicos e aos
Burgueses de Breda) conselhos, permitia o voto nas assembleias gerais, a abertura de empresas, a participação
nas irmandades e guildas, e trazia consigo uma série de outros benefícios. Com a crescente
dependência dos nobres da economia burguesa, baseada na indústria e no comércio, responsável pela produção e circulação de
muitos bens de consumo e pelo beneficiamento de boa parte da produção rural, com a dependência também de auxiliares
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administrativos, que ganhavam prática e competência nas funções cívicas, e com a progressiva ampliação dos seus direitos, os
burgueses virtualmente tomaram o poder em grande número de cidades, excluindo todos os nobres das atividades e funções
públicas urbanas, formando uma nova classe governante que tinha todas as características de um patriciado.[2][5][6]

A partir do século XV, na maioria das principais cidades da Europa, como as capitais, as grandes cidades mercantis, os centros
fabris ou mineradores, as cidades livres imperiais, a burguesia já estava desenvolvendo uma intensa e importante atividade em
múltiplas áreas, especialmente na política, economia, administração, sociedade e cultura, bem como nas instituições religiosas,
educativas e beneficentes. As cidades cresciam inchadas com uma massa de antigos servos que compravam sua liberdade e para lá
se dirigiam em busca de melhores oportunidades, ou abandonavam seus senhores procurando refúgio intra-muros, protegidos
pelos privilégios concedidos às cidades. Mesmo no campo as relações se modificavam com a prática de arrendamento de feudos e
propriedades rurais para trabalhadores assalariados.[7][8]

A grande burguesia
Neste período florescente as principais famílias burguesas tornaram-se ricas e
poderosas, e surgiu uma divisão ainda mais elitista na burguesia, formando uma
classe genericamente conhecida como alta ou grande burguesia. Dominavam os
mais importantes cargos administrativos, legislativos, judiciais e militares,
monopolizavam o alto clero, os principais meios produtivos e as casas bancárias, e
passaram a adotar hábitos e investir em capitais simbólicos típicos da nobreza.
Compravam feudos e direitos hereditários, casavam com nobres, financiavam a
realeza, agiam como senhores, adotavam brasões e inventavam genealogias
Os brasões das Sete Linhagens de
míticas.[6][9][10][11][12]
Bruxelas, gravura de Jacques
Na maior parte das grandes cidades a dignidade da alta burguesia foi além de uma Harrewyn, 1697.

mera aparência de nobreza, e seus membros passaram a ser considerados, para


todos os efeitos, nobres hereditários de pleno direito. Na Itália adotaram o título
nobiliárquico de patrícios, e na Germânia, Países Baixos e França foram
conhecidos como patrícios ou grandes burgueses, denominação também
transformada em um título.[11][13][14][15][16][17] Esse processo de enobrecimento
teve uma evolução muito desigual nas diferentes regiões, mas registros italianos
da Lombardia indicam que desde pelo menos o século XIII todos os habitantes das
cidades que detinham o estatuto de cidadão já eram juridicamente considerados
nobres.[18] Mas essa situação jurídica não era sempre clara. Analisando o caso de
Bruxelas, que tinha características comuns a muitas outras regiões europeias, o
Retrato de Jakob Fugger e sua
historiador François de Cacamp disse: esposa Sibylle Artzt, grandes
burgueses de Augsburgo. Pintura
"Esta questão [da nobreza] pode não ter muito atribuída a Hans Burgkmair, 1498.
sentido, porque não parece ter havido qualquer
definição legal ou status legal para a nobreza no
Brabante na época dos duques. Os membros das Linhagens [os sete clãs mais
ilustres] eram homens livres, descendentes de homens livres, e é quase certo que nos
séculos XII e XIII as noções de homem livre e homem nobre eram quase sinônimas.
Naquele tempo, ser mestre e senhor da terra era ser nobre; de qualquer forma, essa
nobreza de sangue e terra era uma qualidade de caráter social e não legal, e era
transmitida a todos os descendentes tanto na via masculina como na feminina, assim
como o direito à herança do patrimônio, que era, de certo modo, o seu corolário. [...] É
por isso que os patrícios de Bruxelas, pelo menos até o final do século XVI, se
consideravam e eram considerados nobres".[19]

