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2.

3 Arte e Tipografia

2.3.1 O Estilo Gótico

O estilo gótico é considerado como o primeiro estilo de letra a ser utilizado, assim que Guten-
berg, inventor dos tipos móveis, insere na história da escrita o advento responsável pelo início da
imprensa. Era necessária a reprodução dos livros em tipos góticos para aceitação do público.

Exemplos das bíblias impressas por Gutenberg

Há controvérsias quanto à invenção da imprensa, segundo alguns autores, como Robert Brin-
ghurst, a impressão com tipos móveis não foi inventada na Alemanha em 1450, mas na China,
por volta de 1040, por um engenheiro erudito chamado Bí Sheng. De acordo com Bringhurst as
obras impressas mais antigas, datam do século 13 na Ásia, e ao chegar na Europa essa tecnologia
encontrou maior facilidade de se desenvolver, em função da quantidade inferior de glifos reque-
ridos pela escrita européia.

O estilo gótico foi considerado nesta pesquisa pelo seu tempo de permanência e pela dificuldade
em ser substituído, devido ao longo tempo de permanência do Gótico na Idade Média e da forte
influência da igreja na sociedade da época. Esta detinha o poder sob as oficinas de impressão, por
serem capazes de investir nessa arte e terem o interesse de deter e manipular o conhecimento.

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Bíblia de 42 linhas
de Gutenberg

A procura por livros menores e portáteis fez com que a largura das letras dimi-
nuísse gradualmente. Acredita-se que a idéia de se produzirem livros menores
em tamanho partiu da necessidade de a igreja fazer bíblias portáteis para uma
melhor difusão da doutrina católica. A letra gótica aparece, então, com seu
desenho solene e severo, trazendo todo o formalismo da Idade Média.
(HORCADES, 2004)

A arquitetura gótica predominou no noroeste da Europa entre os séculos XIII e XVI e foi a arte
mais importante da Idade Média. Suas características mais evidentes eram as torres estreitas,
altas e pontiagudas, os interiores das igrejas com escalas desproporcionais ao ser humano, com
tetos elevadíssimos, provocavam no visitante a sensação de inferioridade, um reflexo do pensa-
mento da época, que considerava Deus o centro do universo e medida de todas as coisas. Diziam
ser as pontas das torres uma espécie de “ponte”, uma conexão entre o mundo dos homens e o
reino dos céus. Os interiores das catedrais eram pouco iluminados, as janelas eram estreitas, e
um elemento bastante marcante eram os vitrais super coloridos que propiciavam uma ilumina-
ção indireta ao interior das igrejas.

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Podemos rapidamente notar a semelhança das formas arquitetônicas góticas com a tipografia
de sua época, na sua forma angulosa semelhantes às torres pontiagudas, no peso das letras em
função de seus “olhos” estreitos, como nas janelas das construções, a letra gótica é uma boa re-
presentação gráfica da sociedade e da arquitetura da Idade Média.

O modo de conduzir a
pena levou à condensação
das letras e às curvas
Gótico pontiagudas

Outros exemplos de forma tipográfica


que seguiram a forma na arquitetura

Romano
A Renascença Neofuncionalismo

2.3.2 A Subcultura Gótica dos Anos 80

O gótico (chamado de Dark no início dos anos oitenta no Brasil) é uma subcultura contemporâ-
nea presente em muitos países. Teve início no Reino Unido durante o final da década de 1970
e início da década de 1980, derivado também do gênero pós-punk. A subcultura gótica abrange
um estilo de vida, estando a ela associados gostos musicais dos anos 80, onde teve seu início, até
os dias de hoje com o darkwave / gothirock, deathrock, psycobilly, trip hop, ebm, synthpop, indie,
etc. Sua estética tem peculiaridades como a maquiagem pesada, penteados ousados (cabelos
coloridos, desfiados, desarrumados) e roupas em tons escuros.

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A música se volta para temas que glamourizam a decadência, o niilismo, o hedonismo e o som-
brio. A estética sombria traduz-se em vários estilos de vestuário, desde death rock, punk, andrógi-
no, renascentista e vitoriano, ou combinações dos anteriores, essencialmente baseados no negro,
ou mais coloridas e cheias de acessórios baseadas em filmes futuristas no caso dos cyber goths.

