Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Antenas PDF
Antenas PDF
Capítulo 3 - Antenas
Para que um sinal de rádio ou televisão seja transmitido para
o espaço e posteriormente recebido, é sempre necessária a
existência de antenas. Neste capítulo serão abordadas as
características genéricas das antenas e os seus tipos mais
utilizados.
3.1. Introdução
Depois de um emissor gerar o sinal de RF, tem que haver algum método de radiar esse
sinal para o espaço. Tem também que haver algum método de, no receptor, se interceptar
(captar) esse sinal. As antenas são os dispositivos que permitem estas duas operações.
Uma antena é geralmente feita em metal, (muitas vezes apenas um fio ou varetas de
alumínio) e converte a corrente de alta frequência em ondas electromagnéticas para a
emissão e faz exactamente o contrário na recepção.
As primeiras antenas, foram construídas por Heinrich Hertz em 1888, com a finalidade
de pôr em prática as teorias electromagnéticas propostas por Maxwell.
Com esse dispositivo (Fig. 3-1), Hertz transmitiu e recebeu ondas electromagnéticas a
cerca de 5 metros de distância.
A antena de emissão era formada por duas placas de metal ligadas a dois bastões
metálicos, que por sua vez se ligavam a duas esferas, separadas entre si por uma distância
A antena de recepção era constituída por um laço de fio metálico com uma pequena
ranhura. A faísca produzida no emissor era detectada na recepção por uma pequena faísca
na ranhura demonstrando na prática tudo que Maxwell previra na teoria.
Desde estas primeiras antenas até a actualidade, os princípios físicos foram sendo
aprimorados e descobertas novas maneiras e tecnologias de transmitir e receber sinais
electromagnéticos e nas modernas telecomunicações, as antenas são em alguns casos,
estruturas de extrema complexidade mas sem elas seria totalmente impossível imaginar o
nosso mundo de telemóveis, GPS e Wi-Fi, para só citar alguns casos.
A quantidade das ondas que se escapam da linha de transmissão é muito pequena, por
duas razões.
Segundo, como os dois fios da linha estão muito juntos e desfasados de 180º, a
radiação de um deles cancela a radiação do outro.
Para tornar este circuito aberto num circuito radiante, temos que alargar o circuito
aberto, ou seja, afastar os dois fios. Quando afastamos os fios, menos radiação se cancelará.
Também se verifica que a linha de transmissão fica melhor acoplada ao espaço circundante
pois mais potência é dissipada ou radiada. Adicionalmente, como os fios estão afastados, as
ondas que viajam ao longo da linha encontram muito mais dificuldade em inverter a fase.
Como tal, tudo aponta para um aumento na radiação.
A radiação pode ser aumentada ainda mais se mais afastarmos os dois fios, atingindo-
se um máximo quando eles ficam em linha
Fig. 3-3A. O campo eléctrico e o campo
electromagnético da linha estão agora
completamente acoplados ao espaço
circundante. Portanto, resulta assim um
máximo de radiação.
Uma vez que o dipolo tem altos potenciais de tenção nos seus extremos, um campo
electrostático ou campo eléctrico existe
entre esses dois pontos. Este campo é como
o que existe entre as placas de um
condensador. Contudo, no caso da antena,
o campo eléctrico não fica confinado à área
entre as placas, mas é radiado no espaço. O
campo eléctrico à volta de um dipolo é
mostrado na Fig. 3-4.
Tanto este campo magnético como o campo eléctrico são radiados sob a forma de
ondas electromagnéticas. Esta onda propaga-se ou vija para for a da antena e continuará a
viajar mesmo depois da corrente ou da tensão terem sido retiradas da antena.
Quanto mais a onda electromagnética viajar para longe da antena mais fraca se
tornará. A amplitude desta onda ou campo radiado é calculada em termos de tensão
A importância disto é que uma onda polarizada horizontalmente irá induzir máxima
tensão na antena horizontal. Teoricamente, uma onda polarizada horizontalmente induzirá
zero volts numa antena vertical. Contudo na prática, e sobretudo em HF e VHF, isto só
raramente ocorre porque na propagação há desvios de polaridade.
O tipo de antena mais vulgarizado é o dipolo de meia onda. Como o seu nome implica,
ele tem um comprimento de 1/2 à frequência de trabalho.
c 3 108
1m com c = 3x108 m/s e f em Hz
f 300 106
150
Lmetros
f MHz
143
comprimento real do dipolo meia onda Lmetros
f MHz
Exercício: Qual o comprimento real que deverá ter um dipolo de meia onda para captar
uma emissão em 100 MHz?
143
Lmetros 1,43 m
100
O dipolo também pode ser alimentado com cabo coaxial, sendo o condutor central do
cabo ligado a um dos lados do dipolo
e a blindagem ligado ao outro.
Os baluns também podem ser utilizados como adaptadores de impedância, por meio
de relações de espiras do primário para o secundário, tal como nos transformadores
convencionais. Assim, se pretendermos ligar uma antena dipolo de 73 com um cabo de
300 será necessário intercalar um balun de 4:1.
