Você está na página 1de 11

IMUNOLOGIA BÁSICA

AULA 1: Introdução à Imunologia, Propriedades Gerais das respostas Imunes e os


componentes do sistema imune.

INTRODUÇÃO

A única função do nosso sistema imune é combater microrganismos?. Essa


afirmação está incorreta, visto que há casos em que o nosso sistema imune reconhece
como estranhas as estruturas próprias. Contudo, isso não é uma situação fisiológica,
como é o exemplo das alergias, rejeição de órgãos e as respostas imunes.

A resposta imune é composta não apenas de células, mas também moléculas,


como proteínas e carboidratos, moléculas solúveis que em combinação promovem a
resposta imune.

O sistema imunológico é composto de células, moléculas (substâncias que podem


ser solúveis ou estarem arranjadas em órgãos), órgãos imunológicos e que, a
combinação desses, forma o sistema imune, que promove a resposta imunológica ou
resposta imune.

A resposta imune então pode ser definida como a combinação de células e


moléculas que vão atuar frente a um estímulo, seja ele infeccioso ou não.

Antigamente, o sistema imune era tratado como um defensor apenas de


organismos patogênicos e a resposta imunológica seria a manifestação celular contra
esses organismos patogênicos. Isso seria um termo muito simples, não? Foi se indagado
pelas respostas autoimune, as alergias (que não são respostas frente a um agente
infeccioso patogênico) e a rejeição de transplantes (um evento imunomediado exclusivo
do indivíduo que estava recebendo aquele órgão). Essas indagações fizeram a
humanidade questionar sobre a resposta imune como uma resposta contra agentes não
só infecciosos. No entanto, essa resposta imune pode afetar as células corporais, um
exemplo disso é o processo inflamatório, pois as moléculas produzidas durante o
processo inflamatório são bastante danosas às células saudáveis ao redor do foco da
inflamação, ou seja, a própria reação imune pode gerar lesão celular, sendo isso uma
consequência natural.

A resposta imune é uma reação contra componentes de microrganismos, bem


como macromoléculas (proteína, carboidrato, ácido nucleico e outras substâncias
químicas) que podem ser reconhecidas como elementos estranhos. Ou seja, a função do
nosso sistema imune é tentar diferenciar o que é próprio (“selfie”) do que não é próprio
(“no selfie”). Se o meu organismo reconhecer uma molécula como selfie,
fisiologicamente ele não desenvolverá uma resposta imunológica, no entanto, se uma
molécula for reconhecida como estranha, o organismo vai montar uma resposta
imunológica, visto que ele não reconhece aquilo como “meu”, precisando combater.
Mas como o meu sistema imune sabe que uma célula é minha e que a bactéria não é
minha?. Na verdade há um mecanismo chamado de tolerância imunológica em que o
organismo não vai montar uma resposta imune contra células próprias. Esse processo
ocorre ainda quando as células imunes estão sendo produzidas lá na medula óssea,
havendo uma apresentação de antígenos próprios. Se essa célula reconhecer o antígeno
como uma molécula estranha, essa célula será eliminada visto que a célula será
específica para um antígeno próprio. Ou seja, só sai da medula aquelas células que são
tolerantes a moléculas próprias.

Obs.: A tolerância não é um mecanismo 100% efetivo, visto que se fosse


totalmente efetivo, não existiriam as chamadas doenças autoimunes.

Obs.: O termo “imunidade baixa”, popularmente utilizado, é um fato, visto que as


células e moléculas do sistema imune podem estar com quantidade reduzida, fazendo
com que o nosso organismo esteja mais exposto a determinadas patologias. Alguns
exemplos são no transplante de órgãos, condições de stress (Em algumas pessoas
infectadas, o vírus da herpes pode se manifestar) e a AIDS (Infecta células CD4).

