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A família
Autora
aula
11
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Ministro da Educação
Fernando Haddad Revisora Tipográfica
Secretário de Educação a Distância – SEED Nouraide Queiroz
Carlos Eduardo Bielschowsky
Ilustradora
Carolina Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Editoração de Imagens
Reitor
José Ivonildo do Rêgo Adauto Harley
Carolina Costa
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz Diagramadores
Secretária de Educação a Distância Bruno de Souza Melo
Vera Lúcia do Amaral Dimetrius de Carvalho Ferreira
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Ivana Lima
Johann Jean Evangelista de Melo
Coordenadora da Produção dos Materiais
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Adaptação para Módulo Matemático
André Quintiliano Bezerra da Silva
Coordenador de Edição Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira
Ary Sergio Braga Olinisky Thaísa Maria Simplício Lemos
Projeto Gráfico Imagens Utilizadas
Ivana Lima Banco de Imagens Sedis
Revisores de Estrutura e Linguagem (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
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Jânio Gustavo Barbosa Stock.XCHG - www.sxc.hu
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
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Apresentação
N
esta aula, vamos discutir um tipo de grupo social que é reconhecido como o
guardião dos processos de desenvolvimento psíquico: a família. Observaremos
a sua importância na formação do indivíduo e como se constitui em primeiro
espaço de socialização deste.
Objetivos
Conhecer como se forma historicamente o conceito
1 de família.
N
a disciplina “Educação e Realidade”, você já discutiu sobre a família na aula 13 (O
aluno). Viu que o grupo familiar se caracteriza por compartilhar espaço de moradia,
pela divisão de tarefas, pelas trocas afetivas, por compartilhar os hábitos, os bens
culturais e as tradições; mas, exatamente, qual seria o papel da família na estruturação
psíquica das pessoas? Quando nos debruçamos sobre essa questão, observamos que a
estrutura do grupo familiar tem mudado muito com o tempo. Assim, de que família estamos
falando? Temos ouvido falar, nos últimos tempos, que a família está se desintegrando, que
é preciso resgatar os valores familiares, que sem a família a sociedade se desorganiza. E,
nesse sentido, a pergunta nos volta: qual família? O que é, nos dias de hoje, a família?
Atividade 1
Vamos começar refletindo sobre a seguinte questão: para você, o que é uma
família?
sua resposta
Muito provavelmente você respondeu que é um grupo social composto de pai, mãe e filhos.
Entretanto, também poderá ter observado que hoje temos casais separados que tornam a se
casar e têm filhos desses novos casamentos, configurando, com isso, uma nova organização
familiar. Você também deve conhecer situações de casais do mesmo sexo que adotaram
crianças, o que é uma outra forma de família. Por outro lado, poderíamos ainda pensar em
como era a estrutura familiar em épocas mais remotas. Será que outras formas de organização,
Atividade 2
Vamos pensar um pouco sobre essa questão de “famílias alternativas”, ou seja,
fora dos padrões estabelecidos pela sociedade. A esse respeito, apresente e
justifique a sua opinião sobre a adoção de crianças por um casal homossexual.
sua resposta
Friedrich Engels (1820-1895), no seu livro “A origem da família, da propriedade privada e
do estado”, descreve as pesquisas do antropólogo americano L. H. Morgan que demonstram a
existência desde os primórdios da humanidade, de variadas formas de organização familiar:
1) a família consangüínea, na qual era possível o casamento entre irmãos e irmãs carnais
e entre pais e filhos;
2) a família punaluana, na qual havia os casamentos grupais, ou seja, grupos de homens
têm mulheres em comum, os quais podem ser irmãos ou irmãs;
3) a família sindiásmica, em que havia o casamento entre casais, mas sem a obrigação
de conviverem num mesmo espaço e com vínculos flexíveis, de modo que poderia ser
desfeito de acordo com o desejo de qualquer uma das partes;
4) a família patriarcal, caracterizada pelo casamento de um só homem com diversas mulheres;
5) a família monogâmica, caracterizada pelo casamento entre duas pessoas, mas com a
obrigação de coabitação exclusiva.
Vemos, assim, que a família tal qual a concebemos hoje não é uma organização natural
nem uma determinação divina. Ela é o resultado de condições históricas e de mudanças
sociais, pois por estar inserida na base material da sociedade, a forma como a família irá
se organizar deve dar conta de sua função social. Isso significa dizer que na medida em
que muda a sociedade, muda também a função da família, ou seja, a organização familiar
transforma-se como resultado das mudanças sociais e não o contrário.