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Carlos V concedeu um estatuto de nobreza a toda a burguesia de Paris,


considerando a dignidade inata da capital do reino e a proximidade com o
soberano, um privilégio renovado por outros reis.[20][21] Na Inglaterra e partes dos
Estados Unidos no período colonial, burguês era a denominação comum para a
elite urbana e em algumas cidades foi o título formal dos conselheiros
municipais.[22]

A mímese da antiga nobreza pela alta burguesia foi completa, usando os mesmos
meios de legitimação, auto-afirmação e autoperpetuação no poder, e criando para
si mesma um amplo espaço de representação social. Em sua essência, a nobreza de
que se revestiu o patriciado e a grande burguesia só se distinguia da nobreza
tradicional pela sua origem cívica, e não feudal ou militar. E mais do que se
equiparar à nobreza, de fato em muitos locais a suplantou em prestígio, riqueza e
influência.[23][24][25][5][25] A tradição da alta burguesia tornou-se tão ilustre nos
Países Baixos que depois de um longo período em regime republicano, quando a Edito de Luís XI confirmando os
privilégios da burguesia de Paris,
monarquia foi restaurada e quis enobrecer as famílias principais, descendentes dos
1465.
antigos grandes comerciantes e políticos, teve várias vezes suas ofertas rejeitadas
porque essas famílias tinham o estatuto de burgueses como superior ao de
nobres.[12]

Idade Moderna
A atividade burguesa exercera um impacto na sociedade medieval como um todo que repercutiu muito além do confinamento dos
seus agentes nas cidades. Até o século XVI cerca de 90% da população europeia ainda vivia no campo, e até o início do século
XVIII essa proporção não mudaria muito. Contudo, as cidades se tornaram os centros de troca e de comércio por excelência,
mantinham as principais manufaturas e indústrias, e essas atividades, todas comandadas pela burguesia, ganhavam cada vez maior
especialização, refinamento e diversidade, além de assumirem um claro protagonismo na macroeconomia. Seu governo
permanecia tipicamente de caráter autônomo e coletivo, centrado nos Conselhos, e monopolizado pelos estratos superiores da
burguesia. As mulheres burguesas tinham alguma participação na economia e em outros aspectos da vida urbana, mas, numa
sociedade ainda fortemente patriarcal, permaneciam excluídas da atividade política. Esse perfil urbano e sua importância no
conjunto social se manteriam em essência intactos na passagem para a Idade Moderna, mesmo que algumas urbes desenvolvessem
rapidamente um caráter diferenciado, metropolitano, como capitais de províncias e de Estados, o que acentuava significativamente
sua importância. Nas palavras de Christopher Friedrichs, "de fato, a maioria dos grandes temas da história da Europa no início da
Idade Moderna está intimamente relacionada às experiências urbanas".[4]

A Europa se transformava profundamente. A invenção da imprensa forneceu meios de uma ampla difusão do conhecimento, os
ideais humanistas do Renascimento atribuíram uma nova dignidade ao homem, o racionalismo, a tecnologia e a ciência entravam
em primeiro plano nos interesses da intelectualidade, as grandes navegações mostraram que havia imensos novos horizontes a
desvendar e explorar, e esses fatores revolucionaram a visão do mundo e da posição do homem nele, deixando a concepção
medieval para trás. Ao mesmo tempo, com o declínio do sistema feudal, surgiu uma nova ideia de poder e política, e reis
absolutistas assumiram o governo de novos Estados que estavam sendo formados, contando com um sólido apoio burguês, obtido
com promessas de controle da nobreza e de favorecimento dos interesses burgueses.[7][26][27]

Ao longo da Idade Moderna, mesmo que se mantivessem muitas linhas de continuidade com o período anterior, importantes
modificações ocorreriam na organização e funcionamento das cidades, que se adaptavam a um contexto diferente e se tornavam
destacados polos de fermentação cultural, religiosa, política, educativa, científica e artística, modificando-se também a
composição das elites governantes, com um crescente afastamento do poder dos membros da baixa burguesia, como os grupos
manufatureiros e artesanais, em benefício dos grandes comerciantes, dos financistas e dos profissionais liberais de maior prestígio
como os médicos e juristas.[4] A ampla abertura dos mercados do Oriente, a exploração da África e a colonização da América