A vacina é um ótimo exemplo de intolerância imunológica, em que o indivíduo


recebe o patógeno na sua forma mais branda, sendo simulada uma infecção leve para
que aconteça uma resposta imunológica (SEM QUE HAJA DOENÇA) contra aquele
organismo havendo a formação de células de memória e anticorpos. Mas para que se
faria uma coisa assim.? Para caso haja um futuro contato com aquele patógeno, o nosso
organismo possa montar uma resposta imune efetiva desejada. Outro exemplo é o caso
da rejeição de órgãos transplantados, em que o nosso organismo reconhece moléculas
estranhas no órgão transplantado e desenvolve uma resposta imune contra esse órgão.
No entanto essa resposta não é desejada, visto que o paciente necessita daquele órgão
transplantado.

Para que se estuda imunologia?

Execução e interpretação de exames, entender o mecanismo de ação de alguns


fármacos e no caso das vacinas, entender o modo como elas estimulam o sistema
imunológico. Ou seja, o entendimento das células e das moléculas leva a prevenção e
cura de doenças, quer seja colocando células, quer seja retirando células.
A primeira manipulação do sistema imune (conseguir alterar a função do sistema
imune) foi em 1796, com Edward Jenner e a varíola. Ele era um médico inglês que criou
a primeira “vacina” (Protocolou a metodologia). Tudo partiu da sua observação de que
mulheres que ordenhavam vacas com varíola bovina (mais branda que a humana –
marcada pelo aparecimento de feridas e pústula nas mãos) apresentavam algumas
feridas brandas e que elas não contraiam a varíola humana (mais violente e que levava
logo ao óbito). Surgiu a hipótese de que haveria algum liquido naquelas pústulas que
protegia as mulheres de contrair a varíola humana. Norteado por essa hipótese, ele
coletou líquido das pústulas de uma ordenadora e injetou em um menino saudável, e
depois de uma semana, injetou nesse mesmo menino, o líquido de pústula de varíola
humana e observou que o menino não contraiu a varíola humana. Ou seja, ele estava
imunizando o menino quando administrava o vírus da varíola bovina, montando uma
resposta imune contra a varíola humana. Mas qual a relação do vírus da varíola bovina
com o vírus da varíola humana, sendo que eles são agentes etiológicos diferentes ?.
Apesar de eles serem diferentes, tem uma semelhança celular e molecular fenômeno
reconhecido como mimetismo molecular, em que a resposta imune tem uma efetividade.

Até aqui, o que é necessário saber:

- O que é o sistema imune, pra que ele serve e como ele atua;

- Pra que serve o estudo da imunologia.

Propriedades Gerais das respostas Imunes e os componentes do sistema imune.

As células do sistema imunológico surgem de um progenitor conhecido como


stem cells (Célula Tronco Hematopoética) lá na medula óssea, que forma tanto células
sanguíneas, como células do sistema imune. Os chamados fatores estimulatórios
direcionam as células para uma diferenciação específica de acordo com a necessidade
corporal. Esse processo de diferenciação é chamado de Hematopoese (o braço linfoide
forma os Linfócitos T, B e Células NK). Depois de maduras, algumas dessas células vão
para o sangue e outras são armazenadas em órgãos, no caso das células imunológicas
são os chamados órgãos imunológicos. No geral, as células do sistema imune são
encontradas em todos os órgãos, porém em maior quantidade nos órgãos linfoides. No
entanto, há algumas exceções, alguns órgãos chamados de órgãos privilegiados, como
testículo e olho, que não apresentam células do sistema imune, logo ele não chega
nesses locais.

Como as células de defesa sabem que ali há um patógeno ou substância estranha


?. Para que essa molécula seja reconhecida como estranha, há um receptor na célula
defesa que interage com uma parte dessa molécula/microrganismo estranho (ligante), ou
seja, uma interação ligante-receptor, que serve tanto para moléculas estranhas como
para que haja comunicação entre as células do corpo. A partir dessa interação,
desencadeia uma sinalização intracelular que altera a expressão gênica celular, que leva
a produção de uma determinada proteína com alguma atividade (mediadores,
sinalizadores, etc.)
A resposta imune é, didaticamente, dividida em Resposta Imune Inata e Resposta
Imune Adaptativa ou Adquirida, de acordo com o momento que essa resposta imune vai
acontecer.

