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CURSO DE FILOSOFIA
DATA: 08/JUNHO/2010
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................3
2 O CONTEXTO FILOSÓFICO...................................................................................................................................3
2.1 Os Problemas Fundamentais da Filosofia Antiga........................................................................................3
2.2 Os Períodos da História da Filosofia Antiga.................................................................................................4
3 A FUNDAÇÃO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO....................................................................................................5
3.1 Os primeiros jônicos e a questão do princípio de todas as coisas...............................................................5
3.1.1 Tales de Mileto...................................................................................................................................5
3.1.2 Anaximandro de Mileto......................................................................................................................6
3.1.3 Anaxímenes de Mileto........................................................................................................................7
3.1.4 Heráclito de Éfeso...............................................................................................................................7
3.2 Os Pitagóricos e o Número como Princípio.................................................................................................8
3.2.1 Pitágoras e os chamados pitagóricos..................................................................................................8
3.2.2 Os números como princípio................................................................................................................9
3.2.3 Aspectos importantes da doutrina......................................................................................................9
3.2.4 Pitágoras e o orfismo e a vida pitagórica..........................................................................................10
3.2.5 O divino e a alma..............................................................................................................................10
3.3 Os Eleatas: a Descoberta do Ser...............................................................................................................11
3.3.1 Parmênides e seu poema sobre o ser...............................................................................................11
3.3.2 O nascimento da dialética.................................................................................................................11
3.3.3 A sistematização do eleatismo..........................................................................................................11
3.4 Os Físicos Pluralistas e os Físicos Ecléticos................................................................................................12
3.4.1 Empédocles e as quatro raízes..........................................................................................................12
3.4.2 Demócrito e o atomismo..................................................................................................................12
4 A SOFÍSTICA E O DESLOCAMENTO DO COSMO PARA O HOMEM.....................................................................13
4.1 Origens, Natureza e Finalidade do Movimento Sofístico..........................................................................13
4.2 Protágoras e o Método da Antilogia.........................................................................................................13
4.3 Górgias e a Retórica..................................................................................................................................13
4.4 Pródico e a Sinonímia...............................................................................................................................14
4.5 A Corrente Naturalista da Sofística...........................................................................................................14
4.6 Erísticos e Sofistas-Políticos......................................................................................................................14
5 CONCLUSÕES SOBRE A SOFÍSTICA....................................................................................................................15
6 Referências.......................................................................................................................................................15
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho corresponde, em verdade, à consolidação de conhecimentos obtidos a partir de referências
escolhidas, não se propondo assim a produzir ou elaborar conhecimento próprio.
Começo esse trabalho introduzindo os problemas fundamentais que caracterizaram a filosofia antiga grega e
ainda, as fases e os períodos da história da filosofia nessa época, por entender que tal contexto é deveras
importante para estudar os primeiros filósofos e os sofistas.
A seguir, passamos a falar sobre a fundação do pensamento filosófico utilizando mais a visão dos principais
fundamentos e como cada filósofo se enquadra, onde focalizamos os naturalistas pré-socráticos, ou seja, os
primeiros jônicos, os pitagóricos, os eleatas e os físicos.
Ao final, enfocamos a sofística e as mudanças de foco do cosmo para o homem, explicitando as origens, a
natureza e a finalidade do movimento sofístico, assim como as principais correntes e expoentes do movimento.
2 O CONTEXTO FILOSÓFICO
2.1 Os Problemas Fundamentais da Filosofia Antiga
Inicialmente a totalidade do real era vista como physis (natureza) e como cosmos. Assim, o problema filosófico
por excelência era a questão cosmológica. Os primeiro filósofos, chamados de “físicos”, “naturalistas” ou
“cosmólogos
logos”, propuseram-se os seguintes problemas: Como surgiu o cosmos? Quais são as fases e os momentos
de sua geração? Quais são as forças originárias que agem nesse processo?
Com os sofistas, porém, o quadro mudou. A problemática do cosmos entrou em crise e a atenção passou a se
concentrar no homem e em suas virtudes específicas. Nascia assim a problemática moral.
