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Visão da Psicologia
da Religião
Contemporânea
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1. OBJETIVOS
• Reconhecer e analisar a realidade brasileira da Psicologia
da Religião.
• Tomar contato com os avanços da Psicologia da Religião
no mundo contemporâneo.
2. CONTEÚDOS
• O que é o seminário de psicologia e senso religioso?
• Pesquisas e contribuições dos autores brasileiros que re-
forçam e aprofundam as teorias dos clássicos e fornecem
material em português dos autores ainda não traduzidos.
• História e desenvolvimento da Psicologia da Religião no
Brasil.
• A Psicologia cultural da religião e seu florescimento no
Brasil.
• A psicologia evolucionária.
182 © Psicologia da Religião
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, você será convidado a refletir e estudar, de
forma sucinta, apesar de alguns pontos já terem sido mencionados
nas unidades anteriores, sobre todo o período histórico da Psico-
logia da Religião, perpassando por suas principais épocas e seus
respectivos autores.
Isso quer dizer que procuraremos apresentar um balanço
histórico do seguinte período:
• século 19;
• século 20;
• século 21.
Desejamos êxito nesta caminhada!
5. BALANÇO HISTÓRICO
No desenrolar dos anos, eram muitas as discussões e polê-
micas epistemológicas tanto dentro da psicologia quanto em seu
confronto com as demais ciências. Sucederam-se, por essa razão,
momentos de altos e baixos na história da Psicologia da Religião.
Constatemos essas informações:
Século 19
Entre aproximadamente 1880 e 1920, a Psicologia teve uma
fase de apogeu. Autores como W. Wundt e W. Keilbach, na Ale-
manha; G. Stanley Hall e William James, nos Estados Unidos; Th.
Flournoy e A. Sabatier, na França; R. Ardigó e G. Sergi, na Itália; K.
Girgensohn, S. Freud e C. G. Jung, nos países de língua alemã etc.,
colocaram a Psicologia da Religião em uma espécie de primeiro
plano na atenção dos cientistas da época.
Século 20
A década de vinte do século passado foi um período de "in-
verno acadêmico" para esse tipo de estudos. As tendências cientí-
ficas e ideológicas que se impuseram após a Primeira Guerra Mun-
dial (1914-1918) tiveram forte repercussão nos meios científicos
em geral.
A religião passou a ser vista como um fenômeno secundário,
que não merecia maior atenção por parte das ciências humanas.
A Psicologia da Religião, por sua vez, foi muito atingida por
essa virada positivista e materialista que, na psicologia, teve seus
representantes mais expressivos por meio do behaviorismo, da
psicanálise freudiana e da psicologia marxista.
Nessa fase, foram as igrejas cristãs que mantiveram algum
tipo de atenção à Psicologia da Religião, embora quase sempre
com um viés apologético. Houve exceções importantes.
Seja na França, seja na Alemanha, a Psicologia da Religião
manteve um bom nível de pesquisa, debate e reflexão, entrando
em discussão de alto nível com os novos enfoques que se difun-
diam pelas universidades e ambientes cultos, geralmente muito
críticos às religiões e às igrejas. Daí surgiram autores importantes,
alguns traduzidos ao português.
Entre outros, poderíamos mencionar Ch. Baudoin, P. Bovet,
A. Hesnard, L. Beinaert, A. Plé, A. Godin, M. Oraison etc. Esses au-
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Anos 1950
Outro exemplo de trabalho psicológico sério foi o dos cien-
tistas católicos que se reuniram em torno ao Centro de Estudos
Laennec e o dos que fundaram os Études Carmélitaines e as revis-
tas La Vie Spirituelle-Supplèment e Cahiers Laennec. Suas posições
encontravam respeito, também, nos meios intelectuais críticos de
que a França era pródiga naqueles anos.
Anos 1960
A influência desses estudiosos chegou ao Brasil no início dos
anos 1960, década em que a psicologia teve notável incremento
em nosso país, com o reconhecimento oficial da profissão do psi-
cólogo e a criação de cursos de psicologia destinados à formação
de profissionais.
Nessa mesma ocasião, foi criada em São Paulo a Sociedade
Brasileira de Psicologia da Religião, que reunia médicos psiquia-
tras, psicoterapeutas, teólogos protestantes e católicos e os pri-
meiros psicólogos da religião. Infelizmente, na fase de retrocesso
do interesse, essa instituição desapareceu.
Anos 1990
Nos anos de 1990, porém, deu-se uma inversão nessa cur-
va descendente. Paralelamente ao retorno das religiões no plano
mundial, houve uma retomada dos estudos científicos voltados
para a religião.