Note que a radiação máxima ocorre nos lados da antena e que a radiação mínima
ocorre na direcção das pontas.. Uma projecção polar da radiação no plano horizontal é
mostrada na Fig. 3-7B.
O diagrama de radiação para o dipolo de meia onda vertical é mostrado na Fig. 3-8A.
Se um dipolo é de meia onda para a frequência de 100 MHz, ele trabalhará como se
fosse um dipolo de onda completa para a frequência de 200 MHz. A distribuição de corrente
num dipolo de onda completa mostra-se na Fig. 3-9A. Note que a corrente mínima ocorre no
centro da antena. Isto indica que o centro da antena é um ponto de muito alta impedância.
Como tal, se se pretende um ponto de baixa impedância para ligar uma linha de 75, o
ponto de alimentação tem que ser movido para os máximos de corrente (mínimos de
tensão) e que se situam a 1/4 do centro da antena.
O diagrama de radiação para uma antena dipolo de onda completa está indicado na
Fig. 3-9B. Note que o diagrama tem agora 4 lóbulos principais. Isto é devido à distribuição
de corrente no dipolo.
Um dipolo de meia onda pode trabalhar na sua terceira harmónica como indicado na
Fig. 3-10A. Trata-se então de um dipolo de 3/2 (dipolo de onda e meia). A distribuição de
corrente resultante neste dipolo mostra-se na Fig. 3-10A. Note que agora o máximo de
Esta faculdade dos dipolos poderem trabalhar nas harmónicas da frequência principal
pode ser utilizada quando se pretende que a mesma antena seja usada para trabalhar em
duas bandas. Um bom exemplo é uma antena desenhada para trabalhar simultaneamente
nas bandas de radio amador dos 7 MHz e dos 21 MHz. Corta-se a antena com o
comprimento certo para trabalhar em 7 MHz (comprimento = 20,43m). Então, se a antena
operar a 21 MHz, funcionará como uma antena 3/2 e dado que tanto o dipolo de 1/2
como o dipolo de 3/2 têm baixa impedância no seu centro, devido ao máximo de corrente
(mínimo de tensão), oferecem ambas a possibilidade de um bom acoplamento de
impedâncias com uma linha de transmissão de 75 (ou mesmo de 50) ligada ao centro da
antena.
Nos casos em que se pretende polarização vertical a antena tem que estar na vertical,
tal como já foi referido anteriormente. Contudo, a baixas frequências a altura da antena
dipolo de meio comprimento de onda pode tornar-se proibitiva. Por exemplo um dipolo
vertical de 1/2 para trabalhar a 4 MHz requer um comprimento de 35,75 m (l=143/f), mas
para trabalhar a 2 MHz já requer 71,5 m de altura.
Isto parece dizer que para polarização vertical e a baixas frequências o dipolo de 1/2
pode ser impraticável. Contudo, se uma antena vertical de 1/4 for construída sobre uma
Isto é possível porque uma terra perfeita produzirá uma imagem de espelho da antena
de 1/4 , produzindo assim o efeito de uma antena 1/2 . A imagem resulta das ondas de
rádio reflectidas tal como se mostra na Fig. 3-11A. A distribuição de tensão e de corrente ao
longo da antena vertical de quarto de comprimento de onda mostra-se na Fig. 3-11B.
Para que esta antena possa operar correctamente, a terra tem que ser perfeita
(condutividade infinita, resistência nula), pois caso contrário um valor apreciável de potência
se perderá na resistência do sistema de terra. O solo mais perfeito para este tipo de antena
é o solo húmido e com terra fértil ou o solo salinizado. Mas se por força das circunstâncias, a
antena tiver que ser construída num solo de pobre condutividade como por exemplo solo
rochoso ou arenoso, então é imprescindível a construção de uma terra artificial. Ela pode ser
construída com vários fios de cobre de 1/4 que se estendem no solo em torno da antena
cobrindo o mais possível todas as direcções. Estes fios chamam-se radiais e normalmente 4
radiais são o mínimo que se deve estender. Neste caso de só haver 4 radiais, eles devem ser
perpendiculares entre si.
O dipolo de meia onda (Fig. 3-7) é bidireccional porque transmite (ou recebe) segundo
duas direcções preferenciais.
A Fig. 3-13 exemplifica um diagrama de radiação unidireccional (só tem uma direcção
preferencial) de uma antena com uma largura do feixe de 50º.
Um sistema de antena com boa directividade (isto é feixe estreito) tem a vantagem de
poder emitir a maior parte da potência só na direcção pretendida
Uma vez que a potência radiada está concentrada num feixe relativamente estreito, a
intensidade de campo dentro do feixe é maior do que seria se fosse obtida numa antena
omnidireccional. Portanto a potência efectiva radiada (efective radiateted power - ERP) do
emissor é aumentada pelo ganho direccional da antena.
O ganho direccional é a relação que existe entre a potência necessária para produzir
um determinado intensidade de campo num dado ponto usando uma antena de referência
comparada com a potência necessária para produzir a mesma intensidade de campo com
uma antena direccional.