- Resposta Imune Inata: São reações iniciais, nas 12 primeiras horas, ou seja, no
momento que o microrganismo entra no corpo. É a primeira linha de defesa contra o
microrganismo ou patógeno.

- Células: Barreira Epitelial (Pele e Mucosas), Fagócitos (Neutrófilo e


Macrófago), Células Dendríticas, e Células NK, moléculas do sistema complemento e
proteínas de fase aguda.

Se em 12 horas a imunidade inata não conseguir resolver o problema com o


patógeno, entra em campo a Imunidade Adaptativa.

- Resposta Imune Adaptativa: São reações que demoram dias para acontecer.

- Células: Linfócitos B e T

Independente de ser imune ou adaptativa, todos os seres vivos têm mecanismos de


combater os agente infecciosos.

IMUNIDADE INATA

Também chamada de Natural ou Nativa, é a primeira linha de defesa do nosso


organismo contra o agente infeccioso ou molécula estranha. São células e moléculas
pré-existentes, prontas para atuar e que sempre agem da mesma forma independente do
invasor, ou seja, tem uma baixa especificidade. A sua função é bloquear a entrada de
microrganismos, evitar o crescimento, impedir a colonização e eliminá-los.

Componentes da Imunidade Inata:

1) Barreiras físicas e químicas: Pele, Mucosas (Revestimento das


cavidades), Substâncias Microbicidas (defensinas), pH ácido do estômago, fluxo
urinário, peristaltismo, produção de muco e microbiota (compete com os patógenos pela
colonização.)

2) Células Fagocitárias ou Fagócitos: Recrutam, identificam englobam e


destroem essas partículas, são os Neutrófilos (Estão na corrente sanguínea) e os
Macrófagos (Célula diferenciada do monócito nos tecidos – monócito é não
fagocitante.)
- Neutrófilo: Célula fagocitária polimorfonuclear com grânulos enzimáticos e
lisossômicos (digestão dos restos celulares englobados), têm uma meia-vida curta e são
as primeiras células a serem recrutadas.
- Macrófago: Célula fagocitária mononuclear que deriva dos monócitos quando
estes passam aos tecidos. Eles recebem diferentes nomes de acordo com o local onde
estão (Micróglia, Osteoclastos, etc.) Existe um macrófago denominado M1 que está
relacionado com a ingestão e morte do microrganismo, e o M2 que vai atuar no final da
inflamação, regenerando aquele tecido lesado, incluindo angiogênese e fibrose.

3) Células Dendríticas: Sem esta célula não haveria imunidade adaptativa,


pois é ela que faz a ponte para ativar a imunidade adaptativa. Esta célula está presente
em tecidos linfoides, epitélio de mucosas, parênquima dos órgãos e na pele. Apesentam
longas projeções membranosas e uma grande capacidade fagocitária.

4) Células Natural Killer (NK): Tem a capacidade de matar diretamente a


célula infectada, diferentemente dos fagócitos que matam os microrganismos. Ela libera
grânulos que contém granzima e perforina, que induzem a apoptose celular. Age em
células infectadas e tumores.

5) Mastócitos, Basófilos e Eosinófilos: Têm grânulos citoplasmáticos com


mediadores responsáveis pela sinalização (histamina, mediadores lipídicos e citocinas
inflamatórias), estando bastante envolvidos nas reações alérgicas e nas infecções por
helmintos.
Obs.: A reação alérgica se dá pela degranulação do mastócito.