A
Visão de mundo é a
função social atribuída à família funda-se principalmente na transmissão de valores,
perspectiva que cada
um de nós tem com que constituem a cultura, e das idéias dominantes; e na educação das novas gerações
relação ao mundo segundo os padrões dominantes, o que revela o seu caráter conservador e de
em que vivemos:
manutenção do status quo. À família é dada também a responsabilidade pela manutenção física
como entendemos
os problemas; como e psíquica das crianças, sendo por isso entendida como o primeiro espaço de socialização do
poderíamos indivíduo. É nela que ocorrem os primeiros aprendizados da língua, dos hábitos e costumes,
resolvê-los; qual o
das primeiras noções de direitos e deveres, de certo e errado, do pode e não pode. Dessa
nosso papel nesse
mundo. forma, ela interfere de modo fundamental na organização da visão de mundo dos indivíduos.
2) a repressão do desejo ou interdição social – termo psicanalítico que significa as proibições
dos desejos eróticos ou agressivos, como, por exemplo, o tabu do incesto em nossa
cultura: o filho não pode ter relações sexuais com a mãe nem a filha com o pai, embora,
como defende a Psicanálise, sejam os pais os primeiros objetos de desejo inconsciente.
Na vida familiar, a criança irá incorporar essa e outras proibições dessa área de sua
sexualidade. Se tocar nos órgãos sexuais, por exemplo, poderá ouvir um enérgico “não
pegue aí, que é feio!”;
A dinâmica familiar
D
e uma maneira geral, os estudos sobre a família baseiam-se em um tipo específico:
a família burguesa, de classe média. Mas, é preciso reconhecer que há vários tipos
de famílias, que os papéis maternos e paternos são multidimensionais e complexos
e que pais e mães desempenham papéis diferentes em contextos culturais diferentes. Para
compreender como a família funciona, é preciso, sobretudo, estudar as interações e relações
desenvolvidas entre os diferentes subsistemas familiares, os contextos histórico, cultural,
social e econômico nos quais as famílias estão inseridas.
Entendida, assim, como um sistema social composto por um grupo de indivíduos, cada
um dos seus membros vai ter um papel que lhe é atribuído implicitamente, ou seja, cada
membro ocupa determinada posição, tem determinado status. O comportamento do pai, da
mãe, dos filhos e dos irmãos será orientado por esses papéis, que refletem as expectativas
de comportamento, de obrigações e de direitos. Assim, por exemplo, espera-se que os
adultos promovam o suporte à família, seja emocional seja financeiro, que se preocupem
com a manutenção da harmonia familiar, que se encarreguem dos assuntos domésticos.
Os irmãos, por sua vez, assumem o papel de receptores e ajudam a manter e promover as
normas familiares. Vale salientar que esses papéis são flexíveis, de modo que em alguns
momentos podem ocorrer trocas quando um não assume o papel que lhe é atribuído.
sua resposta
A violência familiar
A
té agora, falamos da família enquanto lugar que, pelos laços afetivos, promovia a
proteção e o cuidado dos seus membros. Entretanto, em muitos casos essa não é a
realidade. Existem situações em que, por motivos mais diversos, a harmonia familiar
é quebrada, gerando desestruturações que podem chegar a situações de violência, um tipo
de violência muitas vezes silenciosa e mascarada que acontece dentro dos lares. A violência
doméstica atinge mais freqüentemente crianças e adolescentes, mas também mulheres
e idosos, dentro de um espaço familiar. Infelizmente, esse é um fenômeno universal, que
atinge ricos e pobres em todos os países.
1) a violência física – ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano por meio de
força física, de algum tipo de arma ou instrumento que possa levar a lesões internas,
externas ou ambas;
2) a violência psicológica –inclui toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à
auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa;
4) a violência sexual – é toda ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga uma
outra à realização de práticas sexuais, utilizando força física, influência psicológica ou
uso de armas ou de drogas.
Figura 4 - Maria da Penha, vítima de violência familiar, cujo nome foi dado a lei de proteção à mulher
Este último é um tipo de violência para o qual nós, enquanto professores, precisamos
estar muito atentos. Em primeiro lugar, porque infelizmente ainda é acobertado pelo
sentimento de vergonha por parte dos membros da família. Em segundo lugar, por ocorrer
justamente em um espaço onde se espera cuidados, ocasiona profundas marcas emocionais
nas vítimas, sendo quase sempre necessário tratamento psicológico. Felizmente, a legislação
brasileira tem avançado bastante. O Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Maria da
Penha, que protege a mulher da violência, têm propiciado a punição desses crimes. Mas,
ainda há muito o que avançar no que diz respeito às mudanças culturais, sobretudo nas
regiões mais interioranas do nosso país.
Resumo
Nesta aula, discutimos a origem do conceito de família bem como a sua
relação com o surgimento da propriedade privada e a necessidade de definição
na transmissão dos bens. Vimos como na nossa sociedade a família tem a
função de transmissora da cultura e dos valores, sendo, portanto, fundamental
no desenvolvimento psíquico dos indivíduos. Avaliamos as dinâmicas que
se estabelecem no interior das famílias, mostrando que não há um modelo
único. Por último, destacamos a complexa questão da violência familiar e suas
conseqüências em relação àqueles que a sofrem.
Referências
BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.