Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ORIGENS E FUNDAMENTOS
(Cap. I e II)
ORIGEM: Idade Média. Contudo, foi tão somente a partir do século XVII que o direito internacional público
aparece como ciência autônoma e sistematizada, notadamente a partir dos tratados de Westfalia (Tratado
de Munster, assinado por Estados católicos, e Tratado de Osnabruck, assinado pelos protestantes), que pôs
fim a Guerra dos Trinta Anos e demarcou a nova era do Direito Internacional Publico, que a partir de então
passaria a ser conhecido como ramo autônomo do Direito moderno. O direito internacional público
disciplina e rege prioritariamente a sociedade internacional, formada por Estados e Organizações
Internacionais intergovenamentais, com reflexos voltados também para a atuação dos indivíduos no
plano internacional.
FUNDAMENTO:
Fundamento do DIP na regra “pacta sunt servanda”: uma terceira corrente, mais moderna emana do
entendimento de que o DIP se baseia em princípios jurídicos alçados a um patamar superior ao da vontade
dos Estados, mas sem que, contudo, se deixe totalmente de lado a vontade desses mesmos Estados.
SUJEITOS
(Cap. I e II)
Na atualidade, o direito internacional vai muito mais além, não se circunscrevendo exclusivamente
as relações entre os Estados. Tem ele, hoje, uma estrutura muito mais complexa e um alcance muito mais
amplo, visto que se ocupa da conduta dos Estados e das organizações internacionais e de suas relações
entre si, assim como de algumas de suas relações com as pessoas naturais (veja-se, por exemplo, os vários
aspectos ligados a “proteção internacional da pessoa humana”) ou jurídicas.
É dizer que figura o direito internacional como um conjunto de regras e princípios que disciplinam
tanto as relações jurídicas dos Estados entre si, bem como destes e outras entidades internacionais, como
também em relação aos indivíduos. Assim, também podem ser considerados sujeitos de direito
internacional publico na atualidade, além dos Estados soberanos, as Organizações Internacionais
intergovernamentais (as Nações Unidas, que tem capacidade jurídica para celebrar tratados de caráter
obrigatório, regidos pelo direito internacional, com os Estados e com outros organismos internacionais),
bem como os indivíduos, embora o campo de atuação destes últimos seja mais limitado, sem, contudo,
perder ou restar diminuída sua importância.
FONTES
Conceito de fonte (fontes formais e materiais): são materiais as fontes que determinam a elaboração de
certa norma jurídica, ao passo que, no plano do direito internacional, têm-se as necessidades que
decorrem das relações dos Estados e das Organizações Internacionais de regulamentarem suas relações
recíprocas. As fontes materiais determinam, portanto, o conteúdo (a matéria) da norma jurídica, podendo
ter origem em necessidades sociais, econômicas, politicas, morais, religiosas etc.
O costume internacional: segundo o art. 38, § 1°, letra b, do Estatuto da CIJ, os costumes constituem-se
numa “pratica geral aceita como sendo o direito”. É dizer que o costume internacional resulta da pratica
geral e consistente dos Estados de reconhecer como válida e juridicamente exigível determinada
obrigação.
Os princípios gerais de direito: são princípios consagrados nos sistemas jurídicos dos Estados, ainda que
não sejam aceitos por todos os sistemas jurídicos estatais, bastando que um número suficiente de Estados
os consagre.
O Estatuto também faz referencia, em seu art. 38, as decisões judiciais e as doutrinas dos publicistas,
consideradas como meios auxiliares na busca da comprovação da existência de determinada regra de
direito. Assim, as “decisões judiciais” e as “doutrinas dos publicistas”, a que o artigo faz referencia,
esclareça-se, não são fontes de direito como tal, constituindo-se validamente, entretanto, como meios de
auxilio a definir o direito aplicável.