Muitos não sabem, mas o nome Gótico é um termo pejorativo que acabou sendo absorvido. Os
iluministas e renascentistas se referiam a “opus francigenarum” (arte francesa, como era cha-
mado o estilo gótico em sua época) como gótico no sentido de algo sombrio, assustador, fan-
tasmagórico, macabro e amedrontador. Na passagem de 70 para 80 o estilo comportamental,
visual e musical do qual tratamos estava se desenvolvendo na Inglaterra, e por brincadeira era
chamado assim, gótico. Na metade da década de 80 o estilo já havia se disseminado por vários
outros países (incluindo o Brasil) e o termo acabou por ir junto com ele e até hoje é usado para
denominar a subcultura.

Toda a Estética Gótica inicial vai ser uma mistura Glam (androginia, poesia
urbana e maldita, maquiagens pesadas, sonoridade rock básica, dandismo,
etc), que também foram reforçados por uma influência do movimento new
romantic dos anos 80, e a cultura Beat (poesia urbana e maldita, existen-
cialismo e espiritualidade difusa, roupas escuras, acid rock, cool, jazz-rock,
psicodelia, etc), ora tendo uma sonoridade mais post punk, outra mais new
wave. O termo foi usado durante a década de oitenta e na década de noventa
também se convencionou tirar o new e usar dark, dessa forma: Darkwave.

Ainda hoje os góticos adotam uma estética andrógina, teatral e obscura


para exteriorizar seus sentimentos, um apego ao nada, uma falta de espe-
ranças, não uma depressão ou melancolia, apenas um descaso, um luto
pela situação da humanidade. Sua música possui temáticas hedonistas,
decadentistas, niilistas, ligadas sempre às suas raízes já citadas. Algumas
bandas associadas a esse estilo são: Bauhaus, Joy division, Specimen, The
cure e Siouxsie and the Banshees. Na literatura os góticos buscam textos de
Sartre, Nietzsche, Wilde, Blake, Baudelaire ou algo mais contemporâneo
como Anne Rice.

The Cure, Bauhaus e Siouxsie and the Banshees (da esquerda para direita)

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2.3.3 O Renascimento

O Renascimento está associado ao humanismo e representa a retomada do crescente interesse en-


tre os acadêmicos europeus pelos textos clássicos, em latim e em grego, dos períodos anteriores ao
triunfo do Cristianismo na cultura européia. No século XVI encontramos paralelamente ao interesse
pela civilização clássica, um menosprezo pela Idade Média, associada a expressões como “barbaris-
mo”, “ignorância”, “escuridão”, “gótico”, “noite de mil anos”, “sombrio” ou “idade das trevas”.

O seguinte texto de Pantagruel (1532), de François Rabelais costuma ser citado para ilustrar o
espírito do renascimento:
Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as línguas estabelecidas: Grego,
sem o conhecimento do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito, He-
braico, Caldeu, Latim (...) O mundo inteiro está cheio de acadêmicos, pedago-
gos altamente cultivados, bibliotecas muito ricas, de tal modo que me parece
que nem nos tempos de Platão, de Cícero ou Papinianus, o estudo era tão
confortável como o que se vê a nossa volta. (...) Eu vejo que os ladrões de rua,
os carrascos, os empregados do estábulo hoje em dia são mais eruditos do que
os doutores e pregadores do meu tempo.

A Tipografia também foi afetada pelas formas renascentistas e tinha como principal característica
o oposto da forma gótica. “Assim como a pintura e a música, as formas tipográficas do Renasci-
mento são plenas de luzes e espaços serenos e sensoriais.” (BRINGHURST, p.136, 1992)

O homem vitruviano de Leonardo da Vinci sinte-


tiza o ideário renascentista: humanista e clássico.
Três reconstruções de tipos romanos renascentistas feitas no século XX.
A Centaur (topo) por Bruce Rogers (1914) baseada na obra de Nicolas
Jenson (Veneza, 1469); a Bembo (segunda) foi gravada pela Monotype
(Londres, 1929) com base no desenho de Francesco Griffo (Veneza, 1499).
A Adobe Garamond (terceira) foi desenhada por Robert Slimbach (1988,
São Francisco) baseada na Claude Garamond (Paris, c. 1540).

