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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

ORIGENS E FUNDAMENTOS

(Cap. I e II)

ORIGEM: Idade Média. Contudo, foi tão somente a partir do século XVII que o direito internacional público
aparece como ciência autônoma e sistematizada, notadamente a partir dos tratados de Westfalia (Tratado
de Munster, assinado por Estados católicos, e Tratado de Osnabruck, assinado pelos protestantes), que pôs
fim a Guerra dos Trinta Anos e demarcou a nova era do Direito Internacional Publico, que a partir de então
passaria a ser conhecido como ramo autônomo do Direito moderno. O direito internacional público
disciplina e rege prioritariamente a sociedade internacional, formada por Estados e Organizações
Internacionais intergovenamentais, com reflexos voltados também para a atuação dos indivíduos no
plano internacional.

FUNDAMENTO:

Doutrina voluntarista: para a corrente voluntarista, de base notadamente subjetivista, a obrigatoriedade


do direito internacional decorre do consentimento (vontade) dos Estados, expresso em tratados e
convenções internacionais, ou ainda, proveniente de uma vontade tácita, pela aceitação generalizada do
costume internacional. Ou seja, para a doutrina voluntarista, o direito internacional público e obrigatório
porque os Estados assim o desejam. O seu fundamento encontra suporte na vontade coletiva dos Estados
ou no consentimento mútuo destes.

Doutrina objetivista: apregoa que a obrigatoriedade do direito internacional advém da existência de


princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico estatal, uma vez que a sobrevivência da
sociedade internacional depende de valores superiores que devem ter prevalência sobre os interesses
meramente domésticos dos Estados.

Fundamento do DIP na regra “pacta sunt servanda”: uma terceira corrente, mais moderna emana do
entendimento de que o DIP se baseia em princípios jurídicos alçados a um patamar superior ao da vontade
dos Estados, mas sem que, contudo, se deixe totalmente de lado a vontade desses mesmos Estados.

SUJEITOS

(Cap. I e II)

ESTADOS, ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS INTERGOVERNAMENTAIS E INDIVÍDUOS.

Na atualidade, o direito internacional vai muito mais além, não se circunscrevendo exclusivamente
as relações entre os Estados. Tem ele, hoje, uma estrutura muito mais complexa e um alcance muito mais
amplo, visto que se ocupa da conduta dos Estados e das organizações internacionais e de suas relações
entre si, assim como de algumas de suas relações com as pessoas naturais (veja-se, por exemplo, os vários
aspectos ligados a “proteção internacional da pessoa humana”) ou jurídicas.
É dizer que figura o direito internacional como um conjunto de regras e princípios que disciplinam
tanto as relações jurídicas dos Estados entre si, bem como destes e outras entidades internacionais, como
também em relação aos indivíduos. Assim, também podem ser considerados sujeitos de direito
internacional publico na atualidade, além dos Estados soberanos, as Organizações Internacionais
intergovernamentais (as Nações Unidas, que tem capacidade jurídica para celebrar tratados de caráter
obrigatório, regidos pelo direito internacional, com os Estados e com outros organismos internacionais),
bem como os indivíduos, embora o campo de atuação destes últimos seja mais limitado, sem, contudo,
perder ou restar diminuída sua importância.
FONTES

(Cap. III e IV)

Conceito de fonte (fontes formais e materiais): são materiais as fontes que determinam a elaboração de
certa norma jurídica, ao passo que, no plano do direito internacional, têm-se as necessidades que
decorrem das relações dos Estados e das Organizações Internacionais de regulamentarem suas relações
recíprocas. As fontes materiais determinam, portanto, o conteúdo (a matéria) da norma jurídica, podendo
ter origem em necessidades sociais, econômicas, politicas, morais, religiosas etc.

PRIMÁRIAS: tratados, princípios, costumes, CIJ, art. 38.

Primárias (substanciais ou de produção), como a Constituição estatal, e Secundária (formais ou de


conhecimento), como a lei (fonte formal ou de conhecimento imediata), os costumes, os princípios gerais
de direito e a doutrina (fontes formais ou de conhecimento mediatas). O art. 38 do Estatuto da CIJ, como
se vê, elenca como sendo fontes do direito internacional os tratados internacionais, o costume
internacional e os princípios gerais de direito. Estas são as fontes primarias do direito internacional.