“Jus Cogens”: são normas imperativas de direito internacional geral, aceitas e reconhecidas pela sociedade
internacional em seu conjunto, como normas das quais nenhuma derrogação e possível e que só podem
ser derrogadas por norma de “jus cogens” posterior da mesma natureza. Tais normas (a Declaração
Universal dos Direitos Humanos de 1948) estão expressamente autorizadas pelos arts. 53 e 64 da
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969). As normas de “jus cogens”, ao contrário das
demais fontes do direito internacional previstas no art. 38 do ECIJ, são hierarquicamente superiores a todas
as demais
Doutrina dos Publicistas: o art. 38 do Estatuto da CIJ coloca a doutrina dos publicistas como de maior
competência como uma segunda categoria de auxilio na determinação das regras de direito. Também se
consideram como fontes doutrinarias de grande repercussão os trabalhos dos institutos especializados na
pesquisa do direito internacional, como a Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas, bem como
os trabalhos preparatórios ou os relatórios explicativos,
Atos Unilaterais dos Estados: o art. 38 do ECIJ não faz qualquer menção aos atos unilaterais como fontes
prováveis do direito interacional publico. Tais atos são destituídos de característica normativa, mas não se
pode negar que eles produzem consequências jurídicas, na medida em que criam obrigações internacionais
para aqueles Estados que os proclamam. Portanto, quando assumido publicamente, mesmo quando não
efetuado no contexto das negociações internacionais, tal compromisso manifestado unilateralmente será
obrigatório para o Estado, que deverá cumpri-lo de boa-fé.
Analogia e Equidade: a analogia consiste na aplicação a determinada situação de fato de uma norma
jurídica feita para ser aplicada a um caso parecido ou semelhante. A equidade, por sua vez, ocorre nos
casos em que a norma jurídica não existe ou nos casos em que ela existe, mas não é eficaz para solucionar
coerentemente (e com justiça) o caso concreto “subjudice”.
A Questão da “Soflaw”: A softlaw é produto do século XX, tendo nascido principalmente no âmbito do
direito internacional do meio ambiente, prevendo um programa de ação para os Estados relativamente à
determinada conduta em matéria ambiental, tendo depois ampliado os seus horizontes para outros
campos do direito. O exemplo mais nítido desse tipo de instrumento e a chamada Agenda 21, que se
baseia num plano de ação a ser seguido pelos Estados para a salvaguarda do meio ambiente no século XXI.
(Cap. VII)
A grande discussão que ainda se trava consiste em saber se, após a ratificação de um tratado, seria
necessária a edição de ato com força de lei materializando internamente o conteúdo do instrumento
ratificado, ou se seria dispensável a sistemática da incorporação legislativa para a efetiva execução interna
do tratado internacional. Duas grandes concepções doutrinárias surgiram: a monista e a dualista.
Teoria Dualista: o direito interno e o internacional são dois sistemas independentes e distintos, ou seja, o
direito internacional regularia as relações entre os Estados, enquanto o direito interno tem a destinar-se a
regulação da conduta do Estado com os indivíduos. Por regularem tais sistemas matérias diferentes entre
eles não poderia haver conflito, ou seja, um tratado internacional não poderia, em nenhum a hipótese,
regular uma questão interna sem antes ter sido incorporado a este ordenamento por um procedimento
receptivo que o “transforme” em lei nacional.
Teoria Monista: parte da inteligência oposta à concepção dualista, vez que tem como ponto de partida a
unidade do conjunto das normas jurídicas. Para os monistas estes dois ordenamentos jurídicos coexistem,
mas se superpõem, formando uma escala hierárquica onde o direito internacional subordina o direito
interno ou vice-versa. Para os monistas, ademais, se um Estado assina e ratifica um tratado internacional é
porque está se comprometendo juridicamente a assumir um compromisso.
Doutrina conciliatória: (de fundamentos basicamente monistas) é integrada pelas denominadas “correntes
coordenadoras”, que sustenta a coordenação de ambos os sistemas a partir de normas superiores a
ambos, a exemplo das regras do direito natural. Esta posição conciliatória, ou eclética, nunca vingou no
direito internacional, tendo sido rechaçada pela doutrina e jurisprudência internacionais.
Conflito entre Tratados Internacionais Comuns e Normas da Constituição: se o conflito é entre tratado e
Constituição posterior, é de se entender que os acordos internacionais devidamente ratificados e
promulgados não perdem a eficácia com o advento de nova Carta Política.