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ofereceram vastos novos campos de atuação para a burguesia europeia,


propiciando uma expansão sem precedentes da indústria e do comércio,
modificando todo o sistema de produção e trocas, das operações financeiras e das
relações de trabalho, e lançando os primeiros fundamentos do capitalismo e da
globalização.[7]

No século XVIII, com suas


preocupações humanistas,
racionalistas e liberais, o
iluminismo atacou o dogmatismo
religioso — um dos grandes
responsáveis pela manutenção do
status quo durante o feudalismo
—, incentivou a educação e a
liberdade de pensamento, e o
Uma tipografia do século XV, uma
maior acesso à informação
atividade comercial e cultural
acentuou a consciência política da
tipicamente burguesa. Xilogravura
de Jost Amman, 1568. população, levando a uma ampla
percepção das condições de
opressão e exploração crônica das
classes baixas. Também lutava pela concessão de direitos civis igualitários a toda a
população.[7][28][29] O Estado proto-capitalista andava a passos largos e a
burguesia estava completamente emancipada,[7] mas essa independência foi
construída ao longo de séculos e não foi conquistada sem grandes tensões e Frontispício da Encyclopédie
conflitos. Diversas revoltas camponesas ocorreram em várias regiões da Europa (1772), desenhado por Charles-
desde a Idade Média, motivadas pelas condições de pobreza e abuso das classes Nicolas Cochin e gravado por
Bonaventure-Louis Prévost. Esta
populares, e em muitos casos essas revoltas no campo repercutiram entre a
imagem está carregada de
burguesia das cidades, pois suas reivindicações tinham pontos em comum.[30] simbolismo: a figura do centro
representa a Verdade, rodeada por
A burguesia do século XVIII se tornara uma classe muito heterogênea,
luz intensa, o símbolo central do
incorporando, além dos grandes empresários, uma grande população de iluminismo. Duas outras figuras, a
funcionários públicos, burocratas e militares de baixo escalão, profissionais Razão e a Filosofia, estão retirando
liberais, o baixo clero, trabalhadores de várias categorias, cujos ideais e anseios o manto da Verdade.
poucas vezes concordavam. No geral, porém, de um lado combatiam a resistência
da nobreza em abrir mão de seus privilégios e seus sistemas de influência, mas de outro lutavam para assegurar seus próprios
privilégios e influência e suas fontes de renda contra as pretensões da classe mais baixa, cuja insatisfação crescia.[7][28][31] Os
conceitos tais como liberdades pessoais, direitos religiosos e civis, e livre comércio todos derivam das filosofias burguesas e
iluministas. Nas palavras de Matta & Cancela,

"A ordem burguesa e as pré-capitalistas eram rivais históricas, rivais na capacidade de


reprodução social para o futuro: os sujeitos reproduziam sua existência de uma forma
ou de outra, em um momento ou outro, de acordo com cada instância cotidiana, não
por decisão exatamente subjetiva, ou exatamente consciente. [...] Como a sociedade
burguesa mostrou ter maior capacidade reprodutiva ela foi ganhando espaço. Mas
isso não foi fácil nem de curto prazo. [...] A burguesia necessitou de todo tipo de
estratégia. Por exemplo, de uma estratégia para criar ideologias favoráveis à sua
práxis, e aos poucos conseguir competir e sobrepujar as práxis pré-capitalistas
diversas que contradiziam sua lógica então emergente. O Iluminismo foi o movimento
que realizou esta estratégia. Pregava a liberdade, a cidadania, a sociedade civil, a
democracia – eram princípios da declaração dos direitos do homem".[28]