Os tratados internacionais: os tratados internacionais são, incontestavelmente, a principal fonte do direito


internacional publico na atualidade. O Direito dos Tratados regula:
- a forma como negociam as partes;
- quais os órgãos encarregados de tal negociação;
- qual o gênero dos textos produzidos;
- a forma de assegurar a autenticidade do texto;
- como as partes manifestam o seu consentimento em obrigar-se pelo acordo;
- a forma de entrada em vigor do compromisso firmado;
- quais os efeitos que tal compromisso produz sobre os pactuantes ou sobre terceiros;
- e a forma de duração, alteração e termino dos atos internacionais.

O costume internacional: segundo o art. 38, § 1°, letra b, do Estatuto da CIJ, os costumes constituem-se
numa “pratica geral aceita como sendo o direito”. É dizer que o costume internacional resulta da pratica
geral e consistente dos Estados de reconhecer como válida e juridicamente exigível determinada
obrigação.

Os princípios gerais de direito: são princípios consagrados nos sistemas jurídicos dos Estados, ainda que
não sejam aceitos por todos os sistemas jurídicos estatais, bastando que um número suficiente de Estados
os consagre.

MEIOS AUXILIARES: jurisprudência e doutrina

O Estatuto também faz referencia, em seu art. 38, as decisões judiciais e as doutrinas dos publicistas,
consideradas como meios auxiliares na busca da comprovação da existência de determinada regra de
direito. Assim, as “decisões judiciais” e as “doutrinas dos publicistas”, a que o artigo faz referencia,
esclareça-se, não são fontes de direito como tal, constituindo-se validamente, entretanto, como meios de
auxilio a definir o direito aplicável.

“Jus Cogens”: são normas imperativas de direito internacional geral, aceitas e reconhecidas pela sociedade
internacional em seu conjunto, como normas das quais nenhuma derrogação e possível e que só podem
ser derrogadas por norma de “jus cogens” posterior da mesma natureza. Tais normas (a Declaração
Universal dos Direitos Humanos de 1948) estão expressamente autorizadas pelos arts. 53 e 64 da
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969). As normas de “jus cogens”, ao contrário das
demais fontes do direito internacional previstas no art. 38 do ECIJ, são hierarquicamente superiores a todas
as demais

Jurisprudência Internacional: jurisprudência dos tribunais internacionais, a exemplo dos tribunais


regionais de direitos humanos, dos tribunais especializados (como o Tribunal do Direito do Mar) e dos
tribunais arbitrais, bem como as decisões das cortes de determinadas organizações internacionais, passam,
assim, a ter papel de suma importância no auxilio da determinação das normas jurídicas. O art. 38 do
Estatuto da CIJ, a qualifica-la como meio auxiliar para a determinação das regras de direito e, de fato, a
jurisprudência dos tribunais não é fonte do direito, posto que dela não nasce o direito, mas tão somente
sua interpretação.

Doutrina dos Publicistas: o art. 38 do Estatuto da CIJ coloca a doutrina dos publicistas como de maior
competência como uma segunda categoria de auxilio na determinação das regras de direito. Também se
consideram como fontes doutrinarias de grande repercussão os trabalhos dos institutos especializados na
pesquisa do direito internacional, como a Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas, bem como
os trabalhos preparatórios ou os relatórios explicativos,

Atos Unilaterais dos Estados: o art. 38 do ECIJ não faz qualquer menção aos atos unilaterais como fontes
prováveis do direito interacional publico. Tais atos são destituídos de característica normativa, mas não se
pode negar que eles produzem consequências jurídicas, na medida em que criam obrigações internacionais
para aqueles Estados que os proclamam. Portanto, quando assumido publicamente, mesmo quando não
efetuado no contexto das negociações internacionais, tal compromisso manifestado unilateralmente será
obrigatório para o Estado, que deverá cumpri-lo de boa-fé.

Decisões das Organizações Internacionais: as decisões proferidas por Organizações Internacionais


intergovernamentais também não constam do rol do art. 38 do ECIJ. Tais decisões podem ser ainda de
âmbito restrito, mas nem por isso deixam de constituir norma de conduta, isto é, direito na sua essência, e
cujas violações são normalmente passiveis de sanção.