Com as grandes construções sistemáticas do século IV a.C., a temática filosófica enriqueceu-se ainda mais,
distinguindo alguns âmbitos de problemas (relacionados com a problemática do todo) que, ao longo de toda a
história da filosofia, iriam permanecer como pontos paradigmáticos.
Platão descobriria e procuraria demonstrar que a realidade ou o ser não é de um único gênero e que, além do
cosmos sensível, existe também uma realidade inteligível que transcende o sensível, descobrindo assim o que
mais tarde seria chamado metafísica (o estudo das realidades que transcendem as realidades físicas).
Essa descoberta levaria Aristóteles a distinguir a física propriamente dita, como doutrina da realidade física, da
metafísica, precisamente como realidade suprafísica. E, assim, a física veio a significar a ciência da realidade
natural e sensível.
Com Platão e Aristóteles seriam fixados os problemas da gênese e da natureza do conhecimento, bem como os
problemas lógicos e metodológicos. E, examinando bem, veremos que esses problemas constituem uma
explicitação da característica da filosofia ligada ao método da pesquisa racional. Assim, os problemas desse
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período eram: Qual o caminho que o homem deve seguir para alcançar a verdade? Qual a contribuição dos
sentidos e qual a contribuição da razão para se chegar à verdade? Quais as características do verdadeiro e do
falso? Quais são as formas lógicas através das quais o homem pensa, julga, e raciocina? Quais são as normas do
correto pensar? Quais são as condições para que um tipo de raciocínio possa ser qualificado de científico?
Em conexão com a questão lógico-gnosiológica, surge também o problema da determinação da natureza da arte e
do belo na expressão e na linguagem artística, nascendo assim as questões estéticas. E, ainda em conexão com
essas questões, surgiram também os problemas da determinação da natureza da retórica e do discurso retórico,
ou seja, o discurso que visa convencer e a habilidade de saber persuadir, questão que teve tão grande
importância na Antiguidade.
1) Grécia homérica – Corresponde aos 400 anos que são narrados pelo poeta Homero em Ilíadas e Odisséia.
2) Grécia arcaica – Também chamada de dos Sete Sábios, que vai do século VII ao século V a.C., período de
criação de cidades como Atenas, Esparta e Tebas, gerando a economia urbana, baseada no artesanato e
comércio.
3) Grécia clássica – Nos séculos V e IV a.C., quando se desenvolve a democracia, a vida intelectual e artística
e Atenas domina com seu império comercial e militar.
4) Helenística – A partir do final do século IV a.C., quando a Grécia passa ao comando do Império de
Alexandre da Macedônia e, depois, para as mãos do Império Romano, quando finda a história
independente.
Os períodos da filosofia grega antiga não coincidem exatamente a essas grandes fases, mas a filosofia surge nos
meados da fase arcaica e alcança seu ápice durante a fase clássica. Assim, os quatro grandes períodos da filosofia
grega podem ser discriminados como segue:
1) Período pré-socrático ou cosmológico – do final do século VII a.C. ao final do século V a.C.. A filosofia se
ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e com as causas das transformações na natureza.
2) Período socrático ou antropológico – do final do século V a.C. e ao longo de todo o século IV a.C.. A
filosofia investiga as questões humanas como a ética, a política e as técnicas. Por isso também é chamado
de período antropológico.
3) Período sistemático – do final do século IV a.C. ao final do século III a.C.. A filosofia busca reunir e
sistematizar tudo o que foi pensado nos dois períodos anteriores, visando mostrar que tudo pode ser
objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam
estabelecidas para oferecer critérios da verdade e da ciência.
4) Período helenístico ou grego-romano – do final do século III a.C. até o século VI d.C.. A filosofia se ocupa
nesse período com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a
natureza, e de ambos com deus.
Para o presente trabalho nos interessam expressamente os dois primeiros períodos: pré-socrático ou cosmológico
e socrático ou antropológico.
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3 A FUNDAÇÃO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
Os principais filósofos, também chamados de naturalistas pré-socráticos, foram:
1) Os da escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso.