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2.3.4 A Busca pelo Novo

Alguns movimentos artísticos foram de grande importância para o desenvolvimento estilístico


e formal da tipografia ao longo de sua história. Estes podem ser também considerados uma
boa influência no que diz respeito à aceitação das “novidades visuais” na sociedade, essas que
nasciam e morriam com maior velocidade nos movimentos artísticos a partir do século XIX e das
necessidades de propaganda com a Revolução Industrial.

Este comportamento difere dos primórdios da tipografia, onde após a invenção da imprensa os
tipos góticos perduraram como a forma preferida por um século inteiro, embora as letras Ro-
manas fossem comuns em manuscritos da época, era preciso simular o tipo gótico como se este
ainda fosse escrito manualmente para que os primeiros livros fossem aceitos e consumidos.

Com esta atitude, os movimentos artísticos integram e valorizam a tipografia como um símbolo
de expressão, anunciando novos conceitos, novas formas, e maneiras de disposição diversas,
a cada passagem de um novo estilo. A comunidade, por sua vez, desenvolve o seu gosto pela
mudança, com uma forma de pensar não somente mais receptiva como também ávida pelas
novidades.

Esta nova forma de comportamento, é claro, já vem sendo estimulada por outros setores da so-
ciedade, em prol do capitalismo e da necessidade de estimular o consumo, o conceito de moda
seria o maior responsável por esta mudança, mas ainda assim, a tipografia poderia ter sido ex-
cluída desse contexto, não fossem os artistas a estimularem o olhar com a diversidade visual dos
movimentos artísticos e suas aplicações.

A Revolução Industrial teve grande influência na diversidade das formas tipográficas, e conforme
Goudy sugere “agradar o cliente é uma das razões de viver de um tipógrafo.” Naquele período o
comércio em expansão necessitava de uma maneira de divulgar seus produtos e serviços, e assim
uma forma primitiva de propaganda estimulou as chamadas “font houses” a produzirem tipos
que despertassem a atenção dos consumidores, estes chamados de “Tipos para Display”.

Letras usadas comercialmente no final do século XIX

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Em seu livro “Printing Types: an introduction”, Alexander Lawson escreve sobre esse momento de
mudança nas formas tipográficas:
No começo do século dezenove, os tipógrafos ingleses, produziram uma varie-
dade de tipos ornamentados concebidos para enfatizar suas características úni-
cas com o propósito único de atrair a atenção. Tipos largos, grotescos e egípcios
– tipos considerados decorativos quando comparados com os tipos Garaldos e
Venezianos – não eram enfeitados demais para os novos padrões estéticos de
propagandas em “display”.

Cartaz do final do século XIX e todo esplendor de sua “confusão tipográfica”

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Dessa forma a sociedade vai sendo cercada pela tipografia e sua evolução formal, que os visitaria
inúmeras vezes ao dia em forma de manchete de jornal, embalagem, letterings nas fachadas dos
prédios, cartazes de rua, catálogos, revistas, selos, livros, entre outros objetos de uso cotidiano,
sendo absorvida como reflexo de cada momento artístico e social em que foi concebida.

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2.3.5 Art nouveau

O art nouveau se iniciou em meados de 1890 e teve seu fim com a primeira Guerra Mundial na
década de 20. Foi o primeiro movimento preocupado em integrar diversos setores da sociedade
satisfazendo o que se acredita ser a “necessidade de arte” da comunidade. O estilo nouveau, ex-
pressão típica do gosto modernista, traz em si toda uma abordagem comercial e “uma intenção
de utilizar o trabalho dos artistas no quadro da economia capitalista” (ARGAN, 1992, p.204).

O movimento art nouveau se propaga como uma verdadeira moda, como um fator psicológico
que desperta o interesse pelo novo e subestima o velho. Este estilo artístico que encontrou na
publicidade, nas revistas de moda e arte, nas exposições mundiais e espetáculos a difusão de
suas formas foi consumido por toda Europa e América como o que seria considerado o “alvorecer
de uma nova era”.