Analogia e Equidade: a analogia consiste na aplicação a determinada situação de fato de uma norma
jurídica feita para ser aplicada a um caso parecido ou semelhante. A equidade, por sua vez, ocorre nos
casos em que a norma jurídica não existe ou nos casos em que ela existe, mas não é eficaz para solucionar
coerentemente (e com justiça) o caso concreto “subjudice”.

A Questão da “Soflaw”: A softlaw é produto do século XX, tendo nascido principalmente no âmbito do
direito internacional do meio ambiente, prevendo um programa de ação para os Estados relativamente à
determinada conduta em matéria ambiental, tendo depois ampliado os seus horizontes para outros
campos do direito. O exemplo mais nítido desse tipo de instrumento e a chamada Agenda 21, que se
baseia num plano de ação a ser seguido pelos Estados para a salvaguarda do meio ambiente no século XXI.

RELAÇÕES DO DIREITO INTERNACIONAL COM O DIREITO INTERNO

(Cap. VII)

A grande discussão que ainda se trava consiste em saber se, após a ratificação de um tratado, seria
necessária a edição de ato com força de lei materializando internamente o conteúdo do instrumento
ratificado, ou se seria dispensável a sistemática da incorporação legislativa para a efetiva execução interna
do tratado internacional. Duas grandes concepções doutrinárias surgiram: a monista e a dualista.

Teoria Dualista: o direito interno e o internacional são dois sistemas independentes e distintos, ou seja, o
direito internacional regularia as relações entre os Estados, enquanto o direito interno tem a destinar-se a
regulação da conduta do Estado com os indivíduos. Por regularem tais sistemas matérias diferentes entre
eles não poderia haver conflito, ou seja, um tratado internacional não poderia, em nenhum a hipótese,
regular uma questão interna sem antes ter sido incorporado a este ordenamento por um procedimento
receptivo que o “transforme” em lei nacional.

Teoria Monista: parte da inteligência oposta à concepção dualista, vez que tem como ponto de partida a
unidade do conjunto das normas jurídicas. Para os monistas estes dois ordenamentos jurídicos coexistem,
mas se superpõem, formando uma escala hierárquica onde o direito internacional subordina o direito
interno ou vice-versa. Para os monistas, ademais, se um Estado assina e ratifica um tratado internacional é
porque está se comprometendo juridicamente a assumir um compromisso.

Monismo Nacionalista: a corrente monista nacionalista apregoa o primado do direito nacional de


cada Estado soberano e, portanto, sob essa ótica, a adoção das regras do direito internacional passa
a ser uma faculdade discricionária deste. Dois são os principais argumentos dos defensores dessa
corrente:
a) a inexistência, no cenário internacional, de uma autoridade supraestatal capaz de obrigar o
Estado ao cumprimento de seus mandamentos, sendo cada Estado o competente para determinar
suas obrigações internacionais;
b) o fundamento puramente constitucional dos poderes constituídos para celebrar tratados em
nome do Estado, capazes de obriga-lo no plano internacional.

Monismo Internacionalista: sustenta a unicidade da ordem jurídica sob o primado do direito


externo, a que se ajustariam todas as ordens internas. Segundo essa concepção, o direito interno
deriva do direito internacional, que representa uma ordem jurídica hierarquicamente superior. No
ápice da pirâmide das normas encontra-se, pois, o direito internacional (norma fundamental: pacta
sunt servanda), de que deriva o direito interno, que lhe e subordinado.

Monismo Internacionalista Dialógico: quando as relações do direito internacional com o direito


interno dizem respeito ao tema dos direitos humanos. Significa que se é certo que, a luz da ordem
jurídica internacional, os tratados internacionais sempre prevalecem à ordem jurídica interna
(concepção monista internacionalista clássica), não é menos certo que em se tratando dos
instrumentos que versam direitos humanos pode haver coexistência e dialogo entre essas normas e
aquelas de Direito interno.

Doutrina conciliatória: (de fundamentos basicamente monistas) é integrada pelas denominadas “correntes
coordenadoras”, que sustenta a coordenação de ambos os sistemas a partir de normas superiores a
ambos, a exemplo das regras do direito natural. Esta posição conciliatória, ou eclética, nunca vingou no
direito internacional, tendo sido rechaçada pela doutrina e jurisprudência internacionais.