2) Os da escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento.
3) Os da escola Eleata: Parmênides de Eléia e Zenon de Eléia.
4) Os da escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena. Leucipo de Abdera e
Demócrito de Abdera.
1) Explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da natureza, incluindo os seres
humanos, de forma que ao explicar a natureza, a filosofia explicaria também a origem e as mudanças nos
seres humanos.
2) Negação da criação do mundo tal qual explicada pelas religiões, implicando assim em que: o mundo é
eterno; no mundo tudo se transforma e jamais desaparece.
3) Existência de um fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta, sende este
visível apenas para o espírito.
4) Existência da physis,
physis natureza eterna e em perene transformação, o fundo eterno, perene, imortal e
imperecível como elemento fundamental.
5) A physis é imortal mas as coisas físicas são mortais.
6) O mundo está em mudança contínua sem, por isso, perder sua forma e sua estabilidade.
O termo “princípio” é o que melhor indica o conceito de algo do qual todas as coisas derivam. Segundo
Aristóteles, comentando Tales, o “princípio” é “aquilo do qual derivam originariamente e no qual se
ultimam todos os seres”, “é uma realidade que permanece idêntica no transmutar-se de suas alterações”,
ou seja, uma realidade “que continua a existir imutada, mesmo através do processo gerador de todas as
coisas”.
Por isso, os filósofos que, a partir de Tales e até o final do século V a.C., investigaram em torno da physis
foram denominados de “físicos” ou de “naturalistas”.
A relação desse princípio com a água viria da constatação de Tales de que a nutrição de todas as coisas é
úmida, de que as sementes e os germes de todas as coisas têm natureza úmida e de que, portanto, a
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secagem total seria a morte. Assim como a vida está ligada à umidade e esta pressupõe a água, então a
água é a fonte última da vida e de todas as coisas. Assim, tudo vem da água tudo sustenta sua vida com
água e tudo acaba na água.
Anaximandro aprofundou a questão do princípio, porém sustentou que a água já seria algo derivado e
que, na verdade, o princípio é o infinito, ou seja, uma natureza, a physis,
physis infinita e indefinida da qual
provem todas as coisas que existem. Ele usou o termo “a-peiron
a-peiron”, que significa aquilo que é privado de
limites externos e internos, e que, portanto pode dar origem a todas as coisas.
Esse infinito, para Anaximandro, “parece-se com o divino, pois é imortal e indestrutível”. Assim, em
Anaximandro, Deus torna-se o princípio, ao passo que os deuses tornam-se os mundos, os numerosos
universos, os quais nascem e perecem ciclicamente.
A provável origem desse pensamento pode estar no fato dele pensar que o mundo é constituído de
contrários, que tendem a predominar uns sobre os outros, como o calor e o frio, seco e úmido, entre
outros. Para ele o tempo seria o juiz, porquanto estabelece um limite a cada um dos contrários, pondo
fim ao predomínio de uns em favor de outros e vice-versa. A injustiça então consistiria nessa
predominância e também na própria existência de contrários, que já condenaria desde o surgimento à
existência de um oposto que a ele se contrapõe.
“de um movimento que é eterno, geram-se os dois primeiros contrários fundamentais, o frio e o calor;
originalmente de natureza líquida, o frio teria sido em parte transformado pelo fogo-calor, que formava a
esfera periférica, no ar; a esfera de fogo ter-se-ia dividido em três, originando a esfera do sol, a esfera da
lua e a esfera dos astros; o elemento líquido ter-se-ia recolhido às cavidades da terra, constituindo os
mares.”
Imaginada como tendo forma cilíndrica, a terra “fica suspensa sem ser sustentada por nada, mas
permanece firme por causa da distância igual de todas as partes”, ou seja, por uma espécie de equilíbrio
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de forças. Sob a ação do sol, deveriam nascer do elemento líquido os primeiros animais, de estrutura
elementar, dos quais pouco a pouco, ter-se-iam desenvolvido os animais mais complexos.