6) Moléculas – Proteínas Sanguíneas:


- Moléculas do Sistema Complemento;
Conjunto de proteínas que agem por três vias diferentes com o objetivo de fazer
um poro na superfície do microrganismo, matando-o por desequilíbrio osmótico. Além
disso, o sistema complemento tem a função de recrutar outras células, processo
chamado de opsonização, que consiste em recobrir o microrganismo, marcando o
mesmo e facilitando a fagocitose.
- Proteínas de Fase Aguda, como a Proteína C Reativa – Reação Inflamatória. São
produzidas no fígado e auxiliam na opsonização.

A imunidade inata é menos específica que a adaptativa, ou seja, ela reconhece os


invasores com um padrão de proteína chamado de PAMP, ou seja, padrão molecular
associado ao patógeno. O PAMP é um fragmento do patógeno, como o LPS
(lipopolissacarídeo) das bactérias Gram negativas, ou seja, todas elas têm o LPS, logo
todas são reconhecidas da mesma maneira e tem uma resposta imune semelhante
independente se houve ou não espécies diferentes. Outro exemplo de PAMP é a
flagelina, presente em microrganismos com flagelo. A imunidade inata apresenta um
receptor para esse PAMP, logo os flagelados são reconhecidos da mesma maneira e
terão uma resposta imune semelhante independente de as espécies serem diferentes ou
não. Quando o meu receptor interagir com um PAMP, haverá toda uma sinalização
celular que vai alterar a expressão gênica celular.

A inflamação é desencadeada por células sentinelas (estão ali apenas para


observar alterações no meio celular), quando estas reconhecem o PAMP de um
microrganismo estranho, ela apresenta para as outras células essa molécula estranha e
desencadeia a inflamação, visualmente marcada pelos 5 sinais: dor, rubor, calor, edema
e perda de função. Ou seja, o processo inflamatório é o recrutamento de células
sanguíneas para os tecidos com o objetivo de combater um determinado agente
estranho. No entanto, para que as células saiam do sangue, ocorre alteração no vaso,
chamado de vasodilatação, em que há um aumento da permeabilidade vascular, havendo
o extravasamento de células e de líquidos. (INFLAMAÇÃO É O ACÚMULO DE
CÉLULAS E LÍQUIDOS) Nas fases iniciais da inflamação aguda há ação da imunidade
inata, principalmente neutrófilos e macrófagos.

A nossa imunidade inata é bastante eficiente, pois não é sempre que a imunidade
adaptativa é recrutada. Porém, quando o microrganismo se sobressai sobre a imunidade
inata, há o recrutamento da imunidade adaptativa.

IMUNIDADE ADAPTATIVA

As células que compõem a imunidade adaptativa são os Linfócitos T e B,


anticorpos. As únicas células capazes de produzirem anticorpos são os Linfócitos B no
processo de imunidade adaptativa.
Quando a resposta imune inata não consegue se sobrepor ao microrganismo, a
imunidade adaptativa é recrutada para potencializar a imune inata na figura dos
linfócitos T.
Tem duas características principais: A especificidade (extremamente específica) e
memória imunológica (linfócitos T e B conseguem produzir células de memória de
longa duração)
O processo de vacina busca estimular a Imunidade Adaptativa, no entanto, para
que esta consiga ser estimulada, é necessário estimular a resposta imune inata para que a
outra resposta imune possa gerar células de memória.
Uma outra característica da resposta adaptativa é que a medida que as células são
estimuladas pelo mesmo microrganismo, a resposta imunológica será mais intensa e
mais rápida. Ou seja, quando a pessoa é vacinada, ela recebe antígenos para um
determinado microrganismo e desenvolve células de memória. Se caso o sistema imune
daquela pessoa encontrar novamente aquela molécula, uma resposta imunológica será
rapidamente gerada e o microrganismo será rapidamente combatido com maior
eficiência.
É importante salientar que os Linfócitos T diferem quanto a especificidade do
receptor (TCR – Receptor de Célula T) que cada um apresenta para microrganismos
específicos. Por exemplo, se um linfócito tem o receptor para o fragmento do vírus X e
outro linfócito tem o receptor para o fragmento do vírus Y. Caso o linfócito com TCR
para X entre em contato com o vírus Y, ele não terá especificidade para aquele
microrganismo especifico, mas sim aquele com TCR para Y. O que vai acontecer é o
seguinte: A célula com TCR para Y vai fazer clones de si, processo chamado de
expansão clonal, gerando uma população maior de células com o mesmo TCR que ela.
Depois que acaba a infecção, surgem células de memória a partir da célula original,
gerando uma resposta mais rápida quando houver a próxima exposição. Esse é o motivo
pelo qual a resposta Imune Adaptativa é tão demorada, as células precisam de tempo
para gerar clones de si.