Conflito entre Tratados Internacionais Comuns e Normas da Constituição: se o conflito é entre tratado e
Constituição posterior, é de se entender que os acordos internacionais devidamente ratificados e
promulgados não perdem a eficácia com o advento de nova Carta Política.
O problema é maior, entretanto, se o conflito é entre tratado internacional e Constituição anterior. Neste
caso o tratado, formalmente, respeitou as normas constitucionais de competência para sua conclusão, não
se podendo, por isso, valer-se do art. 46 da Convenção de Viena, em virtude de não ter sido o acordo
concluído com violação manifesta de norma de fundamental importância de direito interno sobre
competência para celebrar tratados.
No caso brasileiro, especificamente, como não se tem dispositivo constitucional regulando a
matéria, deve-se entender que só prevalecem a Constituição os tratados que a ela são anteriores. Se o
tratado é posterior e contraria preceito da Lei Fundamental, neste caso, mesmo que internacionalmente
válido, não deve, internamente, prevalecer.
A exceção dos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos (cuja regra própria encontra-se
no art. 5.°, § 2.°, da CF, complementado pelo novo § 3.° introduzido pela Emenda Constitucional 45/2004),
não se admite que um compromisso internacional ratificado posteriormente a edição da Carta sobre ela
prevaleça, o que seria admitir-se uma reforma constitucional por vias outras que não a estabelecida em
seu texto.
CF/88
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

(Cap. XII)

As organizações internacionais intergovernamentais, assim como os Estados, têm personalidade


jurídica internacional (podendo contrair obrigações e reclamar direitos) e esfera própria de atuação no
cenário internacional. São criadas por acordos entre diversos Estados, por meio de um tratado
constitutivo, e tem personalidade jurídica distinta da dos Estados-membros que as compõem.
É de suma importância aqui fazer uma distinção entre tais organizações internacionais (ORGS) e
aquelas organizações internacionais privadas ou não-governamentais (ONGs): ambas são produto de um
ato de vontade. No primeiro caso, provém dos Estados, quando elaboram um tratado multilateral
constitutivo da organização e, no segundo, da vontade de particulares, com ou sem a interveniência de
órgãos públicos, almejando criar uma organização não-governamental para finalidades lícitas. Tais
organizações internacionais não-governamentais, como a Anistia Internacional (AI), o Comitê Internacional
da Cruz Vermelha (ClCV) e a União Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos (UICN),
não se confundem com as organizações internacionais intergovernamentais e não detém personalidade
jurídica de direito internacional.
As organizações internacionais intergovernamentais, como a Organização das Nações Unidas (ONU)
e a Organização dos Estados Americanos (OEA), são instituições internacionais criadas por tratados e
regidas pelo direito internacional. O seu poder para celebrar tratados vem a ser regulado pela Convenção
de Viena sobre Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações
Internacionais, de 1986. Depois do fim da Primeira Guerra Mundial, criam-se organizações internacionais
como a Sociedade das Nações (SdN) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A Organização das Nações Unidas (ONU): antes do final do conflito que ensanguentou a Europa entre
1939 e 1945, as potências que combatiam o eixo, levando em consideração o fracasso completo da Liga
das Nações na tentativa de evitar as guerras, tiveram a intenção de estabelecer, em período não muito
longo de tempo, uma organização internacional, de caráter geral e fundado na igualdade soberana de
todos os Estados pacíficos, que tivesse por propósito a manutenção da paz e da segurança internacionais,
nos termos do que foi pactuado na Conferência de Moscou, de 1943.
O art. 103 da Carta das Nações Unidas contém uma cláusula de supremacia que estabelece que, em
caso de conflito entre as obrigações contraídas pelos membros das Nações Unidas em virtude da Carta e
suas obrigações contraídas em virtude de qualquer outro acordo internacional, deverão prevalecer às
obrigações impostas pela Carta da ONU. Tal dispositivo coloca, portanto, a Carta das Nações Unidas no
ápice da hierarquia das normas do direito internacional público, equiparando-se a hierarquia que detém as
normas constitucionais em relação às leis e demais normas do direito interno estatal.