Os pontos marcantes em Anaximandro, que denotam que o caminho do logos havia avançado para além
do mito, são:
Anaxímenes pensa, por sua vez, que o “princípio” deve ser infinito, porém deve ser pensado como “ar
infinito”, substância aérea ilimitada. Ele escreve: “Exatamente como a nossa alma, ou seja, o princípio que
dá a vida, que é ar, que se sustenta e se governa, assim também o sopro e o ar abarcam o cosmos
inteiro.” E ainda, “O ar está próximo ao incorpóreo, no sentido de que não tem forma e nem limites como
os corpos e é invisível, e, como nós nascemos sob seu fluxo, é necessário que ele seja infinito e rico, para
não ficar reduzido.” Assim sendo, para Anaxímenes, o ar é concebido como “divino”.
Anaxímenes escolheu o ar como “princípio” para poder deduzir uma physis de modo mais lógico e
racional, para dela deduzir todas as coisas. Assim, o ar com sua natureza de grande mobilidade, seria mais
adequado como estando em perene movimento. Além disso, o ar se prestaria melhor do que qualquer
outro elemento às variações e transformações necessárias para fazer surgir as diversas coisas.
Anaxímenes diz que o frio é a matéria que se contrai e condensa, ao passo que o calor é a matéria que se
dilata e distende. Dessa forma, a variação quantitativa de tensão da realidade dá origem a todas as coisas.
Por esses motivos, os pensadores posteriores entendem Anaxímenes como a expressão paradigmática e o
modelo do pensamento jônico, que inspirou pensamentos posteriores sobre a physis aérea do princípio-
ar.
Heráclito, utilizando os conhecimentos dos filósofos de Mileto, leva o “dinamismo universal” das coisas
que nascem, crescem e perecem, bem como do mundo, presente nas obras deles, ao nível temático. Para
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Heráclito, “tudo se move, tudo escorre, nada permanece fixo e imóvel, tudo muda e se transmuta, sem
exceção”.
Ele diz:
“Não se pode descer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no
mesmo estado, pois, por causa da impetuosidade e da velocidade da mudança, ela se dispersa e se reúne,
vem e vai. (...) Nós descemos e não descemos pelo mesmo rio, nós mesmos somos e não somos.”
Esse é o aspecto que se tornou mais conhecido da doutrina de Heráclito, mas para ele esse foi apenas
uma base, um ponto de partida. Adotou também a questão dos contrários, mas considerando a
contraposição, a guerra, entre os opostos, como essencial. Segundo ele “A guerra é a mãe de todas as
coisas e de todas as coisas é rainha.” A guerra tomada no sentido de que ao mesmo tempo é paz, num
contraste de harmonia. O perene correr de todas as coisas e a causa universal revelam-se como harmonia
de contrários.
O “princípio” fundamental para Heráclito é o fogo, considerando todas as coisas como transformações do
fogo: “Todas as coisas são uma troca do fogo e o fogo é uma troca de todas as coisas, assim como as
mercadorias são uma troca do ouro e o ouro troca de todas as mercadorias. (...) Essa ordem, que é
idêntica para todas as coisas, não foi feita pelos deuses nem pelo homem, mas era sempre, é e será fogo
eternamente vivo que se acende segundo a medida e segundo a medida se apaga.
Esse fogo é como um “raio que governa todas as coisas”. E aquilo que governa todas as coisas é
“inteligência”, é “razão”, é “logos
logos”, é “lei racional”. Assim Heráclito introduz o conceito de inteligência.
Em Heráclito também emergem elementos relativos à verdade e ao conhecimento. E ainda afirma a
dimensão infinita da alma, abrindo caminho para algo não físico.
Ele também parece ter herdado alguns conceitos órficos a respeito da imortalidade da alma, a
mortalidade do corpo que aprisiona a alma.
Assim, Pitágoras teve grande influência política, religiosa e filosófica. O ideal político pitagórico era uma
aristocracia baseada nas camadas que se dedicavam ao comércio que haviam ascendido a um nível
elevado nas colônias.