Obs.: O sistema imune tem uma grande dificuldade de realizar defesa contra o
vírus HIV, pois ele é um vírus bastante mutável, não tendo como produzir células de
memória em tempo hábil, perdendo a especificidade real.

A resposta Imune Celular é mediada pelos linfócitos T que ainda são divididas de
acordo com outro tipo de receptor de superfície:
- CD4+: Depois que ela é ativada se transforma em uma célula helper, ou seja,
auxiliar;
- CD8+: Depois de ser ativada vai se transformar em uma célula citotóxica
semelhante ao NK;
A ativação de células CD4 e CD8 depende do tipo de microrganismo, vejamos:
Células CD8 são ativadas frente a infecções virais e células tumorais, enquanto as
células CD4 são ativadas frente a bactérias, parasitas e helmintos.

Obs.: A diferenciação desses linfócitos no diagnóstico se dá, por exemplo, por


meio de uma técnica chamada citometria de fluxo, muito utilizada no acompanhamento
de pacientes com HIV (Baixos níveis de CD4) para medir a quantidade de células CD4
e CD8 no organismo.

A resposta Imune Humoral (presente nos fluidos – linfa, sangue, leite materno,
lágrima, suor, secreções entre outros) é mediada pelo linfócito B, contudo que tem o
real efeito de defesa é o anticorpo que ele produz.

Na imunidade adaptativa, o que a célula vai reconhecer é conhecido como o


antígeno (ESSE TERMO É UTILIZADO APENAS PARA A IMUNIDADE
ADAPTATIVA, POIS NA IMUNIDADE INATA, AS CÉLULAS RECONHECEM OS
CHAMADOS PAMPs), que é uma molécula específica para aquele microrganismo ou
também pode ser definida como uma molécula estranha reconhecida pelos
LINFÓCITOS.

LINFÓCITOS B
São as únicas células do nosso corpo que produzem anticorpos (Glicoproteína
responsável por opsonizar o microrganismo), que são originados e maturados na medula
óssea.

Obs.: O anticorpo sozinho não tem ação alguma, visto que ele apenas terá a ação
de opsonizar o patógeno, mas que vai realizar a fagocitose são os componentes da
imunidade inata.

Plasmócito: É o linfócito B ativado, após reconhecer o antígeno, sendo uma célula


B produtora de anticorpo.
O linfócito B consegue reconhecer o antígeno livremente.

LINFÓCITOS T
Após serem ativados, os linfócitos T se diferenciam em dois tipos: CD4 e CD8.
Para que o linfócito T seja ativado ele deve reconhecer o antígeno, mas ele não
consegue reconhecer o antígeno, necessitando que algo apresente o antígeno a ele, nesse
caso, quem é responsável por isso é a célula dendrítica (Célula Apresentadora de
Antígeno – A célula dendrítica engloba o antígeno, quebra em fragmento e apresenta o
fragmento na sua superfície e mostra esse fragmento ao TCR do linfócito T, ou seja, o
linfócito T não consegue ser apresentado por moléculas solúveis).