ÓRGÃOS DAS NAÇÕES UNIDAS:

Assembleia Geral: composta de representantes de todos os Estados-membros, com um máximo de 5


delegados por Estado, tem competência para discutir e fazer recomendações relativamente a qualquer
matéria que for objeto da Carta, a eleição dos membros não-permanentes do Conselho de Segurança,
eleição dos membros do Conselho Econômico e Social, eleição dos membros do Conselho de Tutela,
admissão de novos membros para a organização, suspensão ou expulsão dos já existentes, aprovação de
emendas a Carta etc. Em relação a proteção dos direitos humanos a Assembleia Geral também tem um
papel importante

Conselho de Segurança: tem como principal atribuição a manutenção da paz e segurança internacionais
(art. 24, § 1.°). É composto por 5 membros permanentes e 10 não-permanentes. É proibida a reeleição dos
membros não-permanentes para o período subsequente ao mandato. Cada membro do Conselho de
Segurança tem, dentro do órgão, um representante e, portanto, o direito de um voto apenas.

Corte Internacional de Justiça: é o principal órgão judicial das Nações Unidas, com sede em Haia
(Holanda), é composta por 15 juízes eleitos pela Assembleia Geral da ONU em ato conjunto com o
Conselho de Segurança, para um mandato de 9 anos, com possibilidade de reeleição. Tais juízes são eleitos
entre as pessoas indicadas pelos grupos nacionais da Corte Permanente de Arbitragem.

Conselho de Tutela: a competência atém-se ao sistema internacional de tutela estabelecido pela Carta da
ONU, tem por objetivo o fomento do progresso político, econômico, social e educacional dos habitantes
dos territórios tutelados e o seu desenvolvimento progressivo para alcançar governo próprio ou
independência, entretanto, já se encontra superado desde 1960, ano em que as Nações Unidas concluíram
a Declaração sobre a Concessão de Independência para os Países e Povos Coloniais.

Secretariado da ONU: é chefiado pelo Secretário-Geral, que é o principal e mais alto funcionário
internacional da ONU, indicado para um mandato de 5 anos pela Assembleia Geral, a partir de
recomendações do Conselho de Segurança. O Secretário-Geral exerce funções em todas as reuniões da
Assembleia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e Social e do Conselho de Tutela, e
desempenha outras funções que lhe são atribuídas por estes órgãos.

Conselho Economico e Social: é composto por 54 membros eleitos pela Assembleia Geral, mediante 2/3
dos Estados presentes e votantes para um período de 3 anos. As decisões do Conselho Econômico e Social
são tomadas pela maioria de votos dos membros presentes a reunião deliberativa.

ORGANISMOS ESPECIALIZADOS DA ONU: pode-se apresentar os organismos especializados da ONU (com


exceção da OMC, que não é agência especializada da ONU, estando aqui inserida apenas por questão
didática) como sendo os seguintes:
Organização Internacional do Trabalho (OIT): criada em 1919 (a época da Liga das Nações), que
incorporou a Declaração de Filadélfia, de 1944, como anexo a Constituição da OIT, em outubro de 1946;

Organização da Aviação Civil (OACI): criada por convenção firmada em 1944, cujos objetivos principais são
os de desenvolver técnicas de aeronavegação internacional, a fim de obter maior segurança de voo etc.;

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO): sediada na cidade de Roma,
tendo entrado em vigor em 1945, cujas metas principais são aumentar o nível de alimentação e a
expectativa de vida do planeta, melhorar o sistema de distribuição de produtos agrícolas, bem como
implementar melhoria das condições de vida das populações rurais;

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): nascida em 1946,
sediada em Paris, com o objetivo de fomentar a educação, a ciência e a cultura da sociedade internacional;

Organização Meteorológica Mundial (OMM): com sede em Genebra, cuja finalidade é trazer melhorias no
campo meteorológico entre todos os Estados, com o estabelecimento de redes de estações capazes de
proporcionar informações meteorológicas atualizadas a serem comunicadas a todos;

Organização Mundial de Saúde (OMS): cuja finalidade é a de alcançar o índice mais elevado de saúde para
todos os povos do planeta, combatendo a mortalidade infantil, fomentando a recuperação de portadores
de deficiência etc.;

Organização Marítima Internacional (OMI): sediada em Londres, que tem por finalidade criar mecanismos
adequados entre os Estados de cooperação em matéria marítima internacional;

Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento


(BIRD ou Banco Mundial): o FMI foi criado por força da Conferência Monetária e Financeira das Nações
Unidas, de 1944, já no quadro da preparação do pós-guerra, destinada a promover a cooperação
internacional nos campos monetário e comercial, garantindo a estabilidade do câmbio e minimizando o
desequilíbrio das balanças internacionais de pagamento, no intuito de evitar as políticas de
“empobrecimento do vizinho” surgidas durante a grande depressão de 1929 a 1933 e que, de alguma
forma, estiveram na base da evolução econômica e política posterior a esse período. Na mesma ocasião,
juntamente com o FMI, também foi criado o BIRD (ou Banco Mundial);

Organização Mundial do Comercio (OMC): criada em 1994, tendo iniciado suas atividades em 01.01.1995,
em decorrência da alteração do GATT (General Agreement of Tariffs and Trade), levada a efeito pelo
Protocolo de Marrakesh. É sediada em Genebra e tem como objetivo a supressão gradual das tarifas
alfandegarias que tornam difíceis e discriminem as relações comerciais internacionais. A OMC não é uma
“agência especializada” da ONU, não sendo qualquer das suas atividades coordenada pelas Nações Unidas,
como se depreende do seu próprio acordo constitutivo. Mas tal fato não retira da organização a sua
enorme importância para a regulação do comercio internacional;

União Postal Universal (UPU): com sede em Berna (Suíça), cujo objetivo é a unificação das tarifas postais
internacionais e fomentar o aperfeiçoamento dos serviços postais em todos os Estados-membros;

União Internacional de Telecomunicações (UIT): sediada em Genebra, que tem como finalidade a
melhoria e o uso apropriado dos serviços de telecomunicações, inclusive no que diz respeito as
comunicações espaciais (via satélite), que demandam cooperação internacional dos Estados;

Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA): com sede em Viena, que tem por objetivo impor o
controle da energia atômica no planeta, destinando a sua utilização para fins pacíficos;
Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI): também sediada em Viena,
instituída em 1996, com a finalidade de favorecer e estimular a industrialização dos países em
desenvolvimento, em consonância com os propósitos da Carta das Nações Unidas;

Organização Mundial de Turismo (OMT): com sede em Madrid, cujo objetivo é o de desenvolver o
turismo, contribuindo para o desenvolvimento econômico, a cooperação internacional, a paz, a
prosperidade e o respeito dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de
raça, sexo, língua ou religião;

Organização Mundial da Propriedade Industrial (OMPI): com sede em Genebra, que visa autorizar a
propriedade intelectual, concedendo aos Estados que demandem seus serviços a devida p proteção
técnica.

Organizações Regionais: entre as organizações regionais de maior importância estão o Conselho de Europa
(CE), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Africana (UA). Destas organizações regionais a
mais antiga e a OEA. Sua Carta foi assinada em Bogotá, Colômbia, em 1948, por ocasião da IX Conferencia
Interamericana, tendo entrado em vigor no dia 13.12.1951. Posteriormente, a Carta da OEA foi reformada
pelos Protocolos de Buenos Aires, em 1967, de Cartagena das índias, em 1985, de Washington, em 1992, e
de Managua, em 1993.
Cada uma dessas organizações acima citadas pode estabelecer regras especificas de admissão de
determinado Estado como membro.

Organizações Supranacionais: o conceito de organização supranacional ganhou contornos jurídicos e


passou a ter importância pratica em 1952, quando entrou em vigência o tratado constitutivo da
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que fez referência expressa a esta terminologia. Com a
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço se seguiram a Comunidade Econômica Europeia (CEE) e a
Comunidade Europeia de Energia Atômica (EURATOM), constituídas no ano de 1958.
As comunidades europeias são, atualmente, as únicas organizações supranacionais existentes no
planeta, isto é, devido ao fato de que elas (e mais nenhuma outra atualmente) estão dotadas de um poder
superior ao das autoridades estatais dos seus respectivos Estados-membros. Portanto, sendo organizações
supranacionais, as comunidades europeias gozam de muito mais autoridade governamental e de mais
poderes legislativos em relação aos seus Estados-partes do que as organizações internacionais tradicionais.

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