“Primeiro, os pitagóricos se dedicaram à matemática e a fizeram progredir. Nutridos por ela, acreditaram
que seus princípios fossem os princípios de todas as coisas que existem. E, como na matemática, por sua
natureza, os números são os princípios primeiros e nos números, mais do que no fogo, na terra e na água,
eles acreditavam ver muitas semelhanças com as coisas que existem e se geram (...); e, ademais, como
viam que as notas e os acordes musicais consistiam em números; e, por fim, como todas as outras coisas,
em toda a realidade, pareciam-lhes que fossem feitas à imagem dos números e que os números fossem o
que é primário em toda a realidade, pensaram que os elementos do número fossem elementos de todas
as coisas e que todo o universo fosse harmonia e número.”
Para entender as razões que levaram os pitagóricos a apontar o número como princípio é importante
perceber que, para os antigos era algo real e até mesmo a mais real das coisas. Assim, para eles, o
número não era uma abstração mas sim a própria realidade, a physis das próprias coisas.
Representam os números a partir de pontos dispostos geometricamente para realizar operações, fazer
cálculos, definem daí os números pares e ímpares, entre outros conceitos.
Os pitagóricos relacionam os números pares com feminino e os ímpares com masculino, também
relacionaram os números pares a forma retangulares e os ímpares a formas quadradas. O número zero
não existia para os pitagóricos e para a matemática antiga. Derivam ainda outros conceitos a partir dos
números de 1 a 10.
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Passagem do número às coisas e fundamentação do conceito de cosmos
Essa passagem decorreu principalmente do fato de que os números eram concebidos como pontos, como
massa e assim, como sólidos.
Além disso, a antítese originária entre ilimitado e limitante era representado num sentido cosmogônico,
sendo o ilimitado o vazio que circunda tudo e o mundo nasce através de uma espécie de “inspiração”
desse vazio por parte de UM, dando origem a várias coisas e aos vários números, lembrando
Anaximandro e Anaxímenes.
Assim, fizeram as relações entre formas geométricas e os quatro elementos da natureza, sendo a terra o
cubo, o fogo a pirâmide, o ar o octaedro e a água o icosaedro.
Os conhecimentos pitagóricos findam por dar origem a outro conceito importante: “se o número é ordem
e se tudo é determinado pelo número, então tudo é ordem.” O universo é ordem. E a partir dos
pitagóricos e de seu conhecimento, o mundo deixou de ser dominado por forças obscuras e misteriosas,
tornando-se número, que expressa ordem, racionalidade e verdade. Os pitagóricos ensinaram a ver o
mundo como “uma ordem perfeitamente penetrável pela razão.”
Essa doutrina da reencarnação provem dos órficos w foi modificada pelos pitagóricos no sentido de que o
caminho da purificação e libertação da alma era o da ciência. Racionalizaram vários conceitos órficos e a
vida pitagórica diferenciou-se da órfica pelo culto da ciência como meio de purificação. Desse modo, a
ciência tornou-se o mais elevado dos mistérios.
A partir disso, os pitagóricos introduziram o conceito da conduta correta para chegar a Deus, sendo assim
os iniciadores da “vida contemplativa”, dedicada à busca da verdade e do bem através do conhecimento
que é a mais alta purificação.
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Sua maior contribuição foi no sentido de alterar conceitualmente transformando a cosmologia, pelo
menos em parte, em ontologia, a teoria do ser.
1) O da verdade absoluta,
2) O das opiniões falazes, o caminho da falsidade e do erro,
3) O caminho da opinião plausível.
Seu poema apresenta diversos argumentos que, longe de serem sofismas vazios, constituem posições
firmas do logos que procura contestar a experiência, afirmando sua lei.
Nessa luta, Zenão descobriu a “refutação da refutação”, adotando um método que consistia em fazer ver
que as conseqüências dos argumentos apresentados contra Parmênides eram ainda mais contraditórias
do que as teses originais. Ou seja, Zenão descobriu o método da demonstração por absurdo, fundando o
método da dialética.