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Idade Contemporânea
A insatisfação das classes baixas, acentuada por graves crises econômicas que
produziram desemprego e fome em larga escala, acabou por explodir na
Revolução Francesa, um exemplo clássico da luta de classes e um divisor de águas
na história da Europa, fazendo cair as leis e os privilégios da ordem feudal e
absolutista, limpando o caminho para a rápida expansão do comércio, da
tecnologia, da ciência e da indústria, e para o surgimento da Revolução Industrial.
Uma onda de revoluções liberais sacudiu a Europa e América nas décadas
seguintes, com um sucesso, no entanto, muito irregular nas diferentes regiões. A
burguesia assumia o comando definitivo da sociedade, mas mesmo que os
iluministas pregassem uma sociedade igualitária, "igualdade" ainda era um
conceito seletivo, aplicado apenas para certos segmentos da população, havendo a
forte preocupação de que as revoluções não caíssem no extremo de entregar o
comando ao proletariado.[7][28] Parece claro que seu sucesso nas várias regiões
dependeu na maior parte dos casos da capacidade burguesa de interagir com a
Caricatura revolucionária mostrando
antiga classe dominante sem uma confrontação radical e de integrar-se a um
o Terceiro Estado (povo)
quadro social já existente, embora seja inegável seu papel de agente transformador
carregando nas costas o Primeiro e
desse quadro.[32] o Segundo Estados (clero e
nobreza).
Muito dessa transformação deriva de uma mudança de foco nos interesses
econômicos burgueses e no sistema de produção. Enquanto que nas primeiras
etapas de formação do capitalismo era dominante uma filosofia mercantilista, advogando a intervenção do Estado na economia, o
protecionismo no comércio exterior e o acúmulo de capitais na forma de reservas de ouro e prata, nesta época esses princípios
haviam se tornado obsoletos, impondo-se uma atualização em benefício de um novo liberalismo econômico e de uma ordem
social renovada, da qual a burguesia alardeava ser a defensora, uma ordem onde deveriam imperar a justiça e o direito.[7] Na
interpretação de Albert Soboul, "o progresso das Luzes solapava os fundamentos ideológicos da ordem estabelecida, ao mesmo
tempo que se afirmava a consciência de classe da burguesia. Sua boa consciência: classe em ascensão, acreditando no progresso,
tinha a convicção de representar o interesse geral e de assumir o encargo da nação; classe progressiva, exercia uma triunfante
atração sobre as massas populares, [assim] como sobre os setores dissidentes da aristocracia".[33]

Com a reação das oligarquias e da alta hierarquia da Igreja Católica diante da Revolução Francesa e outras revoluções liberais, as
conquistas no campo dos direitos humanos e civis sofreram profundos retrocessos.[7] A afirmação do capitalismo industrial e do
liberalismo econômico em boa medida foi promovida por descendentes muito ativos e empreendedores das classes trabalhadoras e
manufatureiras ou de pequenos comerciantes, cujas tradições em atividades industriais e comerciais lhes deram uma base prática
para um crescimento rápido, e os investimentos nas indústrias em ascensão de muitos funcionários públicos e profissionais
liberais bem educados e adeptos da filosofia do progresso forneceram elementos de adicional dinamismo e versatilidade para a
burguesia, mas o sistema econômico e produtivo desenvolvido constituiu uma nova fonte de opressão para as categorias de onde
muitos dos seus agentes haviam saído.[32]

A Revolução Industrial, associada à onda imperialista do século XIX, se


permitiram um progresso material inédito para a burguesia, tornaram-se também
notórias por acarretar longas jornadas de trabalho, salários muito baixos, sub-
habitação, maus tratos dos trabalhadores, exploração da mão-de-obra infantil e
escrava, instabilidade social e aprofundamento da distância entre a classe baixa e a
alta, significando condições de vida miseráveis para uma grande massa da
população. Ao mesmo tempo, a mecanização do trabalho produziu um forte êxodo
Uma criança trabalhando em uma rural, declínio dos artesanatos e manufaturas, desemprego em larga escala e
mina no século XIX. grandes problemas sociais.[7][34][35] Segundo Trindade,