As grandes universidades da Europa e Estados Unidos abri-
ram-se novamente à Psicologia da Religião, embora com modera-
ção. Multiplicaram-se de novo os cursos e as cátedras dessa maté-
ria em expressivos centros de pesquisa.
No Brasil, de forma moderada, começaram a aparecer pes-
quisas de bom nível nos cursos de pós-graduação e em revistas de
psicologia, elas também em fase de crescimento e retomada.
O renascimento do interesse, por meio dos estudiosos, cor-
respondia a uma busca cada vez mais acentuada de espiritualida-
de na sociedade em geral.
Final do século 20
O currículo de algumas faculdades de teologia católicas e
protestantes prevê, atualmente, o ensino da Psicologia da Religião
propriamente dita e, deixando de lado o viés apologético, encara
os problemas de natureza pastoral a partir de perspectivas psico-
lógicas que supõem um bom conhecimento acerca da psicologia
e psicoterapia contemporâneas. É o caso, para exemplificar, do
ITESP (Instituto de Teologia São Paulo).
Pode-se, assim, afirmar que a Psicologia da Religião já con-
quistou um lugar ao sol. Resta, porém, um largo caminho à frente,
quando se compara o panorama brasileiro com o de países mais
avançados no tocante ao embasamento científico da Psicologia da
Religião de cunho científico.
186 © Psicologia da Religião
Século 21
Há cerca de dez anos, a tendência seguida no final do século
passado fez-se notar na ANPEPP (referida na Unidade 1), que rea-
lizou seu I Seminário em 1997.
Encontros como esse tiveram sempre como resultado a pu-
blicação de livros organizados por profissionais, membros da Co-
missão Científica do evento. Trata-se de psicólogos e psiquiatras
vindos de várias áreas desse saber que, juntos, vêm conseguindo
presentear-nos com toda a variedade de abordagens e enfoques.
Assim, temos artigos de diversas áreas, tais como: a psico-
logia social, a psicanálise, psiquiatria, literatura e artes em geral.
Ao todo, são cinco livros, referidos nesta unidade e incluídos na
bibliografia geral pela importância que têm no avanço dos estudos
da área. Neles, praticamente todos os autores clássicos foram re-
visitados e tornados palpáveis nas reflexões sobre a Psicologia da
Religião.
Marina Massimi e Miguel Mahfoud organizaram o livro refe-
rente ao II Seminário, ocorrido no ano de 1998, em Belo Horizon-
te, e organizado pela UFMG.
Geraldo José de Paiva, psicólogo social, professor titular do
IPUSP, foi quem organizou o livro referente ao III Seminário, ocor-
Exclusão da transcendência
Inclusão da transcendência
8. PSICANÁLISE E TEOLOGIA
Dentre os autores brasileiros, o mais preparado para essa
interlocução é certamente Valle (2005), que elenca em seu artigo
algumas citações de Freud e de Rizutto, autores significativos para
a compreensão do diálogo entre psicólogos e teólogos ao longo de
quase um século.
Segundo Valle (2005), as afirmações de Freud abriram cami-
nho para o estudo aprofundado das tradições judaico-cristãs em
sua complexidade ritual e simbólica.
Afirma-se que Freud, em resposta às observações de Romain
Rolland, teria dito que desconhecia em si mesmo o "sentimento
oceânico" tão conhecido dos poetas e místicos e que envolve tota-
lidade, medo e prazer diante da imensidade do mar.
Freud afirmava ainda não ser fácil lidar cientificamente com
esses sentimentos. Esta teria sido a frase de Freud: "Não consi-
go descobrir em mim este sentimento oceânico. Não é fácil lidar
cientificamente com sentimentos" e no artigo de Valle (2005) você
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, na sequência, as questões propostas para verificar
seu desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais foram os principais conteúdos estudados nesta unidade?
11. E-REFERÊNCIAS
BELZEN, J. A. Psicologia cultural da religião: perspectivas, desafios, possibilidades.
Disponível em: <http://www.pucsp.br/rever/rv4_2009/t_belzen.pdf>. Acesso em: 22
ago. 2011.
MASSIH, E. Obsessão, culpa e espiritualidade em um religioso com comportamento
pedofílico. Disponível em: <http://www.pucsp.br/rever/rv1_2006/t_massih.htm>.
Acesso em: 22 ago. 2011.
______. A teoria do self dialógico e a psicologia cultural da religião na psicoterapia
de religiosos, Revista eletrônica REVER. Disponível em: http://www.pucsp.br/rever/
rv4_2009/t_massih.htm. Acesso em: 22 ago. 2011.
______. A teoria do self dialógico e a psicologia cultural da religião na psicoterapia
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