1) Afirmou que o ser deve ser infinito e não o finito, como em Parmênides, porque não tem limites
temporais nem espaciais, e além, se fosse finito, deveria limitar-se com o vazio, o não ser, uma
impossibilidade.
2) Eliminou o campo da “opinião” através do raciocínio especulativo, revisando diversos conceitos
de Parmênides.
Com isso, o eleatismo firma a conclusão de um Ser eterno, infinito, uno, igual, imutável, imóvel,
incorpóreo e com explícita e categórica negação do múltiplo, negando assim os direitos dos fenômenos,
ou seja, um ser privilegiado, um Deus.
Para Empédocles, assim como em Parmênides, o nascer e o perecer entendidos como um vir do nada e
um ir ao nada, são impossíveis porque o ser é e o não ser não é. Dessa forma não existindo nascimento e
morte. “O que os homens chamaram assim são a mistura e a dissolução de substâncias que permanecem
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eternamente iguais e indestrutíveis, sendo essas substâncias a água, o ar, a terra e o fogo.” Empédocles
denominou esses quatro elementos de “raízes de todas as coisas”.
Assim, existem quatro elementos que ao unir-se dão origem a todas as coisas e, ao separar-se dão origem
à sua destruição. As forças cósmicas que causariam a uniam seriam o Amor ou amizade e as que causaram
a separação seriam o Ódio ou a discórdia. Essas forças cósmicas se alternariam em predominância a
períodos de tempos constantes definidos pelo “destino”.
No pensamento de Empédocles, a física, a mística e a teologia forma uma unidade. Para ele são divinas as
quatro raízes, a água, o ar, a terra e o fogo, assim como são divinas as forças cósmicas da amizade e da
discórdia. Para ele, Deus é o Esfero, as almas são demônios que, como todo o resto, são constituídas pelos
elementos e pelas forças cósmicas.
Porém, basearam essa afirmação em uma nova concepção que denotava “um infinito número de corpos
invisíveis pela pequenez e volume”. Esses corpos seriam indivisíveis sendo, por isso “á-tomos”, que em
grego significa o não divisível, incriados, indestrutíveis e imutáveis.
Assim, como os átomos são infinitos, são também infinitos os mundos por eles originados, diferentes uns
dos outros em sua maioria, mas às vezes semelhantes pelas possibilidades de combinações. Todos os
mundos nascem, se desenvolvem e depois se corrompem, para dar origem a outros mundos de forma
cíclica e infinita.
Demócrito também ficou famoso por suas proposições morais. A idéia central dessa ética é a de que “a
alma é a morada da nossa sorte” e que é na alma e não nas coisas exteriores ou nos bens do corpo que
está a raiz da felicidade ou da infelicidade. Ainda, há uma máxima que mostra a visão cosmopolita de
Demócrito: “Todo país da terra está aberto ao homem sábio, porque a pátria do homem virtuoso é o
universo inteiro”.
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Para dar aos jovens essa educação, substituindo a educação antiga dos poetas, surgiram os sofistas, que são os
primeiros filósofos do período socrático. Os sofistas mais importantes foram: Protágoras de Abdera, Górgias de
Leontini e Isócrates de Atenas.
O que diziam e faziam os sofistas? Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam cheios de
erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida na polis. Eles se apresentavam como mestres de
oratória ou de retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos.
Que arte era essa? A arte da persuasão. Os sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que
aprendiam a defender uma posição ou opinião, depois a posição ou opinião contrária, de modo que em uma
assembléia, soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra uma opinião e ganhassem a discussão.
A proposta básica de seu pensamento foi o axioma denominado de Princípio do homo mensura, onde “o homem
é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não
são”. Por medida entendia “a norma de juízo” e por todas as coisas “todos os fatos e todas as experiências em
geral”. Protágoras pretendeu negar, com esse axioma, a existência de um critério absoluto que discrimine o ser e
não ser, verdadeiro e falso, sendo o único critério o homem individual.