Quando têm que agir, os linfócitos T ativados sofrem a expansão clonal e após
destruírem o invasor há uma contração na sua população de células e alguns ficam como
células de memória.

O que devemos saber até aqui ?:

- Componentes da Imunidade Inata e Adaptativa;

- As características gerais de cada uma;

- Relação Célula Dendrítica x Linfócito T;

Em nosso corpo as células da imunidade ativa e inata estão em mistura, por


exemplo, um linfócito T precisa sinalizar um macrófago para que ele entre em ação, e
essa sinalização ocorre por meio de moléculas chamadas de citocinas, em que a grande
maioria dessas moléculas é chamada de interleucinas (IL-1, IL-2, etc.), mas também
existem outras, como o TNF-α e IFN-ɣ, ou seja, citocinas são moléculas de
comunicação do sistema imune. Essa sinalização também ocorre por meio de interação
receptor-ligante. As citocinas estão divididas em pró-inflamatórias (Estimula a resposta
imune) e anti-inflamatórias (Inibir a resposta imune). A sinalização das citocinas pode
ser Autócrina (a célula sinaliza para ela própria) ou Parácrina (a célula sinaliza para
células próximas).

ÓRGÃOS LINFÓIDES

São regiões onde a resposta imune adaptativa é ativada, diferentemente da reposta


inata, que é ativada em qualquer lugar do corpo.

Os linfócitos são ativados nos órgãos linfoides secundários. Logo, eles são
divididos em órgão linfoides primários e secundários.

- Órgãos Linfóides Primários: Também chamados de centrais ou geradores,


representados pela medula óssea e o timo, são aqueles onde são geradas e maturadas as
células imunológicas.
- Órgãos Linfóides Secundários: ou periféricos, são os locais onde surgem as
respostas adaptativas, baço, linfonodos (gânglios linfáticos) e o tecido linfóide
associado às mucosas, são locais onde há o trânsito de células linfóides por meio da
circulação linfática. Nesses locais os antígenos são drenados e apresentados às células
da imunidade adaptativa onde é há uma concentração de antígenos.

1) Medula Óssea: Encontrada dentro dos ossos na parte esponjosa (M.O.


Vermelha), onde existem trabéculas, vasos sanguíneos e outras combinações celulares,
como as células tronco hematopoéticas, fibroblastos e células adiposas. Na criança ela
está presente em todos os ossos, enquanto no adulto está concentrada nas extremidades
dos ossos longos. Funções da medula óssea: Hematopoese e é o local onde os linfócitos
B aprendem o que é próprio e o eu não é próprio, ou seja, é na medula óssea onde
ocorre o processo de tolerância imunológica.

Obs.: O processo de hematopoese se inicia no saco vitelínico do embrião, depois


passa para o fígado (3°- 4° mês de gestação) e após o nascimento passa para a medula
óssea.

Obs.: O transplante de medula óssea (TMO) é necessário quando há um problema


de células progenitoras que compromete toda a linhagem de células hematopoéticas
(linfomas, leucemias, mieloma múltiplo e anemia aplástica grave), ou seja, há uma
necessidade de uma “medula nova” (Zera a população de células e insere um novo
progenitor.) Esse transplante pode ser realizado de duas formas: Retirando medula de
uma pessoa compatível ou através do chamado transplante autócrino, em que o paciente
tem a medula de um determinado local do corpo colocada em outro lugar.

Obs.: A compatibilidade de um transplante é dada por HLA ou MHC, que são


antígenos específicos para cada pessoa, presente no sangue e nos órgãos. A
compatibilidade é dada pela semelhança no HLA dos indivíduos.

2) Timo: Órgão com formato de borboleta (bilobado dividido em vários septos


que também são divididos em córtex e medula) situado no mediastino anterior. É o
principal local onde o progenitor linfóide amadurece em Linfócito T (CD4 e CD8.) De
todas as células que entra no timo, 90 % delas morrem lá dentro, pois eles não
apresentam a tolerância imunológica, ou seja, são autorreativos. Com a idade, o timo
involui de tamanho.