Em VHF, UHF e SHF, é possível construir antenas de elevado ganho (como as que se
usam em TV ou as parabólicas de recepção satélite) porque como os comprimentos de onda
são pequenos as antenas ocupam pouco espaço
Um elemento de antena que não esteja ligado à linha de transmissão, mas esteja no
plano do dipolo, desenvolverá uma
tensão por indução. Chama-se
elemento parasita. A Fig. 3-14
mostra um elemento parasita
localizado a ¼ do dipolo, que é
assim o elemento alimentado.
Ambos os elementos têm um
comprimento de ½ e portanto
Fig. 3-14 - Array com dipolo e reflector
são ressonantes à frequência de
trabalho.
Na direcção para além do elemento parasita, o campo por ele radiado é oposto ao
campo produzido pelo dipolo, pelo que os dois campos se anulam e a radiação nesta
direcção é insignificante.
A Fig. 3-15B mostra o diagrama de radiação para os três casos possíveis: diagrama só
para o dipolo, diagrama para dipolo + reflector e diagrama para dipolo + reflector +
director.
Pode verificar-se que a directividade aumenta com cada elemento adicional. Melhor
directividade e consequentemente maior ganho pode ser obtido adicionando mais elementos
directores à antena Yagi.
Note que a linha de transmissão está ligada a cada elemento e que as correntes em
Cada elemento é sintonizado para uma frequência e serve como director para o
elemento seguinte e como reflector para o elemento antes dele.
Um exemplo: para um SWR menor que 2:1, uma log periódica pode trabalhar de 100 a
900 MHz, enquanto que para o mesmo SWR, a Yagi só trabalharia entre 100 e 200 MHz.
A solução para emissão ou recepção de frequências acima dos 4 GHz são as antenas
da família das parabólicas. Mas porque não se usam parabólicas para frequências abaixo dos
4GHz?
Frequência (MHz)
(m)
435 1250 2350 5700 10250 24000 47000
0.4 - 11.8 17.3 25.0 30.1 37.4 43.3
0.6 6.1 15.3 20.8 28.5 33.6 41.0 46.8
0.8 8.6 17.8 23.3 31.0 36.1 43.5 49.3
1.2 12.2 21.3 26.8 34.5 39.6 47.0 52.8
1.6 14.7 23.8 29.3 37.0 42.1 49.5 55.3
2.4 18.2 27.3 32.8 40.5 45.6 53.0 58.8
3.2 20.7 29.8 35.3 43.0 48.1 55.5 61.3
4.8 24.2 33.4 38.8 46.5 51.6 59.0 64.9
Repare que para uma frequência de sinais de TV terrestre, da ordem dos 400MHZ,
seria preciso uma antena parabólica de 2,4 de diâmetro (preço da ordem de muitas centenas
de euros) para obter o mesmo ganho que uma antena YAGI (muito mais simples de instalar
e preços da ordem da dezena de euros).
Mas não é o caso. A antena que vai captar o sinal é uma antena do tipo Marconi de
quarto comprimento de onda tal como já descrito anteriormente.
O problema é que a antena Marconi tem ganho de 0dbi e portanto como os sinais de
satélite que chegam à terra são fraquíssimos, ela nada receberia.
Um sinal de satélite para poder ser utilizado precisa pelo menos de uma antena que
tenha cerca de 40dB de ganho. Como conseguir esse ganho?
Utilizando um reflector, pode-se concentrar muito mais energia num ponto só. É essa a
filosofia da antena parabólica: a antena marconi fica no foco da parábola e recebe todo o
sinal que é captado pelo reflector parabólico Fig. 3-21
Não seria viável colocar tão pequena antena no foco por isso o que se coloca é a
antena já dentro de uma bloco amplificador e conversor que normalmente se designa por
LNB (low noise Block)
A tabela da Fig. 3-23 indica os ganhos de uma antena parabólica em função do seu
diâmetro e da frequência que está a captar.
Repare que para o mesmo tamanho quanto maior a frequência maior o ganho.
Hoje em dia, nos satélites mais recentes, antenas de 60 cm são mais que suficientes.
O problema das antenas pequenas de foco primário, é que o suporte do LNB e o próprio LNB
tapam (fazem sombra) em cerca de 10 a 30% da área da antena.
Por essa razão só faz sentido utilizar antenas de foco primário para antenas de
diâmetros superiores a 1,20m.
A antena offset é uma parte de parábola que foi cortada de tal forma que o braço de
suporte para o LNB e o próprio LNB não irão fazer sombra sobre a área útil do reflector, tal
como acotece nas antenas de foco primário.
Repare que a inclinação da antena faz com que todos os raios incidentes batam na
superfície reflectora e não interfiram com o LNB ou o suporte.
A antena Cassegrain é uma antena do tipo offset mas que tem dois relectores em vez
de só um (Fig. 3-25).
Só não se utiliza mais esta antena porque é muito mais cara que a offset simples.