O problema é maior, entretanto, se o conflito é entre tratado internacional e Constituição anterior. Neste
caso o tratado, formalmente, respeitou as normas constitucionais de competência para sua conclusão, não
se podendo, por isso, valer-se do art. 46 da Convenção de Viena, em virtude de não ter sido o acordo
concluído com violação manifesta de norma de fundamental importância de direito interno sobre
competência para celebrar tratados.
No caso brasileiro, especificamente, como não se tem dispositivo constitucional regulando a
matéria, deve-se entender que só prevalecem a Constituição os tratados que a ela são anteriores. Se o
tratado é posterior e contraria preceito da Lei Fundamental, neste caso, mesmo que internacionalmente
válido, não deve, internamente, prevalecer.
A exceção dos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos (cuja regra própria encontra-se
no art. 5.°, § 2.°, da CF, complementado pelo novo § 3.° introduzido pela Emenda Constitucional 45/2004),
não se admite que um compromisso internacional ratificado posteriormente a edição da Carta sobre ela
prevaleça, o que seria admitir-se uma reforma constitucional por vias outras que não a estabelecida em
seu texto.
CF/88
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
IV - não-intervenção;
VI - defesa da paz;
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
(Cap. XII)
A Organização das Nações Unidas (ONU): antes do final do conflito que ensanguentou a Europa entre
1939 e 1945, as potências que combatiam o eixo, levando em consideração o fracasso completo da Liga
das Nações na tentativa de evitar as guerras, tiveram a intenção de estabelecer, em período não muito
longo de tempo, uma organização internacional, de caráter geral e fundado na igualdade soberana de
todos os Estados pacíficos, que tivesse por propósito a manutenção da paz e da segurança internacionais,
nos termos do que foi pactuado na Conferência de Moscou, de 1943.
O art. 103 da Carta das Nações Unidas contém uma cláusula de supremacia que estabelece que, em
caso de conflito entre as obrigações contraídas pelos membros das Nações Unidas em virtude da Carta e
suas obrigações contraídas em virtude de qualquer outro acordo internacional, deverão prevalecer às
obrigações impostas pela Carta da ONU. Tal dispositivo coloca, portanto, a Carta das Nações Unidas no
ápice da hierarquia das normas do direito internacional público, equiparando-se a hierarquia que detém as
normas constitucionais em relação às leis e demais normas do direito interno estatal.
Conselho de Segurança: tem como principal atribuição a manutenção da paz e segurança internacionais
(art. 24, § 1.°). É composto por 5 membros permanentes e 10 não-permanentes. É proibida a reeleição dos
membros não-permanentes para o período subsequente ao mandato. Cada membro do Conselho de
Segurança tem, dentro do órgão, um representante e, portanto, o direito de um voto apenas.
Corte Internacional de Justiça: é o principal órgão judicial das Nações Unidas, com sede em Haia
(Holanda), é composta por 15 juízes eleitos pela Assembleia Geral da ONU em ato conjunto com o
Conselho de Segurança, para um mandato de 9 anos, com possibilidade de reeleição. Tais juízes são eleitos
entre as pessoas indicadas pelos grupos nacionais da Corte Permanente de Arbitragem.
Conselho de Tutela: a competência atém-se ao sistema internacional de tutela estabelecido pela Carta da
ONU, tem por objetivo o fomento do progresso político, econômico, social e educacional dos habitantes
dos territórios tutelados e o seu desenvolvimento progressivo para alcançar governo próprio ou
independência, entretanto, já se encontra superado desde 1960, ano em que as Nações Unidas concluíram
a Declaração sobre a Concessão de Independência para os Países e Povos Coloniais.
Secretariado da ONU: é chefiado pelo Secretário-Geral, que é o principal e mais alto funcionário
internacional da ONU, indicado para um mandato de 5 anos pela Assembleia Geral, a partir de
recomendações do Conselho de Segurança. O Secretário-Geral exerce funções em todas as reuniões da
Assembleia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e Social e do Conselho de Tutela, e
desempenha outras funções que lhe são atribuídas por estes órgãos.