Podemos destacar como característica do estilo


nouveau a temática naturalista (flores e ani-
mais), os arabescos e formas curvas, espirais, a
referência a ícones da arte japonesa, a utiliza-
ção de tons pastéis e frios, a transparência, a
recusa da proporção e equilíbrio simétrico, e a
sensação de leveza, elasticidade, agilidade, jo-
vialidade e otimismo.

Esta nova forma de arte, estaria presente em


tudo o que fosse possível aplicá-la. Integrou a
arquitetura; os primórdios do design gráfico,
quando consideramos os seus famosos car-
tazes e as gravuras voltadas à publicidade, os
letterings sinalizados nas fachadas dos prédios,
exemplo da famosa estação do metrô de Pa-
ris, o design de produto com os seus belíssimos
móveis e utensílios decorativos diversos, o de-
sign de jóias, a moda, as ilustrações da época
sem ainda citar as formas tradicionais de arte
Rótulo de loção Edista. como a pintura e a escultura.
Um exemplo típico do estilo do Art Nouveau

O art nouveau foi um movimento artístico que


explorou bastante a arte aplicada do cartaz como força comunicacional e a tipografia nouveau
merece atenção especial por sua forma jamais antes experimentada.

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Acima na esquerda:
Capa de Joaquim Renart para
Catalunya Artistica, Barcelona,
1904. Uma variante espanho-
la do art nouveau.

Acima na direita um clássico-


de Arthur Mackmurdo

À equerda:
Tomando uma direção
diferente na arte orgânica, Ver
Sacrum - cataz de Koloman
Moser

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Familias Tipográficas no estilo Art Nouveau

Edda

Berolina Medium

Arnold Bocklin

Artistik

Lotus

Nesse momento, a inovação tecnológica da gravura que traz a litografia como nova ferramenta
de impressão, foi fator determinante para que o artista desse período fosse capaz de desenhar as
letras nouveau e toda sua riqueza de detalhes e formas repletas de curvas. As propriedades que
a litografia oferecia ao artista, o permitiam compor mais livremente, podendo este desenhar sob
a pedra e depois imprimir seus trabalhos inúmeras vezes com um custo mais baixo.

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2.3.6 A Vanguarda Russa

A revolução russa e sua luta por promover uma arte útil, deram ao mundo um vislumbre do que
seria o design gráfico no futuro, onde a arte foi completamente direcionada aos esforços socia-
listas, sendo uma grande representante de suas mensagens. “Uma arte construtiva que não decora,
mas organiza a vida” Lissitski, 1922.

Os cartazes russos se caracterizam pela utilização constante de geometria, cores primárias, foto-
montagem e tipografia sem serifa, a quebra do ângulo reto, onde a disposição das letras expe-
rimenta angulações e gradações de tamanho em uma mesma palavra, sugerindo movimento e
criando uma estética de grande apelo visual, como se era pretendido, em uma comunicação de
massa, sempre imediata e causando impacto.

Cartaz de El Lissitzky, 1929

Cartaz para o filme “O Homem com a Câmera” 1928,


por Stamberg Brothers.

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Cartazes por Aleksandr Rodchenko

Capa do álbum “You Could Have It So Much


Better” (2005) da banda escocesa
Franz Ferdinand.

Cartaz de Rodchenko, URSS (1925)


Fotomontagem, cores primárias e distorção tipográfica. Linguagem influente
até os dias atuais.

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2.3.7 O Futurismo

Encontramos no Futurismo um apelo visual muito rico quanto às composições tipográficas, re-
flexo das premissas desse movimento que valorizava a velocidade e os desenvolvimentos tecno-
lógicos. Era totalmente contra a ortodoxia da linguagem, tanto falada quanto escrita, rejeitava o
moralismo e o passado, e nesse momento quebrou com as premissas da tipografia clássica. Os
futuristas abandonaram toda a distinção entre arte e design, utilizando a propaganda como uma
importante ferramenta de comunicação.

Foi um período onde se explorava uma linguagem mais lúdica, vernacular, de inovações na sin-
taxe visual, de quebra com as premissas tipográficas tradicionais, e com uma predileção ao uso
das onomatopéias.