Protágoras também ensinava a tornar fortes argumentos fracos. A virtude ensinada por ele era essa habilidade de
fazer prevalecer um ponto de vista sobre o oposto. Como para ele tudo era “relativo”, não existiria um
“verdadeiro” e nem valor moral absoluto. Existiria assim “algo que é mais útil, mais conveniente e mais
oportuno”. Segundo Protágoras, o útil se apresentava como conceito relativo e não se incomodava em afirmar
que sua sabedoria consistia em saber reconhecer aquilo que é nocivo e útil à conveniência ético-política dos
homens e em saber demonstrá-lo para outros.
Ainda, com relação aos deuses, Protágoras disse: “No que se refere aos deuses, não tenho possibilidade de
afirmar que existem ou que não existem.” Isso porque, com base no seu método “antilógico” ele teria que
demonstrar tanto argumentos a favor como os contrários a existência dos deuses. Assim, ele foi dito “agnóstico”
em sua vida racional mas religioso na prática.
Assim, destruindo a possibilidade de alcançar uma verdade absoluta, Górgias para te para o caminho da opinião, a
doxa.
doxa Porém, negou também esse caminho dizendo-o “a mais pérfida das coisas”. Com isso, buscou um terceiro
caminho, o caminho da razão, dizendo o seguinte:
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“a razão (...) não é ciência que permita definições ou regras absolutas, nem a vaga opinião individual. É (...) análise
da situação, descrição do que se deve ou não fazer (...).”
Sua posição com relação à retórica é nova pois, se não existe verdade absoluta e tudo é falso, então a palavra
adquire autonomia quase ilimitada, desvinculada do ser, e assim pode ser portadora de persuasão, crença e
sugestão. A retórica adquire assim a posição de “arte da persuasão”.
Na ética ficou conhecido por uma reinterpretação da virtude, com base na doutrina sofista, como o meio mais
idôneo de alcançar a verdadeira vantagem e a verdadeira utilidade.
Sua interpretação dos deuses foi original, onde os deuses são a encarnação do útil e do vantajoso: “Em virtude da
vantagem que daí deriva, os antigos consideraram como deuses o sol, a lua as fontes e, em geral, todas as forças
que influem sobre a nossa vida, como fizeram os egípcios em relação ao Nilo.”
A contraposição em Hípias diz respeito à concepção de que a natureza une os homens ao passo que a lei os
divide. Com base nas leis da natureza ele ressalta que as leis positivas discriminatórias não tem sentido. Essas que
dividem as pessoas em cidades, um mesmo no interior de uma mesma cidade, propondo assim um ideal
cosmopolita e igualitário novo para o mundo grego.
Em Antifonte observa-se uma radicalização da antítese entre natureza e lei, onde afirma a natureza é a verdade
enquanto que a lei é a opinião, estando ela quase sempre em oposição àquela. Ele radicalizou também as
concepções igualitárias e cosmopolitas de Hípias, e chega a afirmar a igualdade de todos os homens sejam gregos
sejam bárbaros.
Essa corrente foi responsável por abalar os preconceitos da aristocracia e o fechamento da polis, assim como o
preconceito grego a respeito de sua superioridade em relação aos demais povos.
Os sofistas-políticos utilizavam os conceitos niilistas e da retórica de Górgias, assim como da contraposição entre
natureza e lei.
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5 CONCLUSÕES SOBRE A SOFÍSTICA
O filósofo Sócrates, considerado o patrono da Filosofia, rebelou-se contra os sofistas dizendo que não eram
filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade, defendendo ou atacando qualquer
idéia, conforme fosse vantajoso. Para Sócrates, os sofistas corrompiam o espírito dos jovens pois faziam o erro e a
mentira valer tanto quanto a verdade.
Porém, é possível verificar uma enorme contribuição da sofística ao próprio pensamento e desenvolvimento das
idéias de Sócrates, principalmente no aspecto metodológico com a contribuição da dialética e também no
aspecto da quebra dos preconceitos próprios dos gregos.
6 REFERÊNCIAS
De forma geral utilizamos a seguinte bibliografia para a obtenção de informações:
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