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"Completava-se, assim, a separação do trabalhador em relação a seu produto: não


possuía mais os meios de produção, perdeu o domínio técnico do conjunto do
processo produtivo, e deixou de ser senhor dos resultados de seu trabalho. Como a
produtividade das fábricas mecanizadas era muito maior do que a das manufaturas,
elas não tinham necessidade de absorver toda a imensa força de trabalho 'liberada',
seja pela expulsão dos camponeses das áreas rurais, seja pela ruína dos
remanescentes urbanos do antigo artesanato individual. Em consequência, milhões de
trabalhadores vieram a compor o que viria a ser chamado de 'exército industrial de
reserva': multidões de desempregados que, nos momentos de expansão da economia,
eram convocados dessa 'reserva' e retornavam ao assalariato enquanto o 'capitão' da
indústria deles necessitasse. Como essa 'reserva' humana nunca se esgotasse, ela
logo passou a desempenhar a função econômica de manter baixos os salários dos
que estivessem empregados".[7]

A visão marxista
Nesta época de inquietação surgiram novas filosofias que buscavam entender e explicar esse contexto e definir melhor o conceito
de burguesia, que já se distanciava muito de sua origem medieval. Rousseau, Hegel e outros deram uma contribuição fundamental
separando o conceito de burguesia do de cidadania.[36][37][38] Essa ideia foi desenvolvida criticamente por Marx e Engels, e sua
teoria exerceria um profundo impacto no pensamento social, político e econômico a partir de meados do século XIX. Na leitura de
Bottomore, para eles burguesia passou a ser identificada como a classe detentora dos meios de produção na ordem social
capitalista, parte de uma concepção de História como uma sucessão de modos de produção e sistemas sociais, "cada qual
caracterizado por um determinado nível de desenvolvimento das forças produtivas (basicamente tecnologia), e uma estrutura de
classe particular (ou relações de produção), dentro da qual há um conflito endêmico".[36] É ilustrativo da sua visão histórica da
burguesia o que escreveram no Manifesto Comunista:

"Cada etapa da evolução percorrida pela burguesia era acompanhada de um


progresso político correspondente. Classe oprimida pelo despotismo feudal,
associação armada administrando a si própria na comuna, aqui, República urbana
independente, ali, Terceiro Estado, tributário da monarquia; depois, durante o período
manufatureiro, contrapeso da nobreza na monarquia feudal ou absoluta; pedra angular
das grandes monarquias, a burguesia, desde o estabelecimento da grande indústria e
do mercado mundial, conquistou, finalmente, a soberania política exclusiva no Estado
representativo moderno. O governo do Estado moderno não é senão um comitê para
gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa.

"A burguesia desempenhou na história um papel eminentemente revolucionário. Onde


quer que tenha conquistado o Poder, a burguesia destruiu as relações feudais,
patriarcais e idílicas. Ela despedaçou sem piedade todos os complexos e variados
laços que prendiam o homem feudal a seus 'superiores naturais', para só deixar
subsistir, entre os homens, o laço do frio interesse, as cruéis exigências do
'pagamento à vista'. Afogou os fervores sagrados do êxtase religioso, do entusiasmo
cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo
egoísta. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas
liberdades, conquistadas com tanto esforço, pela única e implacável liberdade de
comércio. Em uma palavra, em lugar da exploração velada por ilusões religiosas e
políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica, direta e brutal".[39]

Na interpretação de Trindade, as ideias marxistas foram imprimindo às lutas sociais "uma dinâmica dupla de, a um só tempo,
continuidade e ruptura: retomavam a indignação moral e a insatisfação social dos socialistas utópicos e dos movimentos
espontâneos dos operários; mas afastavam-se daquelas idealizações voluntaristas de um imaginário mundo 'perfeito' para, em seu
lugar, promover a análise e a crítica concretas da sociedade real, em conexão com uma práxis social transformadora sob a
perspectiva dos explorados e oprimidos". Suas ideias levaram a uma nova consciência de classe entre o proletariado, que deu
origem a numerosas revoluções, das quais a de mais vasta repercussão foi a russa, em 1917, origem de uma profunda e duradoura

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cisão política e cultural no mundo.[7] Por outro lado, parece claro que mesmo no
tempo de Marx sua definição de burguesia era dificilmente aplicável de maneira
geral e muitas vezes não cumpria o papel histórico que ele lhe atribuiu.[40]