O conceito de uma “revolução tipográfica” foi estabelecido claramente por Marinetti em seu ma-
nifesto “Desconstrução da Sintaxe – Imaginação sem Limites – Palavras – Liberdade”, de 1913:

“Eu inicio uma revolução tipográfica dirigida ao nauseante, estúpido conceito


de livro dos passadistas e do verso de D’Annunzio, do papel feito à mão do sé-
culo XVII bordado com elmos, Minervas, Apolos, elaboradas iniciais vermelhas,
vegetais, laços mitológicos dos missais, epígrafes, e numerais romanos. O livro
deve ser a expressão Futurista de nosso pensamento Futurista. Não somente
isso. Minha revolução é dirigida à chamada harmonia tipográfica da página,
que é contrária às marés e fluxos, as ascensões e quedas de estilo que ocorrem
na página. Na mesma página, portanto, nós usaremos três ou quatro cores
de tinta, ou mesmo vinte tipos diferentes se necessário. Por exemplo: itálico
para uma série de sensações similares ou rápidas, negrita para onomatopéias
violentas, e assim por diante. Com esta revolução tipográfica e esta variedade
multicolorida na letras e desejo redobrar a força expressiva das palavras.”

Capa e página interna do poema Zang Tumb Tumb por Marinetti, 1914.
O poema glorifica a guerra como “a única higiene do mundo.”

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Manifestazione Interventista - Carlo Carrá, 1914
Colagem de papel e pintura sobre cartão.

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2.3.8 Dadaísmo

O movimento Dadaísta segue revolucionando com suas composições tipográficas no anos 20,
junto ao movimento neoplasticista. Theo Van Doesburg foi uma figura muito importante para o
Dadaísmo, e participou de diversas conferencias direcionadas aos alunos da Bauhaus, tentando
dessa forma influenciar as idéias dos estudantes. Em 1922 publicou o primeiro número do peri-
ódico dadaísta Mecano.

O amor pela ruptura dadaísta favorece a um período de muita experimentação, onde podemos
observar a quebra de vários dogmas, como o uso de muitas famílias num só cartaz, a mistura en-
tre caixa-alta e caixa-baixa, sobreposições de letras caligrafadas com tipos sem serifa, angulações
diversas, contrastes de peso e tamanho, traduzindo uma espécie de anarquia visual que ilustra
graficamente os ideais dadaístas.

Small Dada Evening


Poster de Theo Van Doesburg e Kurt Schwitters, 1922

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Ilya Zdanevitch (mais de quarenta fontes utilizadas)

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2.3.9 Bauhaus

A Bauhaus também sofre influência do construtivismo e utiliza um de seus recursos mais marca-
dos, a quebra da perpendicularidade, causando tensão visual nas páginas e o uso da geometria
em suas formas.

Na década de 20 a escola alemã dita novas regras na estética tipográfica, pousou-se em abolir
a caixa-alta, a serifa, e em usar letras em caixa-baixa somente, sendo esse um reflexo do pen-
samento socialista “todos iguais”. O design da página sofre modificações em seu layout, como
podemos observar no cartaz abaixo.

Joos Schmidt, 1923

Herbert Bayer Universal Alphabet, 1925.


Todo construído com arcos, linhas verticais e horizontais, iniciado em 1925 e finalizado em 1928.
Uma característica forte da tipografia geométrica é o seu ritmo monótono, por não haver na mesma nenhum contraste no
peso do traço.

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2.3.10 Art Déco

O estilo Déco também sofre influência do geometrismo e da quebra com a perpendicularidade


construtivista, como podemos observar nos cartazes abaixo.

Tadeusz Gronowsky (1930) Niklaus Stöklin (1930)

Podemos destacar nas formas tipográficas características como as barras que são deslocadas do
centro da letra, estando vezes mais próximas da hastes superiores outras das inferiores, como po-
demos observar abaixo na família Broadway Engraved e Elisia nas letras E, F e H. A barriga da letra B
se diferencia, tendo a curva inferior menor que superior. Os frisos, sempre presentes na arquitetura
e objetos Déco, como representação de dinamismo, aparecem freqüentemente em suas fontes.

Broadway Engraved

Elisia

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