Obs.: Os linfócitos T também amadurecem, em menor quantidade, em outros


órgãos, caso o timo seja removido, o indivíduo não ficará sem Linfócitos T.

3) Sistema Linfático:

- Linfa: Líquido e células que derivam do extravasamento dos vasos sanguíneos e


que estão se acumulando nos tecidos. Essa linfa é recolhida para a circulação linfática
por meio dos vasos linfáticos no lado direito ducto linfático direito e no lado esquerdo
pelo ducto torácico (Bombeia a linfa com auxilio músculos periféricos), retornando ao
sangue pelas veias subclávias que desemborcam na veia cava.
- Linfonodo ou Gânglio Linfático: São postos de checagem do conteúdo da
linfa. Estão espalhados por todo o corpo, sendo em média do tamanho de uma ervilha.
O conteúdo entra pelo vaso linfático aferente e sai pelo vaso linfático eferente. Eles são
responsáveis por coletar antígenos presentes na linfa e apresentar aos linfócitos, por
meio das células dendríticas. É um sítio de ativação da imunidade adaptativa. Em uma
infecção, há um crescimento dos linfonodos devido à proliferação clonal de células de
defesa.

Obs.: As células B e T estão separadas dentro do linfonodo, processo chamado de


segmentação anatômica.

4) Baço: Localizado no quadrante esquerdo superior, sendo o maior órgão do


sistema linfóide que, no adulto, pesa cerca de 150 g. Ele está próximo ao pâncreas e é
um órgão altamente vascularizado que NÃO CHEGA LINFA. Tudo que chega no baço,
antígenos e microrganismos, é via sangue. É um local de ativação dos linfócitos T e B.
Histologicamente dividido em poupas branca e vermelha, sendo a primeira preenchida
por linfócitos e a segunda por sangue e macrófagos. As funções do baço: Resposta a
antígenos transportados pelo sangue, remoção de microrganismos opsonizados na polpa
vermelha por macrófagos, bem como de hemácias danificadas e a maturação final de
linfócitos B das zonas marginal e foliculares. No baço, assim como ocorre no linfonodo,
as células B e T também estão divididas anatomicamente.

Obs.: Pessoas que têm a retirada do baço não apresentam muitos problemas, visto
que outros órgãos serão sobrecarregados para que haja a compensação deste, um
exemplo é o fígado.

5) Sistemas Imunológicos Regionais: São locais onde há um grande fluxo de


microrganismos, os locais são: Pele e mucosas. Nesses locais há um conjunto de células
prontas para atuar. Por exemplo, na pele, há uma grande quantidade de células de
Langerhans, células dendríticas, linfócitos, macrófago e vasos linfáticos, ou seja,
apresenta todo um sistema organizado que é capaz de capturar rapidamente uma grande
quantia de antígenos. As mucosas são um sítio de imunidade adaptativa que tem nomes
em diversos locais onde há um contato recorrente com microrganismos, um exemplo é o
GALT presente no intestino, um aglomerado de células, sendo esse o sistema de
mucosas o mais complexo de todos.

Obs.: Por que o nosso sistema digestivo não fica montando uma resposta imune
contra todas as bactérias e contra tudo o que é digerido?. Por que o meu sistema
respiratório não monta uma resposta imunológica contra tudo o que é aspirado?.
Algumas pessoas montam isso no caso das alergias. O nosso sistema de mucosas ele
além de ser preparado para determinados antígenos, ele é bastante tolerogênico, ou seja,
ele não monta uma resposta imune contra tudo.

Obs.: Por que não se tem muita vacina como a gotinha?. Por que esta é uma via
altamente tolerante, bastante difícil de estimular.

Você também pode gostar