Os marxistas cunharam também o conceito de "pequena burguesia", que foi como


chamaram o setor das camadas médias da sociedade atual, regido por valores e
aspirações da burguesia. A partir de meados do século XIX a sociedade capitalista
seria caracterizada por uma burguesia capaz de revolucionar o sistema de
Manifestação popular em Moscou produção, centralizando o capital em empresas grandes, com o reforço de sistemas
em 1917. financeiros facilitadores do crédito, e no início do século XX, sua marca mais
visível seria a maciça internacionalização do capital e a formação de uma nova
classe média de profissionais liberais, burocratas, técnicos e empregados do setor de serviços.[7][36]

Atualidade
Desde os escritos de Marx e Engels as visões sobre a burguesia se multiplicaram imensamente, enfatizando diferentes aspectos e
entrando em frequente conflito, tornando impossível uma caracterização contemporânea precisa e unificada. Alguns acentuam seu
caráter progressista, liberal e revolucionário, outros apontam seus laços com tradições oligárquicas e elitistas, mas em geral se
reconhece que ela exerceu um papel fundamental para a modernização da Europa, para a abolição do sistema feudal e
aristocrático, para o estabelecimento do capitalismo e para o avanço científico e tecnológico,[31][36] além de ser uma importante
promotora das artes e da cultura em geral.[41][42][43] Segmentos da burguesia contemporânea foram identificados como ativos
agentes para a igualdade de gênero, a independência pessoal, a quebra de preconceitos e o incentivo à inovação, enquanto outros
se caracterizam pelo conservadorismo e uma vida de luxo ostensivo e desperdício de recursos.[44][45][46] Ao mesmo tempo, a
leitura da burguesia histórica também tem sofrido constante reavaliação, não raro com resultados divergentes. Popularmente o
conceito muitas vezes é usado de maneira pejorativa, associado a uma cultura materialista, grosseira, inculta e excessivamente
preocupada com a respeitabilidade.[40] Segundo Silva & Silva,

"É sempre difícil definir um grupo social, ainda mais como a burguesia, cujos
significados mudaram ao longo do tempo, mas que também são alvo de controvérsias.
A definição mais simples de burguesia é aquela que associa o termo ao comerciante,
ao burguês e ao capitalista. Uma associação que, no entanto, simplifica a
heterogeneidade profissional dos membros da burguesia, anulando as diferenças que
muitas vezes existem entre burgueses e capitalistas. Além disso, essa associação
rígida também não dá conta das variações históricas e geográficas assumidas pelo
conjunto da burguesia ao longo do tempo. [...] É preciso, ainda, ter sempre em mente
que esse grupo social mudou bastante ao longo do tempo e que a burguesia moderna,
associada ao comércio e às cidades, não corresponde à burguesia industrial
contemporânea da Revolução Industrial, e muito menos à burguesia atual, que
assumiu formas as mais diversas ligadas ao capital financeiro e à internacionalização
cada vez maior dos negócios".[31]

Ver também
História da Europa
Classe social
Renascimento do século XII
Revoluções burguesas
Homem livre

Referências
Deutschland." In: Lexikon des Mittelalters, vol. 2,
1. Köbler, Gerhard. "Bürger. Teilabschnitt B. München/Zürich, 1983, p. 1008

https://pt.wikipedia.org/wiki/Burguesia 8/10
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2. Hettling, Manfred. "Bürger, Bürgertum, Bürgerlichkeit 20. La Chesnaye-Desbois, François Alexandre Aubert
(english version)" (http://docupedia.de/zg/Hettling_bu de.Dictionnaire de la noblesse, avant-propos, tome I.
erger_v1_en_2016). In: Docupedia-Zeitgeschichte, Paris, 1770, p. ix
08/06/2016 21. Chateaubriand, François-René de. Analyse raisonnée
3. Albers, Willi & Zottmann, Anton. Organisation bis de l'histoire de France. Lefèvre, 1831, pp. 310-311
Sozialhilfe und Sozialhilfegesetz, Volume 6. 22. "Burgess". Encyclopædia Britannica, 1911
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