Conselho Economico e Social: é composto por 54 membros eleitos pela Assembleia Geral, mediante 2/3
dos Estados presentes e votantes para um período de 3 anos. As decisões do Conselho Econômico e Social
são tomadas pela maioria de votos dos membros presentes a reunião deliberativa.
Organização da Aviação Civil (OACI): criada por convenção firmada em 1944, cujos objetivos principais são
os de desenvolver técnicas de aeronavegação internacional, a fim de obter maior segurança de voo etc.;
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO): sediada na cidade de Roma,
tendo entrado em vigor em 1945, cujas metas principais são aumentar o nível de alimentação e a
expectativa de vida do planeta, melhorar o sistema de distribuição de produtos agrícolas, bem como
implementar melhoria das condições de vida das populações rurais;
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): nascida em 1946,
sediada em Paris, com o objetivo de fomentar a educação, a ciência e a cultura da sociedade internacional;
Organização Meteorológica Mundial (OMM): com sede em Genebra, cuja finalidade é trazer melhorias no
campo meteorológico entre todos os Estados, com o estabelecimento de redes de estações capazes de
proporcionar informações meteorológicas atualizadas a serem comunicadas a todos;
Organização Mundial de Saúde (OMS): cuja finalidade é a de alcançar o índice mais elevado de saúde para
todos os povos do planeta, combatendo a mortalidade infantil, fomentando a recuperação de portadores
de deficiência etc.;
Organização Marítima Internacional (OMI): sediada em Londres, que tem por finalidade criar mecanismos
adequados entre os Estados de cooperação em matéria marítima internacional;
Organização Mundial do Comercio (OMC): criada em 1994, tendo iniciado suas atividades em 01.01.1995,
em decorrência da alteração do GATT (General Agreement of Tariffs and Trade), levada a efeito pelo
Protocolo de Marrakesh. É sediada em Genebra e tem como objetivo a supressão gradual das tarifas
alfandegarias que tornam difíceis e discriminem as relações comerciais internacionais. A OMC não é uma
“agência especializada” da ONU, não sendo qualquer das suas atividades coordenada pelas Nações Unidas,
como se depreende do seu próprio acordo constitutivo. Mas tal fato não retira da organização a sua
enorme importância para a regulação do comercio internacional;
União Postal Universal (UPU): com sede em Berna (Suíça), cujo objetivo é a unificação das tarifas postais
internacionais e fomentar o aperfeiçoamento dos serviços postais em todos os Estados-membros;
União Internacional de Telecomunicações (UIT): sediada em Genebra, que tem como finalidade a
melhoria e o uso apropriado dos serviços de telecomunicações, inclusive no que diz respeito as
comunicações espaciais (via satélite), que demandam cooperação internacional dos Estados;
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA): com sede em Viena, que tem por objetivo impor o
controle da energia atômica no planeta, destinando a sua utilização para fins pacíficos;
Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI): também sediada em Viena,
instituída em 1996, com a finalidade de favorecer e estimular a industrialização dos países em
desenvolvimento, em consonância com os propósitos da Carta das Nações Unidas;
Organização Mundial de Turismo (OMT): com sede em Madrid, cujo objetivo é o de desenvolver o
turismo, contribuindo para o desenvolvimento econômico, a cooperação internacional, a paz, a
prosperidade e o respeito dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de
raça, sexo, língua ou religião;
Organização Mundial da Propriedade Industrial (OMPI): com sede em Genebra, que visa autorizar a
propriedade intelectual, concedendo aos Estados que demandem seus serviços a devida p proteção
técnica.
Organizações Regionais: entre as organizações regionais de maior importância estão o Conselho de Europa
(CE), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Africana (UA). Destas organizações regionais a
mais antiga e a OEA. Sua Carta foi assinada em Bogotá, Colômbia, em 1948, por ocasião da IX Conferencia
Interamericana, tendo entrado em vigor no dia 13.12.1951. Posteriormente, a Carta da OEA foi reformada
pelos Protocolos de Buenos Aires, em 1967, de Cartagena das índias, em 1985, de Washington, em 1992, e
de Managua, em 1993.
Cada uma dessas organizações acima citadas pode estabelecer regras especificas de admissão de
determinado Estado como membro.